O Retorno do Mago Negro - Capítulo 1543
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Capítulo 1543: Sem Sobreviventes (Parte 2)
Independentemente das dúvidas de Londo, independentemente das questões que o corroíam, ele ainda era um membro da Guilda Negra. Essa era a verdade inegável. O que quer que sentisse sobre as ordens de Harvey, qualquer desconforto que carregasse, a realidade permanecia a mesma, se ele se manifestasse, se vacilasse, mesmo que por um segundo, então ele seria o próximo a morrer.
O pensamento o gelava. Talvez fosse assim que os outros haviam se sentido uma vez. Talvez, há muito tempo, alguns deles também tivessem questionado as coisas. E talvez, como ele agora, tivessem rapidamente aprendido que hesitar era um luxo que não podiam se dar ao luxo de ter. Se você se permitisse pensar demais, seria arrastado pela maré, consumido pelo ímpeto da Guilda.
Londo se perguntava se havia outros entre eles que se sentiam como ele naquele momento. Harvey sempre estava no topo, emitindo comandos com certeza e com impiedade. Mas a verdadeira idolatria, aquela pela qual eles eram instruídos a viver e morrer, era direcionada ao próprio Mago Negro. Talvez alguns ainda carregassem dúvidas, mas como poderiam revelá-las? Na Guilda Negra, o silêncio era sobrevivência. Falar contra Harvey, mesmo para sussurrar suspeitas, era assinar sua própria sentença de morte.
Ele afastou os pensamentos e se concentrou em sua tarefa. Seu papel era se mover pelo chão da fábrica, verificar os soldados caídos do exército um por um. Muitos haviam sido arremessados pelo campo de batalha por ondas de magia, jogados com força nas paredes da fábrica. A carnificina estava espalhada pelas bordas, corpos espalhados sobre pedras quebradas e metal retorcido.
Enquanto Londo trabalhava, suas mãos se moviam mecanicamente, mas sua mente nunca parava. Então, no extremo da fábrica, ele se deparou com algo que o fez congelar.
Um jovem soldado estava meio enterrado contra uma seção de parede quebrada. Seus olhos estavam se movendo.
Londo se agachou, pressionando uma mão contra o peito do homem. Sob o sangue e a sujeira, ainda havia um batimento cardíaco. Fraco, mas constante. As pálpebras do soldado tremiam, e suas mãos trêmulas se levantaram apenas o suficiente para agarrar o antebraço de Londo.
“Por favor… não faça isso,” o soldado articulou, seus lábios formando as palavras embora nenhum som escapasse. Seus olhos estavam arregalados de medo, brilhando com o desespero de alguém que sabia que sua vida pendia por um fio.
O peito de Londo se apertou.
Por que estou tirando a vida deste homem? ele pensou, sua mente girando.
Seus dedos tremeram sobre o peito do homem, então rapidamente lançou um feitiço de silêncio ao seu redor, o leve brilho da magia encobrindo seu pequeno espaço. Ele arriscou um olhar por cima do ombro. Os outros membros da Guilda Negra estavam espalhados, muito longe para notá-lo, muito focados em seu próprio trabalho sombrio.
Inclinando-se perto, Londo sussurrou, sua voz baixa, mas afiada. “Atrás de você. Há um buraco na parede da luta anterior. Rasteje por ele. Silenciosamente. Uma vez que você estiver do lado de fora, corra. Corra o mais longe que puder. Não seja pego. Não deixe ninguém encontrar você. Se fizer isso… não será apenas sua vida que acabará. Será a minha também. Entendeu?”
Os olhos do soldado se arregalaram, mas ele assentiu. Ele assentiu com toda a força que conseguiu reunir.
Londo olhou ao redor mais uma vez, verificou os outros, então ergueu a mão. Com um movimento sutil, ele usou magia do vento para deslizar o soldado em direção à fenda dentada na parede. A abertura era estreita, emoldurada com pontas afiadas de metal retorcido. Ele empurrou rápido demais em sua pressa, e o braço do soldado raspou com força contra o aço. Um corte profundo se abriu, sangue escorrendo livremente.
O feitiço de silêncio não cobria toda a área. Se o soldado gritasse, se fizesse um som, tudo estaria acabado.
Mas o homem cerrou o maxilar, rangendo os dentes enquanto engolia a dor. Ele pressionou o braço ferido no chão, espalhando sangue na terra para abafá-lo ainda mais, e forçou seu corpo através do buraco.
No outro lado, o céu noturno esperava.
O soldado levantou a cabeça, viu o mundo se abrir diante dele, e sem hesitação ele se virou, pressionando o ferimento para estancar o fluxo de sangue. Então, ele correu. Ele correu com tudo o que tinha, longe da fábrica, longe da morte, longe do pesadelo que, de alguma forma, sobreviveu.
Londo soltou um suspiro trêmulo, só então percebendo que havia um leve sorriso em seu rosto.
Quem diria que eu me sentiria assim? Que eu me sentiria… contente por salvar alguém.
Ele se levantou e continuou seu trabalho. Suas mãos examinaram corpos com as mesmas ações praticadas de antes, mas agora seus pensamentos queimavam. Ele estava agradecido, de uma maneira distorcida, que nenhum outro sobrevivente aparecesse diante dele. Se ele tivesse sido forçado a fazer a escolha novamente, a arriscar o destino novamente, não tinha certeza se conseguiria manter seu segredo.
Mais tarde, quando os relatórios foram reunidos, a voz de Harvey ecoou pelo chão da fábrica arruinada.
“Setenta e um corpos foram encontrados?” O tom de Harvey estava cortante, suspeito. Seu olhar aguçado varreu os membros reunidos. “Isso é estranho. Incluindo Mordain, deveriam ter sido setenta e dois.”
As palavras atingiram Londo como uma faca no estômago. Seu coração trovejou em seu peito, mas ele forçou seu rosto a permanecer calmo.
“Fui eu,” Londo disse calmamente, avançando apenas o suficiente para ser ouvido. “Na luta mais cedo, eu… usei muita Magia das Trevas. Fiquei preocupado que tivesse sido ferido, e a magia apagou completamente o corpo.”
Por um momento, o olhar de Harvey permaneceu fixo nele, pesado e investigativo. Londo sentiu o peso disso pressionando, como se Harvey pudesse ver através de sua mentira.
Mas então Harvey assentiu. “Você é um Chamadora da Noite. Um dos elites entre nós, habilidoso nas profundezas da Magia das Trevas. Se foi você, faz sentido.” Seus olhos se desviaram, dispensando a questão. “Muito bem. Isso não deve ser um problema. Vou explicar isso para Alen e seus companheiros quando os encontrar. Todos, preparem-se para partir.”
A ordem foi aceita sem questionamento, a Guilda Negra movendo-se rapidamente para finalizar suas tarefas.
Mas além da fábrica, distante através dos campos abertos, uma única figura já estava fazendo seu caminho de volta à cidade. Suas pernas tremiam, seu corpo doía, mas sua mente estava clara.
“Eu tenho que contar a Alen,” o jovem soldado sussurrou, sua voz rouca de determinação. “Eu tenho que contar a ele o que aconteceu aqui.”
E a cada passo, ele corria mais rápido.
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