O Retorno do Mago Negro - Capítulo 1503

Capítulo 1503: Golpe das Trevas

Entre todos os Grandes Magos, Enaxx sempre foi o mais proeminente. Ele era o garoto-propaganda, o rosto da ordem, viajando de cidade em cidade, sorrindo diante das câmeras, fazendo discursos, assegurando aos Alterianos que o Grande Mago existia para proteger seu mundo.

Para Ibarin, no entanto, isso não era o que ele via. Para ele, Enaxx sempre foi o cão de estimação obediente de Idore.

Oficialmente, os Grandes Magos eram iguais, cinco pilares de autoridade mágica. Mas todos dentro do círculo sabiam a verdade. Idore era o verdadeiro poder. Aquele que havia proposto a própria criação dos Grandes Magos, o mentor por trás de quase todos os atos, todas as manipulações, todos os crimes disfarçados de ordem.

E as duas pessoas que Idore mais usava eram Enaxx e Gizin.

Através de rumores e sussurros, Ibarin aprendeu muito. Enaxx sempre era enviado para “lidar” com situações, o homem escolhido quando Idore precisava de uma tarefa feita de forma decisiva. Ibarin nunca disse isso em voz alta, mas ele sabia: Enaxx era o executor de Idore.

O que realmente o inquietou, no entanto, foi a visita. Um dos outros Grandes Magos veio a Ibarin em particular, perguntando se ele havia visto Enaxx. Isso em si era absurdo. Idore, de todas as pessoas, não deveria saber onde seu cão de estimação estava? Por que a pergunta estava sendo passada para ele?

Num primeiro momento, Ibarin disse a si mesmo que Enaxx devia estar apenas em alguma missão, talvez atrasado. Mas agora… agora a mesma pergunta estava sendo feita novamente, não por um colega Grande Mago, mas por este garoto, este estudante de cabelos brancos parado diante dele, este garoto que se autodenominava o Mago Negro.

E isso era muito pior.

“Eu vou te dar uma resposta”, disse Raze, sua voz firme, fria. “Seu cérebro sempre foi um pouco mais lento do que o meu. Ou talvez,” ele sorriu levemente, “talvez seja apenas que neste novo corpo eu consiga pensar ainda mais claramente do que antes.”

Raze levantou a mão, suas palavras cortando o silêncio congelado do tempo em si.

“A resposta é que Enaxx está morto. E posso te garantir essa verdade… porque eu o matei. Com minhas próprias mãos.”

As palavras afundaram como ferro no peito de Ibarin. Sua respiração engasgou. Sua mente se rebelou, girando.

Impossível.

Enaxx era um deles. Um mago de nove estrelas. Uma força poderosa o suficiente para esmagar exércitos. Se o que este garoto estava dizendo era verdade, se Enaxx havia sido morto, então tudo o que Ibarin pensava entender sobre o equilíbrio de poder acabara de se despedaçar.

E ainda… não havia algo nos olhos do garoto que dizia a ele que ele não estava mentindo?

O pensamento rodopiou dentro da cabeça de Ibarin como uma tempestade, martelando suas têmporas. E se Raze estivesse dizendo a verdade? E se tudo isso, suas acusações, suas revelações, sua sobrevivência impossível, fosse real?

Havia apenas um ponto de conforto para Ibarin se agarrar: a magia do garoto parecia mais fraca do que antes.

O Mago Negro havia ganhado seu nome não apenas pelo domínio da escuridão, mas pelos duelos que havia sobrevivido. Havia rumores de que ele poderia enfrentar os próprios Grandes Magos. O público o havia pintado como um demônio que caminhava entre os homens, mas os que verdadeiramente lutaram contra ele sabiam que suas vitórias não haviam sido tão simples.

Sempre houve interferência. Outros grupos. Outros Grandes Magos. Conflitos entrelaçados que mantinham as balanças equilibradas.

Mas agora? Agora este garoto dizia ser apenas sete estrelas. Se isso fosse verdade, então como ele matou Enaxx? Como uma coisa dessas poderia ser real?

“Acho que já falamos o suficiente”, disse Raze, sua voz afiada, cortando o espiral de Ibarin. “Não é como se eu gostasse de perder palavras com você. E além do mais…” Seus dedos se curvaram, tremendo levemente com o esforço de manter o fluxo temporal em seu lugar. “Manter essa magia é cansativo.”

Ele abaixou o olhar, e suas próximas palavras carregaram um peso que abalou o ar congelado ao redor deles.

“Em primeiro lugar, eu só tenho um objetivo. Eu vou te matar, Ibarin. Depois, vou caçar os outros. Um por um. Até que nenhum dos Grandes Magos reste.”

Antes que Ibarin pudesse responder, Raze levantou a mão e estalou os dedos. O mundo deu um solavanco. O tempo voltou a fluir.

O ar agitou-se novamente. Os aplausos da multidão rugiram de volta, enchendo a arena como se nada tivesse acontecido. E ainda assim, aqueles que eram sensíveis, magos com instintos aguçados, espectadores que sentiam o mana ondular em seus ossos, eles sabiam. Algo havia mudado. Algo monumental acabara de passar despercebido.

“O que é isso?” Alen sussurrou das arquibancadas, seus olhos estreitando-se em Raze. “Seu rosto… o olhar em seus olhos. Você fez algo, Raze?”

“Você… você…” A voz de Ibarin falhou, tremendo de fúria enquanto sua compostura se desmoronava. Suas mãos estenderam-se, o mana fervendo.

Dúzias de orbes de vento irromperam ao seu redor, flutuando como estrelas mortais, girando no ar. Então, com ambas as mãos tecendo, ele começou a alimentá-los.

Relâmpago crepitou em um orbe, fogo em outro. Água chiou e se agitou em um terceiro. Logo, dezenas de esferas brilhavam com luz multicolorida, cada uma repleta de força elemental condensada. Algumas até continham múltiplas afinidades, fusões instáveis de poder que se torciam e deformavam em arranjos brilhantes e aterrorizantes.

A multidão ofegou. Até os funcionários empalideceram.

“O que fazemos?” um gritou.

“Isso…” outro sussurrou, seu rosto branco de medo. “Esse ataque, é o Grande Mago com força total. Cada um desses orbes tem poder no nível de mago de nove estrelas. Mesmo que todos nós combinássemos nosso mana, não poderíamos esperar detê-lo!”

Pânico ondulou pelas fileiras. Porque a verdade era clara: Ibarin não se importava mais com aparências, com o palco, com a academia. Ele se importava apenas com uma coisa, obliterar o garoto diante dele.

“MORRA, SEU ESCÓRIA!” Ibarin rugiu, sua voz retumbando pelo coliseu.

Um furacão de vento irrompeu de suas mãos, lançando todas as cinquenta orbes de uma vez. Relâmpago gritou. Fogo uivou. Água despedaçou o ar. Uma tempestade arco-íris de destruição desabou sobre Raze, magia suficiente para apagar a arena completamente.

A espada sozinha não seria suficiente. Simplesmente cortar não bastaria.

E Raze não queria depender apenas de poder emprestado. Não aqui. Não agora.

Lentamente, ele ergueu sua arma. Magia das Trevas rastejou pela lâmina, cobrindo o aço até que brilhasse como obsidiana. Seu aperto se firmou. Sua segunda mão agarrou o cabo.

“Tudo que eu passei…” Raze sussurrou, sua voz se elevando acima do rugido da destruição. “…foi para hoje!”

Seu Qi aumentou. Seu mana se acendeu. Magia das Trevas se enrolou em torno da arma como uma tempestade com forma. A multidão protegeu os olhos enquanto a arma vertia chamas sem luz.

“As Artes da Espada da Borda Escura…” Raze declarou, sua voz ecoando pelo estádio. “Segunda Formação, GOLPE DE ECLIPSE!”

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