O Retorno do Mago Negro - Capítulo 1476

Capítulo 1476: Quebrando a Ilusão

À primeira vista, o público estava agradado, mais que agradado, de fato. A luta se desdobrando diante de seus olhos tinha o equilíbrio perfeito que eles desejavam. Um lado não estava completamente dominando o outro. Para um evento final, a dominação poderia ser emocionante, mas o que eles realmente queriam era um choque, uma luta onde feitiços voassem em todas as direções e os magos fossem levados aos seus limites. Isso era o que tornava o espetáculo digno de ser lembrado.

E, de alguma forma, Wilton estava dando a eles exatamente isso.

No entanto, os olhos mais aguçados na multidão perceberam coisas. A falta de envolvimento do mago de cabelos brancos, Raze. O espadachim que ainda não havia sacado sua lâmina, lutando sem mostrar sua verdadeira arma. E talvez o mais curioso de tudo, a garota com o olhar divino, Safa, que ainda não havia usado sua magia de cura em seus companheiros feridos. Algumas contusões, algumas queimaduras, algumas costelas rachadas… todas deixadas sem cuidado. Para o espectador médio, isso era empolgante o suficiente, mas para os poucos atentos, essas omissões se destacavam como sinais de alerta.

Apesar desses mistérios, a batalha continuava, e lutadores como Liam mantinham sua posição. Ele estava defendendo-se de dois magos ao mesmo tempo, o ataque combinado deles implacável. Feitiços explodiam como fogos de artifício ao seu redor, alguns que ele nunca havia visto antes.

Um mago soltou uma substância estranha, quase como uma nuvem pegajosa, que flutuava pelo ar com peso antinatural. Os instintos de Liam gritaram para ele, e ele se torceu de lado a tempo. A substância caiu no chão, aderindo à pedra e se espalhando sobre ela como piche. Liam estreitou os olhos. Aquilo não era fogo comum, água ou vento. Tinha que ser uma afinidade especial, algo raro.

Mas graças ao seu sistema, quase nenhum ataque conseguiu atingi-lo. Seu relâmpago o protegendo, seus reflexos aguçados, e ele lutava de volta com explosões de eletricidade que mantinham ambos os oponentes afastados. Desta vez, ao contrário de suas investidas imprudentes habituais, ele estava fazendo exatamente como Raze havia pedido, mantendo sua posição, controlando o campo e mantendo pressão sobre múltiplos inimigos ao mesmo tempo.

Porque Liam estava lidando com dois oponentes, o espaço abriu para outros. Chiba e Yolden avançaram juntos, concentrando seus feitiços em um único mago. A mente afiada e as reações rápidas de Chiba permitiram que ela se adaptasse a cada contra-ataque, enquanto a magia de Yolden comprimiam e afinavam seus ataques. Juntos, seu poder combinado criou correntes de água e vento que rasgaram o campo de batalha. Seu oponente cambaleou sob o ataque, mal conseguindo acompanhar.

De vez em quando, contudo, o perigo rastejava de outro ângulo. Nannan, envolto em invisibilidade, tentaria um ataque furtivo. Cada vez, os olhos divinos de Safa piscavam com luz. Ela chamava por avisos, sua voz calma guiando seus companheiros para fora do perigo. Ela nunca se juntou completamente, nunca lançou seus feitiços mais fortes, mas sua presença era constante, sua orientação salvando vidas repetidamente.

No entanto, era Dame quem estava atraindo a atenção da multidão. Ele enfrentava George, um dos magos mais fortes que a Academia Central tinha a oferecer.

“Como… como isso é possível?” George ofegou, suor escorrendo por sua testa. Sua voz se quebrou de descrença. “Como você ainda está de pé contra minha magia de gravidade?”

Para George, isso era impensável. Ninguém havia resistido a seus feitiços esmagadores sem colapsar, e ainda assim ali estava Dame, aparentemente ileso. Pior ainda, Dame não estava lutando. Seus braços estavam casualmente cruzados sobre o peito. Parecia como se ele estivesse assistindo a uma apresentação em vez de lutando por sua vida.

“Ei, você está me ouvindo?” Dame chamou. Seu tom era zombeteiro, afiado com irritação. “Eu já te disse, aponte essa magia inútil para outro lugar!”

A pressão do feitiço de George era como uma mão pressionando o crânio de Dame, tentando empurrá-lo para a terra. Dame cerrou o maxilar, sua paciência rompendo. Já chega.

Com um rugido, ele se impulsionou do chão, avançando com força. Seu Qi passou por seu corpo, impulsionando-o com força aterrorizante. Seu punho balançou em um amplo arco, faíscas de relâmpago cintilando das manoplas que envolviam suas mãos. O soco acertou em cheio o rosto de George com um estalo doentio.

O impacto levantou George do chão e o lançou pelo campo de batalha. Ele se chocou contra a parede de pedra com um estrondo ensurdecedor, escombros caindo ao seu redor, antes de desabar no chão, lânguido e imóvel.

A plateia explodiu. Poeira nublou o ar, e quando finalmente começou a assentar, eles viram, as manoplas de Dame brilhando tenuemente, arcos de raios dançando ao longo de seus braços. Seu corpo reluzia com energia, faíscas cintilando por seus ombros e peito.

‘Isso foi por pouco,’ Dame pensou sombriamente. Ele havia usado Qi, força pura de Pagna, para alimentar o golpe. Não parecia magia de jeito nenhum. No último momento, ele havia ativado as manoplas, canalizando relâmpagos através delas para disfarçar a verdadeira fonte de seu poder. Para a plateia, pareceria como se ele tivesse simplesmente liberado uma técnica avançada de raios. Pelo menos, ele esperava que sim.

Parte dele se perguntava por que se davam ao trabalho de esconder isso agora. A verdade estava equilibrada na lâmina de uma faca. Se a ilusão se quebrasse, o mundo todo saberia. Mas então ele se lembrava: este não era o mundo deles. Em um lugar onde só a magia existia, se alguém visse algo estranho, o primeiro pensamento nunca seria “Qi”. Eles assumiriam que era apenas outro tipo de feitiço, ou um truque que não entendiam ainda. As leis do mundo eram definidas pelo conhecimento daqueles que nele viviam.

À medida que a poeira se dissipava por completo, Dame caminhou em direção ao corpo amassado de George. “Vamos lá,” ele murmurou entre dentes. “Não fique inconsciente. Ainda não. Se você desmaiar, tudo isso fica pior para mim.”

Houve um gemido quase imperceptível. George se mexeu, seu corpo tremendo, forçando-se a se levantar. Alívio cintilou no peito de Dame.

“Ah, ótimo, ótimo!” Dame disse, seu sorriso jocoso voltando. “Ainda vivo, hein? Isso é bom. Devemos continuar, não acha? Melhor mostrar para a plateia tudo o que temos. Ou, se você não estiver disposto, talvez tentar com um dos outros para praticar?”

George oscilava sobre os pés, sua visão turva. A dor irradiava por seu corpo, cada nervo gritando. Algo sobre esses alunos de Wilton estava errado, impossivelmente errado. Eles não estavam lutando como magos. Seus movimentos, sua resistência, seu poder… eles eram algo completamente diferente.

As palavras do Grande Mago ecoavam em sua mente. Fracasso não era uma opção. Não agora. Nunca. Sua família, sua academia, seu futuro, tudo dependia da vitória.

Com dedos trêmulos, George alcançou dentro de suas vestes. Ele puxou uma pequena pílula, sua superfície brilhando tenuemente com energia mágica. Seu maxilar se enrijeceu. Não havia mais escolha.

Sem hesitação, ele a levou aos lábios e engoliu.

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