O Retorno do Mago Negro - Capítulo 1436
Capítulo 1436: A Sombra no Espelho
Nem mesmo os magos da Guilda Negra reconheceriam essas runas.
O interesse de Kelly foi despertado no momento em que ela encontrou o livro que Sophie estava estudando, o mesmo que de alguma forma a transformou em um gato. Foi a partir desse texto estranho que ela aprendeu sobre a formação pela primeira vez.
Mas isso levantou mais perguntas do que respostas.
Essa formação claramente não havia sido criada por Raze.
Nem por nenhum membro conhecido da Guilda Negra.
Então por que… por que havia uma formação mágica escondida dentro de um espelho, uma que exigia o uso de Magia das Trevas para ser ativada?
“O que você quer dizer?” Londo perguntou, franzindo a testa. “Ela usa Magia das Trevas? Mas não há magos na Academia Centereal fora da Guilda Negra que mexeriam com isso. O Grande Mago nunca permitiria isso. Você está dizendo que acabamos de descobrir algo que não pertence a eles?”
Kelly manteve seus olhos fixos nas linhas brilhantes do círculo, seus dedos passando sobre a borda da superfície do espelho.
“Não,” ela respondeu suavemente, ainda decifrando a escritura gravada. “Olhe… você disse que é bom com formações, certo? Então, mesmo que você não possa ler esta parte, você ainda deve ser capaz de entender a estrutura.”
Ela traçou uma linha com o dedo, os glifos se movendo levemente ao seu toque.
“Eles configuraram de modo que Magia das Trevas seja a chave. Contanto que alguém canalize mesmo uma pequena quantidade dela, a formação é ativada e desbloqueia o acesso ao que quer que esteja por trás dela.”
Londo deu um passo para trás ligeiramente, olhando o espelho com crescente inquietação.
A ideia de usar Magia proibida para abrir algo, especialmente dentro da academia, já era perturbadora o suficiente. Mas o que o inquietava ainda mais era a ideia de que alguém já havia feito isso.
O Mago Negro não havia criado essa formação por si mesmo.
Mas… ele havia usado métodos semelhantes no passado, espalhando esconderijos secretos e escondendo itens pessoais por toda a academia, guardados com fechaduras mágicas únicas. Era uma técnica que Raze conhecia bem. E uma que estava incomodando no fundo de sua mente.
Porque se outra pessoa conseguiu entrar em uma sala escondida que exigia Magia das Trevas…
Então alguém além de Raze estava usando isso.
“Espere,” Londo disse de repente, seus olhos se arregalando. “Agora que penso sobre isso, havia um item amaldiçoado entre os artefatos que foram distribuídos. Ele veio da Guilda Cerberus. Eles estão diretamente ligados ao Grande Mago, não estão?”
Kelly se virou para ele, sua expressão ficando mais aguçada.
“É possível,” Londo continuou. “O item era de baixo nível, nada impressionante… mas se tivesse sido encantado especificamente para reagir à Magia das Trevas, poderia ter servido como uma forma de entrar.”
Kelly assentiu lentamente, conectando os pontos.
“Então há alguém do lado do Grande Mago… alguém que pode usar Magia das Trevas.”
Ela há muito tempo ficava de olho em Ibarin, suspeitando que mais cedo ou mais tarde eles se veriam em lados opostos. Dado os objetivos de Raze, esse dia parecia inevitável. Mas, mesmo assim, ela nunca tinha visto Ibarin usar Magia das Trevas. Nem uma vez.
Ainda assim, não era o tipo de coisa que alguém demostraria casualmente em público, especialmente em um lugar como esse.
“Eu simplesmente não consigo imaginar Ibarin tocando em algo assim,” Kelly murmurou. “Não com todos os olhos constantemente observando dentro da academia. Mal há um lugar onde alguém poderia praticar feitiços proibidos com segurança.”
“Bem, seja o próprio Ibarin ou outra pessoa, isso não importa muito,” Kelly disse, colocando uma mecha solta de cabelo atrás da orelha. “Eles poderiam ter usado um item, um conduto encantado para armazenar e liberar tipos específicos de magia. Se esse for o caso, Ibarin nem precisaria lançar Magia das Trevas por si mesmo para acessar este lugar.”
Ela se virou para Londo, seus olhos brilhando de satisfação.
“Acho que acabamos de encontrar o que estávamos procurando.”
Um sorriso surgiu no canto dos lábios dela.
“Eu não acredito. Eles realmente usaram Magia das Trevas para esconder algo assim. Acho que assumiram que ninguém mais ousaria tocar nisso. Que este lugar ficaria selado para sempre…”
Sua voz caiu ligeiramente, um sussurro cheio de ironia.
“Mal sabiam eles, isso seria aberto pelas próprias pessoas que querem que eles desapareçam.”
Sem hesitação, Kelly estendeu a mão. Ela canalizou a energia, pura, proibida, e fria, e lançou a Magia das Trevas diretamente nas runas.
O espelho brilhou.
Então ondulou.
Seu mão começou a afundar na superfície como se fosse feita de água.
“Reino do Espelho,” ela murmurou. “Interessante… Admito, é um esconderijo bem eficaz.”
Londo deu um passo à frente, preparando-se para seguir.
As runas brilharam novamente. Ele sentiu resistência no início, mas quando canalizou Magia das Trevas por conta própria, a barreira se abriu. A magia era clara, apenas aqueles que podiam manejar o proibido podiam passar.
Mesmo que alguém os visse entrar, não conseguiria segui-los.
Apenas aqueles marcados pelas trevas seriam permitidos além.
Com esse pensamento, os dois avançaram e passaram pelo vidro.
Emergiram do outro lado… apenas para se encontrar de volta no que parecia ser a biblioteca da academia.
Mas algo estava errado.
Muito errado.
Tudo parecia o mesmo, e ainda completamente diferente.
O ar havia mudado. As cores tinham sumido do mundo. Um cinza pálido e um leve tom de vermelho saturavam a sala, como se a própria vida tivesse sido drenada das redondezas.
As prateleiras estavam agora quase vazias.
Apenas alguns pergaminhos restavam, espalhados e enrolados nas bordas. Várias pedras de poder rachadas jaziam em cantos esquecidos da sala, cintilando levemente com energia adormecida.
“É um duplicado do reino do espelho da biblioteca,” Kelly disse. “Parece que foi construída puramente como um espaço de armazenamento.”
Ela examinou as fileiras. “O que significa que não há muito o que vasculhar. Devemos conseguir encontrar o que precisamos rapidamente.”
Essa era a boa notícia.
Kelly também duvidava que qualquer outra pessoa na academia inteira pudesse sequer entrar nesse reino, além do próprio Grande Mago.
Por enquanto… eles estavam seguros.
“Vamos pegar o que for útil,” Londo disse, já se movendo em direção a uma das prateleiras. “E relatar a Raze. Algo me diz que ele está prestes a ter um dia muito bom.”
Os dois se separaram e começaram sua busca.
Não levou muito tempo.
Assim como Kelly suspeitava, o espaço escondido era pequeno e eficientemente organizado. Em minutos, eles tinham reunido os pergaminhos e componentes que Raze estava procurando.
Mais uma peça do quebra-cabeça havia se encaixado.
Mais um fio do plano… completo.
Ainda assim, enquanto Kelly permanecia no silêncio estranho do reino do espelho, um pensamento estranho se infiltrou em sua mente.
Será que hoje seria realmente um bom dia para Raze?
Ela esperava que sim.
De verdade.
Mas em um mundo como este, esperança nunca era suficiente.
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