O Retorno do Mago Negro - Capítulo 1433

Capítulo 1433: O Primeiro Alvo

Enquanto Raze caminhava lado a lado com Safa, seus pensamentos começaram a vagar, para um rosto de seu passado.

Ibarin.

De todas as atrocidades que os Grandes Magos haviam cometido, de toda a destruição e dor que haviam trazido a Alterian, alguns poderiam ter dito que Ibarin era o menos culpado. Aquele com a menor mancha.

Mas Raze sabia melhor.

Ibarin usava seu complexo de inferioridade como uma coroa. Ele não subiu escalando, subiu arrastando os outros para baixo, esmagando-os sob seus pés para se sentir mais alto. E para Raze, isso não era apenas sobre o sofrimento de Alterian. Era pessoal.

Profundamente pessoal.

Porque Ibarin não apenas desempenhou um papel no Conselho dos Grandes Magos, o mesmo conselho que colocou um alvo nas costas de Raze, que continuava a caçá-lo, a enterrar a verdade sobre o que realmente aconteceu.

Não, Ibarin foi o início de tudo.

O começo da queda de Raze. Aquele que o forçou a sair de seu emprego.

Uma reação em cadeia se seguiu: a perda de sua posição, sua identidade… e, eventualmente, Sabrina.

Tudo.

Os punhos de Raze se cerraram ao seu lado, mesmo enquanto ele mantinha seu ritmo constante ao lado de Safa. Seus olhos permaneciam à frente, mas seus pensamentos queimavam com uma fúria silenciosa.

Começou com você, ele pensou. Então é justo que meu primeiro alvo em Alterian… seja você.

De volta ao nível do chão, o falso Redrick, Raze disfarçado, e Safa ficaram lado a lado mais uma vez.

“Por favor, siga-me até o edifício central da academia,” o funcionário instruiu com um sorriso ensaiado.

Enquanto caminhavam atrás dele, Raze instantaneamente reconheceu a direção em que estavam indo. Ele já estivera ali antes.

E a realização o atingiu com um toque irônico, ele achou quase divertido. O próprio lugar para onde estavam sendo conduzidos… era o escritório pessoal de Ibarin.

Um lugar que Raze já havia visitado não muito tempo atrás.

O mundo, ao que parecia, estava finalmente se alinhando com seus planos. Se esta reunião tivesse sido agendada apenas um dia antes, as coisas poderiam não ter dado certo. Mas hoje? Hoje, o caminho estava completamente aberto.

Eles passaram pelos corredores da academia, seus passos ecoando contra os pisos polidos. Subiram as escadas sinuosas até que, finalmente, ficaram diante de um conjunto de grandes portas duplas.

O funcionário deu uma batida educada. Um momento depois, ele abriu as portas, revelando o cômodo além.

Raze sentiu imediatamente.

O encantamento do círculo mágico, havia sido desativado.

Isso significava que Ibarin estava dentro.

O que significava que isso era real.

Em poucos segundos, Raze estaria ao alcance do homem que começou tudo.

Ele deixou Safa entrar primeiro, permanecendo composto e calmo enquanto ela entrava com postura ensaiada. Raze a seguiu logo atrás, seu coração estável, mas seus sentidos aguçados.

Dentro do escritório, o ar estava denso, não com tensão, mas com poder e presença.

Outras duas pessoas já estavam na sala. Os olhos de Raze, ocultos sob seu disfarce, examinaram o espaço cuidadosamente. Ele não olhou diretamente, deixou seu olhar flutuar casualmente de lado.

A primeira pessoa que avistou foi Nannan.

Então, seus olhos se moveram lentamente pela sala… e ele os viu.

Mãos velhas e frágeis repousando sobre a mesa de madeira polida. Uma presença, quieta, mas imponente. Seus olhos seguiram a trilha daqueles dedos envelhecidos, subindo pelas mangas dos mantos régios…

E lá estava ele.

Ibarin.

O Grande Mago.

O homem que despedaçou o mundo de Raze.

“A Proposta”

Raze podia sentir seus dedos se contraindo, constantemente, incontrolavelmente. Seus músculos pulsavam com tensão, e toda vez, ele forçava-se a empurrá-los de volta à imobilidade.

Ele tinha que permanecer calmo.

Ele tinha que focar.

Todos os pensamentos precisavam ser calculados, gerenciados e controlados.

Assim como fazia com seu corpo, ele tentava bloquear toda emoção dispersa, toda memória gritando por atenção.

Então, a voz de Ibarin rompeu o silêncio.

“É uma grande honra receber a Academia Wilton, uma academia que continua a nos surpreender, vez após vez,” disse Ibarin, seu tom alto e caloroso, seus olhos bem abertos enquanto atravessava a sala como um anfitrião gracioso.

Safa avançou graciosamente, fazendo uma reverência profunda, exatamente como Raze havia lhe ensinado.

“É uma grande honra conhecê-lo, Grande Mago e Diretor da Academia Central,” ela disse educadamente, sua voz firme, respeitosa.

Ibarin não retribuiu a reverência.

Ele simplesmente permaneceu ereto, sua postura forte e imóvel. Mas seu olhar mudou, fixando-se em quem estava ao lado de Safa.

Seus olhos se prenderam em Redrick.

Lentamente, os dois se encararam através do espaço. Um silêncio tenso começou a se formar. Raze podia ver, uma veia discreta pulsando ao lado da cabeça de Ibarin. Um sinal sutil. Uma rachadura em sua compostura.

“Desculpe!” Raze disse rapidamente, dando uma risada desajeitada e uma leve reverência. “Eu estava apenas… admirado. Não posso acreditar que estou tão perto de um dos Grandes Magos. É uma absoluta honra conhecê-lo.”

Aquilo pareceu funcionar.

Lisonjeado pelo elogio, Ibarin escolheu ignorar o fato de que Redrick não havia se curvado imediatamente. Afinal, mesmo que isso fosse uma competição, sua posição como um dos Grandes Magos, um dos poderes governantes de todo o mundo, significava que pequenos gestos de desrespeito poderiam ser perdoados, ainda que temporariamente.

“Eu chamei você aqui hoje,” disse Ibarin, voltando-se para Safa, “porque Nannan deseja oferecer-lhe um pedido de desculpas pessoal.”

Ele gesticulou em direção ao jovem mago ao seu lado.

“Não há desculpa para o que aconteceu durante o evento,” ele continuou. “Mas, é claro, ela ainda é uma criança. Crianças tendem a se deixar levar pela empolgação da batalha. Espero que possa perdoá-la.”

Nannan avançou, visivelmente nervosa. Ela torceu as mãos juntas, depois abaixou a cabeça profundamente.

“Peço desculpas por atacá-la e perder o controle no evento,” ela disse sinceramente. “Suas habilidades foram incríveis, absolutamente impecáveis. Eu apenas me deixei levar pela intensidade do momento. Você não precisa me perdoar, mas quero que saiba… Sinto muito de verdade.”

Ela ergueu a cabeça, olhos ainda arregalados e incertos. Estava claro que ela significava cada palavra.

Mas antes que alguém pudesse falar, Ibarin deu um passo à frente.

Ele avançou lentamente, confiantemente, até estar a apenas cerca de um metro de Safa. Sua presença parecia pesar no ar da sala.

“Safa da Academia Wilton,” ele disse, seu tom mudando para algo muito mais sério, “aquela abençoada com os Olhos de Deus…”

Ele pausou por um momento.

“Tenho uma proposta a fazer.”

A sala ficou silenciosa.

“Você consideraria se juntar à Academia Central?”

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