O Retorno do Mago Negro - Capítulo 1417
Capítulo 1417: O Nome que Permanece
Raze Cromwell.
Um nome outrora temido, outrora sussurrado com cautela, agora mal falado.
O tempo havia enterrado a verdade sob camadas de rumores e história reescrita. O nome Mago Negro ainda tinha peso, mas poucos se lembravam de quem aquela pessoa realmente era, ou de onde ela havia vindo.
Apenas em cantos escondidos do mundo, em documentários extensos e arquivos suprimidos, o nome Raze Cromwell ainda aparecia.
Na Academia Central dos Magos, porém, era diferente. Entre os professores, aqueles que estavam por aqui há tempo suficiente, todos sabiam.
Era uma mancha em seu registro. Um nome que eles não podiam apagar completamente, por mais que tentassem.
Ao contar a verdade para Tink, Raze sabia que estaria respondendo a muitas perguntas. Perguntas que o professor claramente já estava se fazendo.
Por que este “estudante” era tão conhecedor de formações mágicas?
Como alguém de sua idade poderia desmontar uma barreira de nível elite como a que protegia a porta do diretor?
Por que nada disso fazia sentido?
“Eu te disse, você não iria acreditar em mim,” disse Raze, seu tom firme. “Mas a verdade explica tudo. Nenhum aluno da minha idade poderia possivelmente saber as coisas que eu sei. E isso é porque…” Ele pausou. “Eu não sou um estudante.”
Sua voz não vacilou.
“Neste momento, estou vivendo a vida em um corpo que não me pertence. Um artefato, um que encontrei há muito tempo, permitiu que minha alma sobrevivesse. Eu sou o mesmo Raze Cromwell que você conheceu por seis meses. E sou o mesmo Raze Cromwell que o mundo lembra como o Mago Negro.”
Ele não deu tempo para Tink reagir.
A respiração do professor ficou presa em sua garganta.
Mesmo que ele não estivesse convencido de que esse homem era realmente o Mago Negro, uma coisa era clara, ele tinha acesso à Magia das Trevas.
E isso era suficiente para deixar Tink em alerta.
Qualquer um usando Magia das Trevas estava profundamente ligado à Guilda Negra… ou era o próprio Mago Negro. Qualquer opção tornava esta situação incrivelmente perigosa.
Ele deu um passo cauteloso para trás.
Se isso fosse um impostor, não importava, porque a força de alguém que poderia usar Magia das Trevas tão casualmente era suficiente para acabar com sua vida no ato.
E se fosse o Mago Negro, então qualquer tentativa de lutar contra ele seria suicídio.
“Raze Cromwell de antigamente…” Tink murmurou. “É isso que você diz ser. Mas então por que você está aqui? Por que você está em Wilton? Se o que você diz é verdade, qual é o seu objetivo em tudo isso?” Sua voz tremia de pânico.
Raze não se moveu.
“Se eu quisesse, poderia ter te eliminado no momento em que você me viu,” ele disse, calmamente mas firmemente. “Poderia ter apagado seu corpo com minha magia, e nem mesmo os professores teriam encontrado um traço de você.
“Levaria dias antes que alguém percebesse que você sumiu, e com o evento acontecendo, provavelmente não se importariam até que ele acabasse.”
Ele respirou fundo.
“Há uma razão para eu não ter feito isso, Professor Tink. É porque eu não sou a pessoa que as pessoas pensam que sou.”
Os olhos de Tink se estreitaram ligeiramente, seus pensamentos correndo.
Tudo o que Raze tinha dito até agora ressoava com convicção. Era difícil acreditar que isso era alguém ganhando tempo. E se ele era parte da Guilda Negra, então por que se dar ao trabalho de explicar tudo isso?
A única coisa que continuava a roer seus pensamentos… era o conhecimento.
A profundidade do conhecimento.
Este homem sabia coisas que nenhum aluno deveria.
“Você perguntou por que estou aqui,” Raze continuou. “Lembra-se da pergunta que eu fiz antes? Sobre o artefato mágico especial que pode existir nesta academia?”
Tink assentiu lentamente.
“Estou procurando por esse círculo mágico,” Raze disse. “Se eu conseguir encontrá-lo e usá-lo em Ibarin, então o mundo inteiro verá a verdade.
“Eles verão que Raze Cromwell não foi o culpado pelo que aconteceu todos aqueles anos atrás.
“E eu vou expor tudo o que o Grande Mago tem feito nos bastidores.”
Tink olhou, lutando para reconciliar o homem à sua frente com a lenda que achava que conhecia.
Alguém obcecado pelo poder realmente estaria atrás de um artefato que pudesse limpar seu nome?
Um tirano ávido por poder arriscaria tudo por vindicação?
Não…
Das conversas que ele teve com Raze, tanto no passado quanto agora, ele podia perceber que era alguém que valorizava o conhecimento. Um pesquisador. Um estudioso.
Na verdade, ele parecia… muito mais como ele mesmo.
A crença de Tink nas histórias do Mago Negro começou a vacilar. Se ele deixasse de lado tudo que tinha ouvido, tudo que a academia afirmou, e se concentrasse apenas no homem com quem ele conversou antes, o homem que uma vez estudou sob sua orientação…
Então se tornava cada vez mais difícil vê-lo como um vilão.
“Não estou pedindo sua ajuda,” Raze disse, sua voz mais suave agora. “Eu nunca o colocaria nessa situação.”
Ele se virou, agora de costas para o professor.
“Mas você deve saber… nenhum aluno foi ferido durante todo este evento. Ninguém sofreu. Porque esse não é o meu objetivo.”
Seus passos eram lentos enquanto ele começava a caminhar.
“Tudo o que peço é que você ignore o que viu hoje. E quando a verdade vier à tona, quando você a vir por si mesmo, você pode fazer seu julgamento então.”
Tink ficou ali, congelado no lugar, boca ligeiramente aberta mas sem formar palavras.
Ele não disse nada. Não até que Raze tivesse passado completamente por ele.
“…Você é um bom professor,” Raze disse por sobre o ombro. “Apenas espere até o último dia. Eu prometo, você não vai se arrepender da sua decisão.”
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