O Retorno do Mago Negro - Capítulo 1379

Capítulo 1379: Um Caminho de Sombras e Segredos

Alen tinha sido muito mais útil do que Raze jamais imaginara. Na verdade, seu envolvimento alterou completamente os planos de Raze, planos que ele havia construído desde o momento em que pisou em Pagna pela primeira vez.

Originalmente, tinha sido simples.

Restaurar sua força neste novo corpo. Recuperar o que havia perdido. E então voltar, abertamente, para derrubar o Grande Mago, um por um. Ele sabia que no momento em que derrubasse o primeiro, os outros perceberiam sua presença, e as coisas só se tornariam mais perigosas a partir daí.

Esse sempre foi o mal de seu antigo corpo.

Não era que ele fosse mais fraco que os outros Grandes Magos, não Enaxx, certamente não Ibarin. Ele não tinha certeza sobre os outros, nunca tendo se confrontado diretamente com eles. Mas a força nunca foi o problema. Era o isolamento. Mesmo com todo o seu poder, ele nunca poderia agir contra eles sozinho.

E, verdade seja dita, ele não se importava com o que o mundo pensava dele. Se o povo de Alterian quisesse rotulá-lo de vilão por derrubar os Grandes Magos, que assim fosse. Ele teria aceitado, porque teria realizado sua visão. Duas vezes, até. Uma vez em sua vida passada, e novamente nesta.

Mas… as coisas mudaram.

Seu tempo em Pagna, seu tempo entre os estudantes, as pessoas, algo mudou nele. Ele não queria vê-los sofrer. Ele não queria que eles seguissem o mesmo caminho sombrio que ele. E foi através deles que ele percebeu: os Grandes Magos não apenas o prejudicaram. Eles estavam cometendo atos traiçoeiros por toda Pagna, espalhando caos e corrupção, manipulando eventos nos bastidores.

Agora, com Alen ao seu lado, Raze tinha algo que nunca teve antes, recursos. Uma rede real para conduzir investigações. Métodos discretos. Uma chance de fazer isso do jeito certo.

“Raze!” Alen chamou, tirando-o de seus pensamentos.

Os ônibus haviam chegado. Os estudantes estavam sendo preparados para a partida, e a operação estava quase completa. Alen deu a todos instruções rígidas, ninguém deveria falar sobre o que aconteceu dentro da Guilda Underfang. Nem para outros estudantes, nem para os professores, nem mesmo para o Diretor Wilton.

Curiosamente, os estudantes aceitaram bem a ordem. Em vez de se sentirem calados, eles se sentiram… envolvidos. Como se agora fizessem parte de algo maior, uma investigação que poderia mudar tudo. Qualquer que fosse o medo ou a incerteza que restava, foi abafado pelo orgulho de ser confiado com algo importante.

Quando Raze se dirigiu à área de embarque, Alen se aproximou dele novamente.

“Estive cavando um pouco,” Alen disse em um tom baixo. “E há algo que acho que pode ajudar com o que discutimos.”

Ele se inclinou mais perto.

“Há um rumor sobre um item que a Academia Central mantém trancado. Diz-se que permite alguém olhar diretamente na mente de outra pessoa, ver suas memórias, reproduzir conversas, até mesmo observar momentos exatamente como aconteceram.”

Raze ergueu uma sobrancelha.

“Não sei como funciona,” Alen admitiu. “Ou mesmo se as memórias podem ser alteradas para incriminar alguém… mas achei que você iria querer investigar isso.”

Raze fez um aceno silencioso. Mesmo que o item se revelasse uma versão falsa ou corrompida, sua mera existência já valia ser investigada. Se ele pudesse encontrá-lo e analisar os encantamentos, ele poderia replicar ou melhorá-lo, construir uma versão que não pudesse ser adulterada.

Afinal, o fundador da antiga Facção das Trevas uma vez usou um sistema semelhante. Durante a Seleção do Globo Dourado, ele exibiu as memórias de todos para o mundo inteiro ver. Então a ideia de tal item não parecia tão absurda.

Se esse tipo de ferramenta existisse naquela época, Raze pensou amargamente, talvez eu tivesse sido inocentado do crime que começou toda essa confusão.

Por fim, os estudantes foram escoltados de volta à academia em segurança. Alen pessoalmente cuidou disso. Ao chegar, os estudantes foram instruídos a descansar em seus dormitórios, enquanto os professores eram convocados para uma avaliação oficial dos eventos.

O próprio Alen se encontrou com o Diretor Wilton, agindo de maneira casual, apenas um velho amigo fazendo uma visita durante o período de avaliação. Nada mais. Nada suspeito.

Depois que as avaliações terminaram, passaram-se alguns dias. Durante esse tempo, Raze e os outros observavam atentamente, procurando sinais de que alguém havia quebrado o silêncio. Se algum dos estudantes ou professores tivessem vazado detalhes do que aconteceu… seria apenas uma questão de tempo antes que a notícia se espalhasse.

Mas ninguém falou.

Seja por medo, uma promessa, ou puro orgulho, nenhum deles disse uma palavra.

Ainda assim, as coisas claramente não voltaram ao normal.

Os estudantes que não participaram da avaliação começaram a evitar os alunos transferidos completamente. Mesmo entre os Estudantes Classificados, a atmosfera estava diferente, tensa, estressada. O senso de camaradagem de antes tinha se fraturado. E não parecia que voltaria a ser como antes.

Eventualmente, porém, um anúncio foi feito: a seleção para o Intercâmbio Cultural estava completa.

Como prometido, os alunos transferidos foram todos escolhidos. Assim como os cinco Estudantes Classificados. O evento aconteceria em apenas uma semana.

De volta ao dormitório, o clima estava surpreendentemente leve.

“Nós conseguimos! Realmente conseguimos!” Beatrix gritou, jogando seus braços para o alto. “Eu estava tão preocupada que quando usássemos nossos poderes, algo escaparia… mas todo mundo manteve silêncio!”

“Certo?” Liam acrescentou, balançando a cabeça. “Eu tinha certeza de que alguém teria revelado algo. Talvez seja Alen… ou talvez eles estejam apenas com muito medo. De qualquer um de nós… ou do Grande Mago.”

O grupo riu nervosamente, mas seus olhos eventualmente se voltaram para Raze.

Ele não tinha dito uma palavra.

Seu rosto estava distante, olhar fixo no chão. Sua mente estava em outro lugar, e eles podiam perceber.

Ele estava pensando nas palavras de Alen.

Há provas de que Ibarin fez algo realmente errado? Raze se perguntou. Ele me prejudicou, usou-me como bode expiatório apenas para reivindicar a posição de diretor. Ele tem trabalhado com o Grande Mago… e isso por si só o torna culpado.

Mas culpa não é suficiente. Não aos olhos do mundo. Não se eles querem derrubar todos eles.

Se eu for atrás de Ibarin primeiro, sem provas, então os outros permanecerão intocados. As pessoas vão achar que é apenas vingança. Pessoal. Mas se eu puder encontrar algo aqui, na academia… algo irrefutável…

Seus pensamentos foram interrompidos por uma batida suave na porta.

Instantaneamente, Raze sentiu algo. Uma presença, familiar. Uma que parecia estranhamente semelhante à sua.

Quando ele abriu a porta, encontrou Londo do lado de fora.

“Podemos conversar?” Londo perguntou, seu tom baixo e sério.

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