O Renascimento da Ômega - Capítulo 826

Capítulo 826: Ordem Superior (Cap.827)

“Xenon… Xenon, acorde.” Neveah sacudiu Xenon, sua expressão preocupada.

A expressão dele estava contorcida quase dolorosamente, havia uma camada de suor em sua testa e seus punhos estavam fortemente cerrados ao lado do corpo, como se estivesse lutando para se controlar.

Jian agachou-se ao lado dele, a expressão preocupada.

Essa nem sequer era a primeira vez que isso acontecia. Já haviam se passado algumas noites desde que ele começou a ter terrores noturnos e, a cada dia, isso ficava ainda mais preocupante.

Sempre que ele acordava, não conseguia se lembrar exatamente do que estava sonhando que o incomodava tanto. E enquanto ele concluiu que sua proximidade ao território das bruxas apenas o deixava apreensivo, Neveah estava convencida de que havia algo mais.

“Xenon… acorde.” Ela tentou novamente, segurando suas bochechas.

“Acorde, Xenon.”

Xenon engasgou, seus olhos se abriram repentinamente e ele se levantou subitamente. Olhou ao redor freneticamente, suas respirações rápidas e ofegantes.

Neveah o segurou, esfregando círculos suaves em suas costas. “Respire, meu amor, respire…”

Ele o fez. Lentamente, sua respiração acalmou e ele segurou Neveah firmemente, como se isso fosse a única coisa que o mantinha equilibrado.

“O mesmo terror noturno?” Jian perguntou.

Xenon assentiu, enterrando a cabeça no pescoço de Neveah. Ele inspirou profundamente e depois exalou um suspiro trêmulo. O coração de Neveah se apertou.

“Não podemos deixar isso continuar. Precisamos levá-lo de volta à Fortaleza.” Ela disse a Jian. “Chame Everon para dar uma olhada nele. Ele mal dormiu em dias.”

“Estou bem. É apenas um pesadelo.” Xenon murmurou, balançando a cabeça levemente. “Não podemos sair sem encontrar a runa das bruxas. Se Beoruh colocar as mãos nela primeiro, será um desastre.”

“Mas…” Neveah começou a protestar, mas Xenon a interrompeu.

“O que temos que fazer é muito mais importante. E quanto mais rápido completarmos isso, mais cedo podemos sair desta proximidade. Os terrores irão embora por si só. Algumas noites sem sono não serão o meu fim.”

Ela hesitou, trocando um olhar com Jian.

“Xenon tem razão. Os terrores começaram alguns dias atrás, quando chegamos perto de Ebon Hollow. Deve estar ligado de alguma forma.” Jian decidiu. “Vamos encontrar a runa e sair assim que possível.”

Neveah suspirou, mas cedeu.

“Onde pesquisamos hoje?” Ela perguntou.

“Nós já passamos pelas ruínas de dois dos quatro grandes templos e não houve sinal dela. Restam dois grandes templos.”

“Se ainda não conseguirmos encontrar, talvez tenhamos que procurar em todas as ruínas de Ebon Hollow.” Xenon transmitiu.

“Nos sairemos melhor com mais mãos.” Neveah murmurou.

“Mas isso também chamará atenção. Se alguém além de Beoruh perceber que a runa das bruxas ainda está em Ebon Hollow, será prejudicial.” Xenon lembrou.

“Eu só… não sei por que minha magia não nos guia desta vez. Eu tentei de tudo. Nem mesmo Demevirld conhece o caminho.”

Jian assentiu. “A runa está há muito tempo adormecida. Minha suposição é que não deixa traços de magia.”

“Acho que está na hora de parar de depender da magia e fazer isso do meu jeito. Da maneira que me é natural.” Neveah decidiu.

Pouco tempo depois, Neveah escaneou as ruínas. Sua forma de lobo fazia tudo parecer muito mais claro. Seus sentidos estavam mais aguçados e o mundo se apresentava em uma perspectiva completamente diferente.

Ela havia se tornado muito dependente de Demevirld, de sentir magia… sentindo-a como sentia o frio do vento acariciando sua pele, sem nem mesmo precisar tentar.

Mas antes de haver magia, havia apenas ela. Seu lobo e suas vantagens naturais. Em toda a fortaleza, ela provavelmente era a única que podia sentir o cheiro da magia.

‘O que você acha?’ Neveah pensou para seu lobo que estava na superfície.

Ela não respondeu imediatamente. Mas, após um curto período de tempo, respondeu. ‘O fedor de magia negra e cinzas é muito forte, é avassalador.’

Os escombros estalaram sob o peso de suas patas enquanto ela passava pelas ruínas do templo final.

O sol da tarde estava extremamente quente. Neveah estava quase convencida de que a runa realmente não existia em Ebonhollow, mas foi quando ela a notou.

Enquanto suas patas estalaram outro monte de escombros, um suspiro distante de vento passou por um espaço oco. Neveah se afastou, olhos cerrados enquanto examinava as ruínas sobre as quais estava.

O chão tremeu e uma forte onda de magia deslocou o monte de entulhos até que o chão sólido viesse à vista.

Só que não era chão sólido.

“Uma entrada escondida…” murmurou Xenon.

Neveah trocou um olhar com Jian. Ela voltou à forma humana e afastou-se. Xenon abriu a porta de alçapão camuflada como chão sólido e, com um rangido e um gemido, ela se abriu.

Um forte cheiro de morte e carne queimada surgiu e Neveah virou o rosto rapidamente, sua mão subindo para proteger o nariz. Mas não fez muito para impedir que o cheiro invadisse seus sentidos.

Xenon olhou para baixo na entrada em forma de túnel, franzindo o nariz devido ao fedor.

“Talvez você não devesse descer lá…” Jian sugeriu. “Seu olfato ficou ainda mais sensível.”

Xenon concordou. “Ele está certo. Posso ficar aqui em cima com você. Ou ir sozinho.”

Neveah sabia que eles ainda estavam preocupados com o que havia acontecido quando foram emboscados pelo golem de rocha.

“Não. Nós ficamos juntos.” Neveah balançou a cabeça, inspirando profundamente o ar mais limpo antes de descer na entrada atrás de Xenon.

A descida foi longa e escura. Seus olhos logo se ajustaram à escuridão, mas ela manteve a mente focada em uma descida cuidadosa e não na substância escorregadia revestindo as barras de ferro que desciam. Que diabo era aquilo.

Depois do que pareceu uma eternidade, sentiu os braços de Xenon alcançando-a, soltou a barra e ele a guiou até que seu pé tocasse o chão sólido. Ela se afastou para deixar Jian saltar.

Só então Neveah percebeu o ambiente ao redor. A primeira coisa que a impressionou foi a temperatura anormalmente fria. Suas respirações faziam vapor instantaneamente. Estava muito mais frio do que na Fortaleza do Dragão, ou nas Dunas no inverno. Como se tivessem acabado de entrar em um campo de gelo. Mas na realidade, eles estavam em um hall de tamanho moderado, com runas gravadas nas paredes ao seu redor.

Neveah estremeceu inconscientemente.

Cada centímetro das paredes estava coberto de runas de todos os tipos. Seja o que for, elas deviam ser responsáveis pela temperatura congelante. Mas isso nem era a coisa mais perturbadora.

Desde que chegaram a Ebonhollow e começaram a busca, a devastação que a cidade sofreu era óbvia. Mas Neveah havia visto apenas alguns sinais de morte… alguns restos aqui ou ali, meio enterrados sob os escombros.

Em momentos como aquele, Xenon e Jian ficavam estranhamente silenciosos.

Neveah se sentia culpada por estar agradecida que a maioria dos restos estava enterrada profundamente sob os escombros para ser vista, ou havia se desgastado com o tempo.

Milhares haviam morrido ali. Se encontrassem cada um dos restos mortais, ela não tinha certeza de quanto mais dano isso faria a eles.

Mas naquele momento, sua sensação de alívio desapareceu instantaneamente. Porque ao redor deles, havia ossos e restos mortais dos mortos.

Esqueletos bem preservados profundamente no subsolo, alguns ainda tinham mais forma e não haviam se desgastado completamente até os ossos. Estavam quase perfeitamente preservados, tanto que alguém que os tenha conhecido em vida poderia possivelmente encontrar algum reconhecimento.

E não era apenas um ou dois corpos. Eram pelo menos uma dúzia.

Padres, Neveah presumiu. Julgando pelas vestes que ainda estavam intactas.

Atrás dela, Jian exalou agudamente. “A Alta Ordem das Bruxas… o conselho governante de Ebonhollow.”

O coração de Neveah afundou.

Alguém que os conhecia em vida… Jian e Xenon tinham visto séculos. Eles eram esse ‘alguém’.”