O Renascimento da Ômega - Capítulo 754
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754: O Último (Cap.755) 754: O Último (Cap.755) Uma lufada de vento cortava o beiral da montanha, era fria como gelo. Congelante, se Neveah fosse sincera. Agitava os cabelos de Neveah e arranhava seu vestido preto. Mas Neveah mal notava o frio, seu foco estava fixo em Menarx, no olhar vazio em seus olhos e na maneira como os ombros dele se curvavam sob um peso invisível.
Ele parecia tão… pequeno. Tão frágil. Como se o vento o quebrasse se soprasse um pouco mais forte.
O peito de Neveah apertava dolorosamente, enquanto seus olhos procuravam os dele, mas não encontravam nada… uma dor tão absoluta, que não deixava vestígios, nada. Ela tinha ouvido falar dos efeitos do corte. Quanto isso afetava um dragão, mas só havia passado uma hora… Como tinha chegado a isso?
“Então o que agora?” Havia um tremor na voz de Neveah, apesar de suas melhores tentativas de soar firme. Era a mais desesperadora que Neveah se sentia há muito tempo, sabendo o que Menarx escolheria mesmo antes de ela perguntar. “Eu apenas… volto para Inferno? Sem você?”
Menarx desviou o olhar, como se não pudesse suportar o olhar de Neveah. Ele deslocou sua atenção para as nuvens que giravam abaixo. “Você deve retornar, Neveah. O lugar onde você precisa estar agora… não é aqui.”
Frustração se enrolava dentro de Neveah, tão ferozmente que era fisicamente excruciante. “Não me diga onde eu posso ou não estar.” Neveah sibilou. “Eu não quero ouvir sobre dever ou qualquer coisa do tipo. Diga-me o que eu posso fazer… agora, para impedir que você desmorone bem diante dos meus olhos…” Ela sussurrou impotente.
O silêncio em resposta era insuportável, sufocante. O ombro de Menarx se tensionou, mas não houve outra indicação de que ele tinha ouvido Neveah. “Apenas… diga algo… qualquer coisa…”
Menarx exalou lentamente, seu hálito embaçando no ar frio da montanha. Sua mandíbula se apertou visivelmente, como se falar não fosse mais uma tarefa em que ele se importava em participar. “Diga a Kirgan para parar de caçar-me.” Ele finalmente disse, seu tom era baixo… cansado. “Não sou a maior preocupação que a fortaleza enfrenta agora.”
Neveah não podia acreditar no que ouvia. “Você é… mas você é!” Sua voz subiu, como se isso ajudasse a penetrar na indiferença desconhecida de Menarx. “Você importa! Para mim… para todos. Escamas, Narx! Você sabe disso… você sabe!”
Os ombros de Menarx cederam sob o peso das palavras de Neveah. Neveah sabia que era muito para ele lidar nesse exato momento e ela sabia que não estava ajudando, que ele precisaria de tempo se houvesse a menor possibilidade de superar isso,
Mas tempo, era a única coisa que eles não tinham a seu favor desta vez. E era exatamente por isso que era tão aterrorizante.
Quando ele finalmente ousou encontrar o olhar de Neveah novamente, seus olhos estavam apagados… assombrados, nada como o Menarx que ela conhecia. “Veah… Conheço seu coração.”
Ele sempre dizia isso. Ele sempre dizia que conhecia seu coração, mas ele realmente conhecia?
“Mas eu não sou mais sua responsabilidade… você se desfez disso, há muito tempo.” Ele disse em resignação.
As palavras atingiram Neveah como um golpe físico e ela cambaleou para trás, a dor atravessando cada fibra de seu ser. A falta de emoção em seu tom, e como ele podia dizer essas palavras tão facilmente, para ela de todas as pessoas, depois de tudo que aquele evento a fez passar… quem era este diante de seus olhos?
As mãos de Neveah tremiam e ela fechou os dedos em punhos, cerrando-os com força. “Você acha que se for frio e disser palavras duras para mim, eu vou virar as costas e desistir de você?” Ela perguntou, “Porque se acha isso, então você não me conhece tão bem quanto eu pensava.”
As sobrancelhas de Menarx se franziram levemente, e como uma rachadura em uma parede, Neveah assistiu a fachada de Menarx ruir enquanto lágrimas silenciosas escorriam de seus olhos.
“Você sabe o que ‘para sempre’ significa?” Menarx sussurrou em um tom quebrado.
Neveah encolheu-se visivelmente, seu coração comprimido tão apertado, era difícil respirar. Ela piscou para afastar as lágrimas que se acumulavam em seus olhos, perguntando-se se tinha mesmo o direito de derramá-las diante da dor crua de Menarx. Em vez disso, ela fechou a distância entre eles e envolveu os braços ao redor de Menarx, apertado o suficiente para ele saber… que ela nunca o deixaria cair.
Menarx tremia nos braços de Neveah, como se toda a sua força evaporasse ao toque dela.
“Agora, devo lembrar dela por mais tempo do que a conheci…” Ele sussurrou, mal audível.
E então sua cabeça baixou, ombros tremendo enquanto ele soluçava no pescoço de Neveah.
Vendo-o em tal desespero, o coração de Neveah se despedaçou em pedaços que ela não tinha certeza se poderiam se encaixar novamente.
Menarx se afastou, encarando Neveah.
“Você é o que a fortaleza precisa agora, Veah.” Ele sussurrou roucamente. “É por isso que você tem que voltar… para onde você está destinada a estar. Use isso…” Ele olhou para o orbe, “Seja lá o que for, e faça o que você faz de melhor… conserte as coisas.”
“Se não posso nem te ajudar, como vou ajudar alguém?” Neveah perguntou fracamente.
O olhar de Menarx suavizou, apesar da dor cintilando em seus olhos. “Você já me ajudou… mais do que jamais saberá.”
“Então por que você não fica comigo?” Ela perguntou, sua voz quebrando. “Jian ainda se foi… e agora você, continuo perdendo as pessoas que me importam. Meu coração está desfiado dessa busca constante… não posso mais fazer isso… eu não vou!”
“Não é que eu não queira… é que eu não posso.” O rosto de Menarx se contorceu, revelando a agonia que ele tentava esconder. “Estou… desmoronando, Veah.”
“Então deixe-me mantê-lo junto… eu juro que posso, eu vou…”
Uma lágrima escorreu pela bochecha de Neveah, gelada contra sua pele. Ela estendeu a mão, seus dedos roçando a manga dele, desesperada para puxá-lo de volta da borda, desesperada para impedi-lo de desaparecer.
Mas Menarx recuou, seus olhos vazios, sua expressão desolada. “Mas você não pode, Veah. Não mais.”
Suas palavras foram finais, uma porta se fechando com estrondo. A mão de Neveah caiu ao seu lado, seus dedos tremendo. “Narx… para onde você vai?”
Menarx desviou o olhar, seus ombros curvados, seu rosto estava gravado com tristeza. “Não venha me procurar aqui, Veah. Não venha me procurar de jeito nenhum. Vou ficar bem… e você me verá novamente quando eu estiver.”
Ela balançou a cabeça, um soluço preso na garganta. “Eu te deixei ir uma vez… você me deve isso! Você não pode… escolher-me desta vez? Só desta vez?”
O rosto de Menarx se contorceu, a dor crua cintilando em seus olhos. Ele levantou a mão, tocando seus dedos contra a bochecha dela, enxugando suas lágrimas. Seu toque era frio, passageiro.
“Você nunca entendeu isso… que eu escolheria você… toda vez,” ele sussurrou, sua voz se quebrando.
As mãos de Neveah se fecharam em punhos ao seu lado. Ela queria lutar contra isso.
Rugir, desfazer o que já havia acontecido, reivindicar o momento que fora roubado.
Mas não havia batalha a ser vencida aqui.
Apenas luto. Apenas perda.
Neveah respirou trêmula. O vento uivava entre eles, levando embora o que quer que ela pudesse ter dito.
Não havia mais nada para dizer.
Em vez disso, ela estendeu a mão, devagar, cuidadosamente, e pressionou sua testa contra a de Menarx. Um único momento de silêncio compartilhado,
Então ela recuou, e Menarx não a impediu.
Os dedos de Neveah se fecharam em torno do orbe. Ela não sabia o que era, mas era o último presente de Adrienne. E ela carregaria.
Por ela.
Por Menarx.
Por tudo que fora perdido.
O céu rugiu acima deles. Em algum lugar, uma tempestade estava prestes a começar.
Menarx recuou alguns passos, mas Neveah ficou no lugar. E ela permaneceu imóvel mesmo quando ele se afastou da borda da montanha, desaparecendo sob as nuvens.
Mais uma vez… não pela primeira vez e nem mesmo pela segunda, Neveah deixou-o ir.
Só que desta vez… havia um entendimento afundante de que seria a última.