O Renascimento da Ômega - Capítulo 745

745: Ficando na Beira (Cap. 746) 745: Ficando na Beira (Cap. 746) O olhar de Asrig era inquisidor, buscando uma resposta nos olhos de Neveah que ela não possuía. Seu olhar era perturbador e Neveah sustentava seu olhar com dificuldade, relutante em ceder até mesmo às perturbadoras conjurações de sua mente sobre ele. O cheiro de decadência estava ficando difícil de ignorar, e Neveah ainda não conseguia discernir de onde vinha.

“Você acredita em destino, garota?” Asrig perguntou quando Neveah permaneceu em silêncio. “Em um roteiro dos céus ditando sua vida?”

Neveah hesitou. “Eu…” A resposta para a pergunta não era facilmente decidida. Neveah havia desistido há muito do destino, ou da crença de que algo mais além de si mesma fosse responsável por sua vida. Ela percebeu, nas centenas de vezes que implorou por misericórdia ao criador, que ninguém, e nada estava vindo salvá-la.

Foi então que eles chegaram…

“Eu não acredito em destino.” Neveah respondeu após um momento. Eles haviam chegado, mas uma vida inteira de escuridão significava que a mudança não seria fácil.

“Você acredita em justiça?” Asrig perguntou novamente. “Na retidão do mundo e das pessoas que o ocupam?” Ele acrescentou.

“Não.” Neveah murmurou. “Eu não acredito em justiça.” O mundo nunca havia sido um campo de jogo justo, e não havia regras. Ela entendia isso melhor do que a maioria.

“Em que você acredita, garota?” Asrig perguntou curiosamente. O olhar de Neveah desviou-se para a fada negra, percebendo que o brilho em suas asas de obsidiana havia quase desaparecido, ela não viveria muito mais.

“Minha vontade, minhas escolhas… meu coração.” Neveah respondeu.

“Então não somos muito diferentes… você e eu.” Asrig respondeu, seus lábios se esticando em um sorriso satisfeito. Como se a ideia de que eles pudessem ser semelhantes de alguma forma fosse tudo o que ele sempre sonhou, só que Neveah era a que estava sonhando.

Neveah observou o deleite de Asrig em silêncio por um longo momento antes de falar novamente. “Meu coração está rasgado e desgastado, espancado e machucado… mas ainda bate.” Seu tom tinha uma profunda finalidade. “O seu nunca bateu, Asrig. Parou muito antes de você morrer.

Seu sorriso vacilou ligeiramente.

“Você já estava morto por dentro enquanto ainda vivia. Então não, Asrig, nós não somos nada parecidos. Eu li seus escritos… como você se enfurecia com o mundo desde o nascimento de Jian, culpando uma criança por suas inadequações. Você não tem justificativa para a dor que causou. Nenhuma grande causa, nenhum passado trágico.”

“Apenas crueldade pela crueldade. E isso, Asrig, faz de você insignificante. Não um vilão, não um enigma, apenas mais uma coisa vazia e apodrecendo.” Neveah disse, seu tom calmo, mas firme. “Terminei aqui, fique fora da minha cabeça.”

Neveah virou-se para partir, mas as próximas palavras de Asrig a detiveram. “Quanto você confia no coração do meu irmão?”

Suas sobrancelhas se franziram em uma carranca. Para um fruto da própria imaginação de Neveah, a pergunta de Asrig era perturbadora, assim como as palavras que se seguiram.

“Estamos todos à beira, garota. Quanto tempo qualquer um de nós pode aguentar?” Ele perguntou.

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Neveah acordou sobressaltada, seus olhos percorriam seu ambiente imediato, seu batimento cardíaco estava rápido e instável, e levou um momento para encontrar sua calma novamente antes de se sentar.

Olhando para o lado, Xenon estava profundamente adormecido, encostado na cabeceira da cama. Neveah suspirou aliviada ao confirmar que agora estava acordada e havia voltado à realidade.

Neveah se aconchegou ao lado de Xenon, mas recuou. Agora que estava mais calma, finalmente percebeu que a pele de Xenon estava anormalmente quente ao toque. Suas sobrancelhas se juntaram em preocupação e ela tocou a testa de Xenon, sentindo sua temperatura.

“Ele está com febre.” Neveah murmurou para si mesma. “Ele não está ferido nem nada, por que ele teria febre?”

“Xenon.” Neveah chamou, dando um leve toque em seu ombro para acordá-lo. Mas não houve resposta.

“Xenon, amor, acorde.” Neveah chamou novamente, desta vez se sentando. No entanto, Xenon não respondeu. O coração de Neveah afundou até o fundo do estômago e ela rapidamente verificou o pulso de Xenon, confirmando que ele estava estável e em boa saúde. Só então ela sentiu um alívio.

“Por que ele não está acordando?” Neveah se perguntou, mas ela saiu da cama, indo até o banheiro molhar um pano. Neveah voltou para o quarto, ajoelhando-se ao lado da cama de Xenon, ela passou o pano suavemente sobre sua testa e pescoço na tentativa de baixar sua temperatura.

Neveah ainda estava distraída com sua preocupação por Xenon quando uma batida urgente na porta chamou sua atenção. Ela hesitou por um momento, olhando para Xenon antes de caminhar até a porta e abri-la.

Uma Estelle ansiosa estava do outro lado, Dante também estava lá e Neveah levantou uma sobrancelha, saindo para encontrá-los. “O que é? Por que estão com essa cara?” Neveah perguntou, olhando entre os dois.

Dante estava claramente relutante e não respondeu imediatamente. “Desembucha.” Neveah insistiu.

“Chegou uma notícia da Fortaleza. Lorde Imagor me contatou, pois não conseguia contactar o Senhor Xenon apesar de várias tentativas.” Dante começou.

Neveah olhou de volta para Xenon antes de retornar o olhar para Dante. “Ele está dormindo. Que mensagem?”

“Houve… uma morte real.” Dante revelou. “A representante real dos Fae, Lady Diandre, faleceu ontem à noite. As circunstâncias em torno de sua morte são incertas, mas os clãs Fae estão agitados, três batalhões de guardas reais Fae marcham para o Forte Inferno conforme falamos.”

Neveah franziu os lábios, cruzando os braços sobre o peito. “Não me diga que eles pensam que fui eu quem a matou.”

Dante encolheu-se visivelmente, mas assentiu. “Os boatos que circulam não são bonitos. Especialmente desde que você deixou Diandre ir livre em sua palavra e ela morreu logo depois.”

“Os espiões dos Fae plantados na floresta real relatam que a última visitante de Diandre foi Lady Keila. Mas os Fae estão mantendo isso em silêncio e deixando os rumores desagradáveis circularem. Eles nem confirmam nem negam…”

“Keila… ela está contra mim, não está?” Neveah murmurou.

“Há mais alguma coisa.” Estelle adicionou hesitante.

“Quem mais eu matei sem saber?” Neveah perguntou com um suspiro.

“É… Senhora Adrienne.” Estelle revelou, olhando para Dante em busca de ajuda.

“No momento em que ela soube da morte de Lady Diandre e do relatório secreto dos espiões Fae… ela desapareceu.” Dante completou. “Lorde Imagor suspeita que ela pretende confrontar Keila.”

“Onde isso deixa Menarx?” Neveah perguntou cautelosamente, se endireitando.

“Ele foi atrás dela.” Dante disse sombriamente.