O Renascimento da Ômega - Capítulo 45

45: Um Juramento de Propósito (Cap.45) 45: Um Juramento de Propósito (Cap.45) Provavelmente era a única coisa que Neveah e Alessio tinham em comum, enquanto Neveah via um companheiro como um fardo desnecessário, Alessio sempre considerou um companheiro nada mais do que uma fraqueza.

E Neveah entendia o porquê, depois de assistir sua mãe se tornar irracional e vingativa após a traição do seu companheiro…

Alessio passou a detestar o efeito da ligação de companheiros e o quanto ela consumia um transformista lobo.

Ele sempre dizia ‘A vontade de um Rei é somente dele.’, os insignificantes sentimentos de amor e companheirismo não eram nada além de fraquezas.

Era engraçado como ele e todos os outros estavam dispostos a culpar tudo e todos pelos erros do Rei Alfa, exceto pelo próprio Rei Alfa.

De alguma maneira, Rei Alfa Lothaire Raul era a vítima e Neveah era a malfeitora, era verdadeiramente risível.

“Eu… Eu não conseguia dormir e saí para caminhar na floresta, mesmo quando não deveria.” Neveah murmurou, finalmente dando uma resposta à pergunta de Alessio.

Neveah percebeu que não adiantava tentar mentir, afinal ela tinha vindo da floresta.

“Você não conseguia dormir?” Alessio perguntou com um tom indiferente.

Neveah sabia que Alessio não aceitaria sua desculpa se ela não fizesse algum esforço para torná-la realista.

“Sim, Sua Graça. Eu não conseguia dormir. Minhas costas ainda doem e não posso deitar sobre elas ou mesmo apoiá-las em alguma coisa.” Neveah disse.

Neveah se lembrou que tinha sido brutalmente açoitada por Alessio em algum momento do dia, por ordens de seu pai, naturalmente ela não poderia ter se recuperado tão rapidamente.

Mesmo que as feridas na carne já tenham se curado com a ajuda da poção de cura, como alguém que era meramente humana, as áreas lesionadas ainda se sentiriam doridas.

“Pai lhe concedeu uma poção de cura, não foi? Ela deveria aliviar a dor.” Alessio respondeu com uma sobrancelha levantada.

“Eu a joguei contra a parede e só consegui salvar um pouco quando estava mais calma, as lesões superficiais cicatrizaram.”

“Sua Graça não precisa se preocupar que eu tenha deixado evidências das chicotadas.” Neveah murmurou com um tom formal, inclinando levemente a cabeça.

“Agora você anda por aí quebrando coisas, que dignidade.” Alessio murmurou enquanto se movia.

Ao se aproximar de Neveah com passos lentos, as mãos de Neveah se fecharam em punhos enquanto ela lutava para permanecer parada em seu lugar, enquanto cada célula em seu corpo gritava para ela correr na direção oposta.

Alessio era uma sentença de morte viva e respiratória e sempre seria o flagelo de sua existência, era o destino com o qual nasceram.

De alguma forma, Neveah conseguiu manter sua compostura, mesmo quando o cheiro delicioso de Alessio invadiu suas narinas e turvou seus sentidos.

‘Companheiro…’ o lobo de Neveah murmurou em sua mente, não por outro motivo senão pelo fato de que, mesmo nesta vida, Alessio ainda permanecia seu companheiro predeterminado.

As palavras que o lobo de Neveah disse em sua mente eram ditas em um tom de resignação.

Neveah não estava nem um pouco surpresa por poder reconhecer Príncipe Alessio como seu companheiro, mesmo antes de seu décimo oitavo aniversário, quando ele seria capaz de reconhecê-la.

Era porque ela já sabia disso e, assim, o véu do desconhecido que sempre estivera bem diante dos seus olhos, foi retirado.

Alessio parou a apenas uma polegada de distância de Neveah e ela se enrijeceu, preparada para contra-atacar aos menores sinais de perigo.

Se o Príncipe Alessio quisesse matá-la novamente nesta vida, ele não a encontraria tão fácil quanto na passada.

Neveah já tinha resolvido em seu coração que, caso sua vida fosse ameaçada novamente, ela nunca se renderia sem lutar.

“O quê… você se sente injustiçada?” Alessio perguntou, seus olhos verdes brilhando enquanto ele olhava nos olhos de Neveah com intensidade.

Neveah sabia que Alessio estava provocando, instigando-a a dizer uma palavra que justificasse ele machucá-la,
Era um joguinho que eles sempre jogavam, um jogo que Neveah era muito mais adepta, já que ela sempre sabia as coisas certas a dizer para irritar Alessio.

“Eu não sinto o que não me é permitido sentir.” Neveah respondeu com um tom indiferente, e o Príncipe Alessio franziu a sobrancelha.

“Então quer dizer que você não me culpa por te machucar?” Alessio perguntou incrédulo.

“Eu desafiei as ordens do pai. A punição foi concedida pelo pai, você executou as ordens do pai… o que há para culpar? Como eu disse, eu não sinto o que não me é permitido.” Neveah murmurou em resposta, mantendo seu olhar indiferente.

“Verdade? Então o que faremos com os sentimentos que você desenvolveu pelo garoto Varleston?” Alessio perguntou.

Neveah franziu a testa levemente, quase perdendo a compostura com a menção de Lucas.

“Minha associação com o jovem alfa da Garra do Eclipse está de acordo com os termos estabelecidos pelo pai.” Neveah disse, conseguindo manter sua expressão indiferente.

“E o pai mandou você esquentar a cama dele?” Alessio disse com um tom sombrio.

Neveah já esperava por essas palavras, a Rainha Alfa Vilma tinha se assegurado de espalhar boatos falsos sobre a falta de dignidade de Neveah, só para garantir que aqueles na Presa Eclipse que já não a detestavam agora a detestassem ainda mais.

Era como se a Rainha Alfa acreditasse que, se Neveah fosse humilhada o suficiente, de alguma forma compensaria a vergonha que ela havia sofrido devido à infidelidade de seu companheiro.

“Eu cumpro as ordens do pai com as habilidades que ele me mandou aprender.” Neveah respondeu em um tom indiferente.

“Então você dormiu com ele…” Alessio murmurou enquanto levantava a mão para segurar o queixo de Neveah, inclinando seu olhar abaixado para o rosto dele.

Contudo, após um momento apenas encarando o olhar feroz de Neveah, Alessio deve ter visto algo inesperado porque sua mão voltou para o lado.

“Você não dormiu com ele.” Alessio disse, como se de repente tivesse se dado conta de que Neveah estava apenas dizendo aquilo para provocá-lo.

Neveah não refutou suas palavras, em vez disso, seu olhar permaneceu indiferente, olhando à frente.

“Fale, ômega.” Alessio advertiu quando Neveah não respondeu.

“Isso importa… Sua Graça? Estes são meus assuntos pessoais e pai pelo menos me concedeu a permissão para mantê-los comigo.” Neveah lembrou.

“Não me ameace com meu pai.” Alessio rosnou,
“Você sabe, você nunca entende o seu lugar e então você não tem ninguém para culpar pelos seus infortúnios a não ser você mesma.” Alessio adicionou, seu olhar se estreitando num brilho.

Neveah engoliu uma risada sem alegria, realmente ela não tinha ninguém para culpar pelo seu destino a não ser ela mesma. Como ela ousaria culpar alguém?

“Sua Graça está certo. Meu nascimento por si só é um crime, uma vez que cometi tão grande crime, devo viver com as consequências.” Neveah murmurou.

“Você ficou mais ousada, ômega… é a confiança dada pelos lobos da Caça Eclipse?” Alessio perguntou e Neveah franziu a testa levemente.

“Não finja ignorância, ômega, o pai me disse que o Alpha Dane pediu para levá-la consigo para a Caça Eclipse… foi este o seu arranjo?” Alessio perguntou.

“O Alfa da Caça Eclipse não é meu para comandar, como é que eu teria arranjado isso?” Neveah perguntou e Alessio deu uma risada audível.

“Eu conheço você, ômega, sei justamente que raposa sorrateira e manipuladora você é. Não pense que pode me enganar.” Alessio disse.

Alessio então fechou a curta distância entre eles e se inclinou para que estivesse bem ao lado do ouvido dela.

“E nem sonhe com a liberdade que você deseja… Eu nunca deixarei você tê-la. Você não pode me escapar, ômega… você nunca pode me escapar.” Alessio jurou, suas palavras enviando um arrepio de terror pelas costas de Neveah.

Enquanto Alessio se afastava, a mão de Neveah se fechou ainda mais forte enquanto ela se dirigia para seus aposentos.

Entrando, ela bateu a porta com força, seus olhos brilhando com malícia e ódio.

Neveah se perguntou para que havia recebido uma nova vida quando não podia ter certeza de que as coisas seriam diferentes da sua vida anterior,
Mas ela entendeu agora… Alessio Terran Lothaire, aquele monstro que tinha jurado que ela nunca estaria livre dele, ele era o seu propósito
Alessio Terran Lothaire, esta era uma existência que Neveah sabia que jamais poderia compartilhar o mesmo céu com ela… de uma maneira ou de outra, seus caminhos se cruzariam e alguém teria que morrer.

Neveah nunca o deixaria escapar… ela nunca perdoaria o mal que ele lhe fez.

“Eu destruí-lo-ei, destruirei tudo que ele preza. Tomarei tudo que é dele e me assegurarei que ele viva uma vida muito pior do que a morte.”

“Este detestável trono pelo qual morri na vida passada… este poder pelo qual eu não tinha desejo nenhum, este trono Eclipse que está acima de tudo…

“Pelos males que me foram feitos, essa será minha compensação. Eu o tomarei como meu ou o destruirei completamente… até esse dia, eu Neveah Ômega Lothaire nunca mais verei a morte.” Neveah jurou com um tom letal.

“Temos que deixar a Presa Eclipse o mais rápido possível… essa é a única maneira de realmente mudarmos nosso destino.” o lobo de Neveah disse a ela, aprovando sua decisão.

“Então assim será.” Neveah respondeu enquanto o sangue escorria por suas mãos, onde suas garras se cravaram na pele.