Capítulo 929: Como Uma Flor Desabrochando

Rowena sabia que Rafael estava certo. Quando ela ainda vivia em Ashland, ela não sabia melhor e pensava que talvez todos os pais fossem duros com seus filhos.

E então, ela pensou que talvez seu pai a amasse à sua própria maneira. Ou, talvez ele estivesse apenas amargurado depois que a mãe de Rowena morreu durante o parto e ele não conseguisse amar sua filha adequadamente.

Talvez, ver Rowena sempre o lembrasse de sua falecida esposa? Algumas pessoas que viram a rainha disseram que Rowena era a cara de sua mãe.

Ou pior… talvez o Rei Draco Roseland odiasse Rowena porque a culpava pela morte de sua esposa.

Agora, ela sabia melhor.

Draco Roseland não a amava e qual fosse a razão… ela deveria parar de esperar que ele mudasse.

Rowena limpou a garganta. “Bem, minhas tutoras, Senhora Liz e Senhora Maria costumavam me dizer que o motivo pelo qual ele era tão duro comigo e esperava tanto de mim era porque eu podia fazer muito mais,”

Ela não havia dito isso a Julian porque tinha certeza que ele chamaria isso de um monte de merda de cavalo, mas às vezes ela pensava sobre isso.

“Entendo. Suponho que deve haver alguma razão para isso… mas você realmente não pode saber o que está na mente do seu pai. Seu palpite pode estar errado,” comentou Rafael levemente.

“E se meu palpite estiver errado—e se o Rei Urther realmente tivesse uma boa razão para odiar meu pai, então é bom que eu esteja longe dele,” disse Rowena. Ela tentou não dizer mais nada, mas as palavras saíram de sua boca. “E especialmente porque ele continua me perseguindo… mas e se ele realmente pensasse nisso?”

O olhar de Rafael e Rowena se encontrou, e ela desviou os olhos timidamente.

“Dois anos é um longo tempo. As pessoas ainda podem mudar de coração e, no entanto, eu mesma pareço ter decidido que meu pai é irredimível. Você não acha que isso é uma avaliação incrivelmente dura?”

“Você realmente tem um coração bastante perdoador.” Rafael balançou a cabeça. “Algumas pessoas fechariam esse capítulo de suas vidas e nunca o abririam novamente.”

“Bem, esses são alguns dos meus pensamentos—eu não saberia exatamente se ele realmente mudou a menos que eu o encontrasse novamente, mas estou feliz com minha vida agora.” Rowena olhou para a panaceia.

Ela pensou em Julian.

“Eu serei mais feliz—a mais feliz quando levar isso ao meu amigo. Mas acho que posso ter te entediado com muitos detalhes, não é?”

“Não, de forma alguma.” Rafael balançou a cabeça. “Fico feliz em ser um ombro amigo para você.”

Rowena não sabia por que, mas apesar de sua hesitação inicial em conversar com Rafael… ele tinha uma presença que a acalmava para expressar o que estava em sua mente.

Agora, ela não sabia o que dizer. Rowena olhou para Rafael e o homem olhou para ela. Seu coração se agitou porque ela era verdadeiramente muito bonita. Ela não usava mais um vestido extravagante nem estava decorada com joias. Ela parecia tão simples e até mesmo sua pele parecia bronzeada pelo sol, mas de alguma maneira tudo nela se tornava ainda mais encantador.

Ahh…

Finalmente Rafael percebeu o que aconteceu.

Ela parecia encantadora e fascinante porque estava sorrindo e tinha aquela expressão de contentamento. Era tão diferente da Rowena que ele conhecia anos atrás, que secretamente estava deprimida e com medo. Agora, em vez de medo, ela estava destemida. Em vez de preocupada, ela estava apaixonada, e em vez de recatada, ela estava assertiva.

Ela era como uma flor que desabrochava na primavera. Ele estava verdadeiramente encantado.

“Então…?” Rowena franziu a testa.

“Então?” Rafael havia esquecido tudo pelo que estava aqui. O que era mesmo que ele queria fazer com Rowena?

Voltar à superfície? Ah… isso mesmo.

“Você disse que vai me ajudar a encontrar o caminho mais próximo para voltar à superfície,” Rowena lembrou Rafael. O homem sorriu e assentiu.

“Sim, eu disse.” Ele estendeu a mão e a convidou para pegá-la, o que ela fez. Então eles subiram na carruagem de cavalos-marinhos e se sentaram confortavelmente. “Eu sei o caminho.”

Ele fez sinal para o cocheiro e logo a carruagem partiu, levando os dois passageiros lado a lado.

***

O reino das sereias, de suas belas águas calmas a suas inúmeras vistas, provavelmente teria feito Rowena se apaixonar pelo lugar.

Até mesmo o passeio de carruagem de cavalos-marinhos que Rafael providenciou para ela a encheria de espanto e admiração.

Se ela tivesse chegado aqui com Julian, Rowena tinha absoluta certeza de que os dois se envolveriam em muitas aventuras juntos.

No entanto, por causa de tudo que aconteceu no palácio real do mar com o Rei Urther e pelo fato de Julian não estar em boa saúde—Rowena falhou em apreciar o seu entorno.

Ela estava grata pela companhia de Rafael e compartilhou algumas coisas que vieram do seu coração—mas diante das inúmeras portais aquáticos, onde uma grande quantidade de sereianos estavam todos alinhados, as prioridades de Rowena vinham em primeiro lugar.

“Ah, finalmente chegamos.” Rafael olhou para os portais com um senso de pesar.

Os sereianos eram criaturas mágicas, mas os níveis de magia dentro deles variavam de indivíduo para indivíduo, e por isso grandes estações de portal estavam disponíveis para aqueles que desejassem viajar para longe.

Rafael observou Rowena descer da carruagem ansiosamente e isso o fez desejar que eles pudessem passar mais tempo juntos.

No entanto, ele sabia que era necessário retornar rapidamente ao reino humano para salvar o amigo de Rowena.

“Temos que ir embora o mais rápido possível… não há diferença entre o tempo neste reino e no outro certo?” Rowena de repente perguntou, olhando para Rafael preocupada.

Algumas histórias mencionavam sobre como um homem tropeçou em um portal mas voltou ao reino humano com todos os seus entes queridos e as pessoas que ele conhecia mortas.

“Não, você não precisa se preocupar com isso.” Rafael insistiu.

Rowena suspirou aliviada. “Obrigada.”