Capítulo 928: Rafael e Rowena

“Meus amigos são os que estarão partindo por algo,” Rafael enfatizou novamente. Justo naquele momento, ele decidiu ficar para trás e continuar ajudando Rowena. Ela ainda não estava livre antes de alcançar seu reino. Então, como um cavalheiro, ele iria garantir que ela voltasse em segurança.

Rafael se lembrou de que seu pai sempre lhe dizia que um homem de verdade sempre protegeria uma mulher e que um homem deveria terminar o trabalho de forma completa. Bem… ele estava apenas tentando seguir o conselho de seu pai.

Os outros jovens deuses finalmente entenderam a mensagem, e até Nímia, ainda que protestando, foi arrastada para longe pelo resto do grupo.

Agora, restavam apenas Rowena e Rafael juntos.

Ele não sabia por que estava agindo assim – ele era um homem muito sociável e normalmente adorava estar rodeado por um grande grupo de amigos. No entanto, fazia muito tempo desde que ele a viu, e Rafael desejava estar a sós com Rowena.

Rowena tentou não parecer como se reconhecesse o que Rafael fez. Era claro como o dia para ela que aquele jovem homem queria se aproximar dela – admiração era apenas uma palavra, mas ele parecia apaixonado por ela aos olhos de Rowena.

No entanto, devido ao fato de que essa pessoa a salvou, Rowena decidiu pelo menos conhecê-lo.

“Posso perguntar seu nome?” ela perguntou. Algo assim o faria feliz o suficiente, certo?

“Eu sou Rafael,” o sétimo príncipe se apresentou com um sorriso doce no rosto.

“É um prazer conhecê-lo, Rafael.” Rowena sorriu para ele antes de receber a garrafa de panaceia. “Eu não sei como lhe pagar – especialmente quando a coisa mais valiosa que tenho em mãos é esta poção destinada à minha amiga. No entanto, eu lhe devo um débito de gratidão.”

“Se você pudesse me conceder a oportunidade de escoltá-la até o reino humano, seria uma honra minha,” Rafael disse com um sorriso sincero enquanto colocava a mão no peito.

Rowena olhou para ele surpresa. Ela não percebeu que este homem queria tanto ficar perto dela que se ofereceu para escoltá-la sozinho. No entanto, isso era algo que ela já havia ouvido de Senhora Liz e Senhora Mary – um sujeito muito apaixonado.

Ela não sabia se deveria recusar a oferta de Rafael… mas enquanto Rowena olhava ao redor, ela percebeu que ainda estava no reino dos Tridentes.

O caminho de volta para o reino humano era algo que ela não conhecia bem. Além disso, ela sabia que havia uma Guarda das Águas que guardava rancor dela pelo bem do rei e o Rei Urther também não parecia tão contente com ela.

Talvez fosse mais seguro simplesmente aceitar a oferta de Rafael para que ela pudesse voltar a Verona sem problemas.

Rowena não podia mais arriscar. Ela só queria ver Julian o quanto antes. A garota assentiu lentamente. “Bem, eu agradeço o gesto. Obrigada por oferecer isso. Eu preciso voltar ao reino de Verona – meu amigo está lá.”

“Isso não é problema para mim—” Rafael parou e percebeu que não podia facilmente mostrar seus poderes.

Embora Rafael estivesse confiante de que Rowena era a mesma pessoa gentil que ele havia conhecido no passado, alguém que estava disposta a arriscar sua vida por um amigo e ir além do necessário… ele não sabia se revelar-se como um deus a assustaria.

Rafael achou melhor fingir ser um mortal como ela.

“Então uh, mostre o caminho, Rafael,” disse Rowena.

Rafael assentiu animadamente. “Com certeza! No caminho, você se importaria de me contar histórias – de como você chegou até aqui? É bastante interessante que você não tenha equipamento ou nenhum item e ainda assim acabou aqui.”

Rowena lançou a Rafael um olhar e percebeu que ele era do tipo mais amigável. Isso a lembrou um pouco de Julian, mas ainda assim ele era diferente.

Havia um ar de natureza real ao seu redor.

Rowena lhe lançou um olhar. “Por cada pergunta que você tem sobre mim, suponho que é justo também perguntar algo sobre você, certo?”

“Bastante justo.”

“Então deixe-me começar,” Rowena perguntou. “Você e seus amigos são algum tipo de Elfo? Me desculpe se for muito pessoal. Quer dizer, eu nunca vi nenhum então não sei como são, mas ouvi dizer que são criaturas que usam magia. Já que você e seus amigos podem ir debaixo d’água sem problema algum, mas nenhum de vocês tem cauda… Eu assumo que vocês provavelmente são elfos.”

“Eu? Um Elfo…” Rafael olhou para Rowena e deu de ombros. “Bem, você poderia dizer que somos bem parecidos de alguma forma.”

“Entendi.” Rowena franziu os lábios mas depois suspirou suavemente. “Você não precisa me dizer nada se não quiser. Eu entendo a necessidade de esconder sua origem – bastante até.”

“Sim, eu não pude evitar de ouvir mais cedo… sobre seu relacionamento com seu pai,” Rafael disse enquanto a conduzia para fora do palácio real do mar.

Ele acenou com a mão e uma carruagem de cavalo-mar veio para levá-los até as estações de portal.

“De fato.” Rowena suspirou e aconchegou a poção de panaceia em sua mão. “Não há muito que eu possa dizer… Eu deixei o palácio dois anos atrás e cortei as conexões com ele.”

“Ele deve ter sido absolutamente terrível se você escolheu cortar laços com ele,” Rafael sondou Rowena.

“Eu… Eu não diria exatamente isso. Ele sabe como liderar seu povo, e ele já foi saudado como um heroi, sabe?” O sorriso de Rowena piscou. “Eu o admirava… Eu costumava querer ser como ele ou pelo menos ter sua aprovação. No entanto, eu não consegui atender às suas expectativas, e foi por isso que eu fugi.”

“Você não tem que viver para alguém, porém,” Rafael disse gentilmente. “Como seu pai – ele deveria ter te amado independentemente de quem você é ou do que você alcançou.”

“Eu sei… mas…” Rowena suspirou.

“Isso parece ser o mínimo para mim,” Rafael acrescentou.