O Príncipe Amaldiçoado - Capítulo 126

126: Lágrimas 126: Lágrimas “Por que você está me encarando?” Marte, que levantou a tigela até a boca, pronto para beber, interrompeu o movimento no ar. Ele franziu a testa e olhou para Emmelyn com um olhar curioso. “Tem algo no meu rosto?”

Emmelyn balançou a cabeça. “Não, não é isso.”

“Então?” Marte engoliu sua poção e depois colocou a tigela na mesa. “Você sabe que encarar é falta de educação, certo?”

Emmelyn concordou com a cabeça.

Sua atitude submissa deixou Marte confuso.

Ela geralmente era combativa. O que a tinha deixado assim? Estava se sentindo triste?

Aconteceu algo hoje? Isso o deixou preocupado.

O príncipe não sabia que Emmelyn estava se sentindo culpada por fazer com que ele dormisse no sofá. Ela suspeitava que essa fosse a razão pela qual Marte teve que tomar novamente sua poção do sono depois de tanto tempo. Ela sabia que este homem era muito ativo e precisava de seu devido descanso.

O que ela deveria fazer? Deveria pedir para ele compartilhar a cama dela novamente? Ela já o havia incentivado a voltar para o seu próprio quarto.

Lá, ele tinha uma cama realmente agradável onde poderia descansar apropriadamente, mas este homem teimosamente queria ficar com ela.

Uff… Ela pressionou a têmpora e tentou pensar em uma solução.

No entanto, depois do que ela ouvira da Sra. Adler hoje, Emmelyn não tinha capacidade para pensar em outras coisas. Ela estava dividida entre partir ou ficar e causar sua morte.

“Você está doente?” Marte perguntou a Emmelyn. Ele tocou a têmpora dela para verificar a temperatura. “Você não está quente.”

“Só estou com uma dor de cabeça,” disse Emmelyn. “Vai ficar tudo bem. Só preciso descansar.”

“Tem certeza?” Marte perguntou novamente para confirmar. Ela assentiu e forçou um sorriso.

“Tenho certeza.”

“Ok, então. Mas, por favor, beba a poção. É bom para a sua saúde,” disse Marte.

Ele acenou e Roshan veio com uma sopa quente como na noite anterior. Marte pegou a sopa do mordomo e segurou para Emmelyn, enquanto ele convencia a garota a tomar sua vitamina. “Você deve beber a poção agora para poder descansar imediatamente.”

Emmelyn atendeu ao pedido dele e tomou seu remédio de um gole só. O gosto era horrível como sempre. Marte imediatamente pegou a tigela de sua mão e deu a sopa para ela. “Beba depressa essa sopa.”

Emmelyn estava realmente grata pelo homem atencioso e seu mordomo e servos eficientes. Ela não se lembrava de seus servos em Wintermere serem tão eficientes. Provavelmente, o padrão aqui em Draec era muito mais alto do que em seu país.

Como Wintermere era um reino à beira-mar, a vida lá era bastante relaxada e em ritmo lento. Ela notou que em Draec as pessoas eram rápidas, eficientes e apaixonadas.

Talvez essa fosse uma das razões pelas quais eles eram tão bem-sucedidos na invasão de outros países. Wintermere não era apenas muito menor em tamanho e população, mas seu exército e, de maneira geral, seu povo não eram do tipo espartano, ao contrário dessas pessoas em Draec.

Wintermere não teve chance quando teve que lutar contra aqueles soldados de Draec que treinavam rigorosamente todos os dias sob seu príncipe herdeiro e seus generais.

“Obrigada,” Emmelyn pôs a tigela de sopa de lado e fechou os olhos. Sua barriga estava tão cheia. Ela realmente tinha comido bastante ultimamente. Agora ela entendia o porquê. Talvez fosse seu corpo exigindo mais nutrição para se preparar para alimentar o feto que estava crescendo dentro dela.

Quando voltaram para a câmara, Emmelyn lembrou que acabava de ir até a Vila Bydell e seu corpo estava um pouco pegajoso da viagem. Ela viu que a banheira, como de costume, já estava cheia de água morna.

Parecia tão convidativa. Ela queria mergulhar antes de ir para a cama. No entanto, quando se lembrou de que geralmente o banho juntos levava ao sexo, Emmelyn hesitou.

Marte pareceu ser capaz de ler a mente dela. Ele sugeriu que ela tomasse um banho com ele. O homem rapidamente acrescentou que não faria nada pervertido com ela enquanto tomassem banho.

“Você deve estar se sentindo pegajosa depois de sair o dia todo,” ele comentou. “Eu sei que estou. Quer tomar um banho comigo? Prometo que não vou fazer nada pervertido… hehehe…”

Ele riu quando viu o desejo nos olhos dela, mas ela parecia relutante em se juntar a ele.

“Você quer adicionar outra banheira no nosso novo quarto?” ele perguntou brincando. “Já teremos duas camas. Vamos precisar de duas banheiras também?”

Emmelyn sorriu constrangida e balançou a cabeça. Ela se lembrou de quando estava disfarçada como a serva pessoal do príncipe e teve que carregar baldes e baldes de água para encher essa banheira. Era um trabalho e tanto.

Ela ainda sentia pena dos servos que tinham que fazer o trabalho agora todas as noites. Claro, ela não teria coração para fazê-los carregar o dobro da água para duas banheiras.

“Está bem. Tomarei um banho com você,” disse Emmelyn. “Sei que posso confiar em você.”

Ela apagou as velas mais próximas da banheira e lentamente tirou a roupa, enquanto o príncipe ficava atônito com a atitude dela.

Emmelyn disse que ele poderia ser confiável e ela agia de maneira tão submissa diante dele? Que feitiçaria era essa?

Ela estava sendo tão gentil com ele.

Isso o deixou tremendamente confuso. O que estava acontecendo de fato? Ela estava triste, mas conseguia parecer bem e sorrir. E agora até agia de maneira dócil e doce…

[Não deveria ela estar combativa… áspera, ou sei lá… não tão gentil?]
[Eu sei que ela gosta de mim, mas preferiria morrer a mostrar seus verdadeiros sentimentos.]
[Isso é muito incomum.]
[O que exatamente aconteceu???]
“Você não vai entrar?” A voz de Emmelyn tirou o homem de seu devaneio. Marte se despiu e entrou na banheira, como de costume, na outra extremidade. Agora, eles estavam sentados um de frente para o outro.

Marte viu Emmelyn fechar os olhos. Mesmo que ela não fizesse um som, ele podia claramente ver duas lágrimas rolando por suas bochechas.

Ela devia estar chorando em silêncio, pensando que Marte não seria capaz de vê-la no escuro. Ela ainda não tinha ideia de que o homem podia ver perfeitamente sem luzes.

O príncipe sentiu uma pontada de dor no peito. Por que ela estava chorando?

Era tão ruim assim carregar o filho dele?

Ela sofria tanto por causa disso?