Capítulo 525: As coisas darão certo se você tiver uma Deusa como sua apoiadora.

“””

A última coisa que me lembro foi o abraço frio de Natha, que parecia ainda mais frio do que o normal. Mas talvez isso fosse porque eu estava apenas com roupas de dormir. Lembro-me de estar extremamente exausta, mas também aliviada de que Natha finalmente estava ali.

Certamente, Shwa estava segura agora. O pequeno não estava mais chorando.

Com esse pensamento, deixei minha consciência escapar com um sorriso.

Não me lembro de muita coisa depois disso. Quando minha mente voltou, eu senti como se estivesse flutuando. Meu corpo parecia sem peso, e tudo estava escuro. Onde estou? Olhei ao redor, mas não parecia o mundo vazio de Shwa, nem parecia a galáxia de almas onde eu costumava rolar enquanto esperava pela minha transmigração. Acho… isso é um sonho meu, então?

Flutuando sem rumo, não conseguia mover meu corpo ou meus membros para mudar de direção – não que houvesse alguma direção. Espera – eu nem tinha certeza de que tinha membros. Meu corpo balançava sem força, seguindo o fluxo de mana como uma folha seguindo o curso do vento.

Isso era efeito da fusão com a floresta? Hmm…

Ah, espera! Mana? Um fluxo de mana? Por que havia um fluxo de mana aqui? Isso não era meu sonho?

[Venha], ouvi uma voz suave e familiar que me lembrou uma brisa de primavera e um jardim iluminado pelo sol. Ah, não é a Mãe? Animada com algo além da escuridão, concentrei minha consciência na voz e meu corpo seguiu o fluxo de mana mais rapidamente. [Isso mesmo, venha calmamente…boa, boa criança]

Hmm? Isso parecia estranho, mas eu gosto de ser elogiada, então me obriguei a fluir pelo canal de mana ainda mais rápido, mesmo sem ideia de onde essa trilha terminaria. Também era difícil julgar o fluxo do tempo nesse espaço desconhecido, então eu simplesmente me movia e movia, seguindo a voz no final do fluxo de mana.

Oh?

De repente, senti como se estivesse sendo puxada por algo. Um toque terno e caloroso, como um par de mãos gigantes, me envolveu. Eu me enrolava em uma bola, como uma Jade dormindo, e as mãos formavam um casulo ao meu redor.

[Aí está] A voz da Mãe inundou minha consciência, e quando recuperei meus sentidos, de repente senti um chão sólido sob mim.

“Hã?” Pisquei e me desenrolei, adaptando lentamente meus olhos à luz suave do sol que banhava o jardim. Ainda deitada ali, o cheiro de terra fértil e grama fresca fez cócegas nas minhas narinas, e eu me levantei surpresa. “Oh!”

Como imaginei, eu estava no jardim da Mãe. Antes que eu pudesse procurá-La, uma mão quente já estava acariciando meu cabelo. Delicadamente, tão delicadamente que consegui sentir Sua afeição através disso.

Virando a cabeça para o lado mencionado, vi Seu sorriso suave, mas melancólico. “Você está fazendo um bom trabalho,” ela acariciou minhas bochechas, e não pude evitar sorrir. “Mas isso foi muito imprudente da sua parte.”

Ah…o canto dos meus lábios recuou.

“Felizmente, ainda consegui puxá-la de volta antes que estivesse flutuando muito longe,” ela soltou um suspiro. “Nem eu poderia fazer nada se sua alma fosse para o mundo do vazio.”

Hã? Hããã? Aquela escuridão…

Eu cobre minha boca e a realidade do que acabei de fazer finalmente explodiu na minha mente. Claro – claro que não há poder sem consequências. Eu usei toda a minha mana, e nessa posição ‘inferior’, fundi-me com uma floresta inteira, que tinha muito mais mana do que eu. A fusão pode não exigir mana para ser ativada, mas a posição na escala ainda é determinada pela força de mana.

A única razão pela qual consegui aguentar sem perder minha mente foi provavelmente as emoções extremas que eu tinha em relação aos inimigos, e o fato de que a floresta sentiu a mesma raiva e repulsa, o que a tornou mais indulgente com minha falta de mana. Bem, eu acho que eles também ficaram indulgentes porque eu tinha a coroa e a linhagem, então passei por cima da qualificação de nível de mana.

Mas, no final…eu não consegui aguentar.

“O-obrigada…” Eu juntei minhas mãos trêmulas, e a Mãe me puxou para o Seu abraço.

“Está tudo bem,” ela sussurrou suavemente. “Como alguém que te sobrecarregou com a tarefa de carregar o Primordial, é em parte minha culpa por não reconhecer o perigo que isso te colocaria. Por favor, me perdoe, minha filha.”

Balancei a cabeça com força. “Shwa…Shwa não é um fardo.”

Ela recuou e acariciou minhas bochechas com um sorriso. “Eu sei que você pensaria assim, mas eu deveria ter previsto tal problema.”

Como esperado, era bem estranho ouvir uma deidade suspirar. Ela balançou a cabeça com uma expressão de arrependimento e acariciou meu cabelo. “Enviei um presente para você, embora seja apenas uma medida de emergência.”

“Oh? M-muito obrigada?”

“Agora,” ela sorriu e meu corpo começou a se sentir leve novamente. “Eu vou te devolver rapidamente antes que mais pessoas caiam no desespero.”

Hã? Desespero? O que ela queria di–

“Gasp!”

Eu abri meus olhos subitamente; o céu azul e o jardim haviam mudado para uma cama confortável e um dossel.

[P-Papai!!!]

“Jovem Mestre!”

“Valen?”

Havia muitas vozes, mas eu apenas pisquei e olhei para o dossel, ainda surpresa pela mudança repentina. Também pelo sentimento terrível em meu corpo. Ugh – meus músculos me repreendiam em protesto e se recusavam a me ajudar a me mover. Era pesado até mesmo mover minha língua e lábios.

“Nggh…”

Ah, pelo menos eu podia reclamar um pouco.

“Valen!” um par de mãos frias seguraram minhas bochechas, e meus lábios de repente encontraram energia para se esticar em um sorriso quando seu rosto surgiu na minha visão. Ah, ele ainda era bonito mesmo com seus olhos vermelhos de choro e cabeça bagunçada. Talvez porque eu finalmente reagi, sua agitação diminuiu. “Querida…”

[Papai? Papai!] Jade saltou hesitantemente perto do meu pescoço, cuidadosamente tocando minha bochecha com a ponta da sua asa.

“Mm…” Eu umedeci meus lábios e tentei falar. “Bom dia?”

“Ah, Deus–” Eu senti seus lábios nas minhas mãos, e depois sua cabeça no meu ombro. Ah, eu queria abraçá-lo, mas era pesado demais até mesmo para mover meus braços, então acariciei sua bochecha, onde meus dedos estavam repousados.

“M-Minha Senhora–água…”

Ah, era a Mara; sua voz soava abalada. Natha imediatamente levantou sua cabeça e apoiou minha cabeça com uma mão e me deu água com a outra. Eu engoli agradecida; a irritação na minha garganta finalmente se aliviou.

“Ahh…isso é melhor…”

Até recuperei minha voz. Que bom. E também parecia ser de manhã, então eu não estava falando besteira.

Mas qual manhã?

[Ignis?] Eu contatei meu parceiro no crime em segredo.

[O quê?]

Ah, felizmente a Salamandra estava cooperativa dessa vez – embora eu não tivesse ideia de onde Ignis estava.

[Qual manhã é essa?]

[Só a próxima]

Ah, ufa – isso não foi tão ruim, foi?

[Quero dizer, já fazem vinte e quatro horas]

Ei!

Ugh…bem, pelo menos não foram dias, certo? Uma melhoria com certeza. Felizmente, Natha não parecia como se o mundo tivesse acabado como antes.

“Você teve uma boa conversa com a Mãe?” Eu ouvi de repente a voz de Amarein do outro lado da cama, e seu rosto surgiu quando virei minha cabeça.

Ah…era por isso que Natha se segurou razoavelmente bem? A Mãe deve ter informado a eles que eu estava com Ela em vez de flutuando para um caminho sem retorno. Caso contrário, Natha não estaria tão calmo.

Calmo…

Eu olhei para ele, acariciando sua bochecha. Eu me lembrei que estava molhada da última vez. Seus olhos pareciam terríveis, com veias vermelhas visíveis contra sua esclera escura. Seu cabelo, que geralmente era bem arrumado, estava um tanto bagunçado. Mas, fora isso…ele não me bombardeou com suas desculpas e auto-reprovação, nem fez uma careta como se estivesse prestes a declarar guerra ao mundo todo.

Mas aqueles que estavam no quarto, além de nós, tremiam levemente.

Ah…ele deve estar zangado. Tão zangado que se transformou em uma fúria fria. Zangado e com medo, porque eu podia sentir um pouco de seu frio quando pedi a Ignis para pausar o controle de temperatura em meu corpo.

“Ignis te contou?” Perguntei a ele cuidadosamente, olhando em seus olhos. Você sabe que eu fui transportada abruptamente pelas fadas, certo? Você sabe que eu não tive escolha a não ser agir imediatamente, certo?

Natha acenou com a cabeça silenciosamente. Ele não se afastou depois de me ajudar a beber e continuou apoiando meu corpo superior, mesmo que eu já estivesse encostada na pilha de travesseiros atrás de mim. Bem, eu não me importava. Apoiei minha cabeça em seu ombro e suspirei de alívio, antes de ofegar novamente.

“Shwa–!”

“Shwa está bem,” Natha finalmente falou novamente. “Graças a você.”

Ah…ele não estava bravo comigo?

“Como você está?” ele perguntou; sua voz era gentil, mas também ligeiramente tensa.

“Só…cansada?” Eu lhe dei um sorriso para que ele não ficasse muito preocupado. Percorri o olhar e percebi então que ele estava acariciando algo acima do meu peito. Quando olhei para baixo, vi que estava usando um colar com um pingente em forma de medalhão…como um amuleto.

Hã? Curiosa, observei dentro do meu corpo e descobri que a mana estava fluindo constantemente dentro. Mana pura. Não apenas ajudava a preencher meu núcleo de mana, mas ativava lentamente minha regeneração natural. Mesmo enquanto observava, eu conseguia sentir a dor muscular sendo lentamente aliviada.

“Ah…” Eu olhei para Amarein. “Isso é…um presente da Mãe?”

“Sim,” ela acenou e acariciou minha cabeça uma vez. “A mana pura dentro não é infinita, e a maior parte dela foi usada para te trazer de volta do coma por deficiência de mana.”

Ah…não consegui evitar engolir seco, olhando para Natha cautelosamente.

“Mas há o suficiente lá dentro para manter sua condição até encontrarmos uma solução real,” ela sorriu, também olhando para Natha. “Bem – por enquanto, meu dever está cumprido. Vou deixar você…descansar.”

O que foi essa hesitação, Tia?

[Papai!]

E por que você levou Jade embora? E Ignis? Hã? Por que todo mundo estava saindo? Engolindo com força, mordi meu lábio e me virei para Natha.

Acho que…precisamos conversar, né?

“””