Capítulo 500: O diário turbulento dos meus hormônios travessos

“Está tudo bem, querida,” Natha deu tapinhas em minhas costas enquanto eu continuava a soluçar em seu ombro. “Não seja tão dura consigo mesma.”

“Mas isso é ridículo!” Eu gemi e bati em seu braço com frustração. “…desculpa.”

Haa… também era ridículo o quão dura eu estava me tornando. Olhares fulminantes, explosões, tapas… eu fazia essas coisas com facilidade ultimamente e não gostava nem um pouco. Principalmente porque, na maioria das vezes, eu fazia isso sem perceber—o que era pior, porque eu não conseguia parar até que fosse tarde demais.

“Está tudo bem,” Natha continuou acariciando minhas costas e meu cabelo gentilmente, como se estivesse acalmando uma criança. Eu realmente estava agindo como uma criança. “Eu prefiro que você descarregue isso em mim do que em você mesma.”

“Eu preferiria não ter que descarregar nada,” resmunguei contra seu ombro.

“Bem, é claro,” ele riu relaxadamente. O tom leve em sua voz gradualmente acalmou meu coração e minha mente. “Mas não podemos exatamente escolher, podemos?”

“Ugh…”

O que ele disse estava certo, mas… ainda era ridículo!

Eu não estava apenas chorando estupidamente por um desejo incontrolável e bagunçando os horários das pessoas, mas por muitas outras coisas.

Houve um momento em que fiquei cansada das refeições ricas em mana e só queria comer coisas gordurosas e pouco saudáveis. O problema era que eu também queria essas coisas em quantidades enormes e totalmente prejudiciais. Obviamente, os servos perguntaram a Natha primeiro, e eles tentaram me convencer a experimentar outro tipo de comida que ainda fosse mais saudável, mesmo que não fosse rica em mana. Mas eu explodi e chorei porque o que eu queria era algo crocante, oleoso e cheio de açúcar, e vi a relutância deles em atender meu pedido como rejeição.

Ah, como boba e estúpida.

E houve um momento em que fiquei tão letárgica, e descobriram que eu havia pegado algo como uma gripe leve—parecia que minha regeneração natural também estava em caos. E assim, eu não podia ver Shwa e chorei de novo.

Ou aquele momento em que todos estavam ocupados, Zia tinha um prazo para cumprir, e Tia Nejza tinha uma reunião com Tio Sol, e eu, de repente, me senti sozinha porque Jade estava tirando um cochilo, e os servos estavam realizando suas tarefas e…

Sim, você adivinhou—eu chorei de novo.

Eu fiquei irritada quando Natha tinha audiências até tarde da noite ou precisava resolver algo no meio da noite. Mesmo morrendo de saudade dele, eu não falava com ele por horas e horas, e isso me deixava irritada e triste e…

Ai, meu Deus.

Eu era um desastre.

Havia ainda mais coisas, mas eu sentia que iria explodir e me enterrar no chão se revelasse tudo.

No final, eu até reclamei sobre o quanto tinha reclamado depois de chorar meu coração sobre não ter refrigerante neste mundo. Boba. Estúpida. Ridícula. Eu tive que atrapalhar o trabalho diário dele novamente, deixar os servos em pânico de novo, fazer os chefs se sentirem culpados por não saberem o que era refrigerante e prendê-lo no quarto para me ouvir chorar em seu colo por quase uma hora.

“Isso é exaustivo,” soltei um longo suspiro depois de me acalmar um pouco. “Estou cansada de chorar o tempo todo—eu me sinto um desastre!”

Ah, céus—só de pensar nisso já me gerava frustração e me fazia querer chorar de novo.

“Bem, o que podemos fazer? Tia disse que é inevitável,” Natha respondeu calmamente—eu sabia que Tia Nezja havia lhe dito para sempre responder com calma aos meus desabafos. “Você vai se sentir sobrecarregada pelas emoções, seja de tristeza ou de felicidade.”

“Haa…” É claro, eu já sabia disso. Mas isso não me fazia sentir melhor. “Isso é horrível.”

Naquele momento, Natha fez um comentário atrevido com um sorriso. “Mas mesmo se você voltar no tempo, você faria tudo de novo, não é?”

“Com certeza!” Respondi sem hesitação, sem mentir. Não importa o quê, não havia como eu me arrepender de fazer tudo o que podíamos para dar à luz Shwa. Mas ao olhar para seus lábios curvados, senti vergonha e acrescentei baixinho. “Eu estava… eu só estou reclamando…”

“Eu sei,” ele respondeu gentilmente, como de costume. Uma voz suave voou até meu ouvido como um toque refrescante em que me recostei. “Você está fazendo um trabalho incrível, querida. Você sabe o quanto eu sou grato, não sabe?”

Sem forças, sem palavras, assenti. Por alguns minutos, a tranquilidade nos envolveu enquanto eu me recostava em seu ombro e ele continuava a me acariciar.

“Mas ainda assim… está ficando ridículo!” Levantei a cabeça abruptamente—até Natha ficou um pouco surpreso. “Eu choro quase todos os dias, é tão bobo!”

“Por que isso é bobo? Você ainda fica linda mesmo quando está chorando feito louca,” Natha respondeu com uma voz clara e sem pretensão.

Mas talvez porque eu sabia que ele ia dizer algo assim—ou provavelmente por causa do lance hormonal—fiquei um tanto irritada novamente.

“Isso é porque você me ama!”

“E?” ele inclinou a cabeça. “Não basta você estar bonita aos meus olhos, não importa o quê?”

Meus olhos se arregalaram em choque com sua resposta. Foi como se alguém tivesse jogado um balde de água na minha cabeça, e isso foi ao mesmo tempo refrescante e constrangedor.

Diante da minha resposta atrasada, Natha apertou os lábios e virou o rosto como se estivesse fazendo birra. “Hnng… então você se importa mais com a visão dos outros…”

“N-não! A-aquilo não é verdade!” mesmo sabendo que era brincadeira, ainda reagi toda atrapalhada. “Eu… não! Eu…” Balançando fortemente a cabeça, continuei a rejeitar a ideia. “Eu… não me importo mais!”

“Isso mesmo,” ele sorriu com a declaração repentina. “Não se preocupe com os outros. E daí se você chorar? Mesmo que você faça birra, ninguém vai dizer nada. Sabe por quê?”

“Porque… eu sou o consorte?”

“Bom menino,” ele deu tapinhas na minha cabeça e sorriu normalmente. O sorriso calmo e o brilho em seus olhos o faziam parecer ao mesmo tempo sábio e jovem.

Pensei várias vezes o quão difícil isso devia ser para ele também. Atender aos meus caprichos e mudanças de humor aleatórias devia ser frustrante também, mesmo que ele não demonstrasse. Talvez fosse mais difícil porque ele não podia mostrar, já que sabia que no momento em que ele perdesse a paciência, eu iria desmoronar.

Sim. No meu estado mental atual, eu iria colapsar em depressão se Natha explodisse comigo.

“Eu te amo,” disse enquanto olhava para seus olhos prateados brilhantes.

Foi uma confissão que saiu do nada, e eu adorei o fato de que ele sempre parecia surpreso quando eu dizia isso—ainda que eu já tivesse dito muitas vezes. Suas orelhas ficavam vermelhas em seguida, seus olhos tremiam um pouco, antes de seus lábios se esticarem em um sorriso suave e genuíno.

“Eu também, querida,” ele respondeu sinceramente. “Eu também te amo.”

Eu me consolava no fato de que o amor dele por mim não diminuía mesmo enquanto eu agia de forma irracional, e o abracei com força enquanto descansava minha cabeça em seu ombro, pressionando meu rosto contra seu pescoço.

“Isso não vai durar para sempre, então vamos passar por isso, tá bom?” ele continuou a me acalmar com suas palavras e carícias gentis. “Eu sei que não sou quem está vivenciando isso, e parte meu coração ver você passar por momentos tão difíceis, mas…”

Lentamente, delicadamente, ele ergueu minha cabeça para que pudéssemos nos olhar nos olhos. Talvez porque quisesse transmitir o quanto ele estava sendo sincero; o quanto suas palavras eram verdadeiras.

“Não segure nada como da última vez,” ele continuou, acariciando minhas bochechas com os polegares. “Assim mesmo; chore livremente, e exija qualquer coisa sem se sentir sobrecarregada.”

Oh… meus olhos começaram a arder novamente. O brilho em seus olhos prateados ficou embaçado por causa das lágrimas acumuladas que mal podiam ser contidas menos de meia hora atrás.

Droga. Eu realmente seria uma chorona até Shwa nascer?

Mas… eu também não achava que era o tipo de lágrimas que precisava ser contida. Além disso, Natha acabou de dizer; ele queria que eu chorasse livremente.

“…tá bom,” mal consegui responder enquanto minhas lágrimas rolavam novamente.

Mas Natha já tinha me visto chorar tanto que deveria saber que eu não estava mais chorando de frustração inexplicável. Ele gentilmente beijou minha testa e me deixou chorar mais.

“Só não esqueça de beber água toda vez para não se desidratar, tá bom?”

Eu engasguei levemente quando ri no meio do choro, e ele rapidamente acariciou minhas costas de forma apologética. Acabei meio chorando e meio rindo por meio minuto, antes de descansar minha cabeça novamente em seu ombro, suspirando de alívio e exaustão.

“Se ficar muito difícil, basta pensar assim;” ele continuou depois que minhas lágrimas pararam. “Você está experimentando o que uma pessoa grávida de verdade sente.”

Meus olhos inchados e avermelhados se abriram rapidamente.

“Isso significa que você está realmente grávida,” ele sussurrou perto dos meus ouvidos. “Mesmo que você não carregue no seu corpo.”

“Oh…”

Eu não sabia se tinha permissão para pensar assim, mas… deveria estar tudo bem se mantivéssemos isso entre nós, certo?

Ele cutucou minha bochecha de repente, me fazendo olhar para cima. “É um sorriso que vejo?”

“Hehe…”

Desta vez, não consegui segurar a risada.

Ele continuou a cutucar e apertar minha bochecha de forma brincalhona. “Sentindo-se melhor?”

Melhor?

Eu olhei em seus olhos e sorri. “Estou apaixonada.”