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Capítulo 490: Aquele momento em que você percebeu que seu marido é um garoto da igreja

“Tadaaa!” Imitei Jade enquanto saltava da Grande Árvore. Meu pequeno garoto pareceu gostar, já que ele riu e tentou bater palmas–embora não conseguisse fazer isso enquanto segurava Shwa ao mesmo tempo.

Natha soltou um suspiro de alívio enquanto se aproximava de mim–junto com meus filhos. “Você parece animado.”

“Claro! Eu te disse que Mãe poderia me dar algo,” eu sorri.

“Ela deu?”

“Uh-huh, uma bebida deliciosa–quase como Amrita, mas mais suave e muito reconfortante,” eu levantei os polegares e lambi meus lábios. Minha mana estava cheia só com isso, mas senti que estava diminuindo gradualmente no momento em que saí–só um pouco, quase imperceptível.

Mas eu estava alimentando o feto, então…quem se importa?

“Certo, vamos para casa.”

Natha parecia tão ansioso que eu quase explodi de rir. Mas isso seria um insulto à sua preocupação genuína, então apenas pressionei meus lábios e perguntei a Amarein. “Quanto tempo eu fiquei lá dentro?”

“Cerca de cinco minutos.”

Pfft–desculpa! Eu sinto muito, mas…

Ok, entendi. Meu marido era o maior preocupado que existia. Embora…eu tinha a sensação de que se eu estivesse com o Senhor Demônio, ele provavelmente ficaria menos preocupado.

Por outro lado, era bom ouvi-lo chamando a cabana que os druidas prepararam para nós de nossa “casa”.

Era uma cabana normal com o mesmo design que os druidas utilizavam; feita de madeira incombustível e cipós resistentes ao fogo–Ignis não conseguiria queimá-la a menos que levasse a sério e usasse o Sopro de Salamandra. Eles até fizeram um quarto especial para crianças para Jade dormir! Tão gentis, esses druidas.

Ela estava localizada no ponto mais alto do assentamento, então o caminho até lá era um tanto cansativo. Mas a vista! Ah, a vista! Podíamos ver tudo do quarto principal, incluindo a cachoeira e todo o assentamento. Um cinco estrelas, eu diria.

“O que você conversou lá dentro?” Natha perguntou enquanto caminhávamos até a cabana. Amarein lançou-me um olhar, mas imediatamente olhou para frente como se não fosse ouvir–embora fosse totalmente ouvir.

“Muitas coisas! Perguntei a Ela se Ela sabia quando Shwa iria nascer, mas…” Balancei a cabeça. “Só precisamos esperar e ver. Ah, e ela disse que eu fiz um bom trabalho.”

“Você fez,” Natha comentou sem hesitação. “Você fez muito, muito bem.”

“Papai fez bem! Papai bom trabalho!”

“Obrigado!” Sorri e belisquei a bochecha fofinha de Jade. “E então fofocamos um pouco sobre Lorde An’Hyang que gostava de brincar em outras dimensões…”

“Fofocaram…”

Natha parecia estar horrorizado pelo fato de estarmos fofocando sobre seu Deus, o que, honestamente, era muito engraçado. Ele parecia como os elfos falando sobre Mãe–ou o arco.

“Mas graças ao seu hobby, eles puderam me encontrar e mandar você para lá,” eu ri, finalmente descobrindo como o Deus Demônio tinha todo um café montado em sua morada, completo com frappe e todas aquelas coisas.

Eu também contei muito mais para Natha, como Mãe dizia que Lorde An’Hyang dividiu seu poder em sete fragmentos para serem dados aos demônios porque Ele era muito preguiçoso para cuidar de todos os demônios e preferia seus passeios interdimensionais. Naturalmente, Natha ficou ainda mais horrorizado e pediu para eu parar porque sentia que cometeria blasfêmia se continuasse me ouvindo.

Nunca pensei que meu marido fosse tão devoto religiosamente.

* * *

“Mngh…” Espreguicei-me habitualmente quando acordei, apenas para ficar confusa porque o quarto estava escuro e Natha não estava na cama.

Depois de piscar confusa por meio minuto, percebi então que tinha adormecido à tarde, após um almoço suntuoso que Vovó Cook preparou para nós. Sentindo-me confortável e cheia, fiquei sonolenta e me lembrei que estava descansando no jardim com Jade antes…

Ah, bem–parece que acabei dormindo lá e Natha me colocou na cama, até trocou minhas roupas e tudo.

Rolei para o estômago e fiquei pensando se queria voltar a dormir ou comer um lanchinho noturno. A resposta veio facilmente com o roncado na minha barriga, então rastejei para fora da cama meio dormindo. No entanto, despertei instantaneamente quando ouvi vozes do lado de fora.

Alegrando-me ao ouvir a voz de Natha, estava prestes a abrir a porta e sair andando quando ouvi a voz de Amarein. Hein? Eles ainda estavam conversando? Achei que Natha estivesse falando com Ignis, mas…

Curiosa, olhei para o relógio na parede e já estava perto da meia-noite.

Hein…

Então, pessoal…o que vocês fariam se se deparassem com essa situação curiosa?

Certamente, a resposta certa seria escutar escondido, não?

Quero dizer…eu sabia que era errado, mas…

Ah, tanto faz–agucei minha audição ao invés de me aproximar mais da porta, para poder ouvi-los melhor.

“…amanhã? Embora não tenha certeza se eu gostaria disso,” ouvi a voz de Natha.

“Nem eu,” Amarein respondeu. “Mas ele deve saber mais cedo ou mais tarde, você não acha.”

Natha suspirou pesadamente e houve um som de farfalhar, como se ele estivesse varrendo o cabelo. Ih…ele só fazia isso quando estava frustrado.

O que era? Eles estavam falando de mim?”

“E quanto a perguntar a ele antes?” Amarein falou novamente depois de um tempo. “Vamos explicar bem e perguntar o que ele quer fazer. É um direito dele.”

“Haa…eu concordo com isso, mas…não sei se quero contar agora. Nunca o vi tão exausto, exceto quando estava doente, e–”

Ok, chega! Peguei na maçaneta da porta e saí. “E?” Olhei para o druida e demônio que se encolheram. O juramento de Natha de não sentir meus pensamentos sem meu consentimento bloqueava minha presença também, então foi bastante divertido vê-lo constrangido. Ah, mas estou divagando. “O que vocês deveriam me contar mas não querem?”

“Querido–”

Pânico? Eu senti pânico na voz dele? Ele separou os lábios e parou, antes de suspirar e se levantar.

“Me perdoe,” ele se aproximou de mim e segurou minha mão. “Vou contar, então não me olhe assim…por favor?”

“Assim como?”

Ele apertou mais forte minha mão e respondeu calmamente. “Como se estivesse decepcionado comigo.”

Ah…eu estava fazendo tal expressão? Pisquei e, depois de olhar para seu rosto triste, segurei sua mão de volta. “Tudo bem, mas é melhor você me contar tudo.”

Ele fez a promessa e me levou ao sofá em frente à lareira, onde Amarein estava sentada enquanto me lançava um sorriso torto. Depois de me cobrir com um cobertor, ele sentou-se aos meus pés em vez de na cadeira.

Hmm…seria essa a maneira dele de me mostrar o quanto se sentia culpado?

Honestamente…meio divertido.

“Então? O que é? Sobre o que vocês estavam conversando?” Olhei para eles alternadamente. “Vocês estavam falando sobre eu conhecer alguém, era…tinha algo a ver com o motivo pelo qual você chegou ao local antes de mim?”

“Você é muito perspicaz para algo assim,” Natha disse, por algum motivo soando tanto divertido quanto exasperado.

O quê? E daí que eu sou denso comigo mesmo?

“Então estou certo?” Eu olhei para Amarein, que era mais propensa a me responder sem rodeios.

“Sim,” ela assentiu. “Você se lembra da nossa última visita, quando as fadas falaram de alguém que permanecia naquele local?”

“A pessoa ainda está lá?” Eu levantei a sobrancelha. “Mas…elas disseram que a pessoa não era perigosa, não disseram? Natha também…”

“Não perigosa…” Amarein murmurou, soando estranhamente amarga. “Sim, ele não é particularmente perigoso–não para você, de qualquer forma.”

Hein? Então qual era o problema? Por que Natha não queria que eu encontrasse essa pessoa? Só porque eu estava um pouco cansado? Ele não ouviu quando eu disse que fui revitalizado por Mãe?

Olhei para Natha com uma carranca, e ele apenas suspirou em resposta. “Você se lembra quando o Chefe te contou sobre o membro da família real que desapareceu?”

“O tio da Avó?”

“…sim,” Amarein confirmou em um murmúrio vago.

“O quê?!” Eu me levantei com os olhos arregalados. “Então por que não me disseram antes? Não deveríamos encontrá-lo? Não estão procurando por ele todo esse tempo?” Olhei para eles alternadamente. “Se ele é tio da Avó, não significa que ele é meu Tio-avô? Onde ele está? Vocês o trouxeram para cá?”

Oh céus, oh céus…então era por isso que as fadas disseram que a pessoa que estava lá era semelhante a mim. Acho que era porque tínhamos sangue real, então elas instintivamente pensaram que a pessoa não era perigosa.

Mas então…por quê?

Por que Natha e Amarein pareciam tão relutantes em deixar-nos nos encontrar? Olhei para eles e franzi a testa ao ver que faziam uma expressão estranha. Era…apreensão?

“Por quê?” Sentei-me novamente, segurando a mão de Natha. “Por quê? Me contem.”

“Querido–”

“Você prometeu,” apertei minha mão e encarei seus olhos; encarei, se fosse necessário. “Eu não sou tão fraco assim.”

Natha pressionou os lábios e fechou os olhos por alguns segundos; mandíbula tensa como se estivesse lutando contra algum impulso de destruir coisas. Essa reação me preocupou, porque…o que poderia ser? Ele estava doente? Ele estava morrendo? Quão ruim era para Natha sentir-se compelido a esconder isso de mim?

“Essa pessoa…” a resposta veio de Amarein em vez disso. Que estranho, ouvir Amarein chamar um membro da família real assim; tão frio e…amargo. Seus olhos escureceram por um segundo, antes de continuar enquanto olhava nos meus olhos, como se quisesse me dizer que não estava mentindo. “Essa pessoa é quem causou a queda do nosso reino.”

Ah, era ruim.

Era pior do que qualquer coisa que eu imaginava.

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