O Noivo do Senhor Demônio (BL) - Capítulo 28

28: Não foi o que eu esperava, mas tudo bem… 28: Não foi o que eu esperava, mas tudo bem… “Eu… Eu estava apenas me perguntando por que você não visitou…”

Droga! Foi mais constrangedor do que eu pensava. Não sobre eu querer vê-lo, mas que algo assim tivesse que ser transmitido por um dispositivo de comunicação militar.

Quer dizer, não havia nada urgente sobre eu preocupar-me se ele estava bravo comigo ou não.

Era tão embaraçoso ver seu sorriso sutil, e ainda mais porque eu não podia nem mover minha cabeça para evitar seu olhar, ainda imobilizada pela sua mão acariciante.

“Eu não achava que você se incomodaria tanto assim com meu cronograma de visitas,” seu sorriso apenas se alargava com o aumento do calor no meu rosto. “Garantirei a você atualizações constantes de agora em diante.”

A despeito do sorriso provocante, seus olhos eram profundos e calmos, como um espelho de prata que refletia o rubor em minhas bochechas. Mas mesmo assim, estranhamente, meu coração sentia-se tranquilo. Apesar do aumento da frequência dos batimentos, eu me sentia à vontade no momento em que ele disse que me daria atualizações constantes.

Eu adivinhava, mesmo depois de me dizer que estava acostumada a ser deixada sozinha, eu ainda ansiava por aquela companhia. Angwi sempre era silencioso, e Zia parecia uma irmãzinha que sempre me enfia sua história de romance favorita nos ouvidos toda oportunidade que tem. Natha, por outro lado, era o primeiro rosto familiar que me ancorava neste mundo.

Ou talvez, desde que entrei num novo cenário – comigo não estando mais morta ou com dor – eu comecei a ficar mais gananciosa, e desejar por coisas que eu tinha desistido na minha vida anterior. Como encher minha barriga até não poder me mover, como a sensação de solo úmido no meu corpo…

Como a companhia íntima do meu noivo que deveria ser.

“Como?” Perguntei, e percebi que minha voz tinha se tornado pequena e quase sem fôlego.

Provavelmente o efeito de estar tão perto de um rosto tão deslumbrante.

“Depende de que tipo de atualizações você quer receber de mim,” ele sorriu, e acrescentou com uma risada depois de eu lhe dar um olhar confuso. “Apenas lhe arrumarei um orbe de transmissão sonora da próxima vez.”

Isso me fez saltar, levantando meu corpo superior apesar de suas mãos ainda massageando meu rosto. “Aquele onde podemos conversar à distância?”

É isso! O mais próximo que podemos chegar de um telefone neste mundo!

Diferente do dispositivo de comunicação que podia ser usado para qualquer tipo de métodos de comunicação, e transmitir mensagens para qualquer dispositivo dentro do continente desde que as coordenadas fossem inseridas, o orbe que Natha mencionou só podia ser usado para transmissão de som. Além disso, o orbe vinha em um par, e só podia ser usado entre os dois.

Então era meio que como um telefone de lata que usava mana em vez de corda para a transmissão.

Era ainda caro, mas a maioria dos aristocratas de alto escalão poderia se dar ao luxo de ter um sem comprometer sua renda anual.

“Você está tão animada assim?” ele acariciou a parte inferior do meu queixo, como alguém acariciaria seu pet. “Céus, nunca pensei que você sentisse tanta falta de mim assim,”
Hum… mais do que sentir sua falta, eu estava apenas ansiosa sobre o seu estado emocional.

E também, eu percebi que ele sempre aparecia do nada e me pegava de surpresa. Não poderia eu, como, me preparar primeiro da próxima vez?

Mas eu também pensei que não era tão importante refutá-lo, já que, de certo modo, sentia falta da presença dele. “Você esteve ocupado?” Perguntei, tentando entender, de maneira indireta, se ele estava bravo comigo ou não.

“Bastante,” ele retirou sua mão do meu rosto e usou-a como travesseiro em vez disso. Fechou os olhos e pela primeira vez, vi um semblante de exaustão em seu rosto. “Preciso cuidar da sucessão do novo Ira.”

Hã… Eu pausei e endireitei minhas costas, me sentando na grama e piscando confusamente. “O novo… Ira?”

“Hmm,” ele murmurou, e explicou mais. “Levou um tempo para organizar o campeonato, e quando começou, eu tive que estar lá para supervisionar a batalha. A maioria dos membros do conselho pereceu durante a guerra, então também foi um longo processo educar o novo Senhor com o caos na fronteira,”
Eu podia ver a carranca começando a se formar em seu rosto, e novamente, eu me enchia de culpa.

“Desculpa…”

Então, no final, foi por minha causa, embora não pelo motivo que eu esperava.

Bem, para ser justa, foi por causa de Valmeier e seu reino. De alguma forma, passou por mim que o reino dos demônios poderia estar em tumulto político com a morte de um dos Senhores. Acho que o estado pacífico e a linda paisagem à minha volta fizeram um bom trabalho em me manter cega.

Mas como isso poderia passar pela minha mente assim? Claro que deveria haver um novo Senhor Demônio da Ira. Entre os outros territórios, Ira tinha o processo mais longo na escolha de seu Senhor. Assim como Ganância tinha o mais rico como seu Senhor, Ira tinha o mais forte e era escolhido através do campeonato dentro de seu coliseu.

Isso deve ter ocupado um bom tempo, e entre isso e cuidar de seu próprio território, não era de admirar que Nath estivesse ocupado e exausto.

Seus olhos abriram-se lentamente, e um sorriso fácil surgiu em seu rosto. “Do que você está pedindo desculpas? Da guerra ou de me deixar ocupado?”

“Ambos?”

Ele me olhou em silêncio, antes de falar com os olhos levemente estreitados. “Mentiras,”
Yeah, era inútil mentir para ele, né? Eu não sentia pena das coisas que Valmeier fez, muito menos pelo que aquele reino de merda fez. Fui enviada para cá quando tudo estava terminado, me deixando afogar em dor e desprezo.

Eu deveria sentir culpa também?

A culpa que eu sentia era indireta. Não era simplesmente por causa da guerra e da morte do Senhor Demônio da Ira. Mas essa guerra e morte o obrigaram a comparecer e cuidar da sucessão do novo Senhor Demônio, e era isso que me fazia sentir culpada.

Um campeonato. Uma competição com muitos participantes e muita plateia, convergindo no mesmo lugar.

Centenas e milhares de pensamentos, rodopiando, repletos de violência e agitação.

Eu olhava para a testa franzida que não havia desaparecido do seu rosto, e estendi minha mão para afagá-la. Seus olhos se arregalaram levemente, mas ele não se afastou bruscamente como quando toquei seu chifre mais cedo.

“Ainda é difícil, estar com muitas pessoas?”

Eu podia ver as órbitas prateadas ondulando com emoções. Que emoções, eu não fazia ideia. Ele sempre escondia seus sentimentos e pensamentos enquanto absorvia os dos outros.

“Parece que você fez bons progressos na sua investigação,” ele sorriu profundamente, e eu senti um receio momentâneo.

Certo—a e se eu não deveria ter lido aquilo? Meu dedo parou de acariciar suas sobrancelhas enquanto um leve arrepio tomava conta dos meus sentidos.

Hmm… mas ele disse que não tinha nada para esconder de mim, certo?

Sua mão fria estendeu-se e tocou a minha que estava em pausa acima de sua cabeça. “Não pare,” o sorriso dele clareou, e meu receio se dissipou. Acariciando os pontos entre suas sobrancelhas novamente, que já não estavam mais franzidas, decidi contar a ele sobre a minha descoberta.

“Eu encontrei seu caderno, o que estava dentro da gaveta no seu escritório,” coloquei minha palma na sua testa fria, com cuidado para não tocar seus chifres, e acariciei a ponte com meu polegar. Fiz isso delicadamente, caso ele se ofendesse por eu ter lido seu caderno.

Mas sua reação foi branda, indiferente até, com a maneira como apenas murmurou e fechou os olhos novamente. “Qual é o conteúdo? Eu realmente não me lembro.”

“Sobre a época em que você recém despertou a sua característica, parece,”
“Ah,” ele colocou sua mão sobre seu abdômen, parecendo que estava prestes a dormir de verdade. “Isso deve ser de antes da morte da minha mãe.”

Uau, ele disse isso tão calmamente. Mas de novo, isso aconteceu há, o quê, setenta anos? Provavelmente ele já havia superado isso. Bem, o mesmo para mim. Se eu lembrava corretamente, já estava bem depois de alguns anos, embora também tivesse muito a ver com ter que focar na minha própria sobrevivência.

“Então como está agora? Está melhor?”

Em vez de responder diretamente, ele mudou de posição e de repente colocou sua cabeça sobre minha coxa, cabelo azul escuro se espalhando pelo meu colo. “Eu me sinto melhor ‘agora’,” ele sorriu maliciosamente, com olhos calorosos olhando diretamente para o meu rosto.

Ah, droga. Eu estava bem certa de que esse calor nas minhas bochechas era visível para os olhos aguçados dele. “Eu estou falando sério!” era infantil, mas a única coisa que eu podia fazer para esconder meu embaraço naquele momento era resmungar.

“Eu também,” ele pegou minha mão que se afastava e brincou com meus dedos. “Mas sim, estou melhor nessa coisa também. Não me incomoda tanto.”

Então ainda o incomodava até certo ponto.

“Você não está bravo então?”

Ele levantou a sobrancelha e conseguiu inclinar a cabeça mesmo deitado no meu colo. “Por que eu estaria bravo?”

“Bem… eu pensei que talvez você não gostasse que eu lesse seu… diário?”

Com a mão que não estava brincando com meus dedos, ele alcançou e bagunçou minha cabeça abaixada gentilmente. “Não te disse que não tenho nada para esconder?”

“Então está tudo bem?”

“Estou te dizendo que está.”

“Então você tem a continuação daquele caderno?”

Seus olhos, que antes estavam estreitados em crescentes, se alargaram antes de ele rir alto. “Não seria divertido se eu te contasse,” ele beliscou meu nariz levemente.

“Você apenas não se lembra onde o colocou, não é?” Eu estreitei meus olhos, e o sorriso dele se tornou mais largo.

“Talvez?”

Bem, pelo menos ele genuinamente parecia não se importar com minhas sondagens sobre seu passado. Fiquei contente por ter me aberto com ele. Menos peso no meu coração, eu acho.

Além disso, isso significava que eu poderia fazer minha busca mais sinceramente e minuciosamente na próxima vez, hehe.

“Ah, então isso significa que a sucessão já acabou?”

“A parte importante sim, mas…” ele de repente me olhou com um brilho misterioso que me fez estremecer.

O quê? Mas que o quê?

“Val,” ele sorriu com crescentes nos olhos. “Você gostaria de ir a um festival?”