O Mais Fraco Domador de Bestas Consegue Todos os Dragões SSS - Capítulo 661
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Capítulo 661: Chapter 661: Domando o Quinto Ano – O Preço – 2
Luna amassou a carta em seu punho.
Seiya, Jin, e…
Klein.
Claro que Klein estava envolvido. Eles não podiam esquecer sua antiga missão.
O nome enviou uma pontada de algo complicado através de seu peito. Não era exatamente raiva. Nem exatamente gratidão. Algo embaraçado e confuso para o qual ela não tinha palavras.
Mas Klein, pelo menos, tinha motivações puras. Ou tão puras quanto poderiam ser nesta situação emaranhada.
Ele tinha explicado tudo do seu lado semanas atrás, naquela conversa desconfortável em seu quarto que Ren quase interrompeu. A memória era mais sobre a expressão sincera de Klein, sua necessidade desesperada de compensar…
Klein queria ajudar.
Klein queria compensar suas ações passadas.
Klein, de alguma forma distorcida, sentia que devia a Luna e Ren por todos aqueles anos sendo um babaca arrogante…
Ele queria fingir dar a ela liberdade no papel. Mas não funcionaria como ele pensava.
Luna sabia disso com uma certeza esmagadora. Seus tios, sendo os oportunistas calculistas que eram, encontrariam uma maneira de explorar o menor erro. Eles transformariam as boas intenções de Klein em correntes tão vinculantes quanto as outras.
Talvez pior, porque Klein se culparia quando tudo desmoronasse.
Luna jogou a carta de volta na caixa, fechando a tampa com um baque que fez seu lobo pular levemente.
“Desculpe,” ela murmurou, acariciando a cabeça da besta. Sua pele era macia sob seus dedos. “Seus ouvidos sensíveis… Não deveria descontar em você.”
O lobo olhou para ela com aqueles olhos excessivamente inteligentes.
E Luna sabia o que ele estava pensando.
‘Por que você não conta a eles?’
Porque era complicado.
Porque eles olhariam para ela com aqueles olhos que viam demais, que entendiam demais, e eles perguntariam por quê. E Luna teria que explicar. Teria que admitir.
Teria que dizer em voz alta as palavras que ela só conseguia pensar.
‘Ela é minha prioridade. Quero trazê-la de volta acima de qualquer um de vocês. Acima de todos vocês.’
Mas não era ‘ela’. Não realmente.
Isso era impossível.
Não importa quantas lágrimas você derrame na escuridão do seu quarto quando ninguém está olhando.
Mas o que permanecia…
Isso era diferente.
Isso era recuperável.
Luna se sentou no chão, com as costas contra a cama. O lobo se enroscou ao seu lado, seu pelo-sombra quente apesar de sua natureza etérea.
“Ele não entenderia,” Luna disse baixinho, falando com o lobo porque o Tigre tinha luz demais e ela não tinha mais ninguém…
“Ren… ele é tão leal. Tão dedicado a fazer a coisa certa. Se eu contasse a ele, ele iria querer ajudar. Ele iria querer impedir a troca… Ele os odiaria, os atacaria e… Forçaria eles a usarem ela agressivamente e desperdiçarem toda sua energia restante.”
Ela fez uma pausa, sentindo a garganta se apertar. As palavras prendendo-se como espinhos.
“E isso arruinaria tudo.”
Porque a verdade era esta:
Os tios de Luna tinham o que ela precisava desesperadamente.
E o preço que estavam pedindo era… quase manejável.
Se eles a deixassem fingir certas coisas… Mal.
Se eles não pedissem herdeiros. Se ela fechasse os olhos para certas realidades.
Se ela ignorasse certas implicações.
Se ela se convencesse de que o fim justificava os meios.
Mas se Ren se envolvesse…
Ren, que tinha aquele belo senso de justiça. Aquele inflexível compasso moral que apontava para o norte verdadeiro, mesmo quando era inconveniente.
Ren, que não conseguia simplesmente deixar coisas erradas acontecerem. Que não podia ficar parado e assistir à injustiça se desenrolar.
Ren, que provavelmente tentaria encontrar um “jeito melhor” que não existia.
Ele complicaria tudo.
Tornaria tudo impossível.
E Luna não podia permitir isso.
Não quando ela estava tão perto.
Não quando finalmente, depois de tantos anos, ela tinha uma chance real de agarrá-lo com força.
Seu lobo fez um som baixo e questionador. Um rufar que vibrava através de seu lado.
“Eu sei,” suspirou Luna, enterrando o rosto na sombra-pelagem. Cheirava a mana, a luar e escuridão, se essas coisas tivessem cheiro. “Eu sei que sou egoísta. Eu sei que estou magoando todos ao afastá-los…”
Liora, que tentou ajudar e só recebeu rejeição.
Larissa, que ofereceu apoio e conselhos e foi deixada de lado.
E Ren…
Ren, que gritou através de uma porta fechada que ela era importante para ele, que ele queria ajudar.
Ren, que ela rejeitou com palavras que ainda ardiam em sua garganta dias depois. Palavras que ela nunca poderia retirar.
“Você é um obstáculo.”
Verdade e mentira entrelaçadas tão fortemente que nem ela poderia separá-las mais.
Verdade: sua presença complicava as coisas. Tornava mais difícil tomar as decisões frias e calculistas que ela precisava tomar.
Mentira: que ela queria que ele fosse embora. Que ela não queria seu apoio, seu cuidado, sua presença constante reconfortante que fazia tudo parecer menos impossível.
“Se eu tivesse que escolher,” Luna sussurrou na pelagem de seu lobo, as palavras saindo tão baixas que mal eram audíveis, “entre Ren e Papai… Eu escolheria Ren.”
A admissão a atingiu como um soco físico.
Roubou o ar de seus pulmões. Fez seu peito se contrair de dor.
Porque era verdade.
Ela já havia pensado nisso antes, em momentos sombrios quando permitia que sua mente vagasse para lugares perigosos. Quando se permitia ser honesta na privacidade de seus próprios pensamentos.
Se ela tivesse que escolher. Se o universo a forçasse a tomar uma decisão impossível.
Papai, que a criou, que a treinou, que sacrificou tudo pelo reino.
Ou Ren, que a ajudou a obter a besta de sua mãe, que a entendeu apesar do desdém fingido, que rompeu todas as suas defesas sem sequer tentar.
Ela escolheria Ren.
E isso a tornava terrível, não é?
Fazia com que toda a conversa sobre lealdade familiar, sobre dever, sobre honra, fosse uma mentira. Fazia dela uma hipócrita da pior espécie.
Mas então…
“Mas Mamãe…” a voz de Luna quebrou. Rachou no meio como vidro fraturado. “Mamãe é diferente.”
Porque seu pai havia escolhido.
Havia escolhido o dever. Havia escolhido desaparecer naquela missão impossível, deixando Luna para trás sem sequer dizer adeus propriamente.
Mas sua mãe…
Entre Ren e sua mãe… ela tinha que escolher sua mãe.
Sua mãe nunca tinha escolhido partir. Nunca a tinha abandonado.
E isso fazia toda a diferença.
Luna se levantou, aproximando-se da janela. Lá fora, a academia dormia. As luzes nos dormitórios haviam se apagado horas atrás. Apenas as luzes dos guardas piscavam ocasionalmente ao longe, sentinelas solitárias na escuridão.
Em algum lugar daqueles dormitórios, Ren provavelmente ainda estava preocupado.
Provavelmente tentando entender o que ele tinha feito de errado, como ele poderia consertar.
Sem saber que não havia nada para consertar.
Que isso não era sobre ele.
Nunca foi sobre ele.
Luna pressionou a testa contra o vidro frio, fechando os olhos. O frio se espalhou pela sua pele, um pequeno desconforto que não podia tocar a dor maior que estava dentro dela.
“Após os exames,” ela prometeu a si mesma. “Depois que tudo acabar. Depois que eu finalmente a trouxer de volta…”
‘O que restar dela.’
O pensamento fez seu estômago se contorcer.
Seus tios se recusaram a dar detalhes específicos. “Você verá quando tiver,” eles disseram. “E então você entenderá por que é tão valioso.”
Valioso.
Como se pudesse haver um preço para algo assim.
Mas Luna pagaria.
Ela pagaria o que quer que pedissem.
Porque a alternativa era deixar isso nas mãos de pessoas que não mereciam. Que o usariam para seus jogos políticos e manobras de poder.
E Luna não podia permitir isso.
Não podia.
Mesmo que significasse magoar as pessoas importantes para ela.
Mesmo que significasse se tornar alguém que não reconheceria no espelho.
Mesmo que significasse perder Ren.
O pensamento fez algo em seu peito se contorcer dolorosamente. Como uma faca girando numa ferida que não cicatrizaria.
Perder Ren.
Não como amigo. Não completamente.
Mas perder… o que quer que eles estivessem construindo. Aquela conexão frágil e preciosa que vinha crescendo entre eles antes de tudo se complicar.
Antes de ela arruinar tudo com suas escolhas.
Valeria a pena?
Luna olhou para o céu noturno, buscando respostas nas verdadeiras estrelas espalhadas pela escuridão.
Mas elas não podiam lhe dar nenhuma.
No entanto, Luna ia trazê-la de volta de qualquer forma.
Não importava o custo.
Ela se afastou da janela, rastejando em direção ao lobo, pulando para se enroscar ao lado dele. Ele se mexeu para acomodá-la, seu corpo maciço era uma âncora quente na tempestade de seus pensamentos.
“Após os exames,” Luna repetiu, como um mantra. Como uma oração. “Só preciso sobreviver aos exames. Competir. Vencer se puder. E então…”
E então tudo mudaria.
De um jeito ou de outro.
Ou ela conseguiria o que procurava e finalmente poderia começar a curar.
Ou falharia e teria que aprender a viver com aquele vazio pelo resto da vida.
Mas pelo menos ela teria tentado.
Pelo menos ela não teria desistido sem lutar.
Luna fechou os olhos, abraçando o lobo com mais força. O batimento cardíaco dele estava constante contra seu ouvido, um ritmo que quase a embalava para o sono.
E ela tentou não pensar em Ren.
Em como a mana dele havia mudado quando ela lhe disse para ir embora.
Na dor que ela sentiu ali, a confusão. A mágoa que era palpável mesmo através de uma porta fechada.
“Sinto muito,” ela sussurrou para a escuridão. “Sinto muito mesmo.”
Mas não o suficiente para parar.
Nunca o suficiente para parar.
Porque, no final do dia, quando todas as cartas estavam na mesa e todas as opções foram consideradas…
Luna Trançaceleste escolheria sua mãe.
Escolheria trazê-la de volta, não importando quem mais perdesse no processo.
Mesmo que essa pessoa fosse ela mesma.
Mesmo que essa pessoa fosse Ren.
Sinto muito, ela pensou novamente, as palavras como uma oração ou uma maldição. Ela não sabia mais distinguir.
‘Sinto muito.
Mas não posso parar.
Não quando estou tão perto.
Não quando finalmente tenho uma chance.
Perdoe-me.
Por favor.
Perdoe-me.’
Mas o quarto permaneceu silencioso.
E Luna permaneceu sozinha.
Como sempre.
Como talvez sempre seria.
Até que recuperasse aquele cristal brilhante que um dia fora um coração.
Aquele que pertencia à pessoa que ela mais amou.
E então, talvez…
Talvez ela pudesse começar a se curar.
Talvez ela pudesse parar de se sentir tão despedaçada.
Talvez ela finalmente pudesse dormir sem contar figuras no teto.
Talvez.
Ou talvez ela estivesse apenas se iludindo.
Mentindo para justificar escolhas que sabia serem erradas, mas que não podia parar de fazer.
Mas ela tinha que tentar.
Tinha que fazer isso.
Porque a alternativa era desistir.
E Luna Trançaceleste nunca desistia.
Nem mesmo quando deveria.
Especialmente quando deveria.
♢♢♢♢
Duas semanas passaram em um turbilhão de preparação intensiva.
Ren, Larissa e Liora estabeleceram um regime de treinamento que beirava o brutal. Manhãs em simulações de combate, corpos levados ao limite e além. Tardes revisando protocolos nobres e procedimentos administrativos até que as palavras se embaralhassem. Noites estudando mapas de possíveis zonas de coleta, memorizando espécies de plantas e bestas que poderiam encontrar.
Cada momento de vigília dedicado à preparação. À perfeição. Para garantir que estariam prontos para qualquer coisa que os exames lhes impusessem.
Min, Taro e Liu se juntaram quando podiam, oferecendo perspectivas surpreendentemente afiadas.
Foi exaustivo. Atormentador. O tipo de preparação que te deixava caindo na cama toda noite cansado demais para sonhar.
Mas eficaz.
E agora, finalmente, o dia havia chegado.