Capítulo 415: Capítulo 415 – Guerra dos Domadores – Obstáculo Único (2/2)

Quando uma criatura atingia a quinta das dez fases de desenvolvimento, passava por uma transformação maior do que qualquer nível anterior.

Nível Platina era o primeiro onde as criaturas realmente se preparavam para sua ascensão, a metamorfose para se tornar um dragão, a pupa após o ovo. E isso vinha com aumentos de poder significativos que redefiniam as regras de combate.

O próprio ar ao redor de uma criatura de nível Platina ficava saturado com mana tão densa que era visível a olho nu.

Hagen e sua equipe poderiam lidar com um Ouro 3 se necessário, trabalhando juntos, embora preferissem evitar isso em prol de uma missão mais rápida. A logística de tal batalha seria complexa, exigindo coordenação perfeita e provavelmente algumas baixas se não fossem extremamente cuidadosos.

Mas uma besta Platina era território quase desconhecido para a maioria. Embora Hagen tivesse alguma experiência em fugir delas, ele dificilmente era um especialista em combatê-las.

A diferença entre Ouro e Platina não era apenas numérica… Era qualitativa.

‘Talvez pudéssemos esperar?’

Uma vez que uma criatura ascendia a Platina nesta profundidade, tentaria imediatamente descer mais. Isso a faria inevitavelmente cair na zona que agora chamavam de Ouro Profundo, o território onde a mana havia sido corrompida e se tornava incompatível com criaturas comuns.

Lá, a rede de influência da corrupção do grande cristal vivo se estendia como raízes profundas e pulsantes que dia a dia faziam aquele enorme cristal roxo crescer no território de Yino. O cristal era uma entidade viva de certa forma, alimentando-se da corrupção que espalhava e tornando-se mais forte a cada momento que passava.

Ouro Profundo era um ecossistema completamente distorcido onde criaturas abissais prosperavam em quantidades incríveis, quase pressionadas umas contra as outras na mais alta densidade populacional de todas as profundidades. Era uma massa contorcida de vida corrompida que existia em números que desafiavam a compreensão.

Mas uma criatura Platina não podia ser ferida por elas.

Estando mais de um nível completo acima, a energia era simplesmente densa demais para as criaturas abissais, que só podiam alcançar Prata 3, afetá-la. A diferença de poder puro criava uma barreira impenetrável, como tentar ferir uma montanha com gotas de chuva.

O número de abissais era incrível, mas para uma Platina eram completamente irrelevantes.

O Platina também não ficaria muito tempo para eliminá-los. A ausência de mana compatível o forçaria a deixar o lugar logo, cavando mais fundo até alcançar mana de densidade Platina que seria seu novo lar natural.

Uma criatura Ouro 3, por outro lado, não poderia fazer o mesmo. Embora o dano individual que as criaturas Prata 3 poderiam causar a ela fosse pequeno, a quantidade de monstros abissais era absurda, e no final seria morte por mil cortes, exatamente o que mantinha os ecossistemas separados por níveis.

A razão pela qual havia tantas criaturas abissais era a quantidade ridícula de “filhotes” de monstros que subiam para seus níveis de mana corretos empurrados pela instinto de sobrevivência.

Foram essas jovens bestas que se corromperam ao passar tempo suficiente na zona corrupta, se não fossem devoradas primeiro ou conseguissem rastejar entre os milhares de monstros até encontrar uma saída. O processo era brutal, a maioria morria, mas aqueles que sobreviveram povoavam as zonas superiores.

A densidade populacional resultante da transformação ou absorção da maioria era ridiculamente maior aqui do que em quase qualquer outro lugar nas profundezas.

Mas a pequena prole também era numerosa nos níveis inferiores, e em números havia uma segurança relativa. Quando um Ouro 3 ascendia a Platina e cruzava em direção às maiores profundezas, o desastre que deixava em seu rastro na zona de ouro profundo permitia que uma boa quantidade de jovens bestas atravessasse sem ser corrompida, mantendo o fluxo constante entre os níveis.

Era um ciclo que vinha funcionando por décadas, mantendo o equilíbrio entre zonas de poder. A natureza, mesmo no abismo, encontrava seu próprio equilíbrio terrível.

Hagen observava sua equipe enquanto respiravam cuidadosamente acima da presença maciça. A criatura abaixo continuava sua transformação em direção a Platina, alheia aos trinta humanos movendo-se como fantasmas acima de seu covil.

Mas esperar até que terminasse de se transformar não era uma opção, Hagen finalmente decidiu. Cada minuto que a criatura se aproximava de Platina, mais perigosa ela se tornaria. E eles não sabiam exatamente quanto tempo levaria para terminar. Horas? Dias? Semanas?

Eles tinham duas opções: mover-se lentamente e confiar em não serem detectados, ou gerar uma distração para que a besta os ignorasse enquanto passassem.

Desta vez eles carregavam vários cristais de invocação abissal e um fluxo corrupto de tão perto atrairia inúmeras bestas. Embora fossem muito mais fracas do que a criatura e precisassem de maior esforço para causar dano real, poderiam causar incômodo suficiente para distraí-la.

Mas isso implicaria gastar alguns dos cristais que eles precisariam para eliminar a Luz do Dragão Mundial. Hagen não sabia se era uma boa ideia, especialmente sem saber realmente se teriam o suficiente ao chegar ao seu destino final.

Os parâmetros da missão foram claros sobre a importância de alcançar o alvo, mas também enfatizaram a necessidade de chegar com recursos suficientes para completar o objetivo.

Ele estava tentando decidir quando o movimento começou abaixo.

O chão tremeu levemente, e todos sentiram como a presença massiva se mexeu. Parecia que ele não teria outra escolha… a criatura estava acordando, e eles teriam que agir rapidamente, independentemente do plano que escolhessem.

Mas o que aconteceu foi o menos esperado.

♢♢♢♢

Entre todos os mais perceptivos do grupo, incluindo Hagen, eles pareciam sentir a mesma assinatura de energia emanando da criatura. Parecia um tentáculo surgindo da besta…

Mas isso não fazia nenhum sentido.

A coisa mais próxima de uma besta tentaculada nesta zona eram as patas traseiras dos Grandes Terrores Profundos, evoluções dos Assassinos Profundos, mas eles não usavam seus tentáculos para escavar. Apenas para coletar os núcleos de suas presas após o massacre.

Vermes Leviatã também não tinham tentáculos, nem qualquer outra besta desta zona ou profundidade…

Outro “tentáculo” começou a emergir das profundezas, e então outro.

As assinaturas também eram estranhas.

“Que diabos…?” murmurou o Sargento Dax quando algo emergiu do chão a poucos metros de distância.

Mas quando Hagen conseguiu ver o primeiro mais claramente, percebeu seu erro.

Parecia um tentáculo, mas não se movia como um. Era demasiado rígido, demasiadamente… vegetal.

“Não é um tentáculo,” ele sussurrou, sua voz carregada de incredulidade. “É uma raiz.”

Madeira. O elemento que deveria estar recebendo energia do sol, que não deveria ser encontrado nas profundezas abissais, muito menos em uma besta tão próxima ao Platina.

“Impossível,” murmurou o Tenente Korr, mas mais raízes estavam emergindo por toda a área, cada uma da espessura de um tronco adulto e pulsando com um poder que fazia o próprio ar vibrar.

A energia emanada delas estava errada em todos os níveis.

A “enorme besta” começou a emergir completamente do chão, e o que viram desafiava tudo o que sabiam sobre os ecossistemas profundos.

Era completamente feita de madeira… não apenas influenciada pelo elemento, mas literalmente constituída por ele. A casca era negra como a meia-noite, atravessada por veias de mana condensada que pulsavam como um batimento cardíaco.

Não tiveram tempo de se perguntar por que tal anomalia existia.

As raízes se moveram com uma velocidade que desmentia sua natureza aparentemente rígida, lançando-se contra o grupo como lanças gigantes.

Hagen gritou uma ordem de dispersão no momento em que o solo onde estavam explodiu em lascas de rocha e madeira.