Capítulo 337: Capítulo 337 – Domando Frustrações – 7

Selphira e Sirius avançaram pelo corredor principal do prédio administrativo.

Eles haviam acabado de se separar de Júlio e seus irmãos, que permaneceriam monitorando o acampamento Goldcrest enquanto eles se encarregavam de trazer os problemáticos herdeiros. Seus passos ecoavam suavemente no corredor vazio.

“Deixar os garotos com tão pouca vigilância não é a melhor decisão,” Sirius comentou, sua voz mal audível. “Não com Kharzan tão perto e determinado a recuperá-los.”

“Permitir que ele tenha sucesso seria aceitar a superioridade do inimigo,” Selphira respondeu, assentindo. “Mas não se preocupe, eu posso sentir claramente as energias deles… ainda estão em seus quartos.”

Eles mal haviam deixado a sala de reuniões para trás quando Sirius parou abruptamente, seu corpo tencionando ligeiramente. Selphira também percebeu isso instantaneamente, seus sentidos aguçados detectando o salto estranhamente mal executado de uma presença familiar.

“Parece que temos companhia,” Selphira murmurou, dirigindo um olhar significativo para um canto particularmente escuro do corredor.

Sirius parecia visivelmente desconfortável, evitando olhar diretamente para as sombras. Selphira o observou com curiosidade antes de soltar um suspiro de resignação.

“Luna,” ela chamou em uma voz firme, mas não hostil. “Saia daí. Você não deveria estar fora do seu dormitório, especialmente esta noite.”

Houve um momento de silêncio, seguido por um leve movimento nas sombras. Gradualmente, a figura de Luna Trançaceleste emergiu da escuridão, sua cabeça abaixada e suas mãos escondidas atrás das costas em um gesto incomumente tímido para ela.

Selphira olhou de lado para Sirius, que mantinha uma expressão impenetrável, embora seus punhos cerrados revelassem sua tensão interna. A antiga Ashenway suspirou novamente, desta vez com um toque de exasperação.

“O que você precisa, pequenina?” Selphira perguntou, seu tom suavizando ligeiramente. “Este não é momento para explorações noturnas ou travessuras.”

Luna tremeu visivelmente, um comportamento tão atípico para ela que capturou imediatamente a atenção completa de ambos os adultos. Por um instante, ela pareceu travar uma batalha interna.

Finalmente, ela respirou fundo e, com um movimento rápido e determinado, estendeu suas mãos à frente.

Descansando sobre suas palmas, iluminado por seu próprio brilho pulsante, estava o pequeno fungo de Ren.

A energia extremamente pequena emitida pelo fungo começou a crescer. A reação foi instantânea e completamente inesperada.

Tanto Sirius quanto Selphira sentiram uma mudança abrupta em suas bestas, como se uma corrente elétrica as tivesse ativado sem sua permissão. Era uma sensação desconhecida para eles… ambos haviam sido os condutores indiscutíveis de suas bestas durante toda a vida.

A Tartaruga Negra de Selphira e o Tigre Branco Celestial de Sirius ressoaram involuntariamente, manifestando-se parcialmente em seus corpos sem terem sido evocados. Partes endurecidas de casco apareceram na pele de Selphira, enquanto padrões brancos luminosos cobriam os braços de Sirius.

O poder de suas bestas surgiu de forma inesperada, respondendo a um chamado que não podiam resistir.

O fungo, capturando essa reação, abriu sua pequena boca rechonchuda e… começou a absorver.

A energia do Tigre Branco Celestial de Sirius, em vez de expandir-se para fora como de costume, começou a fluir em direção ao fungo como água em um ralo. A presença imponente do predador celestial, em vez de resistir, parecia se render voluntariamente, transformando-se à medida que era consumido. Tornava-se mais puro, mais próximo da verdadeira natureza do tigre: velocidade, liberdade e o elemento vento que controlava os céus.

Simultaneamente, a Tartaruga Negra de Selphira vivenciou o mesmo fenômeno. Sua energia de adaptabilidade, resistência e controle sobre a água fluía para a pequena criatura, purificando-se até que apenas sua essência primordial permanecesse.

Por um breve instante, diante dos olhos dos dois anciãos, o pequeno fungo parecia crescer, transformando-se em algo majestoso e enorme, como uma existência que testemunhara o nascimento do mundo. Uma sabedoria ancestral os observava através daqueles olhos desproporcionalmente grandes.

Sirius deu um passo para trás, seu rosto normalmente inexpressivo mostrando surpresa genuína quando sua besta reagiu não com agressão, como seria natural ao enfrentar uma presença desconhecida, mas com algo que só poderia ser descrito como… reverência?

O Tigre Branco, uma criatura de orgulho e poder incomparáveis, se curvava a este pequeno fungo como se reconhecesse um soberano há muito perdido.

O corpo do fungo agora brilhava com novas linhas de energia que se entrelaçavam em padrões complexos dentro de sua estrutura. As melhorias em suas capacidades estavam nascendo ali, embora quase ninguém pudesse percebê-las: 15% a mais em controle de água, cortesia da tartaruga de Selphira. Também 15% em controle de ar, vindo do tigre de Sirius.

Os controles elementares de fogo e terra obtidos do Quilin e da Fênix também aumentaram para 15%.

Mas havia algo mais, um aumento adicional de 10% em luz e escuridão e um 5% que parecia fortalecer toda sua estrutura.

Talvez uma ressonância genética inesperada de 5%, que não vinha do tigre de Sirius, mas de uma conexão distante com a linha ancestral do pai de Luna. Ou talvez o que teria sido o elemento metálico perdido, presente na linha evolutiva do tigre, encontrasse um eco no pequeno ser.

Enquanto Sirius e Selphira permaneciam paralisados pela surpresa, incapazes de compreender totalmente o que acabavam de testemunhar, o pequeno fungo dirigiu sua atenção para a mão de Sirius. Seus olhos se iluminaram com uma intensidade imensurável ao fixar seu olhar sobre o anel que o patriarca Starweaver usava.

Era o momento que ele aguardava. O anel, tão próximo, praticamente chamava por ele. Com suas capacidades recentemente aprimoradas, estava pronto para dar o salto decisivo. Esta poderia ser sua melhor oportunidade…

Luna, completamente alheia ao que estava realmente acontecendo, observava a cena com fascinação infantil.

‘Eles não aguentaram tanta fofura?’ Ela pensou entusiasmada. ‘Eu sabia que ele era especial! Meu pequeno amigo Mushito é maravilhoso!’

Selphira foi a primeira a recuperar parte da compostura e perceber a quem pertencia a pequena besta. “Luna,” ela disse em uma voz tensa, “onde você encontrou esta… criatura?”

Antes que Luna pudesse responder, Sirius ergueu a mão que portava o anel, em um gesto instintivo e estranho para tocar o pequeno fungo.

Os olhos da pequena criatura brilhavam de antecipação, seus pequenos apêndices se tensionando para o salto que a levaria rumo ao seu objetivo. Todo o seu ser focado no anel, cada receptor alinhado com singular propósito.

Apenas mais um momento, e o anel seria seu…