Capítulo 336: Capítulo 336 – Domando Frustrações – 6

Han finalmente levantou o rosto, olhando na direção onde supunha que Ren estava.

“Yino também possui dois anéis idênticos aos de Yano, exceto pelo terceiro que você esconde,” ele explicou, a voz quase um sussurro. “O segundo permite sinergizar os poderes de dois Domadores em um só.” Ren percebeu que era exatamente isso que ele havia sentido entre Sirius e Selphira. “E o primeiro ajuda a manifestar bestas em alto nível sem os perigos da corrupção abissal.”

Han abaixou a voz ainda mais, as palavras mal ecoando pelo ar noturno.

“Mas ninguém sabe exatamente o que o terceiro faz. O de Yino permanece preso em cristal e ficará assim por quase mais dez anos. E o terceiro de Yano… de alguma forma, você o manteve seguro.”

Ren absorveu essa informação, conectando-a com o que já sabia graças ao seu Cogumelo do Mundo. A imagem resultante tornou-se cada vez mais clara e preocupante a cada momento que passava.

“Desde que Harold falhou em sua missão,” Han continuou, olhando ao redor para garantir que permaneciam despercebidos, “Yino suspeita que Júlio, Selphira ou Sirius… ou talvez todos os três juntos, esconderam o anel para armar uma armadilha para os Goldcrests. Parece que é por isso que eles acreditam estar sendo provocados com a situação de Klein e Kassian.”

“Mas então por que Kharzan está aqui? Se ele acha que vão armar uma armadilha para ele…” Ren parou, tentando compreender toda a estratégia.

“Na superfície, não faz sentido,” Han assentiu, os olhos varrendo a escuridão. “Mas na realidade, tudo isso significa que Yino já está apoiando-o… nesse exato momento, esperando que Yano mostre sua mão…”

“…O patriarca Goldcrest mobilizou muitos de seus seguidores e escondeu vários triple tamers entre eles. Existem mais esperando abaixo da superfície, além do alcance perceptivo de qualquer um. Recebi ordens para monitorar a situação e relatar movimentos e diferenças de poder… Certamente a mesma ordem foi dada a outros espiões.”

“Mas com o aumento enorme de poder, talvez já estejam a caminho…” Ren murmurou, as implicações fazendo seu sangue gelar.

“Isso foi apenas uma medida de forças,” Han fez uma pausa significativa. “Mas se uma batalha ocorrer, eles saberão instantaneamente pela maneira de liberação de poder.”

“Então ainda não decidiram lutar,” Ren entendeu.

“Exatamente. E pelo que percebi, estão bastante equilibrados.” Han olhou diretamente para onde acreditava que Ren estava parado. “É por isso que você não pode arriscar que descubram que o anel está em suas mãos. Você deveria entregá-lo a Selphira ou Júlio para colocar Yano em uma posição melhor e evitar a guerra por… Se tivermos sorte, mais 10 anos.”

Ren permaneceu imóvel, processando a enormidade do que acabara de ouvir. Ele era, sem saber, a razão, a linha tênue separando as cidades de uma guerra total. A cor desapareceu de seu rosto, embora Han não pudesse ver devido à invisibilidade.

“Não posso entregá-lo,” Ren finalmente disse. “O anel… Eu não entendo completamente como ele funciona. E parece estar integrado ao meu fungo.”

Os olhos de Han se arregalaram de surpresa.

“Então,” Ren continuou com nova determinação, “temos que encontrar esse fungo idiota o mais rápido possível. Se ele chegar ao local do conflito e de alguma forma perceberem que absorveu o anel, tudo pode desmoronar.”

Han assentiu, entendendo a gravidade da situação. Duas cidades, dois milhões de vidas, equilibradas nas ações de um pequeno ser luminescente correndo livremente pelos terrenos da academia.

“Vamos,” ele sussurrou, levantando-se. “Não há tempo a perder… Em que direção ele foi?”

“Em direção à fonte da energia,” respondeu Ren. “E obrigado por me contar a verdade,” Ren acrescentou, genuinamente aliviado. “Embora tecnicamente você já tivesse feito isso com suas ações naquele dia…”

♢♢♢♢

O pequeno fungo descansava nas mãos estendidas de Luna, que o contemplava como se tivesse encontrado uma criatura lendária cuja existência o mundo mal suspeitava. Seus olhos, grandes e brilhantes, não se desviavam do minúsculo ser luminescente.

“Então, você pode falar com todas as pessoas ou apenas comigo?” Luna perguntou, inclinando a cabeça levemente com genuína curiosidade.

O fungo, que minutos antes havia estado desesperadamente gritando por ajuda, havia descoberto algo fascinante: quando Luna se acalmava o suficiente para não apenas desfrutar do som agudo de sua voz, mas prestar verdadeira atenção às suas palavras, ela começava a tomá-las como se fossem revelações divinas.

Isso apresentou uma oportunidade inesperada.

“Eu só falo com pessoas especiais,” o fungo respondeu, modulando deliberadamente sua voz para fazê-la soar mais adorável, uma tarefa para a qual “não estava naturalmente equipado” mas estava aprendendo com surpreendente velocidade. “Pessoas que podem ver além do comum.”

Luna soltou um pequeno grito de alegria. “Eu sabia que você era especial! Desde a primeira vez que te vi, pensei que havia algo mais que mágico em você.”

“E você também, já que temos uma conexão,” o fungo acrescentou com um tom misterioso, sua luz pulsando ritmicamente. “O profundo vínculo entre seres destinados a se encontrar.”

Luna assentiu solenemente, como se tivesse acabado de ouvir a resposta para um dos grandes mistérios do universo.

“É exatamente o que eu senti quando te vi,” ela confessou, aproximando gentilmente o fungo de seu rosto. “Como se estivéssemos destinados a ser amigos.”

Luna ficou visivelmente ruborizada, uma reação que o fungo arquivou como indicação de sucesso em sua estratégia de comunicação. Em apenas alguns minutos, havia passado de prisioneiro a ter seu captor completamente encantado.

“Amigos,” o fungo repetiu, vibrando levemente para aumentar sua luminescência de uma maneira que sabia que seria encantadora. “Eu gostaria disso. Nunca tive um amigo como você.”

Luna sorriu, e o fungo sabia que havia praticamente vencido a batalha.

“Luna,” ele disse, usando seu nome pela primeira vez, “há algo que eu devo te mostrar. Algo maravilhoso que apenas alguém com suas habilidades especiais poderia apreciar plenamente.”

“O que é?” ela perguntou, inclinando-se para frente com antecipação.

“É difícil de explicar,” o fungo respondeu com timidez simulada, seu chapéu de cogumelo escurecendo levemente como se envergonhado. “Eu teria que mostrar, mas primeiro preciso de algo que está… naquela direção.”

Um de seus bracinhos apontou para onde sentia a presença do anel, a atração tão irresistível como sempre, mas agora canalizada através de uma nova estratégia.

“Por ali?” Luna olhou na direção indicada, onde as luzes do prédio administrativo brilhavam à distância. “Mas há muitos professores e guardas…”

“É por isso que o destino escolheu você,” o fungo explicou, sua voz descendo para um sussurro conspiratório. “Com seu talento para sombras, você poderia nos levar até lá sem que ninguém nos visse. Quero compartilhar esse segredo apenas com você… Imagine quão especial isso seria.”

O fungo balançou levemente, deixando seu corpinho rechonchudo mover-se da maneira que havia notado provocar aquela expressão derretida no rosto de Luna.

Funcionou com perfeição. A dúvida que havia começado a aparecer no rosto jovem de Starweaver se dissolveu como neve sob o sol.

“Tudo bem,” Luna decidiu, acolhendo o fungo contra seu peito como se fosse o tesouro mais precioso do mundo. “Eu te levarei até lá. Agora somos amigos, e amigos ajudam uns aos outros.”