Capítulo 331: Capítulo 331 – Domesticando Frustrações

Ter que compartilhar o quarto com Jin e Kai continuava sendo um grande incômodo para Han. Mas por mais seis meses, ele não tinha escolha.

“Sentir o quê?” ele respondeu automaticamente, recuperando sua fachada.

“Não se faça de bobo, foi muito intenso,” Jin insistiu. “Aquela… coisa. Como se alguém estivesse esmagando o ar.”

Han deu de ombros, o gesto calibrado para transmitir um desprezo casual. “Provavelmente algum professor conduzindo um experimento.”

“Um experimento?” Kai estreitou os olhos. “Foi mais do que um simples experimento. Foi… tenso, agressivo.”

“Vamos investigar?” Jin propôs, praticamente saltando de expectativa. “Pode ser algo interessante.”

“Tudo bem… Vamos fazer isso,” Han respondeu, acompanhando sua resposta com um sorriso tão falso quanto perfeitamente executado. “Vocês dois vão na frente. Vou guardar algo e encontrar vocês.”

Os dois ex-valentões, muito menos arrogantes desde suas derrotas rápidas por Ren, mas ainda impulsivos, assentiram e se dirigiram à origem percebida da perturbação.

Han os observou sair…

O pequeno pergaminho em sua bolsa parecia pesar uma tonelada. A vida de sua irmã contra sua consciência emergente. Seu dever contra o que ele estava começando a reconhecer como certo.

♢♢♢♢

No quarto da Asa Cinza, Ren se sentou abruptamente na cama. Os cogumelos em seu cabelo pulsavam com um ritmo urgente.

“O que está acontecendo?” murmurou Taro, em resposta ao movimento repentino do amigo.

Ren não respondeu imediatamente. Seus sentidos, aguçados pela combinação de suas bestas e o relicário, capturaram algo que ia além do físico. Uma presença, uma combinação de energias que ele nunca havia experimentado antes.

Diferente de Han, cuja percepção se limitava a identificar o tipo de energia, Ren podia discernir muito mais. As assinaturas energéticas específicas, as características únicas das bestas envolvidas, até mesmo as interações entre as diferentes camadas de poder.

“Um leão dourado de nível desconhecido,” ele murmurou, os olhos distantes enquanto analisava as sensações. “E algo mais… um simurgh. Mas corrompido por…”

Seus cogumelos continuavam processando as informações complexas fluindo por seus sentidos aprimorados.

“Contra… uma tartaruga negra e uma serpente branca, fundidas de uma forma diferente. E há mais… qilins. Três deles, um tigre e uma fênix.”

“Do que você está falando?” perguntou Min, esfregando os olhos.

Ren piscou, retornando lentamente à realidade imediata. Os cogumelos em seu cabelo diminuíram ligeiramente enquanto ele se refocava nos amigos. “Há uma confrontação na academia. Parece uma demonstração de poderes, a maioria muito superiores a ouro 1.”

Ele se levantou, aproximando-se da janela. À distância, mal visível, ele podia distinguir um grupo de figuras perto dos portões principais. O ar noturno carregava leves traços das energias que colidiam ali, como o cheiro antes de uma tempestade de raios.

“Acho que os Cristacrestas estão aqui,” ele continuou, sua voz estranhamente ansiosa. “E não estão sozinhos ou amigáveis.”

“Os Cristacrestas?” repetiu Liu. “Você quer dizer a família de Klein?”

Ren assentiu.

“Devem ter vindo por Kassian e Klein depois do que aconteceu no torneio,” ele deduziu. “Mas há algo mais. A energia abissal que eu purifiquei de Klein durante o nosso combate… está presente em outro indivíduo, mas muito mais forte, mais integrada.”

Min e Taro trocaram olhares preocupados.

“Devemos fazer algo?” perguntou Taro, sua voz baixa e preocupada.

“Não acho que posso purificar tudo,” Ren se virou e respondeu francamente. “Isso está muito além do nosso nível. Se os líderes da academia estiverem envolvidos, o melhor que podemos fazer é nos afastar para não atrapalhar.”

Mas enquanto ele pronunciava essas palavras, uma nova onda de poder inundou seus sentidos. Era diferente agora, mais harmoniosa que a primeira que havia competido contra a energia abissal, antes de ser subjugada, mas agora estava igualmente poderosa.

A assinatura energética da tartaruga negra evoluiu de repente para algo que Ren ainda não reconhecia em sua ‘biblioteca’, alcançando um nível que equiparava à energia corrupta.

Ele podia sentir a diferença sutil nas assinaturas: um objeto externo, antigo e poderoso, estava amplificando o poder de quem pode ser Selphira por eliminação, considerando a principal besta e seu nível.

“Parece que nosso lado se igualou,” ele murmurou com alívio.

No entanto, de repente, algo inesperado ocorreu. Seu pequeno fungo, que normalmente permanecia fundido a ele e em silêncio, começou a se agitar inquieto. Os cogumelos em seu cabelo vibraram com intensidade incomum, seu brilho aumentando e diminuindo em um padrão errático.

Antes que Ren pudesse reagir, a criatura se libertou completamente, saltando de seu cabelo diretamente para a janela aberta.

“Não! Espere!” gritou Ren, virando-se novamente para a janela e estendendo a mão um instante tarde demais.

O pequeno ser rechonchudo, luminescente na escuridão, quicou no chão e continuou sua corrida frenética em direção ao pátio, ignorando completamente os chamados de seu domador.

Sem pensar duas vezes, Ren manifestou a hidra em seu corpo e se lançou atrás dele. Em um movimento fluido, ele saltou em direção à janela, determinado a rapidamente capturar sua besta travessa.

O que ele não esperava era a mão que o segurou pelo tornozelo no meio do voo.

“Para onde pensa que vai, meu aluno favorito?” A voz de Lin era enganosamente doce, mas seu aperto tinha a força de uma prensa hidráulica. As penas de sua guindaste ondulavam ao longo de seu antebraço enquanto ela o mantinha suspenso sem esforço.

Com um puxão experiente, a professora arrastou Ren de volta para dentro da sala. Seu rosto, normalmente alegre e provocante, agora mostrava uma seriedade não característica.

“Professor Lin!” exclamou Ren, tentando se libertar. “Está escapando, eu tenho que…”

“Não quero desculpas,” ela respondeu firmemente. “Não neste momento.”

“Mas…”

“Ouça,” Lin o interrompeu, baixando a voz. “Muitos alunos estão saindo de seus dormitórios, atraídos pelas flutuações de mana. Os professores estão ocupados tentando manter a ordem e evitar que se aproximem demais da situação. A última coisa que preciso é que nosso campeão do torneio aproveite o caos para acabar se metendo em problemas como sempre.”

“Não quero me meter em problemas!” protestou Ren, apontando para a janela. “É meu fungo! Ele se libertou sozinho! Já tinha feito isso duas vezes antes e não tem sido nada sutil!”

Lin estreitou os olhos, avaliando a sinceridade no rosto de Ren.

“Sua besta se separou voluntariamente? Sem seu consentimento?” ela perguntou, seu tom mudando ligeiramente.

“Sim!” Ren puxou o cabelo, onde os cogumelos ausentes o faziam sentir um estranho desconforto e incerteza. “Quando a energia da tartaruga mudou, ele simplesmente… pulou e fugiu.”

Lin olhou para a janela, onde a pequena figura luminosa do fungo se afastava cada vez mais, saltando entre arbustos e pulando sobre pequenos obstáculos com surpreendente velocidade para um ser tão pequeno.

“É incomum,” ela admitiu, franzindo a testa. “Bestas raramente agem contra os desejos de seus domadores, especialmente as de baixo escalão.”

Ren assentiu vigorosamente, as veias luminosas sob sua armadura pulsando rápido de ansiedade.

“Ainda assim, não posso permitir que você saia agora,” ela declarou firmemente. “Não com o que está acontecendo.”

Ren olhou para ela desesperadamente. “Mas meu fungo vai…”

“Voltar em algum momento,” Lin assegurou, embora sem completa convicção. “Bestas sempre retornam a seus domadores eventualmente, elas não podem morrer… Mas você pode.”