O Destino Cego da Alfa - Capítulo 60
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- Capítulo 60 - 60 Uma Visão de Si Mesma 60 Uma Visão de Si Mesma ZINA
60: Uma Visão de Si Mesma 60: Uma Visão de Si Mesma ZINA
Zina fechou os olhos naquela noite e se viu abruptamente transportada para o meio de um campo com flores ardentes que só poderiam ser brancas pela maneira como pareciam inocentes e imaculadas.
Assim como as visões que tinha visto antes, nesta, ela se sentia flutuando no ar como se fosse a própria visão. De forma hesitante, Zina começou a caminhar entre os campos, e para seu desgosto, ela não podia evitar de esmagar as flores pristinas debaixo dos seus pés.
Não podia ser evitado porque algo no meio do campo a estava chamando. E essa voz era muito mais forte do que qualquer reserva que tivesse em esmagar as pobres flores.
Com determinação crua, ela se forçou a atravessar o mar interminável de flores. Sua jornada parecia não ter fim até que, por fim, chegou ao meio do vasto jardim com flores que eram até mais altas que ela. Pássaros da mesma cor que as flores voavam sobre ela, chilreando de felicidade.
Concentrando-se naquilo que a havia chamado, diante de Zina estava uma menina menor que ela, de costas para si. Ela estava vestida com um vestido esvoaçante da cor das flores.
Zina sentia como se estivesse invadindo, afinal, o lugar onde estavam era o seu lugar secreto. O mesmo lugar onde ela havia vislumbrado a visão de que os Cavaleiro Lobo um dia se ergueriam, o mesmo lugar onde ela tinha visto que a barriga de Luna Selvagem abrigava um deformado… era também o mesmo lugar onde ela tinha visto um grande deserto que se estendia por milhas, repleto de corpos malnutridos. E essa visão foi o que a levou a prever a fome.
Zina não tinha um nome para o lugar. Mas ela sabia por um fato que era de lá que seus poderes espirituais fluíam. Lá, milhares de visões do futuro e do passado estavam presas, e a provocavam uma a uma. Lá, ela tinha a liberdade de ver.
“Quem é você e por que intrude em meu lugar?” perguntou Zina com firmeza, fazendo com que a menina com as costas ainda voltadas para ela desse uma risada escarninha.
“Meu lugar?” A menina, que não podia ter mais de dez anos, repetiu em um tom arrogante estranhamente familiar para Zina, “Suponho que se possa chamar assim.” a menina disse encolhendo os ombros, virando-se para encarar Zina.
Zina soltou um gás, sua palma voando para cobrir sua boca enquanto ela olhava para a menina que ela estava certa de que era uma versão mais jovem de si mesma.
Os olhos da menina estavam cobertos com uma venda branca, seu cabelo branco repousava na sua cintura, e ela segurava um cajado curto—que era muito familiar ao que Zina usava quando era criança—em suas mãos.
“O quê…? Como…?” Zina gaguejou, sem saber o que dizer.
A versão mais jovem de si mesma ergueu seu queixo com arrogância. “Posso saber por que você está caminhando a toda velocidade para sua morte?”
Zina estava atônita de choque. Uma vez que recuperou a si mesma, ela limpou a garganta dizendo. “Como devo responder essa pergunta se eu não sei com quem estou falando?”
A menina ignorou a pergunta sobre sua identidade como se fosse tão óbvio quem ela era. “Algo está esperando por você lá fora, Zina, você está mesmo preparada?” A menina estalou como uma criança exasperada faria.
Zina franzir a testa, estreitando os olhos para a menina. “Eu nunca fui uma que se lança despreparada em algo.”
“Tem certeza disso?” A menina respondeu prontamente, “Quer dizer, existem muitas coisas esperando por você lá, incluindo o homem que você acredita ter derrubado.”
O homem que Zina acreditava ter derrubado? O que isso queria dizer?
Não interessada em argumentar em provérbios e parábolas com a menina, Zina disse com um tom igualmente arrogante. “Eu vou cuidar de mim mesma. Mas acredite em mim quando digo que a última pessoa de quem quero conselhos é a versão mais jovem de mim mesma.”
A menina riu tanto que parecia que Zina havia contado a melhor piada do século. Após algum tempo, ela de repente ficou séria, apontando seu cajado para Zina da mesma maneira que Zina fazia quando contou a falsa visão contra Daemon.
“Digo agora, Zina WolfKnight,” a menina começou com uma voz tão infantil e ainda assim poderosa ao mesmo tempo, “o momento para a profecia dos tempos passados se cumprir está próximo.”
Zina paralisou, sem entender bem as palavras logicamente. Parecia que sua versão mais jovem estava lá para lhe contar uma visão—uma situação que teria sido cômica se não fosse a expressão séria que a menina mostrava.
Zina se viu esperando pelas próximas palavras da menina como um homem faminto que antecipa sua última ceia.
“Quando a escama cair dos seus olhos, cuidado com o primeiro homem que seus olhos encontrarem.” a menina declarou, o cajado ainda apontado para Zina. Algo nessas palavras fez o coração de Zina doer com um estranho senso de tristeza e perda.
“Você deve guardar seu coração e sua mente contra ele,” a menina continuou, “só assim ambos sobreviverão.”
Um senso de mau presságio repousava entre ambas, e Zina sentiu em primeira mão como é ser contada uma visão críptica. E ela tinha que admitir, o sentimento não era bom.
“E quem é esse homem contra quem devo guardar meu coração e minha mente?” Zina perguntou à menina porque era a única coisa que não fazia sentido em tudo que ela havia dito. Até onde Zina conseguia lembrar, guardar seu coração e mente era uma arte na qual ela se destacava bastante. E em todos esses anos que viveu como uma mulher de poder, ela nunca havia vacilado, independentemente da forma de tentação que lhe aparecia.
A menina sorriu astuciosamente. “Você realmente espera que eu responda àquela pergunta?”
Antes que Zina pudesse retrucar com uma resposta igualmente cortante, ela sentiu alguém chacoalhando seu corpo suavemente.
“Teta, Teta, você precisa acordar! Estamos sendo atacados por lobos!”