O Destino Cego da Alfa - Capítulo 396

Capítulo 396: Reunião de Mãe & Filha (I)

ZINA (Cinco Horas Atrás; Antes da Segunda Rodada de Tortura)

Zina congelou quando uma sensação familiar tomou conta dela, acompanhada por um frio sobrenatural que só poderia ter origem no Norte.

Mas o frio sobrenatural não era das provocações incessantes de Rowan sobre o fato de que seu marido estava tomando uma nova esposa, nem era do riso condescendente de Rosa, que ainda parecia estar diante dela no mundo físico.

Seu arrepio vinha de uma razão completamente diferente. Uma sensação diferente….

A mesma sensação que ela teve meses atrás quando ela projetou e encontrou sua mãe.

Mas enquanto o mundo físico permanecia o mesmo, Zina se viu em um prédio dilapidado que ela tinha certeza que já se ergueu alto como um castelo.

E sua mãe estava na frente dele, esperando por ela. Uma expressão sombria estava gravada em seu rosto, e em apenas cinco minutos, mãe e filha tiveram a conversa mais importante de suas vidas.

“Mãe,” Zina disse em uma voz baixa, suas pernas a levando para encontrar a mulher que era sua cópia carbone. Mesmos cabelos, mesmos olhos, mesmos lábios… e sem mencionar que ela não tinha mudado nem um pouco ao longo dos anos.

Ela permanecia a mesma, e desta vez não se afastou nem usou uma carranca quando Zina a abraçou. Ela não entendia como essa projeção de algo era possível, mas nada disso importava agora enquanto sua mãe a abraçava de volta.

“Minha filha….” Ela disse em uma voz sufocada que fez as lágrimas brotarem nos olhos de Zina.

Mas ela não chorou, em vez disso a abraçou com mais força.

“Não temos muito tempo,” sua mãe disse mais resolutamente, “muito preciso dizer a você.

Zina se afastou do abraço. “Como isso é possível, essa projeção?”

Sua mãe sorriu. “Há muito que o mundo não sabe sobre as Runas do Pacto dos Gritadores,” ela apenas disse.

“Mesmo que o mundo não saiba muito sobre isso, por que Rowan e seu Mestre mantêm as runas com você? Permitindo que você e eu possamos acessar o poder como quisermos? Isso me deixou toda confusa, mãe.”

Sua mãe olhou ao redor para os prédios dilapidados. “Este é o lugar onde o Clã dos Gritadores uma vez se ergueu alto. Nosso primeiro ancestral nos nomeou o Pacto dos Uivadores porque ele acreditava que seus filhos possuiriam uma voz que tomaria o mundo de assalto. Mas logo, contos malditos da banshee cujo grito poderia matar se espalharam, fazendo muitos nos verem como sujos, dignos apenas de serem classificados entre os cinco grandes males.” Sua mãe narrou com uma voz firme que fez Zina se perguntar se ela algum dia possuiria metade do carisma que emanava dela em profusão.

Isso assumindo que ela algum dia sobrevivesse a essa provação.

Sua mãe se virou para longe do prédio dilapidado, encarando Zina diretamente. “Foi nosso segundo ancestral que nos renomeou de Uivadores para Gritadores. Desde que fomos perseguidos, ele se casou com um poderoso Mago da Noite do Norte e fez com que cada Alfa da Matilha gritasse no dispositivo antes de morrer. Seus gritos ficaram presos neste dispositivo que ele chamou de Runa.”

Zina parecia tremer com a aula de história.

“Mas não era apenas uma runa mágica qualquer; ela aprisionava as vozes espelhadas dos poderosos Alfas da matilha, muitos descendentes ao longo do tempo.”

Zina piscou, “Isso é muito poder para ser aprisionado em um dispositivo. Mas a história nunca disse nada sobre um Alfa do Pacto que se casou com um Mago da Noite.”

Sua mãe sorriu astutamente, “isso porque esse Segundo Ancestral nunca foi um Alfa. Ele era o irmão gêmeo do Alfa da época.”

“Mas por que ele criaria tal dispositivo? Com que motivo?” Zina questionou. A história dizia que pessoas com ambições tão obscuras o faziam para fins desagradáveis, mas a expressão pacífica de sua mãe não parecia trair tal coisa.

“Para o mundo todo, as runas do Clã dos Gritadores ajudavam o Alfa da matilha a viver uma longa vida porque a partir daquele momento, nossos Alfas viviam até a idade de cento e cinquenta anos sem doenças graves ou enfermidade.”

Os olhos de Zina se arregalaram enquanto ela percebia uma verdade assustadora. “É isso… é por isso que eles mantinham as runas com você? Esperando que se algo acontecesse com você durante as torturas, você nunca morreria?”

“Assim e assim, mas basicamente, essa é a razão.”

A raiva coloriu as veias de Zina de roxo. “Então não importava como eles a torturavam ou machucavam. Eles mantinham as runas lá apenas para garantir sua vida?”

“Claro que essa não é a única razão. Mestre tem seu próprio propósito pessoal, mas não importa qual seja esse propósito, ninguém fora do Clã conhece os verdadeiros poderes das Runas.”

Zina recuou, percebendo que sua mãe realmente mencionou que prolongar a vida dos Alfas do Pacto era apenas o que o mundo sabia; então qual era o verdadeiro propósito das runas?

“E qual é esse propósito?”

“Para lutar contra o Deformado.” Foi a resposta simples de sua mãe.

“O que… o que?”

“O dispositivo era claro, um mágico; capaz

de portalizar entre outras coisas. Produzido por um Mago da Noite mas aprimorado por um Gritador, nossos ancestrais acreditavam que ele poderia servir como uma arma secreta durante a grande purga.”

Os olhos de Zina se arregalaram, “Ele serviu?”

Sua mãe sorriu lentamente. “Ele lutou contra o Deformado. De fato, o dispositivo mágico foi a arma que finalmente derrotou o Deformado.”

Zina balançou a cabeça, incapaz de reconciliar esse fato com a história que conhecia. “A história diz que os Cinco Grandes Males e os pactos superiores derrotaram o Deformado.”

“E como você acha que eles fizeram isso? Brandindo garras e tal? Os gritos presos no Dispositivo Mágico quando liberados foram o que petrificaram o Deformado. Claro, essa verdade teve que ser enterrada pois quando grande poder se levanta, muitos lutarão contra ele.”

Zina piscou várias vezes. “É por isso que nosso clã sofreu tanta perseguição ao longo dos séculos? Porque possuíam um poder suficiente para derrotar uma criatura tão terrível?”

Em vez de responder, sua mãe olhou significativamente para ela. “Eu ouvi que você o viu duas vezes. Você olhou cuidadosamente para o rosto dele? Ele parecia algo familiar?”