O Destino Cego da Alfa - Capítulo 107

107: Sua Teta, Vossa Majestade 107: Sua Teta, Vossa Majestade ZINA
Quando Zina apenas encarou Daemon de boca aberta em descrença, ele franziu a testa ainda mais forte, se isso fosse possível.

“Acho que você é muito pudica para entender o idioma. O que eu quis dizer é que se eu fiz….”

A mão de Zina voou para cobrir os ouvidos enquanto ela gritava para que ele parasse logo. Sua carranca se transformou em um olhar fulminante para a reação visceral dela, enquanto Zina retribuía o favor com um olhar raivoso também.

Virou uma competição de olhares gélidos, e enquanto Zina entendia por que ela estava encarando-o, ela não sabia o porquê dele estar. E isso a irritava mais do que ela esperava. Foi então que ela sentiu um calor em seus dedos, e um olhar para baixo revelou que ela estava agarrando firmemente os dedos de Daemon NorthSteed como se ele fosse sua salvação… o que ele definitivamente não era.

Ela rapidamente se desvencilhou do aperto, rompendo a competição de olhares, o que ofendeu profundamente seu espírito competitivo. Em seguida, a cama afundou, e Daemon se afastou tempestivamente de seu quarto.

Ela engoliu em seco, suas mãos correndo por baixo do cobertor para verificar o seu corpo por… o quê? Algum sinal de violação? Ou talvez alguns sinais de uma paixão da noite inteira como as que Theta Audrey lhe descrevia sempre que a mulher relatava de forma maliciosa suas aventuras noturnas, só para deixar Zina sabendo o que ela estava perdendo ao fazer um voto de castidade.

Ela parou sua mão no caminho de inspeção pelo meio de suas pernas e então suspirou. O que ela estava fazendo com Daemon NorthSteed? E o que a fez pensar que o homem queria fazer algo remotamente íntimo com ela?

Ela olhou frustrada para a única vela que iluminava o quarto. O que ele estava mesmo fazendo no quarto dela, aliás? Na cama dela, ainda por cima? Dormindo ao lado dela como se não parecesse nada com o malandro manipulador que ele realmente é? E por que parecia que ela era a pessoa que estava agarrando seus dedos e não o contrário?

Que contrário?

Doce deusa, pare já com isso Zina!

Enterrada em seus pensamentos caóticos, a palavra ‘escândalo’ surgiu como uma bandeira vermelha piscante. Antes que percebesse, ela estava de pé, rapidamente vestindo uma camisola, agarrando uma capa vermelha e então estava perseguindo Daemon. Ela gemeu ao tomar consciência da ferida aberta em suas costas, o que desencadeou memórias do que poderia ter acontecido nos últimos dias.

Não importava, ela empurrou as memórias, correndo atrás dele. Ela correu pelos degraus de pedra do Templo, e por sorte, ela encontrou seu alvo lá embaixo. Mas, infeliz para ela, ele estava acompanhado por Yaren e uma mulher com cabelos castanhos brilhantes que parecia linda de uma forma perigosa.

Tanto Yaren quanto a jovem mulher estavam se encarando, e parecia que tinham vindo procurar por Daemon. Notando a presença dela, os olhares deles se voltaram para ela, mas enquanto o olhar de Yaren se endureceu ao ver que era ela, o olhar da mulher se tornou estranhamente malicioso.

“Bem, a quem temos aqui?” Ela disse arrastando as palavras, “É ninguém menos que a respeitada Theta do Bando de NorthSteed que une todo o Norte Ártico.”

De alguma forma, a mulher lhe era estranhamente familiar, e enquanto seus olhos estavam endurecidos como se ela tivesse visto muito do mundo, Zina, que via além de seu comportamento, apostaria que elas tinham a mesma idade.

Daemon ignorou a presença dela, dirigindo-se aos dois. “E por que motivo vieram me procurar?”

Ambos quiseram responder ao mesmo tempo, mas a voz aguda e cheia de travessura da jovem mulher soou mais alta. “Vossa Majestade, vim pedir para colocar a tortura de Lykom Lupus em minhas mãos. Receio que Yaren seja muito mole para lidar com ele.”

A mandíbula de Zina caiu apesar de si mesma. Essa mulher acabou de usar a palavra mole para descrever Yaren?

A resposta de Yaren foi um olhar escuro e cortante. Zina entendeu por suas próprias infelizes experiências com Lupus que o homem era difícil de quebrar. Mas ela não acreditava que ele duraria muito com a persistência de Daemon e as pessoas ao redor dele.

“Você tem alguma defesa, Yaren? Parece que você é muito mole para lidar com um fracote?” Daemon perguntou com todo o desinteresse do mundo.

“Eu farei Lykom Lupus confessar seus crimes em breve.”

A jovem mulher riu. “Em breve pode ser seis meses pelo que me importa. Eu farei ele confessar em vinte e quatro horas se você permitir, vossa majestade.” Ela terminou com uma reverência extravagante.

“Pode ficar com ele então, Mão Vermelha.” Daemon disse com intenção, e o olhar que brilhou em seus olhos tirou a vontade de lutar de Yaren.

Espera… Mão Vermelha?

Zina desviou os olhos para a mulher que agora estava sorrindo diabolicamente como se tivesse ganho um troféu e não a oportunidade de torturar um dos homens mais resistentes que Zina conhecia.

Daemon tinha o apoio das Irmãs Vermelhas?

Não surpresa. Zina tinha visto uma escuridão visceral girar nos olhos da mulher. E enquanto ela não estava vestida no uniforme das Irmãs Vermelhas, sua pose ainda a fazia parecer uma delas.

A brutalidade e tortura rumoradas que as iniciadas passavam estava gravada em cada superfície de seu corpo como se ela fosse um testemunho vivo de uma garota que tinha visto os poços de fogo vermelhos do inferno.

Zina se perguntou brevemente com que idade elas a tinham levado e a transformado nisso. Oito? Sete? Ou cinco?

A mulher girou e saiu, seus botões clicando contra o chão e ecoando no silêncio da madrugada. E Zina poderia jurar que conforme ela saía, ela se voltou para olhar para trás novamente. Daemon fez menção de sair com Yaren quando Zina, horrorizada com sua ignorância flagrante de sua presença, falou com a voz mais fria que conseguiu reunir.

“Sua Theta deseja falar com você, vossa majestade.”

Ambos os homens pararam em seus passos, e Zina pôde claramente ver a tensão que corria pelo corpo de Yaren. Bem, ela gostaria que o homem odioso pudesse ver que ela não estava nem aí para ele. Quer ela gostasse ou não, o ódio de Yaren NorthSteed por ela talvez resistisse ao teste do tempo, e ela já estava se forçando a se acostumar com isso.

“O que é, Theta?” Daemon zombou quase com escárnio.

Zina recusou a cair na armadilha que eram suas provocações flagrantes. Apesar do que ele pudesse pensar dela, ela tinha sido Theta por seis anos, e em sua opinião, ela tinha se saído bem em navegar pelo nunca terminante rio de política.

“Eu gostaria de falar com você a sós,” Zina disse sem emoção em suas palavras.

Yaren saiu relutante, não sem antes jogar em Zina um de seus, na opinião sincera dela, olhares ultrapassados que Zina fingiu não ver.

“O que é?” Daemon perguntou impacientemente como se quisesse estar em qualquer lugar menos lá com ela… como se ele não tivesse acabado de sair de sua cama, mesmo não tendo exatamente rastejado… mas ainda sim o mesmo ponto.

Zina endireitou os ombros, falando. “Eu devo pedir que o conhecimento de que você estava em minha cama permaneça apenas entre nós dois.”

“Com licença?”

Zina ergueu seu queixo, odiando a diferença gritante de altura entre eles. Ela era alta para os padrões medianos, mas a altura de Daemon contra a dela a fazia parecer mais baixa do que ela realmente era.

Com relutância irritante ela explicou. “Se alguém ficar sabendo que a Theta do Bando de NorthSteed estava na cama com o novo Alfa Rei… vamos dizer que isso definitivamente não faz maravilhas para a minha posição e votos.”