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824: Para Conhecer a Verdadeira Natureza de Alguém 824: Para Conhecer a Verdadeira Natureza de Alguém Seron ajoelhou-se no chão frio de pedra, suas costas retas apesar do peso pressionando sobre seus ombros.
Seu rosto estava pálido, suas mãos tremiam levemente enquanto as cerrava em punhos contra suas coxas. Ele havia confessado seu crime, exposto sua culpa, e agora aguardava julgamento.
O fato de ainda não ter encontrado Silvan mesmo após passar uma semana inteira só piorava a situação. Ele queria que Silvan assumisse a responsabilidade e tomasse medidas para expiar o que havia feito para que houvesse uma pequena chance de escapar de uma sentença de morte.
Acima dele, Rowena levantou-se de seu assento com lentidão deliberada, seus olhos carmesins fixados nele.
Seron piscou, suas sobrancelhas franzindo em confusão ao vê-la se afastar dele.
“S-Sua Majestade?” sua voz vacilou, insegura.
Rowena não respondeu imediatamente. Em vez disso, respirou fundo, seus ombros se erguendo e caindo sutilmente. Então, sem se virar, ela falou.
“Você deve se levantar.”
Seron sentiu seu corpo todo se enrijecer com essas palavras. Seus joelhos de repente pareceram mais pesados, como se pesos de ferro estivessem presos a eles.
“Estou disposto a aceitar qualquer punição,” disse firmemente. “Você pode me encerrar aqui, se desejar. Nossos ancestrais não me perdoarão, e suas almas teriam vergonha da desonra que causei à nossa linhagem e ao nosso povo. Eu mereço ser punido.”
Os olhos frios de Rowena tremularam brevemente, um lampejo de algo ilegível neles antes de sua voz romper o silêncio.
“Você sabia que seu filho era um traidor antes da guerra?”
A cabeça de Seron se ergueu, sua boca se abrindo levemente em silêncio atordoado antes de ele balançar a cabeça.
“Não. Como eu disse, só soube quando—”
“Então por que você diz que merece a morte quando é seu filho quem a merece?” A voz de Rowena era afiada, fria—implacável.
Seron estremeceu, sua garganta apertada.
“Você pretende protegê-lo?” As palavras de Rowena o cortaram como uma lâmina.
Seron engoliu em seco.
“Você pretende ficar no caminho quando o encontrarmos?”
Seus dedos se fecharam em suas palmas.
“Você quer poupá-lo de ser punido por nos trair e causar a morte de tantos do nosso povo e a destruição de nossa casa?”
Com cada pergunta, seu tom se tornava mais afiado, frio, até que finalmente—
“Se você quiser dizer ‘sim’ a qualquer uma dessas, então considerarei você um traidor. Você pode escolher agora.”
Rowena sempre teve algum respeito por Silvan. E ainda assim, aprender que ele traiu seu próprio povo e causou a destruição de seu reino…sua casa…a atingiu mais profundamente do que ela percebera.
Não era nem mesmo uma pessoa aleatória. Era uma figura respeitada de sua própria Casa. Alguém que compartilhava seu sobrenome.
O corpo inteiro de Seron tremia. Sua mente estava em tumulto. Silvan era seu filho, seu sangue, mas…
Seus punhos cerraram ainda mais, suas unhas cravando em sua pele. Ele tinha que escolher.
Seu queixo tremeu antes de finalmente dizer, sua voz tensa, “E-Eu não vou ficar no caminho.”
Seron sabia que não podia proteger seu filho da ira de Rowena. Se ela quiser encontrá-lo, ela o fará. E se ele tentasse impedi-la, então seu filho apenas sofreria ainda mais junto com ele.
Ele só podia se culpar por não ser o pai que Silvan precisava. Mas era tarde demais para arrependimentos.
Uma única lágrima escorreu por sua bochecha.
Rowena nunca havia visto seu tio chorar antes. Ela podia sentir a angústia dele, sua dor. Mas sua própria dor era maior.
As dezenas de milhares de vidas perdidas por causa do ressentimento de Silvan, seu egoísmo. Se algo, ele deveria ter apenas a ela como alvo e não tocar em seu povo.
Ela nunca o perdoaria.
Ela deu um passo para trás, seu olhar implacável.
“Muito bem. Então você pode continuar cumprindo seu dever e nos ajudar a encontrá-lo, não importa quanto tempo leve.”
Com isso, Rowena se virou e caminhou em direção à porta, seus movimentos fluidos e finais.
Seron não se moveu, sua cabeça abaixada.
Quando Rowena entrou no corredor, a porta se fechando atrás dela, ela exalou lentamente e fechou os olhos por um breve momento.
Seu coração estava pesado.
Essa guerra não era apenas sobre inimigos no campo de batalha. Era mais profundo do que isso.
Eram séculos de pecados, de ódio, de legados manchados de sangue finalmente cobrando seu preço.
“Está tudo bem?”
Os olhos de Rowena se abriram quando a voz de Isola ecoou pelo corredor. Ela se virou para ver Isola se aproximando dela, preocupação evidente em seus olhos azul-safira.
A presença dela já a fazia relaxar um pouco, embora sua mente ainda estivesse perturbada.
Rowena balançou lentamente a cabeça. “Eu não tenho certeza.”
—
Duas figuras elegantes estavam em um dos pátios internos do Castelo Nightshade, onde o brilho suave das tochas encantadas tremeluzia contra as paredes de pedra escura.
Isola tinha uma expressão de incredulidade ao olhar para Rowena.
“Silvan… nos traiu em um momento tão crucial?” murmurou, sua voz tingida de choque, “Eu não posso acreditar… Ele sempre pareceu decente comparado aos outros jovens nobres. Ele até ajudou Asher durante sua jornada para o Reino Draconis. Ceti até confiava nele.”
Os olhos de Rowena escureceram, “Ele foi esperto o suficiente para esconder suas verdadeiras intenções para que nenhum de nós suspeitasse dele.” Suas mãos se fecharam em punhos. “Se apenas ele não tivesse nos traído, nosso reino ainda poderia estar de pé. Poderíamos ter repelido os Draconianos de alguma forma ou pelo menos feito com que recuassem temporariamente. Se ao menos eu soubesse…”
Isola estendeu a mão, colocando-a gentilmente no ombro de Rowena. “Nós não poderíamos saber. Você não deveria se culpar.”
Rowena balançou a cabeça, sua voz baixa e pesada. “Não, não é só isso. Tudo isso aconteceu porque a mãe dele foi executada por ter gerado um filho de um nobre.”
Os olhos de Isola se arregalaram levemente.
“Eu não sabia disso. Ele vinha alimentando vingança contra todo o reino porque perdeu sua mãe de uma forma tão injusta.”
Isola exalou profundamente, balançando a cabeça, “Eu sei… É uma lei cruel que não deveria existir. Apenas nunca se aplicou por tanto tempo porque todos tinham medo dela. Mas por que ele teve que punir todo o reino por isso? Sua raiva foi deslocada. Apenas aquele que usou essa lei para julgar seria responsável pelo que aconteceu com ela,” Isola piscou em compreensão, “Foi seu…”
A expressão de Rowena escureceu ainda mais.
“Meu pai…” começou ela, sua voz carregada com algo não dito.
Ela hesitou antes de continuar, “…Ele julgou. Mas eu não entendo por quê? Mesmo que fosse contra a lei, como rei, ele não precisava puni-la de maneira tão severa. Ela nunca fez nada para merecer a morte. Seron disse que alguém a expôs quando ela estava disposta a levar o segredo para o túmulo e nem mesmo reivindicar ser a mãe de um nobre. Eu pensei que meu pai teria julgado melhor. Não é como se a criada pudesse fazer alguma coisa, mesmo que quisesse.”
Os lábios de Isola se comprimiram.
Ela queria contar a Rowena a verdade sobre seu pai.
Ela queria dizer a ela que tipo de homem ele realmente era.
Mas ela sabia… isso tinha que vir de Asher.
Então, em vez disso, falou cuidadosamente.
“Talvez nunca possamos realmente conhecer a verdadeira natureza de algumas pessoas, mesmo se forem da família.”
As sobrancelhas de Rowena se franziram levemente.
“Eu sei que você admira seu pai,” Isola continuou, sua voz firme. “Mas já pensou que ele poderia ser falho?”
Rowena permaneceu em silêncio.
Isola prosseguiu.
“Kira e Silvan são os maiores fatores que causaram a queda do nosso reino. Ambos são produtos de ódio e ressentimento criados por seu pai.”
Os lábios de Rowena se entreabriram levemente, sua respiração sendo interrompida.
“Se ele não tivesse destruído o Reino Eclipsion, Kira não existiria como é agora. Eu sei que você pode não acreditar nas alegações dela, mas não faz sentido Kira mentir quando ela não tinha nada a perder.”
Rowena franziu as sobrancelhas enquanto ainda lutava para acreditar que seu pai destruiu o Reino Eclipsion por ganância. E não porque eles fossem uma ameaça.
“Eu não estou justificando o que fizeram, e eles merecem pagar o preço pelo que fizeram, mas estamos colhendo as consequências do que ocorreu no passado.”
Os dedos de Rowena tremeram levemente antes de fechá-los em um punho.
Uma dúvida profunda e perturbadora começou a criar raízes em seu coração.
Seu pai era realmente o homem que ela pensava que era?
Não… isso não poderia ser. Ela sempre viu seu pai governar de maneira justa e ensinar tudo o que sabia.
Então… qual era o verdadeiro lado de seu pai?
Isola observou as emoções guerreando dentro dos olhos de Rowena.
Ela não pressionou mais.
Ela deixaria o tempo fazer o resto.
As sementes da dúvida já tinham sido plantadas.
—
Os dias passaram neste abismo amaldiçoado — uma semana de agonia sem fim, morte e renascimento.
Todos os dias, Skully o despojava de sua força sanguínea, quebrando seu corpo até seus limites, esmagando seus ossos, murchando sua carne e forçando-o a um estado de pura impotência.
Todas as vezes, a mesma tortura se repetia.
Morrer. Rastejar de volta. Morrer novamente.
E ainda assim, Skully ainda não havia lhe dito o que ele deveria fazer. Não havia orientação, nem dica, nem revelação — apenas crueldade fria e calculada.
Era para ele se deixar morrer até o final deste mês?
Ele odiava a visão deste monstro sádico a ponto de desejar que Skully simplesmente caísse morto em vez de brincar com ele. Mas claro que ele não pode.
Ele nem sequer sabia se Skully estava apenas o usando como algum tipo de experimento ou porque estava entediado.
Ele estava achando mais difícil acreditar que Skully estava torturando-o para seu próprio bem quando ele nem sabia o que fazer para escapar deste ciclo. Nem uma única palavra de orientação enquanto Valeria continuava observando dos bastidores.
Ele não podia deixar de invejar o animal de estimação dela, Crepúsculo, que cochilava feliz em seu ombro e comia como um rei.
Mas em meio a tudo isso, Asher observou algo mais — Rebecca.
No começo, ele ignorou sua presença. Assumiu que ela estava ali apenas porque se prendeu ali com ele.
Mas então, ele começou a notar coisas.
A maneira como ela reagia a Skully com uma língua venenosa toda vez que ele desmoronava.
A maneira como ela xingava entre dentes ao ver seu corpo torcido e quebrado.
A maneira como ficava perto, cuidando de suas feridas, embora pudesse simplesmente ter jogado uma poção de mana nele e o deixado sofrer sozinho.
Ela limpava o suor e o sangue de sua testa com mãos firmes e cuidadosas, seu toque estranhamente gentil apesar de sua língua afiada usual.
Ela não estava apenas mantendo-o vivo por necessidade.
Havia algo mais.
E isso fazia o sangue de Asher ferver.
Por quê?
Por que ela se importava?
Por que ela o olhava com culpa?
Por que ainda ficava?
Era apenas um truque para baixar sua guarda?
Outra encenação?
Ele precisava saber.
Outro ciclo de tortura terminou.
Outro momento de fraqueza que ele se recusou a mostrar.
Asher sentiu sua consciência voltando—seu corpo era um desastre, seus músculos gritavam, sua visão estava embaçada.
E como esperado, Rebecca estava lá.
Ele sentiu a pressão fria de um pano contra sua testa, limpando sangue e suor.
Ela não estava dizendo nada.
Mas quando ele abriu os olhos, viu ela olhando fixamente para Skully, suas mãos apertando firmemente o tecido de seu vestido, como se estivesse tentando suprimir algo.
Era irritante.
Porque quase parecia que ela realmente se importava.
Ele não sabia se era por causa da tortura impiedosa pela qual estava sendo forçado a passar ou porque seu corpo acabara de se curar, mas ele sentia um calor indescritível fervilhando dentro de seu corpo. E vê-la e suas ações apenas agravavam isso.
Não. Isso não vai funcionar. Ele não pode continuar se perguntando sobre suas intenções e deixar-se ser enganado novamente.
Havia apenas uma maneira de descobrir!