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- Capítulo 823 - 823 Para Se Opor ao Mal 823 Para Se Opor ao Mal Arthur entrou
823: Para Se Opor ao Mal 823: Para Se Opor ao Mal Arthur entrou rigidamente no escritório bem iluminado do Juiz, sua postura ligeiramente ansiosa, mas determinada.
À sua frente, o Juiz se sentava atrás de uma vasta mesa de madeira, o peso de sua presença fazia o ambiente parecer menor do que realmente era.
As paredes eram revestidas com livros antigos – um contraste marcante com a arquitetura estéril e metálica da Torre do Infinito de Marte.
O rosto do Juiz estava esculpido com as linhas de uma vida passada em nome da justiça.
Seus penetrantes olhos escuros fixaram-se em Arthur com autoridade silenciosa, escrutinando-o de uma maneira que fazia Arthur sentir como se o homem pudesse ver através dele.
Não havia necessidade de apresentações.
O silêncio entre eles se estendeu, denso com um entendimento não dito.
Então finalmente—
“Sente-se, jovem.” A voz do Juiz era firme e deliberada. Arthur hesitou antes de se sentar na cadeira à sua frente, sua postura ainda rígida, como se seu corpo se recusasse a relaxar.
O Juiz entrelaçou os dedos sobre a mesa. “Você passou por muito, não é?”
A respiração de Arthur falhou levemente, mas ele não respondeu.
“Traição. Perda. Engano.” O Juiz continuou, sua voz nem lamentosa nem simpática – apenas afirmando fatos. “Tudo o que você pensou que sabia desmoronou ao seu redor, deixando-o em um terreno instável.”
Arthur engoliu em seco. Suas mãos cerraram-se em punhos em seu colo. Quanto este veterano sabia? O Juiz exalou suavemente, seus olhos brilhando como se já soubesse os pensamentos de Arthur. “Existem forças sombrias neste mundo contra as quais você não pode facilmente lutar.” Ele inclinou-se levemente para a frente, seu olhar afiado nunca vacilou. “Essas forças construíram um mundo onde elas controlam as cordas, onde até mesmo a justiça deve andar com cautela.”
Arthur sabia que ele estava falando sobre Derek e apertou o maxilar. “Está dizendo que você não vai ajudar?” Sua voz estava tensa, uma mistura de frustração e exaustão.
O Juiz permaneceu em silêncio por um momento antes de falar novamente, “Minhas mãos estão atadas… até certo ponto, apesar de ter algumas boas pessoas leais a mim.”
Os olhos de Arthur cintilaram. “Até que ponto?”
Os lábios do Juiz mal se curvaram no que poderia ter sido um fantasma de um sorriso. “Não posso agir abertamente ainda, nem posso lutar esta batalha por você.” Ele se recostou em sua cadeira. “Mas… posso garantir que você esteja preparado.”
A respiração de Arthur parou.
“Preparado?”
O Juiz assentiu, “Venho observando você, Arthur. Não como o mundo o vê – um Caçador condecorado e talentoso, um jovem com potencial – mas como alguém que ainda não compreendeu verdadeiramente do que é capaz.”
Arthur franziu levemente, mas o Juiz continuou antes que ele pudesse responder.
“Às vezes o mal não é apenas um oponente que você pode enfrentar com força bruta. É uma força que deve ser desmontada peça por peça. Se você pretende enfrentá-lo, deve alcançar o auge de seu verdadeiro potencial.”
O coração de Arthur disparou.
Treinamento.
Por tanto tempo, ele lamentou sua falta de experiência e treinamento e nunca teve tempo para melhorar a si mesmo depois de tudo que estava acontecendo. Ele gostava de como seu pai o treinava quando estavam juntos, mas agora ele não estava aqui e ainda havia muito a aprender.
Mas agora, este homem estava oferecendo a ele exatamente o que ele queria.
“Por quê?” Arthur perguntou depois de um momento, sua voz baixa. “Por que arriscar me ajudar?”
A expressão do Juiz não mudou, mas seus olhos suavizaram levemente.
“Porque eu sempre acredito na justiça.” Ele disse simplesmente. “E porque há poucos de nós restantes que estão dispostos a lutar por ela.” Os lábios de Arthur se abriram levemente, mas ele não conseguiu falar.
Por tanto tempo, ele se sentiu sozinho. Traído por aqueles em quem confiava, enganado por aqueles que respeitava. Mas aqui estava um homem — alguém com poder, com autoridade — que estava disposto a arriscar tudo para ajudá-lo.
Arthur baixou o olhar brevemente, suas emoções girando dentro dele.
Então — ele levantou a cabeça, seus olhos ardendo com uma nova resolução.
“Eu aceito.”
O Juiz assentiu uma vez, satisfeito.
Então, sua expressão tornou-se grave.
“Entenda isso, Arthur. Temos tempo limitado. As forças que espreitam nas sombras não permanecerão ociosas, e não posso conter o mal por muito tempo. O dia chegará em que tudo será revelado, e quando esse tempo chegar, caberá a você — e a aqueles que estiverem com você — estarem preparados para as consequências.”
Arthur imediatamente entendeu.
Que Derek ia fazer algo ainda pior e isso… aconteceria em breve.
Os punhos de Arthur se apertaram.
“Estou pronto,” ele disse, sua voz firme.
O Juiz deu-lhe um longo olhar de busca antes de acenar e chamou, “Evelyn.”
Uma das portas da sala se abriu quando Arthur viu uma senhora idosa em roupas bem ajustadas saindo com um olhar assertivo nos olhos.
Arthur ficou surpreso ao ver uma conselheira como ela entrando. Será que isso significa que ela estava trabalhando para o Juiz?
“Olá, jovem. Estávamos esperando que você aparecesse por conta própria. Felizmente, ainda não é tarde demais,” Evelyn disse enquanto se sentava ao lado de Arthur.
Arthur fez um aceno respeitoso antes de dizer com um olhar confuso, “Eu uh…”
“Evelyn é uma boa e velha amiga minha. Confio nela com minha vida. Ela será a responsável por nos vigiar enquanto eu estiver ocupado treinando você,” disse o Juiz com um tom de confiança.
“Você tem os olhos de sua mãe, mas… você se parece com ele. Se ao menos não fôssemos tão impotentes…” Evelyn murmurou com um olhar de arrependimento e nostalgia enquanto olhava para o rosto de Arthur.
Os olhos de Arthur piscaram com compreensão enquanto ele murmurava amargamente, “Impotentes? Se vocês realmente sabiam naquela época… por que não tentaram impedir que acontecesse?”
Evelyn soltou um suspiro pesado enquanto olhava para o Juiz, que olhou para Arthur e disse em voz baixa, “Porque sua mãe nos disse exatamente o que devemos fazer e, apesar de nossas próprias dúvidas e receios, sabíamos que tínhamos que seguir suas palavras, senão toda esperança estaria perdida. Não podemos imaginar o inferno pelo qual ela teve que passar para nos conceder tal conhecimento. Mas saiba que não foi em vão.”
Os olhos de Arthur tremeram ao levantar o olhar, perguntando-se o que isso significava. Isso significa que sua mãe realmente deixou seu pai morrer? Por quê? Que futuro poderia ser pior do que isso? Ela sozinha poderia ter impedido Derek se quisesse.
“Sabemos que é uma decisão difícil de entender. Mas só ela pode explicar para você.”
Arthur sabia que talvez não entendesse as decisões de sua mãe até encontrá-la e ouvir dela.
“Eu entendo… quero estar preparado.”
“Então vamos começar.”
—
Uma semana se passou.
Rowena estava em frente às altas janelas arqueadas de sua câmara, a escura luz da manhã lançando um brilho etéreo contra sua pele pálida. Ela descansou uma mão em seu ventre, sentindo a presença fraca, mas inegável, de vida dentro dela.
Sua barriga agora estava ligeiramente maior, um lembrete silencioso e inescapável de como seu filho estava crescendo rapidamente.
Ela se perguntou pela centésima vez como isso poderia estar acontecendo.
As palavras de Igrid ainda ecoavam em sua mente.
“A este ritmo, Sua Majestade, a criança pode nascer em poucas semanas.”
Ela tinha descartado isso na época, pensando que era um exagero. E ainda assim, ao sentir a sutil mudança em seu corpo, ela percebeu que ele não poderia estar mais certo.
Isso deveria ter sido um momento de alegria.
E, no entanto, o peso pesado que pressionava contra seu coração não permitiu que ela sentisse isso plenamente.
Rowena virou seu olhar para o horizonte, observando o sol carmesim lentamente se erguer sobre as terras desoladas. O céu estava pintado em tons de vermelho profundo e laranja, como se estivesse sangrando – um cruel reflexo de como ela se sentia por dentro.
Ela temia o tipo de mundo em que seu filho nasceria.
Um mundo onde seu povo estava espalhado. Onde seus inimigos se escondiam nas sombras, esperando por seu momento de fraqueza. Onde ela teve que esconder sua própria gravidez de seu povo porque temia o que seus inimigos poderiam fazer se descobrissem.
Seus dedos apertaram o tecido de sua roupa.
Ela já tinha perdido muito.
Ela não iria – não poderia – perder seu filho também.
Mas antes que pudesse se aprofundar mais em seus pensamentos, uma batida na porta a trouxe de volta à realidade.
“Pode entrar.”
A porta abriu-se lentamente, e Merina entrou com um sorriso suave, curvando-se profundamente antes de falar, “Peço desculpas por incomodá-la, Sua Majestade. Mas o Conselheiro Seron solicita falar com você sobre algo urgente.”
Os olhos carmesins de Rowena cintilaram com um brilho afiado.
“Ele finalmente voltou?” ela perguntou, virando-se para Merina. “Eu estava pensando em perguntar a ele sobre sua esposa e filhos. Eles nunca surgiram mortos, nem ninguém os viu morrer. Então eles devem estar em algum lugar… mas por que não voltaram quando mais precisamos deles?”
Merina hesitou por um momento antes de responder, “Tenho a sensação de que ele quer falar com você sobre isso. Ele estava esperando você acordar quando estava inconsciente, mas então ele saiu brevemente após saber que você estava grávida.”
Rowena estreitou os olhos levemente.
Seron sempre foi leal. Ele sempre cumpriu seu dever nos piores momentos. E ainda… algo nisso parecia estranho.
“Leve-me a ele,” ela finalmente disse, sua voz firme.
—
A sala de estudos estava à meia-luz, o cheiro de pergaminhos antigos preenchendo o ar. Quando Rowena entrou, Merina permaneceu à porta, dando-lhe privacidade.
Seron já estava dentro, parado rigidamente ao lado da mesa de madeira.
No momento em que a viu, ele rapidamente se levantou, sua expressão uma mistura de culpa e tormento.
“Sua Majestade.”
“Onde você estava, Tio Seron?” O tom de Rowena era calmo, mas havia uma ponta nele. “Eu sei que você estava aqui quando eu estava inconsciente. Mas por que saiu novamente? Por que sua família não está aqui?”
Ela acenou para ele se sentar, mas em vez de obedecer, Seron subitamente caiu de joelhos.
As sobrancelhas de Rowena se franziram em surpresa e desconforto.
“Eu cometi o pior crime, Sua Majestade!” A voz de Seron estava crua de culpa, suas mãos se cerrando em punhos trêmulos contra o chão de pedra.
A expressão de Rowena permaneceu impassível, mas internamente, ela sentiu um medo frio se instalar em seu estômago.
“Fale apenas a verdade,” ela ordenou, seu tom desprovido de calor. “O que você fez?”
Seron respirou fundo antes de forçar as palavras para fora.
“Eu… te traí.”