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- Capítulo 816 - 816 O Que Acontece Quando Você Não Tem Nada 816 O Que
816: O Que Acontece Quando Você Não Tem Nada 816: O Que Acontece Quando Você Não Tem Nada Dor.
Dor implacável, que devora a alma.
Asher conseguia sentir-se desmoronando—pele se rasgando, músculos se desfazendo, seus próprios ossos rachando sob a pressão insuportável.
Algo dentro dele estava colapsando, seu corpo o traía, suas reservas de mana mais vazias do que nunca—nem mesmo brasas restavam para se agarrar.
Sua respiração era irregular, sufocada, enquanto ele conseguia dizer com dificuldade através dos dentes cerrados, “O quê… O que está fazendo comigo…”
As veias verde-escuras entalhadas em seu corpo pulsavam, a energia estrangeira ainda se espalhando por ele como um parasita se banquetendo de sua existência.
A figura esquelética de Skully se aproximava cada vez mais.
Fria. Insensível. Impiedosa.
“Você depende demais do que já possui,” sua voz oca ecoava pelas vastas ruínas, como se falasse do próprio abismo.
“Vamos ver o que acontece quando você não tem nada.”
Antes que Asher pudesse processar suas palavras—
Seu corpo implodiu.
Não com uma explosão—
Mas um colapso.
Como uma estrutura sendo desconstruída de dentro para fora, seu corpo se desfazia em nível microscópico, sua pele rachando, tornando-se cinza antes de descascar como papel carbonizado.
Seus músculos se contraíam, afinavam—desapareciam.
Sua visão embaçava, as cores perdendo sua vivacidade enquanto seus nervos gritavam em protesto agonizante.
Ele estava sendo apagado.
Pedaço por pedaço excruciante.
Rebecca assistia com descrença horrorizada, suas mãos se fechando em punhos apertados.
“Que diabos você está fazendo com ele!? Você vai matá-lo!” ela rosnou, sua voz misturada com algo que ela odiava—medo.
Skully nem sequer lhe deu um olhar.
Contudo, Valeria caminhou em direção a Rebecca e disse simplesmente, “Ele está sendo ensinado.”
Os olhos de Rebecca ardiam em frustração. “Ensinado o quê? Como morrer!?”
“Isso depende dele,” Valeria murmurou como se fosse um fato.
Rebecca estava prestes a avançar, mas os mortos-vivos a mantinham presa no mesmo lugar, e o olhar de Valeria se intensificou.
Não com ameaça.
Mas como se dissesse—
“Se você interferir, ele morre.”
E Rebecca, apesar da fúria que borbulhava dentro dela, entendeu.
Isso era algo que apenas Asher podia superar.
Mas a forma como ele estava murchando diante de seus olhos fazia seu estômago revirar de ansiedade.
Ela não tinha certeza de que ele conseguiria.
A respiração de Asher ficava cada vez mais fraca, seus ossos sobressaíam contra sua pele cada vez mais fina, seu corpo inteiro encolhendo enquanto as veias ardentes em seu ser consumiam o que restava dele.
E no abismo de seu sofrimento, a voz de Skully permanecia distante, calmamente assustadora.
“Você tem duas escolhas.”
Asher tentou levantar a cabeça, mas seu pescoço mal se sustentava, sua visão escurecendo, os frios tentáculos da morte o envolvendo.
Skully continuou, suas órbitas oculares espectralmente brilhando de forma tênue,
“Sobreviver—sacrificando sua força vital para repor sua mana e se restaurar ou sobreviver sem ela. Se você for capaz de fazer o último, isso terminará.”
Os lábios de Asher mal se abriram enquanto ele ofegava, “Isso… não… é uma escolha…”
Como diabos ele pode sobreviver sem repor sua mana?
Skully inclinou a cabeça, o brilho em suas órbitas oculares escurecendo.
“Não é?”
Asher cerrou os dentes, forçando-se a mover mesmo enquanto seu corpo protestava.
Sem mana. Sem energia. Sem força.
Mas se ele pudesse apenas queimar sua força vital—
Era a única coisa que ele sempre fazia.
Uma medida desesperada. Uma maneira de se manter de pé quando a mana sozinha não era suficiente.
E agora, não havia outro jeito.
Ele tinha que fazer isso.
Seus dedos tremiam, seu peito subia vagamente enquanto ele acessava sua própria essência, sugando a vida dentro de si para acender sua mana agonizante.
Um lampejo—
Então uma faísca.
Chamas verde-escuras lambiam sua pele—
Apenas para desaparecer.
Algo estava faltando.
E então—
Agonia.
Um puxão agudo, como se algo estivesse sendo arrancado do seu íntimo.
Sua respiração falhava, sua visão se turvava em vermelho, e ele sentia—
Sua mana não estava sendo reposta como de costume.
Ela estava sendo roubada.
Tomada dele à medida que mais ele tentava repô-la.
Sua cabeça se ergueu abruptamente, pânico se apoderando dele, “O-O que… O que diabos?”
Tentou de novo—mais um lampejo de vida se esvaía.
Perdido. Para sempre.
Ele olhou para Skully, seus olhos injetados de sangue ardendo com a realização, horror—fúria.
“…Você está roubando.”
Skully simplesmente encarou.
“Só percebeu agora?”
Asher rangia os dentes tão forte que quase trincaram, sua raiva borbulhando sob seu corpo falhando.
“Você está—” sua voz estava rouca, sua garganta seca como a morte, “tentando me matar…?”
Skully inclinou a cabeça.
“Isso depende de você.”
Asher queria amaldiçoar, gritar, se debater—mas seu corpo estava desmoronando mais rápido do que ele podia processar.
Sua força vital estava quase extinta.
Sua mana esgotada.
Ele estava de pé no precipício da morte.
Sua chamada linhagem imortal não significava nada se não houvesse mais o que o mantivesse vivo.
Ele não conseguiria vencer isso.
Não—
Ele não venceria isso.
Mas então de repente ele sentiu a dor se esvair, fazendo seus olhos avermelhados se arregalarem enquanto ele olhava para Skully incrédulo.
Skully falou, sua voz fazendo o ar vibrar, “Eu prometi um mês de tempo. Então não vou deixar você ou seus amigos morrerem antes disso. Mas continuaremos isso até seu tempo se esgotar.”
Asher tinha cem coisas para dizer e amaldiçoar, especialmente por que Skully planejava torturá-lo assim.
Mas antes que ele percebesse, sua visão escureceu, e ele desabou no chão.
“Asher!” Rebecca gritou chocada e com um medo indescritível ao vê-lo cair.
Valeria se virou para olhar para Rebecca e disse, “Ele é seu até que meu mestre esteja pronto para continuar,” Dizendo isso, Valeria se afastou enquanto recolhia a figura inconsciente de Lori que estava nas mãos do morto-vivo que a segurava.
Rebecca piscou os olhos quando o morto-vivo que a segurava de repente desapareceu e ela ficou livre para se mover.
Sem nem parar para pensar ela correu em direção à figura inconsciente de Asher.
Asher jazia no frio e antigo piso de pedra, seu corpo drenado além de tudo que ele já havia experimentado antes. Ele mal tinha forças para se mover, seus membros pareciam não pesar—não de descanso, mas de um esgotamento tão profundo que roía sua alma.
Sua pele estava mais pálida do que nunca, sua carne esticada, e seus circuitos de mana pareciam corroídos, como se algo dentro dele rejeitasse sua própria existência. Ele nunca se sentiu tão perto do vazio—tão perto de desaparecer.
E ainda assim, ele ainda estava aqui.
Por enquanto.
Um pano úmido foi pressionado contra sua testa, e uma voz irritada e aguda o seguiu.
“Droga… droga TUDO isso,” Rebecca sibilou, suas mãos tremendo enquanto ela passava o pano sobre sua pele encharcada de suor, “Que tipo de tortura desgraçada é essa!? Não é como se você tivesse matado nove gerações da família dele para merecer isso.”
Os lábios rachados de Asher se curvaram em um sorriso fraco.
“…Você não deveria ter me seguido…Você pode morrer comigo aqui…” ele falou rouco, sua voz apenas acima de um sussurro.
Rebecca estalou a língua, espremendo o pano úmido mais forte do que o necessário, “Argh, nunca pensei que você me arrastaria para uma armadilha assim. Se eu soubesse teria caminhado no sentido oposto. Mas…” os olhos de Rebecca se aguçaram com uma determinação fria enquanto ela dizia, “…agora que já estou aqui, não vou deixar você morrer antes de mim. É melhor você descobrir o que esse monstro insano quer e de alguma maneira escapar deste lugar. Todas as nossas vidas estão em jogo aqui.”
Asher soltou um grunhido fraco—um que rapidamente se transformou em uma tosse dolorida.
Os olhos de Rebecca brilharam com preocupação enquanto ela segurava seu queixo e o forçava a olhar para ela. “Ei, não ouse morrer em mim. Está me ouvindo?”
Asher a olhou fracamente, “Você…Eu lembro de você se deleitando com a visão disso sempre que me via em um estado similar a este…Você sente o mesmo agora?”
Os olhos de Rebecca tremeram brevemente antes dela dizer com a mandíbula travada, “Por que você está fazendo perguntas tão estúpidas agora em vez de se concentrar no que importa?”
“Eu não sei…Me lembrei da dor que senti todos aqueles anos atrás…” Asher murmurou enquanto se lembrava da impotência que sentiu quando Skully o torturava, o que era semelhante ao que ele sentiu como um aleijado sem alma.
Rebecca poderia dizer tudo o que quisesse, mas seus dedos trêmulos traíam suas emoções, especialmente ao ver a luz quebrada que brilhou brevemente em seus olhos.
“É só a sua dor fazendo você falar como um louco. Só beba esse remédio antes de você falar até a morte,” dizendo isso, Rebecca forçou um frasco de líquido azul escuro em sua boca.
“Você ainda quer salvar seu povo, não quer? Especialmente aquelas mulheres suas? Você não quer acertar as coisas com Rowena? Você não vai conseguir se continuar tendo pensamentos estúpidos,” Rebecca disse em um tom de frustração enquanto continuava forçando o remédio em sua boca.
Asher não teve escolha a não ser engolir tudo. Mas no momento em que o remédio começou a fazer efeito, ele conseguiu recuperar um senso de racionalidade e clareza.
As palavras de Rebecca ecoaram profundamente, especialmente sobre Rowena.
“Eu preciso escrever algo… Me dê uma carta para escrever…” Asher disse enquanto empurrava-se para se levantar.
“Você está louco?” Rebecca perguntou com os olhos arregalados ao ouvir seu pedido absurdo e acrescentou, “Aquele bastardo morto-vivo vai voltar a qualquer momento para te torturar novamente. E ainda assim você quer escrever uma carta em vez de se concentrar em se recuperar?”
“Eu tenho que fazer isso…Caso contrário, eu pode nunca mais ter uma chance…” Asher disse com um olhar complicado e pesado, fazendo o coração de Rebecca vacilar ao ver o olhar desesperado em seus olhos.
“Tá bom. Mas você melhor fazer rápido. Eu não posso me deixar morrer só porque você perdeu tempo demais escrevendo uma carta estúpida,” dizendo isso, Rebecca pegou um pergaminho vazio e uma pena antes de entregá-los a ele.
Asher imediatamente tentou escrever, mas suas mãos estavam tremendo demais, e seu corpo estava mais fraco do que ele pensara.
Rebecca estalou a língua enquanto arrancava a pena dele e disse, “Eu vou escrever para você. Apenas faça rápido.”
Asher percebeu que não tinha outra escolha e assentiu enquanto começava a dizer a ela o que escrever.
As sobrancelhas de Rebecca se levantaram brevemente quando ela percebeu para quem ele queria enviar essa carta. E enquanto ela escrevia suas palavras, seus olhos começaram a amolecer e uma estranha mistura de inveja e tristeza se enraizou em seu coração.
Apenas algumas horas depois, Asher já estava de volta ao normal, mas ele ainda não conseguia entender o que Skully estava tentando realizar torturando-o.
Como ele poderia sobreviver à tortura sem sacrificar sua força vital? Como ele poderia repor sua mana sem usar o único método que conhecia?
Se Skully realmente queria torná-lo mais forte, por que fazer isso de uma maneira tão tortuosa?
No entanto, como ele temia, Skully se revelou junto com Valeria seguindo atrás dele.
“Vamos continuar.” A voz profunda de Skully ecoou, seu olhar vazio fixado em Asher.
Asher engoliu a frustração ardendo em sua garganta. Ele já sabia disso.
Isso era apenas o começo de seu sofrimento.
E os dias que se seguiram provaram isso.