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- Capítulo 815 - 815 Não Digno de Suas Chamas 815 Não Digno de Suas Chamas
815: Não Digno de Suas Chamas 815: Não Digno de Suas Chamas Valeria deu um passo à frente, seus punhos enguantados se apertando, sua postura mudando para uma forma de combate refinada, porém brutal — uma que falava de experiência, disciplina e absoluta confiança.
Asher, ainda segurando sua lâmina anelar, estreitou os olhos enquanto observava sua postura se solidificar.
Sem arma.
Ela não iria usar sua espada.
Ele podia sentir na maneira como ela estava — ela pretendia lutar com ele desarmada.
A lâmina anelar de Asher se desintegrou.
Uma batalha de punhos, então.
Ele soltou o ar, exalando brasas verde-escuras enquanto decidia jogar limpo.
E assim como isso—
Ela sumiu.
Uma mancha de aço preto e sombra — ela fechou a distância entre eles num único instante.
BAM!
Asher mal conseguiu levantar os braços para bloquear enquanto o punho dela batia contra seu antebraço, o impacto enviando uma onda de choque pelo ar, suas botas deslizando para trás sobre o piso de pedra das ruínas.
A velocidade dela era insana.
Mas Asher revidou com a mesma rapidez.
Suas chamas malditas explodiram para fora, sua forma ardendo como um inferno ambulante da morte, seus punhos esqueléticos flamejantes encontrando seus nós de ferro com fúria implacável.
CRACK! BOOM! BAM!
Cada soco, cada golpe, cada movimento era nada menos que brutalidade e perfeição colidindo em forma bruta.
Mas quanto mais ela o atingia, mais forte e rápido ele ficava. No entanto, ao mesmo tempo, ela parecia de alguma forma acompanhar, como se estivesse propositalmente e cuidadosamente usando seu poder para não lhe dar uma vantagem precoce.
Ele sabia que ela tinha uma boa ideia sobre seus poderes, o que apenas tornava essa batalha mais difícil para ele. Mas o fato de que ela não estava protelando e estava confiante o suficiente para atacá-lo era apenas outro choque.
Asher se desviou do próximo golpe dela, suas chamas girando violentamente ao seu redor, e pela primeira vez, ele viu uma pequena abertura em suas defesas.
Seu punho disparou para frente.
Um soco direto, monstruoso—
BOOOOM!!!
Seus punhos flamejantes colidiram com o rosto dela, capaceteado, o impacto tão poderoso que enviou ondas de choque que fizeram o chão similar a ferro sob eles tremer sutilmente.
A cabeça de Valeria foi jogada para trás, seu corpo cambaleando com a força pura.
Mas a vitória de Asher durou pouco—
Porque ele a viu.
Um fino traço escuro de sangue escorrendo por baixo da viseira fria e sem vida de seu capacete.
Ela tossiu.
Sangue.
Ainda assim—
Ela mal reagiu.
Ela não tropeçou.
Ela não vacilou.
Ela aguentou.
Como se seu soco não fosse nada além de um mero inconveniente.
As órbitas flamejantes de Asher se alargaram por um breve segundo.
Ela podia sangrar.
Ela podia quebrar.
E ainda assim—
Ela ficou imperturbável, como uma força imóvel da natureza.
Doía nele sentir suas mãos brutalizando o corpo dela apesar de saber que ela não ligava. Mas saber que ela era irmã de Rowena apenas piorava a sensação.
O silêncio estranho foi despedaçado pela voz baixa de Asher, “Por que você não está usando sua forma Maldita?”
Ele sabia que como uma morta-viva ela não podia sentir dor. Mas não era sobre isso.
Ela tinha o poder de ficar mais forte aproveitando a Marca dos Malditos e se transformando.
Por que ela não estava usando?
A resposta de Valeria foi calma.
“Não vou precisar.”
Seu tom foi final, como se a própria pergunta dele fosse sem sentido.
O maxilar de Asher se apertou.
Seu orgulho ardeu com as palavras dela.
Ela realmente acreditava que não precisava disso para derrotá-lo.
Havia apenas um jeito de descobrir.
Ele atacou novamente.
As chamas de Asher aumentaram, sua velocidade dobrando, seus punhos se tornando borrões de destruição, contudo—
Valeria mudou.
Seus movimentos se alteraram completamente, adaptando-se em plena luta.
Antes, ela era precisa, controlada e calculista.
Agora?
Ela se tornou imprevisível.
Seu corpo se movia de forma líquida, mas explosiva, seus punhos atacando mais rápido, golpeando mais forte, seus ataques afiados e monstruosos, fazendo com que o próprio poder de Asher aumentasse ainda mais apenas para acompanhar.
Mas então—
Ele percebeu.
Seu MP estava se esgotando ainda mais rápido.
Quanto mais ele lutava, mais forte e rápida ela se tornava, como se ainda não tivesse usado toda sua força contra ele.
E por sua vez, ele se tornava mais rápido e mais forte.
Era uma batalha de desgaste.
Um ciclo vicioso — um que ele já sabia agora que não ganharia.
Pois não importava quantos socos devastadores ele desse—
Não importava quantas vezes ele quebrasse seus ossos—
Ela aguentava todos.
Como um corpo de aço inquebrável, ela absorvia tudo.
Asher podia ouvir os ossos dela retinandando e trincando sob seus socos, mas eles nunca se estilhaçavam, fazendo-o perceber quão incrivelmente resistente era o corpo dela.
Ela estava sangrando pelas pequenas brechas entre as placas de sua armadura, mas ela não diminuía a velocidade.
Ela apenas ficava mais rápida.
SLAM!!!
Antes que Asher pudesse reagir, o punho dela dirigiu-se ao seu peito, expulsando as chamas dele.
Suas chamas se apagaram.
Sua forma Trazedor do Inferno cintilou.
E então—
Elas se despedaçaram.
Seu mana se esgotou.
As chamas verde-escuras extinguiram-se instantaneamente, seu corpo retornando ao normal enquanto ele voava para trás.
BOOOOM!!!
Seu corpo se chocou contra a parede indestrutível das ruínas, uma onda brutal de dor explodindo pelos seus ossos enquanto ele caía no chão.
Ele tossiu—
Sangue escorrendo por seus lábios.
O silêncio se seguiu.
Rebecca piscou. Ela não se mexeu. Ela não falou.
Pois o que ela acabara de ver não deveria ter sido possível.
Asher perdeu.
Aquele bastardo desprezível…
O Rei Imortal, que supostamente não deveria cair tão facilmente.
O Trazedor do Inferno.
Derrotado.
Por um Guardião Sanguepuro.
Quem era essa alta mulher-monstro sob o disfarce de uma guardiã?
A garganta de Rebecca estava seca, seus pensamentos uma bagunça.
Essa mulher… Ela não podia ser apenas qualquer Guardião Sanguepuro.
Não tinha como.
Sua linhagem tinha que ser especial para ficar tão forte que até rivalizava com a força do Guardião da Lua.
Os pensamentos de Rebecca foram interrompidos enquanto Valeria caminhava para frente, parando sobre a forma caída de Asher.
Rebecca se perguntava se ela estava prestes a zombar dele ou olhar para baixo com superioridade.
Mas nada disso aconteceu.
Em vez disso—
Valeria ofereceu a mão.
Sua voz era inexpressiva, inabalável.
“Você vai ficar bem.”
Asher, gemendo, puxou-se para cima pegando a mão dela, seus músculos tensos pela exaustão.
Com uma risada seca, ele limpou o sangue da boca, sua mente ainda acelerada.
Essa força…
Não era normal.
Ela se tornou poderosa assim porque foi treinada por um monstro imortal e morto-vivo?
O que diabos Skully estava a transformando?
Antes que ele pudesse dizer alguma coisa, uma alta e escura sombra pairava sobre ele.
Skully.
O antigo mestre morto-vivo estava ao lado de Valeria, sua presença dominando ambos.
Então, com uma voz oca, fria, ele falou:
“Você é muito fraco para ser digno de suas chamas.”
Asher cerrou o maxilar, seus punhos ainda apertados apesar do esgotamento em seus membros. Seu corpo ainda carregava o eco da batalha, cada fibra do seu ser gritando com ele pela troca brutal com Valeria.
Porém a pior dor não era física.
Era o que Skully disse.
“Você é muito fraco para ser digno de suas chamas.”
Essas palavras o roíam, queimando mais profundamente do que qualquer ferida. Porque ele sabia que ele estava certo.
Ele exalou bruscamente e olhou para Skully com os olhos estreitos.
“… O que você sabe sobre minhas chamas?” ele perguntou, sua voz baixa, carregada de frustração. “Como você compartilha meus poderes?” Asher finalmente fez a pergunta que o roía.
As assustadoras cavidades oculares vazias de Skully brilhavam com uma luz indecifrável, mas sua expressão—ou o que poderia passar por uma—permanecia inexpressiva, indiferente.
“Eu lhe disse que não preciso das suas perguntas,” a voz de Skully ressoou pelo ar, profunda e mortalmente silenciosa. “Apenas de suas ações.”
Asher sentiu seus músculos tensionarem, mas antes que pudesse falar, Skully continuou.
“Você confia na sua forma de Trazedor do Inferno do jeito errado,” ele disse, seu tom tão frio e absoluto quanto o túmulo. “Você se torna mais forte ao custo de sua mana. Se Valeria só tivesse perdido tempo, você nem teria conseguido tocá-la.”
As mãos de Asher se apertaram ainda mais.
Ele sabia que era verdade.
Ele tinha sentido.
Valeria estava apenas testando-o.
Ela sabia o que estava fazendo. Se tivesse prolongado a luta, poderia ter esperado sem esforço até que ele não pudesse mais usar seus poderes.
“Você depende disso como uma muleta,” Skully continuou. “Uma onda temporária de poder para lhe dar a ilusão de força. Mas tudo o que faz é te enfraquecer.”
Asher podia ver que ele tinha um ponto e ainda assim deixou escapar um suspiro de frustração, “E como exatamente eu devo lutar contra aqueles mais fortes do que eu se não posso contar com isso?” Seus olhos ardiam de desafio enquanto ele dava um passo para a frente, olhando fixamente para a entidade antiga e morta-viva diante dele. “Devo apenas ficar lá e me deixar ser morto?”
Skully permaneceu em silêncio por um momento antes de inclinar sua horrenda cabeça esquelética levemente para o lado.
“Eu nunca lhe disse para não usá-lo,” ele disse lentamente. “Eu lhe disse que você não sabe como usá-lo de verdade.”
Asher franziu a testa.
Utilizá-lo de verdade?
“O que diabos isso significa?”
As cavidades vazias e imóveis de Skully brilhavam com uma luz perturbadora.
“Você acha que sua forma de Trazedor do Inferno é um escudo—uma forma de absorver dano e superar seu inimigo. Mas você está errado. Não foi feito para ser apenas isso. Não é apenas uma armadura ou um poder de batalha. Pode ser algo muito mais poderoso.”
Asher sentiu seu peito apertar ao ouvir essas palavras.
Sua forma de Trazedor do Inferno era seu trunfo.
Era o que lhe permitiu enfrentar aqueles que deveriam tê-lo matado.
E agora—
Skully estava lhe dizendo que ele estava usando errado o tempo todo?
“…Como o quê?” Asher perguntou, sua voz agora carregada de intriga em vez de frustração.
Skully não respondeu imediatamente.
Em vez disso, ele deu um passo para frente, sua imponente figura esquelética chegando mais perto, mais fria, mais pesada.
“Você sabe por que não pode absorver mana?”
Asher piscou, surpreso pela pergunta abrupta.
Seus lábios se entreabriram, mas ele os fechou novamente.
Porque a verdade era—
Ele não sabia.
Ele sempre se perguntava por quê.
Por que todo outro ser neste mundo podia absorver mana do ar, recarregar sua energia—exceto ele? Mesmo seu eu humano podia fazer isso.
“…Não,” ele admitiu com a testa franzida, “Eu sempre me perguntei, mas não é como se eu pudesse descobrir o porquê.”
Skully inclinou a cabeça levemente, sua voz oca, inexpressiva, porém absoluta.
“Então eu farei você descobrir.”
Antes que Asher pudesse reagir—
Skully se moveu.
Mais rápido do que os olhos de Asher podiam seguir.
O cajado negro e carbonizado na mão de Skully subitamente avançou—
A ponta verde e brilhante pressionando forte contra o peito de Asher.
“—Ghhaah!”
Dor.
Dor inimaginável, consumidora.
Veias verdes escuras irromperam pela pele alva de Asher como rachaduras pelo vidro, emanando de seu peito em um padrão pulsante e violento.
Seu rosto ficou pálido, seu corpo enrijecendo, seus olhos arregalados em choque.
Era como se algo estivesse o queimando por dentro.
O próprio ar parecia veneno, seus circuitos de mana corroendo, algo se agarrando nele de dentro para fora.
Isso era exatamente como Lori descreveu a mana aqui estava corrompendo seu corpo.
Por que ele estava sofrendo com a mana aqui de repente? O que Skully fez com seu corpo?
Sua visão embaçou, sua respiração entrecortada, enquanto seus joelhos quase cediam sob ele.
“Ei! O que você está fazendo com ele, seu miserável ossudo! Pare!!” Rebecca gritou de longe apesar de estar presa pelo morto-vivo. Ela sentiu seu coração tremer ao ver o que Skully estava fazendo com Asher, fazendo-a sentir medo de uma maneira que não podia descrever.
Ela apertou os dentes até seus lábios sangrarem, mas ela não conseguiu se libertar ou usar seus poderes para escapar do aperto desse morto-vivo.
Mas nem ele nem Valeria deram atenção às palavras dela.
A voz de Skully permanecia calma, distante—impiedosa.
“Aqui te chamam de Rei Imortal,” sua voz ecoou na câmara, profunda e desprovida de emoção, “Mas você nunca realmente foi um até agora.”
Asher apertou os dentes, seu corpo tremendo sob a agonia avassaladora que se espalhava por dentro dele.
O olhar de Skully penetrou nele, como se estivesse examinando algo sob a própria pele.
“É hora de descobrir,” Skully disse, suas palavras soando com finalidade.
“Se você pode se tornar um… ou morrer como um mortal.”