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- Capítulo 814 - 814 Prova o Seu Valor 814 Prova o Seu Valor O longo corredor
814: Prova o Seu Valor 814: Prova o Seu Valor O longo corredor escuro estendia-se diante deles como uma ferida aberta na própria trama do tempo, um lugar intocado pela passagem dos anos, mas assombrado por seu peso.
As paredes estavam cobertas de teias de aranha, e o ar carregava uma quietude sufocante, como se as próprias ruínas estivessem prendendo a respiração.
E então, eles o viram.
Uma figura desfigurada envolta em negro, sua estrutura esquelética retorcida e exposta onde ossos queimados e enegrecidos sobressaiam em ângulos antinaturais.
Magma verde escuro escorria sobre seu corpo, pulsando com um brilho sinistro e profano, espelhando a mesma luz ardente em suas órbitas vazias. As chamas dentro de seu crânio cintilavam lentamente, metodicamente, como um ser que há muito tempo ultrapassara a necessidade de pressa.
Skully.
Ele permanecia imóvel diante da grande rocha, exatamente como Asher se lembrava. Como se estivesse guardando algo.
Rebecca parou, seu olhar saltando entre Asher e Valeria antes de se fixar novamente em Skully.
Ela esperava algo diferente.
Algo… monstrous que ela não conseguia imaginar.
Em vez disso, o que estava diante dela se assemelhava aos próprios escravos mortos-vivos que Asher poderia invocar à vontade — exceto que, diferente daqueles, ela não conseguia sentir um fiapo da aura de Skully.
Esse fato por si só a perturbava, especialmente considerando que ele era suposto ser um monstro com milhões de anos de idade mais forte que o Guardião da Lua.
Os lábios de Rebecca se curvaram em um profundo franzido enquanto ela perguntava, “Por que ele se parece com um dos seus escravos mortos-vivos?”
Asher, com o olhar firme, simplesmente balançou a cabeça. “Não faço ideia. Mas de alguma forma ele está conectado aos meus poderes.”
Rebecca bufou, mas suas mãos se fecharam em punhos. Algo em tudo isso estava errado. Ela podia perceber, desde a estranha arquitetura até as misteriosas runas mortas, até o monstruoso morto-vivo que havia vivido por um tempo impossível — este lugar, estas ruínas, eles não pertenciam ao seu mundo.
E mais que isso—
Skully também não pertencia.
Então, como eles poderiam todos existir aqui?
Valeria deu um passo à frente, curvando-se profundamente antes de falar em seu tom usual sem emoção.
“Ele deseja buscar sua ajuda, Mestre.”
Skully, ainda em silêncio, desviou o olhar para Asher. As chamas em suas órbitas brilharam mais intensamente por um breve momento.
Asher não hesitou.
Ele avançou, ajustando cuidadosamente a pequena forma inconsciente de Lori em seus braços. O corpo majestoso de Lori, normalmente poderoso sem razão, agora jazia inerte, suas escamas outrora brilhantes agora embotadas, seu corpo corrompido pela mana traiçoeira deste lugar.
Com um suspiro profundo, Asher falou, seu tom constante, mas firme.
“Eu sei que talvez tenhamos te ofendido entrando em seu território. Mas alguém tentou nos prender aqui. Você já deve saber disso. Estávamos apenas tentando encontrar uma saída, e agora minha amiga—Lori—está morrendo por causa da mana corrompendo seu corpo.” Seu maxilar se apertou levemente antes de adicionar, “Então você pode por favor… ajudá-la a se recuperar? Ouvi dizer que você tem a capacidade de fazer isso.”
Um silêncio espesso seguiu.
Skully permaneceu imóvel, seu olhar nunca deixando Asher.
Os dedos de Asher tremeram levemente. Ele se perguntava se a monstruosidade morta-viva iria recusar, embora sentisse uma sensação estranha vinda de seu olhar. Uma sensação que parecia penetrar profundamente.
Então, finalmente—Skully falou.
Sua voz era profunda, oca e sinistra, ressoando pelo corredor como um sussurro do abismo.
“Por que você me pede quando você mesmo é capaz de fazer isso, Asher Drake?”
As sobrancelhas de Asher se uniram, “O quê?”
Ele olhou para baixo, para a forma ainda imóvel de Lori, sua mente acelerada.
“Eu não entendo. Eu tentei, mas a mana que está corrompendo seu corpo é muito forte para eu fazer qualquer coisa a respeito.”
Skully permaneceu silencioso por um momento antes de responder, sua voz inabalável.
“Então você tem que ficar mais forte.”
Asher piscou. Sua pegada em Lori se apertou enquanto ele olhava para Skully com incredulidade,
“O quê… Mas… Quão forte?”
O morto-vivo lentamente virou a cabeça, suas órbitas vazias queimando com um brilho ominoso enquanto ele olhava para a grande rocha atrás dele.
“Forte o suficiente para mover esta rocha com suas próprias mãos.”
Rebecca espremeu os olhos, estendendo um pouco o pescoço para ter uma visão melhor.
“O que há de tão especial nessa rocha sem graça?” ela zombou, embora não pudesse deixar de estar curiosa sobre o que havia atrás dela.
Asher estreitou os olhos para o imenso boulder imóvel, um familiar senso de inquietação se formando em seu peito.
Ele se lembrou de como havia falhado gloriosamente em movê-la sequer um centímetro, apesar de usar toda a sua força.
Ele exalou bruscamente, balançando a cabeça.
“Isso é impossível. Eu não tenho tempo suficiente para ficar tão forte, nem encontrei uma maneira ainda de me fortalecer. Eu vim aqui por dois motivos—para salvar Lori e para descobrir por que você estava me esperando. O que você quer de mim?”
Asher realmente não tinha ideia de como deveria ficar forte em dois meses, que dirá forte o suficiente para mover aquela rocha.
Sua única solução desesperada era entrar no 7º andar da Torre do Inferno. Mas porque ninguém jamais havia retornado daquele andar proibido, ele tinha medo… medo da possibilidade de que ele talvez nunca voltasse e acabasse deixando todos os seus amados morrerem.
Mas se ele não conseguisse pensar em mais nada em breve, seria a única escolha que teria.
Seu olhar endureceu, “Você garantiu que Valeria se tornasse minha protetora mesmo antes de eu acordar neste mundo. Como e por quê?”
Por um momento, nada aconteceu.
Então—de repente—
Uma chama verde escura irrompeu do chão.
Um guerreiro morto-vivo, envolto na mesma chama sinistra, materializou-se, seu aperto esquelético agarrando a garganta de Rebecca, puxando-a para trás com uma velocidade aterrorizante.
“Heuurghhh!”
Ela engasgou, suas mãos voando para arranhar o aperto da criatura, seus olhos arregalados de choque.
Simultaneamente, outro morto-vivo surgiu das sombras, suas mãos ósseas arrancando Lori do alcance de Asher.
“Que porra—?!” Asher avançou, seus instintos gritando, sua mana aumentando—
Mas antes que ele pudesse atacar, Skully levantou seu cajado.
Uma arma negra e retorcida, sua superfície pulsando com texturas sinistras, encimada por um orbe verde escuro que irradiava energia antinatural.
Com um simples toque—o cajado mal roçando o peito de Asher—
Uma onda de choque de energia escura o lançou para trás.
*BOOOM!*
Asher cerrou os dentes, atingindo o chão com uma força que enviou uma onda de poeira para fora. Ele rapidamente se levantou, seus olhos ardendo de fúria enquanto encarava Skully.
Rebecca, ainda lutando no aperto do morto-vivo, conseguiu engasgar, “Eu te disse… esse monstro morto-vivo não é de confiança…!”
O pulso de Asher pulsava em seus ouvidos. Seu corpo se tensionou, mas ele podia dizer pela imobilidade de Valeria que ela não estava surpresa com isso. Ela realmente obedeceria a tudo o que seu mestre quisesse que ela fizesse? Mesmo que significasse assistir ele se machucar ou pior?
Ele sabia que não podia culpá-la, mas ainda assim…
Então, Skully falou novamente.
“O que eu preciso de você não são perguntas, mas ações.”
Sua voz oca ecoou pelo corredor, enviando um arrepio gelado pela espinha até mesmo de Rebecca, que nunca tinha medo dos mortos-vivos por razões óbvias.
“Tudo que você precisa saber é que você deve ser útil para mim. Em troca, você pode ser útil para o seu povo.”
Ele ergueu seu cajado levemente, “Eu te darei um mês.”
Asher congelou.
“Um mês?”
As órbitas de Skully brilharam mais intensamente, “Se você não conseguir ficar forte o suficiente para derrotar minha discípula até então—”
Skully virou seu olhar para Valeria, que permaneceu silenciosa e inabalável,
“—então ambos os seus amigos morrerão.”
A respiração de Asher ficou presa em sua garganta. Seu olhar oscilava entre Valeria, Rebecca ainda lutando no aperto dos mortos-vivos, e a forma inconsciente de Lori nos braços de outro.
Suas mãos se fecharam em punhos.
“Você quer que eu lute contra Valeria?”
Valeria virou a cabeça lentamente em sua direção, sua expressão escondida sob o capacete.
As próximas palavras de Skully foram definitivas.
“Prove seu valor, Asher Drake.”
A mandíbula de Asher se apertou, sua mente acelerada.
O que diabos ele tinha acabado de se meter?
Rebecca debochou, seus olhos vermelhos escuros cintilando com divertimento zombeteiro enquanto olhava para Asher. Mesmo com os dedos ossudos dos mortos-vivos ainda envolvendo seu pescoço, ela conseguiu dar uma risada abafada e presunçosa.
“Isso é fácil… Por que você está tão chocado?” ela zombou, desviando o olhar para Valeria. “Ela é a mais nova e mais fraca Guardiã Sanguepuro, mal uma Devoradora de Almas de nível S baixo. Então agora é a melhor hora para mostrar a ela quem é seu verdadeiro mestre.”
Seus lábios se curvaram em um sorriso presunçoso e forçado, apesar de ainda estar lutando por ar.
Asher soltou um suspiro profundo, sua expressão indecifrável.
Rebecca não tinha ideia.
Nenhuma ideia de que Valeria vinha escondendo sua verdadeira força todo esse tempo.
E ainda assim… ele também não sabia.
Mesmo após tudo, ele nunca tinha visto Valeria lutar com toda a sua força.
Seu olhar se voltou para ela, observando enquanto ela avançava—seus movimentos controlados, precisos e absolutamente sem hesitação. Ela se posicionou em uma postura de batalha, suas mãos repousando perto da lâmina massiva presa às suas costas.
Asher franziu a testa levemente.
Se ela realmente estava se contendo, então quão forte ela era?
Valeria agiu primeiro.
Sem aviso, a grande espada presa em suas costas estava de repente em suas mãos, seu metal negro com veias sanguíneas brilhando sob o brilho sinistro das ruínas.
E então—
Ela a lançou.
A velocidade pura com a qual ela arremessou tal arma colossal era quase sobrenatural.
Um borrão negro fatal cortou o ar, rasgando a escuridão como um julgamento estrondoso vindo do próprio abismo.
Os olhos de Asher se arregalaram, seus instintos gritando para ele.
Rápido demais.
Ele mal conseguiu reagir, seu corpo se acendendo em um rugido infernal de chamas verdes escuras, sua forma de Trazedor do Inferno emergindo justo a tempo antes que a espada colidisse com ele.
BOOOOM!!!
No momento em que a grande espada o atingiu, a força pura por trás dela sacudiu cada um de seus ossos. O metal chocou-se violentamente contra seu esqueleto, enviando ondas de choque trovejantes que rasgaram as antigas ruínas.
Seu corpo tornou-se um projétil.
O impacto puro lançou Asher atravessando o longo corredor como um meteoro, sua forma flamejante cortando o ar antes de ser arremessado contra a parede distante com uma força capaz de despedaçar a terra.
CRAAAACK!
Mesmo as fortes paredes do agora destruído Castelo de Pedra Demoníaca teriam tremido e desmoronado sob tal impacto poderoso.
No entanto, as paredes desta câmara grande e escura nem sequer tremeram, e não havia uma única fratura na parede.
Parecia não se intimidar com o impacto trovejante antes de Asher colapsar no chão, a pesada espada fazendo um clangor ecoante ao seu lado.
Um pesado silêncio se seguiu.
Até mesmo Rebecca, que nunca era de ficar sem palavras, permaneceu paralisada, seus olhos arregalados em absoluta incredulidade.
Sua boca se mexeu, mas nenhum som saiu no início.
“Q-Que… em nome dos demônios… foi isso?” ela finalmente falou, sua voz tremendo levemente.
Não era apenas sobre força.
Era a força bruta por trás do arremesso de Valeria—
Um único movimento, e ainda assim, o poder por trás disso havia destruído o ímpeto de Asher como se ele fosse nada mais do que um boneco de pano.
E ela fez isso tão casualmente.
Rebecca engoliu em seco, uma gota nervosa de suor se formando na parte de trás de seu pescoço enquanto olhava para Valeria, que nem mesmo se mexeu do seu lugar.
A imponente figura blindada simplesmente permaneceu imóvel, sua postura inabalável, como se não tivesse acabado de lançar sua arma com a força de um cataclismo.
Uma compreensão arrepiante invadiu a mente de Rebecca.
Aquilo foi apenas um teste.
Nem mesmo um ataque.
Um teste.
Será que a mais fraca Guardiã Sanguepuro estava escondendo sua verdadeira força todo esse tempo?
Por quê? As coisas pareciam ainda mais confusas para Rebecca agora.
Um lampejo de chamas verdes escuras brilhou dentro das rachaduras da parede de pedra.
Então—
Um pulso de energia estrondoso irrompeu para fora.
O ar se distorceu violentamente, tentáculos de fogo verde escuro chicoteando para fora como as garras contorcidas do abismo.
Asher se levantou, seu corpo ainda ardendo como uma pira funerária.
Seus olhos flamejantes se fixaram em Valeria, e pela primeira vez nesta luta—
Ele sentiu.
O peso de sua força por trás de seu ataque agora se transferiu para se tornar parte de sua força ao custo de um consumo mais alto de MP.
A fria imobilidade de sua postura, a confiança absoluta em seus movimentos.
Isso não era apenas força bruta.
Era maestria em batalha.
Asher lutou contra todos os tipos de monstros, demônios e até mesmo o Guardião da Lua—
Mas o poder puro que Valeria acabou de mostrar?
Estava quase à altura do Guardião da Lua.
E ainda assim, parecia como se ela nunca tivesse ido com tudo.
Suas chamas queimaram mais brilhantes, sua forma esquelética erguendo-se imponente, enquanto ele fechava seus punhos, permitindo que a força remanescente de seu ataque o alimentasse em vez de abalá-lo.
Ele não estava recuando.
Não importava quais fossem as intenções de Skully, ele não tinha escolha a não ser provar sua força.