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- Capítulo 813 - 813 Um Morto-Vivo Imortal 813 Um Morto-Vivo Imortal Asher e
813: Um Morto-Vivo Imortal 813: Um Morto-Vivo Imortal Asher e Rebecca caminhavam sobre as areias escaldantes, os ventos do deserto sussurrando ao redor deles como vozes fantasmagóricas de um mundo morto.
As ondas de calor distorciam o ar, fazendo com que a imensa tenda à frente cintilasse ao longe como uma miragem.
Mas no momento em que se aproximaram, uma figura blindada elevada estava à entrada — sua forma imponente imóvel, como uma sentinela eterna.
Rebecca entreabriu os lábios surpresa ao ver a Erradicadora parada ali.
Asher mal teve tempo de dizer algo antes de Valeria dar um único passo à frente, sua forma exalando uma quietude sinistra, suas mãos enluvadas repousando levemente sobre o cabo de sua espada. A tensão no ar se enrolava como uma fera se preparando para atacar.
Então, com uma voz fria e sem emoção, perguntou:
“Quer que eu me livre dela?”
A Erradicadora se lembrou de como uma das inimigas de Asher era Rebecca e das confusões que ela tinha causado para ele.
Embora soubesse que ele poderia lidar com ela, queria ter certeza, especialmente ao vê-la segui-lo até aqui.
Rebecca bufou, cruzando os braços sobre o peito.
“Heh, então você estava escondida aqui, erradicando nada enquanto nosso reino estava sendo destruído?” ela provocou, seus olhos vermelho-escuros brilhando com desdém, “Você deve ser a primeira Guardiã Sanguepuro na história a abandonar seu posto.”
A expressão de Asher escureceu enquanto ele se colocava entre elas, seu olhar alternando entre as duas mulheres.
“Já chega,” ele disse firmemente. “Rowena a ordenou para ficar de olho em mim. E o nome dela não é mais Erradicadora. É Valeria, e você vai tratá-la assim.”
As sobrancelhas de Rebecca se juntaram enquanto ela lançava um olhar de descrença para Asher.
“Você até deu um nome a ela? Para quê? Isso é ridículo!” Rebecca não conseguia acreditar ou entender por que ele estava dando tanta importância a uma serva da realeza.
Espera… ele não podia estar dormindo com ela, certo? Ela deveria parar de se surpreender nesse ponto. Ele ainda era um pervertido desprezível.
Asher ignorou sua pergunta, voltando-se para Valeria, “Você não precisa se preocupar com ela. Eu permiti que ela me seguisse, e ela virá conosco até as ruínas. Mas, claro, você está livre para ficar de olho nela também.”
Valeria deu um aceno silencioso, seu olhar nunca deixando Rebecca.
Rebecca apertou os dentes de frustração, sentindo-se como um cachorro abandonado e indesejado atrás de Asher.
“Eu pensei que você confiava em mim agora,” ela murmurou, sua voz magoada, “Não me diga que aguentei tudo isso à toa.”
O olhar de Asher permaneceu impassível enquanto ele respondia, “Deixar você vir comigo e confiar em você são duas coisas distintas.”
Sem dizer mais nada, ele virou-se e entrou na tenda. Valeria seguiu sem hesitação.
“Isso é tão injusto…” Rebecca soltou um resmungo frustrado, esfregando as têmporas antes de finalmente segui-los para dentro.
O interior da tenda estava escuro, iluminado apenas pela luz vermelha e filtrada do sol lá fora. O ar estava espesso com o cheiro de pergaminho envelhecido, ervas e algo vagamente metálico.
Mas o que chamou a atenção de Rebecca foi a pequena serpente enrolada em cima de uma grande cama improvisada.
Lori.
A outrora orgulhosa e aterrorizante serpente agora estava encolhida em sua forma menor, seu corpo subindo e descendo debilmente a cada respiração, como se estivesse num sono profundo.
As sobrancelhas de Rebecca se juntaram enquanto ela olhava para Asher.
“O que essa monstra está fazendo aqui e nesse estado?” perguntou, perplexa. “Não é de se admirar que ela tenha desaparecido enquanto estávamos ocupados lutando. Se ao menos ela tivesse lutado conosco, poderíamos ter matado muitos daqueles draconianos imundos.”
Asher permaneceu imperturbável, seu olhar fixo na forma imóvel de Lori.
“Ela me seguiu até aqui, como Valeria,” ele explicou. “Infelizmente, Lori e eu acabamos naquelas ruínas para onde o Zane tinha enviado você e os outros todos aqueles anos atrás. Eu consegui sobreviver lá, mas Lori…” Sua voz caiu levemente, “Ela estava morrendo por causa do perigoso mana que permeia aquele lugar. Valeria nos salvou bem a tempo.”
Os olhos de Rebecca se arregalaram ligeiramente, sua postura arrogante vacilando pela primeira vez.
“Esse lugar é perigoso assim?” ela murmurou. Mas o que realmente a atingiu foi como Asher conseguiu sobreviver lá quando até uma criatura tão poderosa quanto Lori quase pereceu.
Antes que pudesse se prender nisso, Asher se voltou para Valeria.
“Você conseguiu construir o recipiente que eu pedi?”
Valeria balançou a cabeça. “Não. Mas há uma alternativa melhor.”
Com um movimento suave, ela tirou três frascos elegantemente trabalhados, cada um cheio de um líquido negro e abissal que rodopiava.
Rebecca e Asher imediatamente o reconheceram com olhares chocados — mana escura pura em forma líquida.
Era considerado impossível condensar mana escura pura em forma líquida e somente versões inferiores dela poderiam ser produzidas, que teriam tonalidades de cinza.
Valeria explicou calmamente, antes que Asher pudesse perguntar, “Estes são Manavials dados a mim por meu Mestre. Eles injetam uma camada de mana escura poderosa num ser vivo, protegendo-o do mana dentro das ruínas. Cada um dura vários dias.”
Rebecca piscou, sentindo uma rara sensação de admiração. Nem mesmo os alquimistas especialistas do mundo poderiam criar algo assim.
Quem é o mestre dela?
Os olhos de Asher brilharam com curiosidade enquanto ele pegava um na mão, sentindo a essência poderosa girando dentro.
“Seu mestre lhe deu estes?” ele perguntou, sua voz reflexiva. “Isso parece… avançado. Poderia isso ser um vestígio da tecnologia criada pelos humanos que uma vez moraram lá? Mas mais importante, como o seu mestre o modificou para utilizar mana escura?” Ele estudou o frasco atentamente. “Será que ele realmente lembra todo o conhecimento que tinha quando estava vivo?”
A expressão de Valeria permaneceu neutra. “Não tenho certeza.”
Antes que Asher pudesse perguntar mais, Rebecca, que estava perdida em pensamentos, de repente interrompeu,
“Ei, eu preciso de alguns desses também. Ou como é que vou seguir você sem cair morta?” ela exigiu, cruzando os braços.
Asher olhou para Valeria. “Quantos temos? Podemos nos dar ao luxo de compartilhar um com ela garantindo que Lori esteja protegida?”
Valeria respondeu, “Depende de quanto tempo planejamos estar lá.”
A expressão de Asher ficou contemplativa enquanto ele sentia que não deveria levar mais do que algumas horas para conversar com o mestre dela e deixar. Ele só queria encontrá-lo para salvar Lori e descobrir por que ele fez de Valeria sua protetora.
Claro, isso estava supondo que o mestre dela não tivesse segundas intenções.
Rebecca estreitou os olhos, sua expressão de repente suspeita. “Ela está blefando! Aposto que ela tem milhares deles estocados em algum lugar.”
Valeria a ignorou. “Baseado nos que eu tenho, deve durar alguns meses para dois.”
Rebecca soltou um suspiro de alívio, um sorriso triunfante se formando em seus lábios. “Viu? Eu estava certa.”
Asher acenou com a cabeça sentindo que não havia com o que se preocupar, “Ótimo. Vamos então falar com o seu mestre.”
Com isso, ele se virou e saiu da tenda enquanto Valeria cuidadosamente pegava Lori e seguia atrás de Asher.
Rebecca hesitou por um segundo antes de seguir, com um olhar intrigado nos olhos.
“Espera, espera, espera—quem é esse ‘mestre’ dela??” ela perguntou, confusa enquanto corria atrás dos dois.
—
As ruínas se estendiam diante deles como os restos esqueléticos de uma civilização esquecida, engolida pelo tempo e recuperada pela sombra.
Colunas esfaceladas, antes magníficas, agora jaziam em montes de poeira e entulho, com suas antigas gravuras mal visíveis sob camadas de decomposição.
As paredes, forradas de símbolos intricados e de outro mundo, pulsavam fracamente como se sussurrassem segredos de uma era que nunca deveria ter sido esquecida.
Asher avançou, as chamas verde-escuras de sua tocha tremulando ominosamente, projetando sombras dançantes na arquitetura distorcida ao redor deles.
Rebecca seguia de boca ligeiramente aberta, seus olhos saltando de uma estranha estrutura para a próxima.
Tudo parecia errado—não de uma maneira sobrenatural, mas como se este lugar não pertencesse ao seu mundo. Os ângulos dos edifícios, o fluxo dos desenhos… nada disso fazia sentido para ela. Qual era a conexão de Zane e Naida com este lugar? Como eles sabiam de um lugar tão proibido?
Ela deixou escapar um sopro de espanto, a voz quase um sussurro, “Eu não entendo… Como a Naida sabe sobre este lugar e como se orientar por aqui? Como o Zane descobriu isso e escapou sem ser morto pelo mestre da Valeria? Eles estavam nisso juntos? Tudo isso parece suspeito.”
Asher permaneceu em silêncio, seus pensamentos refletindo os dela. Era suspeito. A ideia de Naida e Zane trabalhando juntos não era completamente implausível, ainda que não fizesse sentido.
Se Zane quisesse a mãe da Rowena fora do caminho, teria havido maneiras mais simples—pelo menos uma dúzia de maneiras mais fáceis. Por que ele precisaria da Naida para orquestrar algo tão elaborado? E qual era a conexão deles com este lugar?
Seus dedos apertaram a tocha, as chamas refletindo o conflito em sua mente.
Então, ele olhou de relance para Rebecca pelo canto do olho, ponderando.
Deveria contar a ela a verdade sobre a identidade da Valeria?
Mas algo o reteve. Nem era o seu lugar revelar tal coisa.
Por enquanto, não importava.
O que importava era o peso ominoso em seu peito—a ansiedade crescente que se instalava enquanto ele se aproximava do mestre da Valeria.
Um ser que o esperava há sabe-se lá quantos anos.
Com que propósito?
Asher quebrou o silêncio, sua voz baixa, mas firme. “Seu mestre… ele tem um nome?”
Valeria caminhava ao lado dele, sua expressão inescrutável sob o elmo, antes que ela balançasse a cabeça. “Ele só me disse para chamá-lo e considerá-lo como meu mestre.”
Asher assentiu devagar com um encolher de ombros, “Acho que vou ter que chamá-lo de Skully por enquanto.”
Rebecca, que havia sido distraída pelos arredores estranhos, virou a cabeça rapidamente em sua direção. “Skully?” ela repetiu incrédula.
“Apelido que a Lori deu a ele,” Asher admitiu com um riso breve, embora não houvesse humor nisso. “Pegou.”
Rebecca revirou os olhos, sem poder acreditar que a serpente boca grande tinha inventado tal nome para um ser misterioso e poderoso.
Mas ela deixou pra lá enquanto seus olhos ainda examinavam as ruínas com fascinação e inquietude.
Asher, no entanto, ainda estava fixado em algo completamente diferente.
“Quem era seu mestre em vida?” ele finalmente perguntou, sua voz um tom mais sério. “Sei que ele era humano, mas… um humano não deveria conseguir existir em nosso mundo. Não me diga que ele tem algo a ver com a antiga civilização de humanos que vivia aqui?”
Valeria deu uma única e lenta concordância, “Meu mestre mal falava do seu passado. Tudo o que sei é que ele viveu neste lugar antes de morrer. Pelo que ele me disse, este lugar tem centenas de milhões de anos.”
Silêncio.
Então—
“Que porra…” Asher murmurou baixinho, perguntando-se se tinha ouvido direito.
Rebecca prendeu a respiração ao parar abruptamente, os olhos arregalados de incredulidade, “Em nome dos diabos… Isso não pode ser possível… Ainda não entendo como humanos podiam existir em nosso mundo antes de nós e agora ela está dizendo que um morto-vivo existe aqui há milhões de anos? Um morto-vivo imortal não deveria existir…” Rebecca murmurou com um olhar ainda mais perturbado, sentindo que tudo isso estava além da sua compreensão e isso não lhe assentava bem.
Asher também sentiu o peso daquelas palavras afundarem, seus dedos flexionando involuntariamente.
Mesmo como um morto-vivo, algo deveria manter Skully “vivo” por tanto tempo. Um morto-vivo é alimentado pela mana escura daquele que o criou.
Sem uma fonte de mana escura fornecida por seu criador, ele morrerá.
E no entanto, o criador do Skully não estava a ser visto e a quantidade imensa de mana escura necessária para sustentar tal existência era inimaginável.
Ele exalou fortemente, tentando compreender a magnitude do que estavam prestes a enfrentar.
Valeria subitamente parou, de pé à beira de um imenso buraco no chão—um abismo devorando a câmara como uma boca escancarada.
O poço se estendia vasto e amplo, um abismo envolto em escuridão, aparentemente sem fundo. Um som sussurrante e antinatural emanava de dentro, como os murmúrios de almas há muito mortas.
“Ele está esperando lá embaixo.”
A voz de Valeria era tão calma quanto sempre.
Asher avançou, aproximando sua tocha verde-escura da borda, as chamas sinistras fazendo pouco para penetrar o vazio abaixo.
Ele reconheceu esse buraco facilmente.
Da última vez, foi um verdadeiro inferno entrar lá.
Mas desta vez… desta vez, ele estava pulando voluntariamente.
Seu maxilar se apertou antes de ele tomar uma respiração funda. “Vamos.”
Então—sem hesitação—
Ele pulou.
Valeria seguiu imediatamente.
Rebecca ficou parada na beira, olhando para o abismo. Ela ainda tinha receios, e parte dela gritava para voltar.
Mas quando ela havia escutado a razão?
Se Asher confiava em Valeria, então talvez fosse aceitável dar um salto de fé.
Com um grunhido frustrado, ela murmurou, “Que os Diabos me amaldiçoem por isso,” antes de saltar na escuridão atrás deles.