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- Capítulo 810 - 810 Um Motivo para Confiar 810 Um Motivo para Confiar O sol
810: Um Motivo para Confiar 810: Um Motivo para Confiar O sol carmesim acima queimava como um olho implacável, seu olhar ardente chamuscando as areias abaixo.
A vasta extensão de um dos desertos mortos de Zalthor se estendia em todas as direções, um deserto interminável de terra rachada e formações rochosas esqueléticas que se erguiam em direção ao céu.
Cada passo que Asher dava era silencioso, sua sombra se alongando sobre as areias enquanto ele caminhava em direção à tenda distante — onde Erradicadora e Lori esperavam.
Sua túnica preta esvoaçava levemente a cada passo, o tecido resistindo aos ventos cruéis do deserto que uivavam em protesto.
Ele decidiu descer e caminhar por um tempo antes de chegar à tenda para se recompor e preparar-se para o que viesse a seguir. Ele sabia que não podia se dar ao luxo de se afogar em dor e mágoa depois de tudo que aconteceu.
Ele precisava permanecer forte e lutar por aqueles que ainda dependiam dele e aguardavam seu retorno. Ele ainda tinha que fazer as coisas certas para Rowena e seu povo. Ele não pode simplesmente deixar assim.
Então, sem quebrar o passo, seu corpo de repente parou.
Seus olhos aguçados se voltaram para a formação rochosa irregular à sua direita. Ele não precisava vê-la — ele podia senti-la.
Uma sombra fria, à espreita. Observando.
Seus lábios se curvaram em um leve franzir, “Você não pode se esconder de mim duas vezes, Rebecca. Mostre seu rosto antes que eu perca a paciência.”
Silêncio seguiu.
Então, um escárnio altivo cortou o ar.
“Hmph! Eu nem estava tentando me esconder!” A voz de Rebecca soou, ousada e cheia de atitude, enquanto ela desfilava de trás da rocha.
Seu peito voluptuoso estava orgulhosamente erguido, mãos apoiadas nos quadris como se estivesse fazendo uma entrada triunfal. Mechas prateadas de cabelo voavam atrás dela enquanto os ventos do deserto açoitavam sua figura.
Mas a confiança vacilou no segundo em que ela viu sua expressão.
Suas botas pretas esmagavam a areia quente, seus movimentos suaves, mas mortais em sua precisão enquanto ele marchava direto em direção a ela. Seus olhos — frios e penetrantes — não mostravam nenhuma da tolerância que ela queria ver.
Sua garganta secou enquanto ela dava um passo inconsciente para trás.
“H-Hey, é melhor você ficar longe! Eu não sou mais a sua escrava para você brincar!” ela gaguejou, forçando um sorriso em seu rosto apesar da súbita tensão em seu peito.
Asher parou bem antes dela, imponente, sua presença sufocante.
Seu olhar a perfurava, mas sua voz era assustadoramente calma, “Exatamente.”
Suas próximas palavras foram cortantes, afiadas, “Você não é mais minha escrava. Então, por que estava fingindo ser uma diante dos outros? Eu já contei para Grace e Amélia sobre seu pequeno teatrinho antes de vir para cá.”
Os olhos de Rebecca se contraíram de frustração.
“Ughhh! Por que você tinha que contar logo para elas, especialmente aquela pirralha humana convencida?!” ela resmungou, cerrando os dentes de vergonha.
Amélia usaria isso para ridicularizá-la. E Grace? Aquela mulher a atormentaria para sempre.
Mas a expressão de Asher não mudou. Permaneceu fria. Implacável.
“Não mude de assunto,” ele interrompeu, sua voz tão afiada quanto uma lâmina, “Por que você está me seguindo? O que você está planejando? Depois de saber quem eu era, você deveria estar tentando me matar, o que você não pode. Então só resta uma opção. Fugir o mais longe possível do homem que já foi um Caçador e matou seu cunhado.”
Rebecca bufou, “Pffft, quem se importa com aquele bastardo convencido e morto? Tenho que te agradecer por tê-lo matado. Ele me tratava como uma idiota e me irritava tantas vezes. Mesmo se ele fosse meu irmão de verdade, eu não me importaria.”
“Então você não se importa que eu fosse um daqueles humanos desprezíveis? Ou um daqueles Caçadores podres? Se você tivesse me conhecido no passado, eu teria te matado com certeza e me sentiria bem com isso,” Asher disse friamente, como se estivesse afirmando um fato.
“V-Você!” Mesmo sabendo que ele estava tentando provocá-la, Rebecca grunhiu de raiva e frustração, sabendo que ele estava dizendo a verdade. Por algum motivo, ouvi-lo apenas a feriu de uma maneira que ela nunca esperava.
Asher franziu a testa, vendo que ela ainda permanecia desafiadora apesar de tudo o que ele disse, fazendo-o sentir ainda mais suspeito de suas verdadeiras intenções, “Já que você parece não se importar com tudo isso, não me diga que está secretamente trabalhando para Naida — fornecendo informações sobre cada um dos meus movimentos ou o que estou prestes a fazer a seguir?”
O corpo inteiro de Rebecca ficou tenso. Seus olhos se arregalaram em choque puro e irrestrito.
“Como você pode me acusar de trabalhar para aquela vadia traidora?!” ela estalou, sua voz carregada de traição. “Eu preferiria que você me chamasse de vagabunda do que me acusar de tal traição! Ela não tem mais nenhum controle sobre mim agora que não me importo se meus segredos forem expostos.”
Sua respiração estava irregular, suas mãos cerrando em punhos ao seu lado.
“Se eu realmente estivesse trabalhando para ela, por que eu faria algo tão estúpido quanto seguir você quando eu sabia que você descobriria? Por que eu até te diria a verdade sobre ela?!”
Asher não estava convencido. Sua mandíbula se apertou enquanto ele estreitava os olhos. “Eu não sei. Pode ser tudo um plano convoluto. Se não, então me dê um motivo sólido para acreditar de outra forma.”
Seu olhar cintilou, avaliando-a com o mesmo escrutínio brutal que reservava para aqueles em quem desconfiava.
“Porque agora mesmo, você não parece tão confiável.”
Os lábios de Rebecca se separaram, mas nenhuma palavra saiu.
Porque… ela não tinha um motivo.
Ela mesma não sabia por que o seguia. Por que ela não conseguia se afastar? Qual era esse puxão estranho e irritante que ela estava sentindo em relação a ele?
Mas Asher não tinha terminado. Sua voz baixou para algo mais baixo. Algo mais afiado.
“Se você realmente não tivesse segundas intenções, então teria corrido para o seu filho ao invés de ficar por aqui.”
Suas palavras atingiram mais forte do que qualquer golpe físico.
Sua respiração ficou presa.
“Quando foi que eu me tornei mais importante do que seu próprio filho?”
Rebecca rebateu imediatamente, “Absurdo! Quando foi que eu disse isso?!”
Mas mesmo enquanto ela dizia isso, ela abaixava o olhar, sua garganta apertando enquanto ela engolia com dificuldade. Sua voz enfraqueceu.
“Ele está… em um lugar seguro agora. E eu estou me afastando dele por um tempo.”
Seus dedos se curvaram levemente enquanto ela admitia, “Por sua causa, ele se sente miserável quando olha para mim. Ele se culpa por tudo. É por isso que não posso ficar perto dele até que ele se sinta melhor.”
O olhar de Asher não vacilou, “Bom.”
Rebecca ergueu a cabeça, atônita.
Sua voz estava desprovida de simpatia. Fria. Absoluta.
“Ele deveria se sentir miserável. Isso é o mínimo que ele deveria sentir, você não acha?”
O peso de suas palavras fez seu estômago revirar.
Ela abaixou a cabeça — não por desafio, mas por algo que ela não conseguia nomear.
Vergonha.
Culpa.
Ela se lembrou de tudo o que ele passou quando era um menino sem alma. Naquela época, ela tinha prazer em assistir isso acontecer, mas agora, por que isso a estava fazendo sentir o oposto?
“Agora,” Asher continuou, “vá se foder. Não me faça pegar você me seguindo novamente.”
Ele virou, pronto para deixá-la para trás.
Mas—
“Não!”
A voz de Rebecca soou alta e afiada através do ar morto do deserto.
Asher parou. Sua cabeça se inclinou levemente, antes de ele lentamente se virar, seus olhos brilhando com incredulidade.
“Você realmente quer fazer isso do jeito difícil?” Sua voz estava carregada de advertência, “Eu pensei em pegar leve com você por ter ‘me servido fielmente’ por um tempo, mas você só quer forçar a barra, hein?”
Rebecca o encarava inabalável, mesmo com seu coração batendo contra suas costelas.
“O quê? Você vai me matar?” ela desafiou, suas mãos cerrando ao seu lado.
E então—
Sua figura se tornou um borrão.
Uma rajada de vento a atingiu, enviando areia chicoteando ao redor de seu corpo enquanto sua mão fechava ao redor de seu pescoço.
O ar foi roubado de seus pulmões.
Seu aperto era firme, implacável.
Seu rosto a poucos centímetros do dela.
“Você quer morrer tão desesperadamente?” Sua voz era perigosa, seus dedos se apertando apenas o suficiente para enviar um aviso.
A garganta de Rebecca tremia, suas mãos se erguendo para agarrar seu pulso.
“W-Wait!” ela ofegou, seus olhos arregalados, “Eu sei… você não vai acreditar em qualquer coisa que eu diga… Então…”
Ela engoliu, suas unhas cravando em seu pulso enquanto ela forçava as palavras para fora.
“Use seu Olhar da Agonia em mim!”
Os olhos de Asher cintilaram com confusão.
Seu aperto não afrouxou.
“O quê?” ele murmurou.
Rebecca cerrava os dentes, seus olhos ardendo enquanto ela cuspiu, “Se você realmente acha que estou mentindo, então use seu Olhar da Agonia em mim. Faça-me sofrer e veja por si mesmo que estou disposta a rasgar minhas piores noites de pesadelo para você! Isso deveria lhe dar um motivo para confiar em mim.”
Os ventos do deserto uivavam ao redor deles, chutando a areia.
E pela primeira vez desde que esse encontro começou…
Asher estava realmente desconcertado por ela.