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- Capítulo 807 - 807 Não Esse Passado 807 Não Esse Passado O Castelo
807: Não Esse Passado 807: Não Esse Passado O Castelo Nightshade se erguia atrás deles, suas antigas e imponentes torres banhadas pelo brilho diabólico da lua de sangue.
A brisa fresca da noite mal levava o peso das preocupações enquanto Silvia, Sabina, Merina, Seron, Rei Lakhur e Princesa Kayla permaneciam em silêncio tenso.
Cada segundo que passava roía seus nervos, seus olhares piscando em direção ao céu escuro, expectantes, desesperados.
Então — uma mudança no ar.
Uma presença desceu de cima, a ondulação suave, porém sobrenatural, de mana dividindo os ventos.
Seus olhos se arregalaram quando a silhueta de Isola surgiu, flutuando graciosamente como uma estrela cadente.
Ela estava de volta e parecia saudável, aliviando-lhes das preocupações… mas apenas por um segundo.
Eles prenderam a respiração no momento em que notaram quem ela carregava nos braços.
Rowena — imóvel, seus cabelos carmesins escorrendo sobre o ombro de Isola como um rio escuro de seda.
Seu rosto pálido parecia pacífico, demasiadamente pacífico. Demasiadamente imóvel.
O peso do medo os dominou.
Os olhos de Merina tremiam apesar de seu alívio ao ver que Isola estava bem. Ela havia dito que Rowena estava bem antes — mas agora?
Sabina foi a primeira a quebrar o silêncio.
“É bom ver que você não está mais a um passo da morte, Isola. Mas o que há com ela?” Sua voz era incisiva, mas carregava um indício de preocupação, “Merina disse que ela estava acordada e parecia bem antes!”
A tensão aumentou à medida que todos os olhos se voltaram para Isola.
Apesar da dor que se agarrava ao seu coração, seu olhar permanecia firme — mas a tristeza naquelas profundezas oceânicas era impossível de ocultar.
“Não se preocupe,” disse ela, sua voz mal acima de um sussurro, “Ela está bem. Ela está dormindo. Ela teve que se esgotar para salvar minha vida.”
Houve um momento de silêncio.
Então —
“E o bebê?” Seron perguntou de repente, sua voz tingida de medos não ditos.
Nisso, Isola assentiu firmemente.
“Seguro também.”
Um suspiro aliviado escapou de Silvia enquanto ela murmurava, “Graças aos diabos…”
Lakhur deu um passo à frente, sua compostura real inabalável.
“Bom. O que importa é que vocês duas estão bem. Vamos conversar mais tarde. Ela precisa descansar agora,” Seu tom não deixava espaço para argumentos. “Consorte Isola, por favor, leve-a para dentro. Kayla vai mostrar o caminho.”
Kayla ofereceu um sorriso educado antes de acenar em direção ao castelo, “Venha, eu a guiarei.”
Isola assentiu e seguiu sem hesitação, com Rowena ainda repousando em seus braços.
Enquanto eles desapareciam dentro do castelo, Lakhur se virou para os outros. “Conversaremos mais tarde, mas estarei por aqui caso algo surja,” Com um aceno final, ele se afastou, sua presença se dissipando na noite.
Enquanto o silêncio se estendia entre eles, Seron soltou um suspiro lento e pesado antes de seu olhar se voltar para Merina.
“Eu disse para você me avisar assim que ela acordasse,” ele disse, sua voz tensa, “Você percebe o que poderia ter acontecido? O que você fez poderia ter custado o que restou do nosso futuro.”
Os olhos de Merina baixaram, a culpa cavando profundamente em suas feições enquanto ela se curvava profundamente, “Perdoe-me, Sua Alteza. Eu… Eu não sabia mais o que fazer. Ela insistiu, e eu não consegui recusá-la.”
Antes que Seron pudesse argumentar, Sabina se interpôs entre eles, seu olhar aguçado o prendendo no lugar.
“Já chega, Conselheiro Seron.” Sua voz era firme, inabalável. “Você a ouviu. Nem mesmo você teria negado os desejos de nossa rainha, então deixe estar.”
Um momento de silêncio tenso.
Merina hesitou antes de olhar para as costas de Sabina, apreciação cintilando em seus olhos, embora ela sentisse que Seron tinha o direito de estar irritado com ela.
Algo terrível poderia ter acontecido.
Seron apertou a mandíbula, “Você… deixe estar,” ele começou, então exalou bruscamente, balançando a cabeça antes de se virar e se afastar.
Sabina assistiu ele ir, seu olhar estreitado.
“Algo está errado com ele,” ela murmurou. “Ele parece incomumente… perturbado. Nunca o vi assim antes. E ainda tenho que ver Silvan.” Seus braços se cruzaram enquanto sua carranca se aprofundava. “Será que ele pode estar… morto?”
Merina colocou uma mão no ombro de Sabina, “Ele pode estar lutando, assim como o resto de nós. Não vamos pensar nisso e entrar.”
Sabina bufou mas assentiu. Juntas, elas entraram no castelo.
–
Dentro de uma das grandiosas câmaras do castelo, Sabina, Silvia e Merina sentavam em silenciosa expectativa.
Sabina batia os dedos contra o braço impacientemente. “O que Isola poderia querer nos contar em tamanha ss_segredo após quase morrer? Não me diga que ela finalmente vai contar por que nosso marido saiu?? Mesmo que aquela neta do Guardião da Lua tenha nos dito através de Merina que ele estaria bem, ainda quero vê-lo primeiro e ter certeza com meus próprios olhos.”
Sem resposta.
Ela se virou, surpresa ao ver o silêncio de Silvia, cuja expressão estava abatida, que geralmente não conseguia fechar a boca.
Os olhos de Sabina se aguçaram antes de ela suspirar, “Você ainda está pensando no que Kayla disse, não está?”
Silvia mordeu o lábio, seu olhar piscando em direção ao colo.
“Você realmente está convencida de que sua mãe nos traiu a todos — incluindo você?” Sabina pressionou, mas seus olhos não demonstravam confiança.
O queixo de Silvia tremeu, sua voz quebrando enquanto sussurrava, “Você está dizendo que Kayla mentiu para Silvia?”
Sabina hesitou. Ela não tinha certeza do que dizer. “Não, eu não estou dizendo que ela fez. Mas quem sabe… ela poderia ter se lembrado errado ou-”
Silvia levantou o olhar, seus olhos úmidos, mas afiados.
“Você nem acredita no que está dizendo. Você é uma péssima mentirosa, Sabina.”
“Eu… uh…” Sabina esfregou a têmpora, sem saber o que fazer.
Então, suavemente —
“Silvia não sabe por que ela fez isso,” Silvia murmurou, sua voz mal acima de um sopro, “mas Silvia não quer acreditar que ela não amava sua única filha.”
Uma pausa tensa.
Então — Merina finalmente falou.
“Eu… eu acho que ela te amou, Silvia..”
Silvia e Sabina se voltaram para ela.
Merina ofereceu um sorriso dolorido, porém certo.
“Eu não sei por que ela nos traiu assim, mas… eu sinto que o amor dela por você não poderia ter sido falso,” Merina finalmente falou com um olhar preocupado e dolorido, fazendo tanto Silvia quanto Sabina olharem para ela.
“C-Como você pode ter certeza disso quando ela nos deixou para morrer? O pai da S-Silvia poderia estar vivo se não fosse por ele… Muitas pessoas poderiam estar,” Silvia gaguejou enquanto sua voz se tornava frágil.
A luz vacilante das velas lançava sombras longas e trêmulas nas paredes da câmara, o brilho fraco refletindo a turbulência na sala. O ar estava carregado com palavras não ditas, pesado com emoções cruas demais para serem faladas.
Merina esfregava seus dedos juntos, suas sobrancelhas levemente franzidas enquanto hesitava, escolhendo cuidadosamente suas palavras.
“Como mãe, eu posso dizer que ela te amou,” Merina disse suavemente, sua voz carregando uma certeza tranquila. “É algo que eu senti e…”
Ela parou de falar, engolindo as palavras que não conseguia se obrigar a dizer.
Ela queria contar a Silvia que seu mestre, Asher, amava Naida. Ele era o tipo de homem que tinha muito cuidado com tudo, incluindo a mulher por quem se apaixonava.
Ela achava difícil acreditar que ele nunca tivesse sentido algo errado com Naida, ou ele poderia ter amado Naida tanto que não conseguia ver?
Talvez ela estivesse errada sobre Naida.
Mas, seja qual fosse a verdade, não era seu lugar revelar o relacionamento deles para Silvia ou tranquilizar sobre os sentimentos de Naida em relação a ela.
E agora, Merina não conseguia imaginar como seu mestre se sentiria ao saber o que Naida havia feito.
O coração dele se quebraria? Endureceria além do conserto? Ela desejava poder vê-lo, mesmo que fosse por apenas um segundo.
Silvia apertou os lábios, suas mãos se fechando em punhos em seu colo.
Ela parecia meio convencida pelas palavras de Merina, mas a dor em seu peito não ia embora.
O que sua mãe fez cortou profundamente.
Sabina, no entanto, estava fervendo de raiva.
Ela se sentou rigidamente, seu pé batendo contra o chão de pedra, sua mandíbula cerrada. Uma tempestade de ódio girava em seus olhos vermelhos e fantasmagóricos.
Aquela raposa.
Sabina estava tão tentada a dizer todas as coisas maldosas que podia sobre Naida.
Ela merecia. Aquela mulher traidora havia virado as costas para todos eles.
Tinha os deixado para morrer. Ela sabia disso!
Ela sempre soube que aquela raposa não prestava.
Mas então ela olhou para Silvia, para a tristeza em seus olhos.
E de alguma forma, apesar da pura raiva que ardia dentro dela, ela engoliu tudo. Agora não era o momento certo para despejar sua raiva.
Justo quando a tensão na sala estava se tornando insuportável, a porta rangeu ao abrir.
Todas viraram as cabeças em direção a ela.
Isola entrou.
Sua presença sozinha mudou a atmosfera.
Ela fechou a porta atrás de si, sua expressão pesada, sua graça usual sobrecarregada por algo invisível.
O olhar aguçado de Sabina se estreitou.
Ela se levantou lentamente, cruzando os braços. “Eu esqueci de mencionar antes, mas a intensidade da sua aura se multiplicou. Você… Você é um Devorador de Almas no auge.”
Uma pausa.
“Como?” Sabina exigiu, “Como você ficou mais forte de repente?”
Isola baixou o olhar, seus olhos azuis profundos refletindo uma tristeza silenciosa, “Algo semelhante a um deviar ainda estava no lugar onde meu povo e eu costumávamos viver.” Ela exalou. “Minha mãe e Rowena desceram lá para recuperá-lo e salvar minha vida.”
Um silêncio doloroso.
O peso de suas palavras se instalou.
O rosto de Merina suavizou quando ela deu um passo à frente, seus dedos quentes tocando gentilmente a mão fria de Isola.
“Sinto muito pela sua mãe…” Merina disse, sua voz impregnada de genuína simpatia, “Ela foi uma rainha e mãe corajosa e amorosa.”
A expressão de Sabina oscilou com algo mais gentil, sua curiosidade momentaneamente subjugada.
Silvia, no entanto, estava muito quieta.
Muitas mortes. Muitas perdas. Ela não conseguia encontrar a voz para dizer nada naquele momento.
Isola acenou suavemente, oferecendo a Merina um pequeno sorriso grato enquanto apertava sua mão.
Mas então—sua expressão mudou.
Seu olhar suave endureceu em algo mais resoluto.
“Tem algo que eu tenho que dizer a vocês todas… algo que vocês três merecem saber sobre ele.”
A sala se tensionou.
Os olhos de Sabina brilharam com suspeita.
“Então,” começou Sabina, inclinando a cabeça. “Finalmente, você está disposta a nos contar esse grande segredo sobre nosso esposo?”
Ela cruzou os braços com mais força, suas unhas afundando em suas mangas.
“Por quê?” Sua voz carregava uma ponta, “Por que você esconderia algo tão importante de nós? Não… por que ele faria isso?”
Ela exalou com força, os olhos escurecendo. “Eu sei que você provavelmente não nos contou porque ele te disse para não contar. Então por que a mudança de coração agora?”
Merina mordeu o lábio.
Ela ainda acreditava que seu mestre tinha seus motivos. Ele nunca fazia nada sem cuidadoso pensamento. E ainda assim, ela não podia negar sua curiosidade também.
Por que ele tinha partido?
Por que este era o momento que Isola decidiu contar a elas?
Sua filha, Luna, havia apenas dito a ela que seu mestre estava seguro e que o motivo seria revelado a ela em breve. E assim ela havia esperado pacientemente.
Isola hesitou.
Então, com um olhar pesado, ela disse, “Porque nós dois estávamos preocupados que todas vocês poderiam não olhar para ele da mesma forma uma vez que vocês aprendessem sobre seu passado.”
Um silêncio espesso.
A luz vacilante das velas mal se movia, como se a própria sala estivesse segurando
a respiração.
Sabina, Silvia e Merina piscaram em confusão, como se tentando processar o que ela acabara de dizer.
“Por que nós olharíamos para ele de forma diferente?” Sabina zombou, levantando uma sobrancelha.
Ela acenou com a mão dismissivamente. “Desde quando isso era um grande segredo? Nós já sabemos seu passado. Obviamente não nos importamos que ele era um aleijado sem alma. Isso nem importa agora.”
Isola balançou a cabeça lentamente.
“Não… não aquele passado.”
A sala ficou mais fria.
Isola encontrou seus olhares, seus olhos cheios de hesitação, arrependimento… e verdade.
“Mas um passado antes de tudo isso…”
E então—ela lhes contou.
Ela lhes contou tudo que importava.