95: Confiança despedaçada 95: Confiança despedaçada Chris cambaleou para dentro da casa da matilha, seus movimentos lentos, sua mente turva. Seus passos ecoavam suavemente contra o chão de madeira enquanto ele passava a mão pelo cabelo desalinhado. O gosto do uísque ainda estava em sua língua — um amargo lembrete do estúpido erro que acabara de cometer. Damien estava sentado à longa mesa em seu escritório, curvado sobre um mapa do território.

Chris hesitou por um momento na porta, mas a culpa roendo por dentro o impulsionou para frente.

“Damien,” a voz de Chris saiu rouca, áspera pelo álcool.

Damien olhou para cima, notando imediatamente o balanço irregular na postura de Chris e o olhar vidrado em seus olhos. Ele arqueou uma sobrancelha, mas permaneceu calmo. “Chris? O que está acontecendo? Você está parecendo o inferno.”

Chris exalou tremulamente e afundou na cadeira em frente a Damien, passando as mãos pelo rosto. Ele queria se enfiar num buraco e desaparecer, mas já era tarde demais para isso agora. “Eu estraguei tudo,” ele murmurou, evitando o olhar de Damien. “Feio mesmo.”

Os olhos de Damien se estreitaram e ele se inclinou para frente. “O que aconteceu?”

Chris se reclinou na cadeira, as palavras saindo apressadamente. “Eu… Eu contei para Emily. Eu contei tudo pra ela. Sobre como você manipulou o Detetive Fred.” Ele gemeu, baixando a cabeça entre as mãos. “Eu estava bêbado, tá? Eu não queria. Simplesmente… saiu.”

Damien ficou em silêncio por um longo momento, processando o que Chris acabara de lhe dizer.

Damien se levantou, andando de um lado para o outro do cômodo enquanto esfregava a parte de trás do pescoço. “Droga, Chris…” ele murmurou, mais para si mesmo do que para Chris. Ele fez uma pausa, voltando a encará-lo, sua expressão séria mas não irritada. “Você contou a ela sobre o Fred? Tudo?”

Chris assentiu miseravelmente, com os olhos ainda baixos. “Sim. Eu pensei que eu poderia fazer ela entender, mas… ela enlouqueceu. Disse que você não tinha nenhum direito de manipular pessoas, mesmo que fosse para proteger a Anne.”

Damien soltou um longo suspiro e balançou a cabeça. “Ela não está errada.”

“Eu sei!” Chris gemeu, afundando mais na cadeira. “Eu sei que eu estraguei tudo, mas eu não queria que acontecesse desse jeito. Simplesmente aconteceu. E agora… ela nem quer falar comigo.”

Damien parou de andar e se apoiou na mesa, cruzando os braços. Ele observou Chris com um olhar firme, seu tom sério mas tranquilizador. “Não se martirize demais. Você estava bêbado e cometeu um erro, mas não é o fim. Emily está com raiva agora, mas ela vai se acalmar depois de um tempo. Ela só precisa de tempo.”

Chris finalmente olhou para cima, desespero em seus olhos. “E se ela não se acalmar? E se eu estraguei tudo?”

O olhar de Damien se suavizou. “Eu vou falar com a Anne. Eu vou explicar que eu não pretendia machucar a Heather ou ela.”

Chris assentiu, mas o nó de ansiedade em seu peito não se desfez. Ele ainda podia ver a dor nos olhos de Emily — o jeito que seus lábios se apertaram quando ele contou a verdade. Não era apenas raiva — era traição. E isso era mais difícil de consertar.

Antes que um deles pudesse dizer mais alguma coisa, o silêncio do cômodo foi quebrado pelo toque agudo de um telefone. Damien e Chris se viraram enquanto Anne corria para dentro da sala, o telefone pressionado ao ouvido, seu rosto pálido e tenso. Ela deu a Damien um olhar rápido, seus olhos arregalados de preocupação.

“Anne?” A voz de Damien imediatamente mudou para preocupada, se aproximando. “O que está acontecendo?”

A mão de Anne tremia um pouco enquanto ela encerrava a chamada, baixando o telefone com um fôlego trêmulo. “Eram o Nicky e o Aaron,” ela disse, sua voz tensa. “Eles foram expulsos da alcateia pelo Alfa Jackson.”

O rosto de Damien escureceu instantaneamente, um lampejo de raiva passando por suas feições. “O quê? Por quê? O que o Jackson disse?”

“Eu não sei,” Anne respondeu, sua voz forçada. “O Nicky disse que aconteceu do nada. Um momento, tudo estava bem, e no seguinte, o Jackson estava exilando eles — sem explicação, sem aviso. Eles estão apavorados, Damien.”

“Onde eles estão agora?” Damien perguntou, sua voz baixa mas urgente.

“Eles estão se escondendo logo fora do território,” Anne disse, seus olhos brilhando de preocupação. “Eles não sabem para onde mais ir. O Jackson deixou claro que, se eles pisarem na terra da alcateia novamente, eles serão caçados.”

Os punhos de Damien se fecharam ao seu lado, a frustração e a raiva fervendo sob sua calma exterior. “Isso não faz sentido. Por que o Jackson de repente se virou contra eles? Ele sabe que expulsar membros assim é um jogo perigoso. Ele está brincando com fogo.”

“É tudo minha culpa,” Anne disse, lágrimas brotando em seus olhos. “Ele está descontando a sua raiva neles.”

Damien estendeu a mão para confortar Anne, sua voz suave mas firme. “Precisamos encontrar uma maneira de protegê-los, custe o que custar.”

Anne assentiu.

Anne se aproximou, sua mão alcançando a de Damien. “Precisamos ajudá-los, Damien. O Nicky e o Aaron são—eles são família. Não podemos deixá-los lá fora sozinhos, não com o Jackson ameaçando-os.”

Damien assentiu, sua mandíbula tensa. “Nós vamos trazê-los para cá. Mas precisamos ser cuidadosos. Se o Jackson já os expulsou, ele vai estar esperando que façamos alguma coisa. Não podemos nos dar ao luxo de escalar isso para uma guerra total com ele.”

Chris se levantou, sua culpa anterior dando lugar a um renovado senso de propósito. “Qual é o plano?”

Damien olhou entre Chris e Anne, sua mente trabalhando rapidamente. “Anne, entre em contato com o Nicky e o Aaron de novo. Diga para eles irem para a cabana antiga perto do rio — território neutro. É o lugar mais seguro que podemos encontrá-los sem cruzar para a terra do Jackson.”

Anne assentiu, imediatamente discando seu telefone. “Eu vou dizer a eles.”

Damien se virou para Chris. “Preciso de você na patrulha perto das fronteiras. Se algum dos lobos do Jackson estiver seguindo eles, eu quero saber.”

Chris assentiu com firmeza, já se dirigindo para a porta. “Estou nessa.”

Desconhecido para eles, um ômega tinha ouvido tudo. A discussão sobre o Detetive Fred. Ela não perdeu tempo para informar Liana sobre isso.

Liana sorriu e murmurou para si mesma após o ômega ter narrado tudo.

“Eu preciso conhecer essas humanas, Heather e Emily.”