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- Capítulo 94 - 94 O Sinal do Destino 94 O Sinal do Destino Damien não
94: O Sinal do Destino 94: O Sinal do Destino Damien não precisava dizer sua união em voz alta; cada lobo da alcateia sentia a verdade. O vínculo de união havia sido selado.
Ela empurrou a porta de sua suíte, o suave rangido cortando o silêncio. Ryan estava deitado na cama, enrolado em seu cobertor favorito, seu rosto tranquilo e sem problemas. Sua respiração suave preenchia o quarto.
O alívio a invadiu como uma onda. Ela se aproximou da cama dele, inclinando-se para afastar uma mecha de cabelo de sua testa. Ele não se mexeu, completamente alheio à convulsão na alcateia naquela noite. Qualquer onda que o vínculo de união tivesse enviado pelos lobos não havia perturbado Ryan.
Seus dedos permaneceram em sua bochecha por um momento mais antes de ela se levantar, sentindo a atração do vínculo puxando-a em direção a Damien. Ela fechou os olhos, centrando-se por um segundo. O vínculo era forte, quase avassalador, mas ela reprimiu o fluxo de emoções vindo dele. Ele teria que lidar com seus pais sozinho por enquanto.
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Damien caminhou pelos vastos corredores, o maxilar rígido. Ele já sentia a tempestade que se formava à frente. Seu pai, Richard nunca lidou bem com surpresas, e isso não seria exceção.
No momento em que cruzou o limiar para a grandiosa sala de estar, ele pôde sentir a tensão crepitando no ar. Richard estava junto à lareira, de costas largas viradas, mas Damien não precisava ver seu rosto para saber que seu pai estava furioso.
“Damien,” a voz de Richard era baixa, mas vibrava com raiva contida. “O que diabos você fez?”
Damien manteve os ombros retos, recusando-se a recuar sob o peso da autoridade de seu pai. Sua mãe, Liana, sentava silenciosamente no canto, as mãos dobradas no colo, sua expressão dividida entre preocupação e consternação.
“Você destruiu tudo pelo que temos trabalhado,” Richard continuou, virando-se para encará-lo, seus olhos cintilando. “A grande cerimônia de união – o símbolo para as outras matilhas, as alianças que estávamos construindo – está tudo acabado. Você sequer entende o que fez?”
“Entendo perfeitamente,” disse Damien, sua voz firme. “E foi por isso que fiz.”
Os olhos de Richard se estreitaram. “Você passou pelas costas de todos. Você roubou de Anne sua cerimônia, de sua posição diante da alcateia como sua parceira.”
Damien sentiu o calor subir em seu peito, mas manteve seu temperamento sob controle. “Não foi sobre uma cerimônia, Pai. Foi sobre protegê-la.”
“Protegê-la?” Richard zombou, sua incredulidade palpável. “Do quê? Ela é a futura Luna — ninguém na alcateia ousaria machucá-la.”
Damien deu um passo à frente, abaixando a voz. “Não da alcateia. De forasteiros. Jessica estava a assediando; outros ainda questionam o lugar dela na alcateia.”
A expressão de Richard endureceu, sua raiva cedendo espaço para um vislumbre de entendimento.
“Eu não podia esperar,” continuou Damien. “Se tivéssemos seguido com a cerimônia conforme planejado, teriam sido semanas antes do vínculo estar totalmente selado. Isso teria deixado Anne vulnerável — uma Luna sem parceiro é um alvo fácil. Você sabe disso tão bem quanto eu.”
Liana se mexeu na cadeira, falando pela primeira vez. “Damien, por que você não nos contou isso antes?”
“Porque eu não queria causar pânico. A alcateia não pode se dar ao luxo de ter caos agora.”
Os punhos de Richard se fecharam, sua testa profundamente franzida. “Poderíamos ter lidado com isso de maneira diferente. Uma união privada, algo discreto. Você não tinha que mordê-la no meio da noite como—”
“Como o quê?” Damien estalou, cortando-o. “Como um lobo? É exatamente o que sou, Pai. Eu tomei uma decisão como Alfa para proteger meu par, nossa futura Luna. Se você não consegue ver isso, então talvez você tenha passado tempo demais preocupado com a política e não o suficiente com a segurança da sua família.”
O silêncio que se seguiu foi denso, carregado com palavras não ditas. Os olhos de Richard se fixaram nos de seu filho, e por um momento, Damien se perguntou se seu pai realmente o atacaria. Mas então, lentamente, Richard exalou, parte da tensão deixando seu corpo.
“Você sempre foi teimoso,” murmurou Richard, agora com a voz mais baixa. “Mas isso — isso foi imprudente, Damien.”
“Eu fiz a melhor decisão que pude com as informações que tinha,” respondeu Damien. “Você me treinou para isso. Você confiou em mim para liderar. Agora confie que eu sei como proteger meu par.”
Os lábios de Richard se apertaram em uma linha fina, mas ele não disse mais nada. Não foi uma admissão de derrota.
Liana se levantou, cruzando a sala para ficar ao lado do filho. Ela colocou uma mão gentil em seu braço e sorriu, embora houvesse tristeza em seus olhos.
“Você fez sua escolha,” ela disse suavemente. “Agora teremos que viver com ela.”
Damien assentiu, grato pelo apoio de sua mãe. Ele se virou e saiu da sala. Mas ele não tinha arrependimentos. Anne era sua parceira, e ele faria de tudo para protegê-la — cerimônia ou não.
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“E agora, o que devemos fazer, Liana?” A voz de Richard rachou sob a tensão. “Damien marcou Anne. Ele nunca poderia deixá-la, mesmo que quisesse. Ele está vinculado a ela agora.”
Os olhos dela brilharam com um fogo desafiador enquanto ela erguia o queixo. “Quem disse que Damien não pode deixar sua parceira?” ela perguntou, com a voz baixa e firme. “Eu deixei meu parceiro por você, não foi?”
Richard congelou; seu andar abruptamente interrompido. Ele se virou para encará-la completamente agora, sua expressão uma mistura de confusão e raiva. “Isso é diferente. Você escolheu deixar seu parceiro — Damien não vai.”
O coração de Liana doía com a memória de sua própria decisão, aquela que fizera há tanto tempo quando escolheu Richard em detrimento do parceiro que a Deusa da Lua havia destinado para ela. Ela havia destruído seu vínculo por amor, por desejo, por algo que pensava ser maior que o destino. Mas as cicatrizes ainda permaneciam. Ela havia se afastado, ainda que soubesse a dor de cortar aquele laço, a agonia de romper algo tão primal, tão inato. Quase a destruiu.
“Se eu pude deixar meu parceiro, por que Damien não pode fazer o mesmo?” disse Liana, sua voz mais dura desta vez, como se desafiasse Richard a contestá-la. “Ele tem livre arbítrio. O vínculo não o possui. Ele pode escolher.”
“O Alfa Jackson não vai deixar isso passar,” continuou Richard, com a voz áspera. “Ele vai contra nós. Você sabe como ele é — ele não vai descansar até que Damien seja derrubado por isso.”
O estômago de Liana revirou com a menção de Jackson.
Ela deu um passo em direção a Richard, sua expressão suavizando ligeiramente, embora o aço em seu olhar permanecesse. “Eu não vou deixar Jackson nos destruir,” disse ela. “Eu sei com o que estamos lidando. Mas não estamos sem poder, Richard. Já enfrentamos piores que isso. Damien ainda pode escolher seu próprio caminho, e nós também.”
Richard olhou para ela, seus olhos azuis nublados pela incerteza. “E se você estiver errada?”
Um silêncio se instalou entre eles, do tipo que faz as paredes parecerem fechar, como se estivessem presos por forças além do controle deles. Pela primeira vez, Liana sentiu o peso da dúvida pressionando sobre ela, as rachaduras em sua resolução ameaçando aparecer. Mas ela não poderia se dar ao luxo de duvidar. Não agora.
“Nós vamos descobrir isso,” disse Liana, mais para si mesma do que para ele. “Damien tem uma escolha. Assim como eu tive. Assim como você tem.” Ela colocou a mão sobre a dele, apertando gentilmente. “Nós lutamos. Sempre lutamos.”