O companheiro perdido - Capítulo 90
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- Capítulo 90 - 90 Raiva e Calma 90 Raiva e Calma Uma prova Luna Miriam
90: Raiva e Calma 90: Raiva e Calma “Uma prova?” Luna Miriam interrompeu, avançando com um movimento elegante de seu vestido. “Jessica, não vamos nos precipitar. Isso foi claramente um acidente.”
O rosto de Jessica se contorceu com desdém, seus olhos nunca deixando Anne. “Um acidente? Acho que não. Ela está aqui há cinco minutos e já está causando o caos. É justo que o conselho decida se ela é realmente digna de ser a companheira do Damien.”
Damien se colocou entre elas.
“Chega, Jessica. Isso é ridículo.”
Jessica deu de ombros, seus olhos brilhando de indignação. “Você acha isso ridículo? Eu acho que está na hora de sua matilha ver quem ela realmente é — do que ela é capaz. Ou será que você está cego por causa dela para ver a verdade?”
A garganta de Anne se apertou. Ela não queria isso. Não queria ser a causa de um escândalo, arrastar Damien para uma confrontação que só iria escalar.
Miriam, sentido a tensão crescer, colocou uma mão calmante no braço de Anne. “Jessica, você está sendo irracional. Uma prova? O que isso implicaria?”
Jessica deu um sorriso sarcástico, um brilho perigoso em seus olhos. “Um desafio, claro. A mesma prova que qualquer forasteiro deve enfrentar ao reivindicar um lugar em uma matilha — seja a companheira de um Alfa ou não.”
Anne sentiu o sangue drenar de seu rosto. Ela já tinha ouvido falar das provas antes — testes físicos e mentais feitos para provar a força, lealdade e o direito de pertencer. Eram arcaicos, vestígios de um tempo onde o poder era tudo que importava e os fracos eram eliminados. Mas aquelas provas não eram feitas para as companheiras — eram feitas para desafiantes, inimigos da matilha. Não para ela.
A voz de Damien era firme, intransigente. “Isso não vai acontecer, Jessica. Anne não precisa provar nada para ninguém, muito menos para você.”
Os lábios de Jessica se curvaram num sorriso cruel. “Você está protegendo ela porque sabe que ela falharia. Você sabe que ela não é forte o suficiente para sobreviver neste mundo.”
A mandíbula de Damien se contraiu. “Você não faz parte da minha matilha, Jessica; você não pode desafiar a Anne ou qualquer outro membro. Sua opinião não tem peso aqui.”
Os olhos de Jessica se estreitaram, um brilho perigoso brilhando neles. “Claro, mas Damien, você está esquecendo algo. Você ainda não é o Alfa.”
Os olhos de Damien brilharam de raiva, seus punhos cerrados ao lado do corpo.
O sorriso de Jessica se alargou, um lampejo de satisfação em seus olhos. “Seu pai é o alfa; ele permitirá este desafio, não é mesmo?” A expressão de Damien escureceu.
Os olhos de Damien brilharam de fúria, sua mandíbula cerrada tão forte que Anne pensou que ele poderia quebrá-la.
“Não,” disse Damien abruptamente, sua voz cortando o silêncio como uma lâmina. Ele deu um passo à frente, sua postura emanando uma raiva crua. “Isso não vai acontecer. Não vou mais tolerar essa palhaçada ridícula.”
O sorriso de Jessica vacilou, mas ela rapidamente o encobriu com sua expressão altiva habitual.
Seu olhar então varreu a multidão, desafiando alguém a se pronunciar. “A prova está encerrada antes mesmo de começar.”
Anne ficou em silêncio ao lado dele, seu coração batendo forte enquanto observava a feroz proteção na postura de Damien. Ela sabia que ele estava perto de perder o controle — podia ver a tempestade se formando logo abaixo da superfície de seu exterior. Seu lobo estava andando de um lado para o outro dentro dele, ansioso para assumir o controle.
Sem dizer mais nada, Damien segurou a mão de Anne e virou em direção à saída, puxando-a consigo. O aperto de Damien era forte, seu corpo tenso enquanto eles saíam da festa e iam para o ar fresco da noite.
Assim que estavam do lado de fora, ele soltou a mão dela e passou uma mão frustrada pelo cabelo, andando de um lado para o outro na frente dela. Seus movimentos eram cortantes, como se tentasse manter seu lobo sob controle. Sua respiração era irregular e Anne podia sentir as ondas de raiva emanando dele.
“Damien…” Anne começou suavemente, mas ele não parecia ouvi-la.
“Como ela ousa?” Damien rosnou, sua voz baixa e perigosa. “Como ela ousa tentar te forçar a isso? Eu deveria tê-la despedaçado ali mesmo.” Seus olhos brilharam fracamente na escuridão, um sinal de que seu lobo estava perigosamente perto de se libertar.
Anne se aproximou dele, sua voz calma e tranquilizadora. “Damien, está tudo bem. Eu sei que você está com raiva, mas não é assim.”
Ele parou de andar e olhou para ela, seus olhos ainda brilhando. “Não está bem, Anne. Eles estão tentando te derrubar, fazer com que você prove algo que você não deveria ter que provar. Você é minha companheira. Isso já deveria ser suficiente.”
Anne colocou uma mão gentil em seu peito, sentindo as batidas rápidas de seu coração sob suas pontas dos dedos. “É suficiente,” ela disse suavemente. “Mas você não pode deixar que ela te afete assim. Você sabe que Jessica está fazendo isso para te provocar.”
As mãos de Damien tremeram enquanto ele exalava, tentando recuperar o controle. Seu lobo estava na superfície, ávido por uma luta, por libertação. Anne podia sentir pela forma que seus músculos se tensionavam, suas respirações vinham em rajadas curtas e rápidas. Ela sabia que ele precisava de mais do que apenas palavras calmantes agora — ele precisava correr, deixar seu lobo sair de uma maneira que não envolvesse destruir metade da matilha.
“Vem comigo,” Anne sussurrou, sua voz suave mas firme. “Vamos correr.” Anne se aproximou mais, pressionando sua testa contra o peito dele, sentindo o calor dele envolvê-la. “Vamos descarregar isso. Juntos.”
A respiração de Damien desacelerou um pouco com suas palavras, e depois de um longo momento, ele concordou com a cabeça. “Vamos.”
Eles caminharam rapidamente até o carro. A lua estava alta no céu, lançando luz prateada sobre as árvores que margeavam a floresta.
Uma vez que chegaram à borda do território da matilha, Damien estacionou o carro e saiu, o ar fresco da noite ajudando a acalmá-lo. Anne o seguiu, seu coração batendo de forma constante, e sua mente focada em ajudá-lo a se livrar da fúria que se acumulava dentro dele. Eles tiraram suas roupas finas enquanto o ar fresco batia em sua pele.
“Pronta?” ela perguntou suavemente, já sentindo a familiar atração de seu lobo despertando sob sua pele.
Damien concordou com a cabeça, sua expressão agora mais calma, mas ainda intensa. Ele recuou, e com um movimento fluido, ele se transformou. Sua transformação foi rápida e perfeita, sua forma de lobo poderosa e elegante, seu pelo escuro brilhando ao luar. Um rosnado baixo ressoou em seu peito enquanto ele sacudia os últimos vestígios de sua forma humana.
Anne sorriu, então fechou os olhos, deixando seu lobo tomar conta. Ela sentiu a mudança em seus ossos, o estiramento e a transformação familiar enquanto seu corpo se transformava em sua forma de lobo. Seu pelo branco e elegante brilhava ao luar enquanto ela se colocava ao lado de Damien, seus lobos agora lado a lado.
Sem dizer uma palavra, eles partiram para a floresta.