O companheiro perdido - Capítulo 89

89: O Círculo da Luna 89: O Círculo da Luna “Luna Miriam da Alcateia Rockwood,” ela se apresentou, estendendo uma mão delicada.

Anne sorriu educadamente e apertou sua mão. “É um prazer conhecê-la.”

Anne sorriu de volta. “É uma honra, Luna Miriam.”

Os olhos de Miriam brilharam ao entrelaçar seu braço no de Anne, levando-a gentilmente para o lado distante do salão de baile. “Preciso apresentá-la às outras senhoras. Afinal, é tradição. Nós Lunas devemos nos manter unidas.”

As mulheres formaram um círculo apertado, rindo suavemente e trocando olhares penetrantes como se compartilhassem algum segredo não dito. Elas estavam impecavelmente vestidas com vestidos de grife que sussurravam riqueza e poder, cada uma delas compenetrada e elegante, seus olhos brilhando com a confiança vinda de saber o seu lugar neste mundo.

Quando Anne entrou em seu círculo, sentiu como se tivesse tropeçado no clube das garotas populares do ensino médio. Houve uma mudança instantânea na atmosfera. As mulheres sorriam, mas os sorrisos não chegavam aos olhos. Em vez disso, seus olhares varriam Anne, avaliando e julgando, como se estivessem pesando seu valor.

“Senhoras, esta é Anne,” disse Luna Miriam, sua voz vibrante com alegria forçada. “O par do Damien.”

Algumas das mulheres sorriram educadamente, com rostos neutros, mas outras trocaram olhares sutis, e Anne pôde sentir a corrente de desprezo de algumas.

Uma mulher, com cabelos escuros e olhos azuis marcantes, foi a primeira a falar. “Então, você é quem finalmente domou o Damien.”

Anne forçou um sorriso. “Não sei se o dominei,” ela respondeu, tentando igualar o tom casual, embora sentisse o peso do julgamento delas.

A mulher riu levemente, mas Anne não conseguiu se livrar da sensação de que estava sendo avaliada, testada até. As outras senhoras adicionaram comentários educados, mas a conversa soava mais como uma performance.

Então, para seu desgosto, ela viu duas figuras familiares paradas na borda do círculo—Jessica e sua mãe. O estômago de Anne torceu ao vê-las. Jessica, com sua beleza gélida, estava ligeiramente afastada do grupo, de braços cruzados, enquanto sua mãe ficava ao seu lado, seu rosto impassível porém observador. Nenhuma delas falou com Anne, mas sua presença foi suficiente para fazê-la se sentir ainda mais deslocada.

Uma das mulheres, uma loira alta com um sorriso travesso, olhou para Jessica e decidiu quebrar o silêncio. Sua voz era doce, mas as palavras eram tudo menos isso.

“Jessica, querida,” ela começou, o tom impregnado de falsa preocupação. “Como você se sente agora que Damien encontrou seu par? Quero dizer, você estava noiva dele como… para sempre, não estava?”

A pergunta pairou no ar como uma arma carregada, e Anne sentiu o coração saltar. Ela não esperava que alguém levantasse isso abertamente, e certamente não de uma maneira tão cruel e calculada.

O rosto de Jessica escureceu, seus nós dos dedos embranquecendo enquanto ela segurava a haste de sua taça de champanhe. Por um momento, pareceu que ela poderia explodir, mas então se recompôs, embora o gelo em seu tom fosse inconfundível.

“Eu nunca estive noiva do Damien,” Jessica resmungou, sua voz cortando o riso como uma lâmina. “Éramos próximos, mas isso é passado agora.”

Anne estremeceu por dentro, sentindo a hostilidade irradiando de Jessica. As outras mulheres trocavam olhares divertidos, claramente apreciando o espetáculo, enquanto a mãe de Jessica observava com um distanciamento frio. Mas a loira não tinha terminado.

“Ainda assim,” ela continuou com um sorriso astuto, “deve ser estranho, certo? Ver o Damien tão apaixonado por Anne? Nunca o vi olhar para ninguém como ele olha para ela.”

Os olhos de Jessica faiscaram com fúria, e Anne pôde sentir a temperatura do ambiente baixar. O sorriso de Jessica estava apertado, tenso. Ela claramente queria dizer algo cortante, algo que colocasse a outra mulher em seu lugar, mas em vez disso, ela apenas virou nos calcanhares e se afastou, deixando um silêncio constrangedor atrás de si.

As bochechas de Anne coraram enquanto os olhos da mulher se voltavam para ela novamente. A tensão estava espessa, e tudo que ela queria era encontrar Damien e escapar da atmosfera sufocante.

Excusando-se do grupo, Anne atravessou o salão de baile, seus olhos vasculhando a multidão à procura de Damien. O leve tilintar de copos e o murmúrio baixo de vozes preenchiam o espaço, mas Anne estava tão focada em sair que mal notou tudo isso.

Ao se aproximar do centro do salão de baile, Anne não percebeu Jessica voltando em sua direção. Aconteceu num piscar de olhos—Jessica, fervendo de raiva e não prestando atenção por onde ia, colidiu com Anne. Ambas mulheres tropeçaram, perdendo o equilíbrio enquanto se chocavam contra uma fonte de champanhe feita inteiramente de taças de cristal.

O som foi ensurdecedor. Centenas de flûtes de champanhe se quebraram, enviando cacos de vidro voando enquanto a fonte tombava. O líquido dourado derramou sobre a mesa, espirrando no chão, encharcando o vestido de Anne, e causando um caos que se espalhou pela multidão.

Gritos encheram o ambiente enquanto os convidados viravam para olhar, o salão de baile inteiro parecendo congelado no lugar. Anne, encharcada e coberta de champanhe, permaneceu lá em choque, seu coração acelerado. Jessica, igualmente encharcada e furiosa, parecia estar prestes a explodir.

A mente de Anne corria enquanto tentava processar o que acabara de acontecer, seu corpo ainda zumbindo do impacto e da humilhação de tudo. Ao seu redor, as pessoas cochichavam, suas expressões chocadas deixando claro que isso não era apenas um deslize social—era um desastre completo.

Os olhos de Jessica encontraram os de Anne, seu rosto torcido de raiva, e por um momento, Anne pensou que ela poderia atacá-la.

Damien apareceu.

“Você está bem?” Damien perguntou, sua mão no braço de Anne, seus olhos a examinando em busca de algum sinal de ferimento.

Anne assentiu, envergonhada demais para falar. Tudo que ela queria era desaparecer, escapar dos olhares julgadores e dos sorrisos presunçosos das mulheres que ela acabara de deixar para trás.

“Ela me atacou!” Jessica gritou.

O maxilar de Damien se apertou. Seu olhar passou de Jessica para Anne, e por um instante, Anne sentiu uma pontada de medo—medo de que ele pudesse acreditar em Jessica.

“Eu não—” Anne começou, mas antes que pudesse explicar, Jessica deu um passo à frente, sua expressão irada.

“Vamos fazer um julgamento.” Jessica disse triunfantemente.