O companheiro perdido - Capítulo 86
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- Capítulo 86 - 86 Alguns segredos 86 Alguns segredos O coração de Anne
86: Alguns segredos 86: Alguns segredos O coração de Anne apertou.
“Sinto muito pela sua irmã,” ela disse suavemente, sua voz cheia de empatia.
Heather deu um pequeno e triste sorriso. “Está tudo bem,” ela respondeu, embora a tristeza em seus olhos persistisse.
Emily piscou, uma expressão de surpresa em seu rosto. “Você nunca me contou sobre ela,” ela disse, sua voz tingida de mágoa.
Heather soltou um suspiro profundo, reclinando-se na cadeira. “Havia… algumas lembranças dolorosas associadas à Jennifer,” ela explicou, seus dedos traçando distraidamente a borda de sua xícara.
Anne, percebendo que Heather pode precisar liberar essas memórias, perguntou gentilmente, “Você gostaria de falar sobre isso?”
Por um momento, Heather ficou em silêncio, olhando para sua xícara como se perdida em pensamento. Então suspirou fundo e começou.
“Jennifer era 3 anos mais velha que eu; ela era vibrante e cheia de vida. Era a popular, sempre cercada de pessoas, sempre brilhando. Eu costumava admirá-la. Mas ela mudou quando conheceu um homem… James.” Ela fez uma pausa, seu maxilar se apertando levemente. “Ele era muito mais velho que ela. Jennifer tinha apenas 18 anos, e nossos pais desaprovavam. Diziam que ele não era o certo para ela. Mas por algum motivo, Jennifer estava obcecada por ele. Era como se ela não pudesse ver mais ninguém.”
Os olhos de Emily se arregalaram enquanto ela ouvia. “O que aconteceu?” ela perguntou suavemente, cativada pela história que se desenrolava.
Heather balançou a cabeça. “Jennifer conheceu James em nosso café. Ele costumava vir com frequência. No começo, parecia inofensivo—apenas um cliente. Mas logo ela estava saindo sorrateiramente para encontrá-lo. Nossos pais ficaram furiosos quando descobriram. Disseram a ela para ficar longe dele, mas ela recusou. Ela estava louca por ele, e ninguém podia convencê-la do contrário.”
Houve uma pausa enquanto Heather reunia seus pensamentos, a memória daqueles anos claramente ainda viva. “Então uma noite, ela chegou em casa chorando. Ela nos disse que James era casado. Ela estava devastada. Meus pais ficaram furiosos e disseram a ela para deixá-lo, dizendo que ele não era bom para ela. Mas então Jennifer… ela nos disse que estava grávida.”
O coração de Anne se contraiu com a revelação. Ela podia ver a dor nos olhos de Heather enquanto ela revivia o momento.
Heather continuou, agora com uma voz mais suave. “Meus pais não aguentaram. Pediram que ela abortasse o bebê. Ela recusou. Eles a expulsaram. Ela disse que tinha arruinado a vida dela e teria que viver com suas escolhas. Então ela foi morar com James e sua esposa.” Heather fez uma pausa, sua expressão conflituosa. “Eu não entendia na época, e honestamente, ainda não entendo. Quero dizer, por que ela iria para eles? Mas ela foi. Eu a visitei uma vez, só para verificar como ela estava porque eu estava preocupada.”
Os olhos de Heather ficaram distantes enquanto ela se lembrava daquela visita. “Jennifer estava bem grávida naquela época. Eu implorei para ela voltar para casa e deixar James e sua esposa, mas ela recusou. Ela disse que não podia. Eu não conseguia entender o relacionamento deles—era… estranho. Eles não eram como um casal normal, nem de longe. E o jeito como a esposa do James agia, era como se ela não se importasse que Jennifer estivesse lá, como se fosse algum tipo de acordo que eles tinham.”
A boca de Emily se abriu levemente. “Ela ficou lá? Com ele e sua esposa?”
Heather assentiu. “Sim. Era horrível. Mas Jennifer não sairia, não importava o quanto eu implorasse. Depois, não muito tempo depois disso, recebemos a notícia—ela morreu no parto.” A voz de Heather vacilou por um momento, mas ela prosseguiu. “James e sua esposa ficaram com o bebê. Eu nunca mais os vi.”
Um silêncio pesado caiu sobre a mesa enquanto Heather terminava sua história. Anne estendeu o braço sobre a mesa, colocando gentilmente a mão sobre a de Heather, oferecendo conforto silencioso.
“Isso é… terrível,” Emily sussurrou, seus olhos cheios de simpatia. “Eu não posso acreditar que ela passou por tudo isso.”
Heather assentiu, sua expressão sombria. “Eu passei anos tentando entender. Por que ela ficou, por que ela se sentia tão ligada a ele. Mas eu nunca consegui as respostas de que precisava. E depois que ela morreu, eu simplesmente… não conseguia falar sobre isso.”
Anne apertou a mão de Heather. “Sinto muito, Heather,” disse suavemente. “Deve ter sido incrivelmente difícil.”
Heather deu um pequeno aceno, seus olhos vidrados com lágrimas não derramadas. “Foi. Mas eu acho que falar sobre isso agora ajuda. Um pouco.”
Emily, que havia escutado em silêncio atônito, finalmente falou. “Eu gostaria que você tivesse me contado antes, Mãe. Eu não tinha ideia de que você estava carregando tudo isso.”
“Eu não queria te sobrecarregar com isso,” Heather respondeu suavemente. “Era algo que eu guardava para mim mesma. Mas talvez eu devesse ter compartilhado antes.”
Emily alcançou a mão de sua mãe, apertando-a fortemente.
Enquanto Heather e Emily se confortavam silenciosamente, a mente de Anne divagava.
A história de Jennifer era perturbadora, sim, mas não era apenas o peso emocional disso que a incomodava. Havia algo estranhamente familiar a respeito. Quanto mais Anne pensava a respeito, mais um estranho sentimento de coincidência se infiltrava em sua mente. Suas sobrancelhas se franziram enquanto perguntas começavam a girar.
Quais eram as chances?
Damien havia nascido no Alasca. E agora, com o bebê de Jennifer sendo levado pelo homem e sua esposa… deixava um sentimento inquietante em seu peito.
Era tudo apenas uma coincidência? Ou havia algo mais?
Anne se inclinou levemente para a frente, sua curiosidade grande demais para ignorar.
“Heather,” Anne disse gentilmente, sua voz cortando o silêncio. Heather olhou para cima, enxugando os olhos enquanto Emily apertava sua mão em um silencioso conforto.
“Sim?” Heather respondeu, sua voz ainda suave pelas emoções de sua história.
“Eu não quero trazer mais lembranças dolorosas, mas… você poderia me dizer o ano em que Jennifer faleceu?” Anne perguntou cautelosamente, esperando que sua pergunta não perturbasse Heather ainda mais.
Heather piscou, um pouco surpresa com a pergunta. Ela hesitou por um momento, claramente pega de surpresa pela mudança na conversa. Mas, eventualmente, ela respondeu.
“1998,” Heather disse, sua voz tingida com uma tristeza silenciosa. “Jennifer morreu em 1998.”
O coração de Anne deu um salto. Sua mente acelerou. 1998. O mesmo ano em que Damien nasceu.