O companheiro perdido - Capítulo 83
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83: Dúvida 83: Dúvida A visão de Anne se turvou de raiva. O insulto, a arrogância — tudo isso alimentava o fogo interior dela. Ela estava cansada de jogar o jogo da Jessica. Ela se preparou, pronta para atacar, quando uma voz repentina cortou o ruído.
“Chega!”
O comando soou como um trovão, interrompendo ambas no meio da luta. Anne se virou para ver Liana caminhando em direção a elas.
Jessica imediatamente recuou; ela abaixou a cabeça em respeito. Os membros da matilha que assistiam do lado de fora ficaram em silêncio.
O coração de Anne batia forte no peito, mas ela manteve a posição, ainda ofegante do esforço da luta.
“O que está acontecendo aqui?” A voz de Liana era aguda, seu olhar penetrante enquanto passava por ambas. “Isto é uma vergonha.”
Antes que Anne pudesse responder, Liana voltou a atenção diretamente para ela. “Anne,” ela disse, seu tom carregando o peso da repreensão, “Eu esperava mais de você. Você deveria ser a futura Luna desta matilha, e no entanto, aqui está você, lutando na frente de todos como uma criança impulsiva.”
Anne sentiu o golpe das palavras de Liana, sua raiva fervilhando sob a superfície. Ela abriu a boca para se defender, mas Liana levantou uma mão, silenciando-a.
“Você precisa aprender a se conter,” Liana continuou, sua voz fria e autoritária. “Uma Luna não age por impulso. Uma Luna lidera com graça e controle. Lutar assim, deixando suas emoções ditar suas ações, só vai enfraquecer sua posição nesta matilha.”
Liana agora se voltou para a multidão reunida, sua voz se elevando para que todos pudessem ouvir. “O espetáculo acabou,” ela declarou, seu tom final. “Voltem aos seus deveres. Não há mais nada para ver aqui.”
Lentamente, os membros da matilha começaram a se dispersar, embora não sem alguns olhares demorados na direção de Anne. Anne podia sentir os olhos neles, o peso do julgamento pressionando. Ela queria mostrar a eles sua força, mas agora tudo o que sentia era o agudo ardor da humilhação.
Liana se aproximou de Anne, sua voz abaixando para um tom mais baixo, mas não menos severo. “Se você continuar deixando os outros provocá-la assim, você nunca vai sobreviver nesta matilha.”
Anne engoliu em seco, sentindo a verdade nas palavras de Liana, mesmo que doessem. “Eu entendi,” ela disse baixinho, embora o fogo da frustração ainda ardesse em seu peito.
“Bom,” Liana respondeu, seu tom amolecendo um pouco. “Aprenda com isso. Na próxima vez, mostre a eles como uma verdadeira Luna se parece.”
Sem esperar por uma resposta, Liana girou sobre os calcanhares e se afastou, deixando Anne parada no centro do campo de treinamento.
Jessica lançou um último olhar na direção de Anne antes de se afastar na direção oposta.
Anne exalou, seus músculos ainda tensos da luta, ela não conseguia entender o que Liana queria.
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Ryan entrou pulando pela porta, com sua pequena mochila pendurada em um ombro enquanto corria em direção a Anne, uma excitação irradiando dele. Seus olhos azuis brilhavam de orgulho.
“Mãe!” Ryan chamou, jogando sua mochila perto da porta e correndo até ela. “Adivinha o que eu aprendi hoje?”
Anne se agachou, afastando uma mecha do cabelo escuro dele de seu rosto. “O que você aprendeu, querido?” ela perguntou com um sorriso gentil.
Ryan estufou o peito.
“Eu aprendi que eu sou um Alfa!” ele declarou orgulhosamente, seus pequenos punhos apoiados nas cinturas como se as palavras por si só o tornassem mais forte.
Anne riu.
“Claro que você é,” ela disse, beijando o topo da cabeça dele. “Você é o filho de um Alfa.”
Ryan olhou para ela, seus olhos agora curiosos. “Você é uma Alfa também, Mãe?”
A pergunta a pegou de surpresa. Ela piscou. Anne ponderou por um momento, considerando sua resposta. Tecnicamente, ela não era uma Alfa. Seu pai havia sido um Beta, o que a fazia uma por nascimento. Mas sua patente na matilha era de uma Ômega.
No mundo dos lobisomens, a linhagem é tudo. Alfas de sangue puro se uniam com outros Alfas, fortalecendo o poder e o prestígio de suas linhagens. Misturas aconteciam, claro, especialmente quando lobos encontravam parceiros humanos ou de patente menor. Mas era raro um Alfa se unir com alguém de um escalão inferior, especialmente uma Beta que se tornou uma Ômega como ela.
Ela não queria diminuir a excitação de Ryan ou confundi-lo com a política da matilha; ele era novo demais para entender. Então, ela cuidadosamente elaborou sua resposta. “Não, Ryan. Eu sou uma Beta.”
A testa de Ryan se enrugou em pensamento. “Beta?” Ele parecia girar a palavra na cabeça. “Então… por que você não é uma Alfa também?”
Sua pergunta inocente a fez pensar. Ela bagunçou o cabelo dele carinhosamente, tentando mascarar a súbita onda de emoções. “Essa é uma boa pergunta, amigo,” ela disse, sua voz suave.
A verdade era, Damien era um Alfa de sangue puro, destinado a liderar uma poderosa matilha. Pela lógica e tradição, ela não deveria ter sido a parceira dele de maneira alguma. Lobos de sua patente eram esperados para se unirem com Alfas fortes, garantindo que a linhagem permanecesse pura e a matilha poderosa. Mas lá estava ela, uma Beta de nascimento, companheira de um dos Alfas mais poderosos do reino.
Ryan puxou sua manga, trazendo-a de volta ao presente. “Mãe?” ele perguntou, sua voz cheia de curiosidade. “Por que você não é uma Alfa?”
Anne hesitou, sem saber como explicar algo tão complicado para uma criança tão jovem.
“É porque eu nasci Beta,” ela disse, mantendo sua voz leve. “Mas ser uma Beta não é uma coisa ruim. Significa apenas que eu tenho forças diferentes.”
Ryan assentiu pensativamente.
“Mas se o Papai é um Alfa e eu sou um Alfa, então você também é especial, certo?”
O coração de Anne se aqueceu com suas palavras inocentes. Ela beijou sua testa, sorrindo ao puxá-lo para um abraço gentil. “Sim, eu ainda sou especial. E você também. Todos nós temos nossas forças, Ryan. Não importa qual é a nossa patente. O que importa é o que fazemos com ela.”
Ryan pareceu satisfeito com essa resposta por enquanto, mas Anne não conseguia afastar os pensamentos que persistiam em sua mente. Isso não fazia sentido; ela não deveria ter sido companheira de Damien a menos que Damien não fosse um Alfa de sangue puro ou ela tivesse sido trocada ao nascer. Ambas as possibilidades eram ridículas.