O companheiro perdido - Capítulo 79
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79: Ensaios da Luna 79: Ensaios da Luna Anne enxugou o suor de sua testa, sentindo a tensão em cada músculo de seu corpo enquanto cambaleava para se levantar mais uma vez. Ela respirava em ofegos irregulares, seu peito subindo enquanto tentava se estabilizar. Em frente a ela estava a guerreira, Kara. Sua postura era sólida, seus movimentos precisos. Anne já havia perdido a conta de quantas vezes fora derrubada durante a sessão de treinamento.
Foi avisada que aprender os modos da matilha seria um desafio, mas ela não tinha antecipado o quão avassalador seria. Havia tanto a aprender — política da matilha, tradições, regras, e agora isto: treinamento físico. Como Luna, ela precisava ser capaz de lutar, de defender a si mesma e aos outros. Correr e caçar eram segundas naturezas para sua loba, mas lutar era uma besta completamente diferente.
Kara estreitou os olhos para Anne. “Foque,” ela latiu, sua voz afiada. “Você está se expondo demais.”
Anne apertou os dentes e assumiu uma postura defensiva, imitando o que tinha visto os outros fazerem durante o treinamento. Mas não era fácil. Cada movimento se sentia desajeitado, seus músculos não estavam acostumados à precisão e velocidade necessárias.
Do lado de fora, ela podia ouvir os sussurros dos membros da matilha que tinham se reunido para assistir. Era impossível ignorar seus murmúrios, os olhos julgadores acompanhando cada passo em falso.
“Ela está com dificuldades.”
“Jessica luta muito melhor.”
“Ela não é como os outros.”
As palavras ficaram gravadas, afundando na pele de Anne como espinhos. Ela sabia que não era uma guerreira treinada. Nunca precisou ser. Mas aqui, na matilha, a força era tudo. E dela não era só esperada força — esperava-se que fosse excepcional. A Luna tinha que conquistar o respeito da matilha.
Kara veio até ela de novo, mais rápida desta vez. Anne mal teve tempo de reagir, bloqueando um soco apenas para ser derrubada por um chute rápido em suas pernas. Ela bateu no tapete com um baque; o ar lhe foi arrancado dos pulmões. Por um momento, ela ficou ali deitada, olhando para o teto do ginásio, sentindo o peso do seu fracasso a esmagando.
“Chega!” A voz de Damien ecoou do outro lado do ginásio, afiada e comandante.
Anne virou a cabeça para vê-lo caminhando em direção a elas, seus olhos escuros de frustração. Ele a alcançou em segundos, ajoelhando-se ao lado dela e ajudando-a a se levantar.
“Você não precisa se esforçar tanto,” ele disse suavemente, embora houvesse um tom de repreensão em sua voz.
Anne encontrou seu olhar, sua própria frustração subindo à superfície. “Eu preciso aprender, Damien. Eu preciso melhorar.”
“Eu sei,” ele respondeu, sua voz agora mais gentil. “Mas você não vai aprender tudo em um dia. Dê tempo a si mesma.”
Anne se afastou dele, balançando a cabeça. Tempo não era algo que ela sentia que tinha. Entre suas responsabilidades como Luna e a necessidade de acompanhar as expectativas da matilha, cada momento parecia uma corrida que ela estava perdendo. Ela mal teve tempo de falar com Emily sobre Heather, e a preocupação a roía constantemente. A matilha consumia todas as suas horas acordadas.
Damien deve ter percebido seu turbilhão interior, pois ele suspirou, olhando para os guerreiros ainda observando. “Isso é suficiente por hoje,” ele anunciou. “Todos, dispensados.”
Kara deu a Anne um aceno respeitoso antes de se virar para sair, e os outros seguiram. O ginásio esvaziou rapidamente, deixando Anne e Damien sozinhos.
Anne cruzou os braços sobre o peito, sentindo a ardência de sua falha anterior ainda fresca. “Eu os ouvi,” ela disse quietamente. “Os outros. Eles acham que Jessica é melhor.”
Damien franziu a testa, sua mão pousando em seu ombro. “Jessica teve anos de treinamento. Você mal teve uma semana. Ninguém espera que você seja perfeita de uma noite para o dia, Anne.”
“Mas eles esperam que eu seja perfeita,” ela rebateu, sua frustração crescendo. “Eu posso ouvir em suas vozes, ver em seus olhos. Eles acham que eu não pertenço aqui.”
“Você pertence aqui,” Damien disse firmemente. “Você é meu par. Você é a Luna. Ninguém pode tirar isso de você.”
As palavras dele eram para ser reconfortantes, mas pouco fizeram para aliviar a pressão que havia se acumulado dentro dela. Ser Luna não era apenas sobre ser o par de Damien — era sobre provar a si mesma. E até agora, ela sentia que estava falhando.
“Eu apenas—” ela começou, mas se interrompeu. Ela não conseguia colocar tudo em palavras. O esgotamento, o sentido esmagador de responsabilidade, as constantes comparações com Jessica. E, por cima de tudo, a preocupação persistente sobre Heather. Anne prometeu a si mesma que falaria com Emily, mas cada vez que encontrava um momento, algo mais exigia sua atenção.
“Eu não sei como equilibrar tudo isso,” ela admitiu em voz baixa. “É só… muito.”
Damien a envolveu em seus braços, puxando-a para um abraço apertado. “Você não precisa equilibrar tudo sozinha,” ele disse. “É pra isso que eu estou aqui.”
“Vamos, eu vou te dar uma massagem.” Ele piscou para ela.
“Eu sei que não será apenas massagem, Damien.” Anne resmungou.
“Mas você gosta, não é?” Ele provocou.
Anne revirou os olhos, mas não pôde deixar de sorrir diante da natureza brincalhona de Damien. “Tudo bem, eu vou me trocar e te encontro no quarto.”
O telefone de Anne vibrou quando ela chegou ao seu armário. Ela olhou para baixo e viu o nome de Nicky piscar na tela. Franzindo a testa, ela atendeu, sentindo algo urgente na chamada inesperada.
“Nicky?” Anne atendeu, sua voz cautelosa.
A voz de Nicky veio de forma sussurrada, quase como se ela temesse ser ouvida. “Anne, eu preciso te contar uma coisa. Eu ouvi uma conversa — entre o Alfa Jackson e o Alfa Blaze.”
“Quem é Alfa Blaze? O que você ouviu?”
Nicky respirou fundo antes de começar a contar os detalhes. “Blaze é irmão do Alfa Richard. Ele veio até Jackson, oferecendo algum tipo de aliança. Ele estava tentando convencer Jackson a esquecer que Jessica algum dia estivesse com Damien. Disse que era inútil agora que Damien tinha você e um filho. Jackson não caiu nessa, no entanto. Mas então Blaze insinuou que Liana não era tão confiável quanto Jackson pensava. Ele tentou fazer Jackson duvidar da lealdade dela, das promessas que fez.”
“O que mais?” Anne insistiu.
“Foi quando Jackson disse algo estranho,” Nicky continuou. “Ele disse… há um motivo pelo qual o Alfa Richard é tão fraco. Ele não detalhou, mas soou como se soubesse mais do que estava dando a entender. Blaze tentou pressionar, mas Jackson se recusou a dar detalhes reais. Ele só insinuou, quase como se estivesse segurando isso sobre a cabeça de Blaze.”
A mente de Anne acelerou enquanto ela absorvia a informação.
“Jackson falou alguma coisa sobre o que causou a fraqueza de Richard?” Anne perguntou, sua voz carregada de tensão.
“Não, só que há um motivo. E a maneira como ele disse… não soou como algo natural. Não foi um acidente nem velhice,” Nicky respondeu.
Anne agradeceu rapidamente e desligou o telefone, sua mente zumbindo com possibilidades. Ela sabia que havia apenas duas razões principais pelas quais um lobo tão poderoso quanto Richard poderia se tornar tão fraco. Ou ele estava doente com alguma rara doença ou envenenado, ou havia perdido seu par.