O companheiro perdido - Capítulo 77
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77: A batalha invisível 77: A batalha invisível Quando Anne e Damien chegaram, a porta da frente estava entreaberta e, à medida que entraram, a tensão no ar era densa. Emily estava sentada no sofá, o rosto marcado por lágrimas, o corpo tremendo enquanto Chris estava ao lado dela, o braço envolvendo-a em conforto silencioso. Heather jazia pálida e frágil no sofá, um cobertor puxado até o queixo.
Os soluços de Emily romperam o silêncio. “Ela desmaiou… do nada.”
À medida que Anne se aproximava da Heather, um estranho cheiro a atingiu — algo denso, pungente e antinatural. Doença. Ela se perguntou como nenhum deles havia percebido isso antes.
As mãos de Anne tremiam enquanto Emily lhe passava uma pasta de papéis — relatórios médicos, exames hospitalares, exames de sangue. Ela lia as palavras e seu coração se contorceu, cada linha afundando mais em seu estômago como uma pedra pesada.
Câncer.
“O-quê?” A voz de Anne era quase um sussurro quando ela olhou para Heather, as palavras presas em sua garganta. “Há quanto tempo…?”
Heather se mexeu levemente, seus lábios pálidos se curvando em um sorriso fraco. “Eu descobri pouco antes de deixarmos o Alasca.”
Como Heather conseguiu manter isso em segredo durante todo esse tempo?
Emily, com a voz carregada de emoção, explicou, “Ela estava escondendo de todos nós. Nós nem teríamos sabido se não fosse por Chris; ele sentiu. Caso contrário, nunca teríamos descoberto.”
O olhar de Anne se voltou rapidamente para Chris, que assentiu seriamente. Lobisomens podiam detectar doenças, sim, mas apenas quando eram graves, avançadas. Anne se repreendeu em silêncio por não ter percebido antes. Ela deveria ter sentido algo, qualquer coisa, antes que chegasse a este ponto. Ela se ajoelhou ao lado de Heather, tomando sua mão gentilmente.
“Sinto muito, Heather”, ela sussurrou, a voz carregada de culpa. “Eu deveria ter notado. Eu deveria ter percebido que algo estava errado.”
O fraco sorriso de Heather não vacilou, mas seus olhos se suavizaram.
“Anne, não se culpe. Eu não queria que ninguém soubesse.”
Mas Anne não conseguia tirar o peso que pressionava seu peito. Ela conviveu com Heather por anos e confiou nela com sua vida. Como ela havia perdido isso?
“Eu deveria ter estado lá”, Anne murmurou. “Eu deveria ter sentido antes que ficasse tão grave.”
Os dedos de Heather apertaram fracamente os de Anne. “Você já tinha preocupações suficientes.”
Damien, que estava em silêncio perto da porta, avançou, seu rosto inexpressivo, mas seus olhos fixos em Heather. “O que podemos fazer?” ele perguntou, sua voz constante mas tensa. “Tem que haver algo.”
Emily enxugou as lágrimas e olhou para Anne e Damien. “Os médicos disseram… está avançado. Eles não sabem quanto tempo ela tem.”
“Não podemos perder a esperança ainda”, interrompeu Damien. “Doenças assim… elas são curáveis hoje em dia. Não estamos desamparados.”
“Nós temos opções”, continuou Damien, seu olhar deslocando-se para Heather, que jazia em silêncio no sofá, ouvindo. “A alcateia é dona de ações em alguns dos principais hospitais do país. Temos acesso aos melhores médicos e aos melhores tratamentos. Se houver a menor chance, vamos aproveitá-la.”
Heather balançou a cabeça, seu rosto pálido se contraindo com desconforto. “Isso… é por isso que eu não queria contar a ninguém”, ela disse roucamente, sua voz frágil mas determinada. “Eu não quero que ninguém gaste dinheiro comigo ou passe por todo esse transtorno só porque estou doente.”
Anne se ajoelhou ao lado de Heather, pegando sua mão mais uma vez. “Não se trata de gastar dinheiro com você”, disse ela suavemente, mas com firmeza. “Você é da família, Heather. E faremos o que for necessário para ajudá-la a melhorar.”
“Você não pediu por isso, mas estamos oferecendo. A alcateia pode cobrir todas as suas despesas médicas. Você não precisa se preocupar com nada, exceto em melhorar.”
O protesto de Heather foi imediato. “Não.” Sua voz era fraca, mas resoluta.
“Eu só… eu não queria que isso se tornasse um problema de mais ninguém. Eu não queria ser um fardo para ninguém.”
Damien cruzou os braços, sua voz inabalável. “Você não é um fardo. Você está carregando isso sozinha há muito tempo. Deixe-nos ajudá-la. Por favor.”
Após um longo silêncio, Heather finalmente expirou, seus olhos se abrindo para encontrar os de Anne.
Embora ela ainda parecesse relutante. “Ok”, ela sussurrou.
Emily, que até agora estava em silêncio, enxugou os olhos.
“Obrigada”, ela sussurrou, seu olhar fixo em Damien e Anne. “Obrigada a ambos.”
“Começaremos amanhã”, disse Damien, sua voz decisiva. “Eu farei as ligações. Conseguiremos o tratamento necessário para Heather.”
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A porta do escritório do Alfa Jackson rangeu ao abrir, e o cheiro o atingiu antes mesmo de o visitante entrar. Ele se enrijeceu, reconhecendo o cheiro do lobo que mais desprezava do que qualquer outro — o Alfa Blaze.
Sem esperar por um convite, Blaze entrou no escritório. Ele não se incomodou com formalidades, simplesmente se sentando na cadeira de Jackson, agindo como se o escritório lhe pertencesse.
O olhar de Jackson escureceu. “O que você está fazendo aqui, Blaze?” ele rosnou, sua voz baixa com uma raiva fervente. A rivalidade entre eles se estendia desde a juventude. Apenas a visão dele em seu escritório fazia o sangue de Jackson ferver.
Blaze se recostou casualmente, cruzando uma perna sobre a outra, como se ele possuísse a sala.
“Jackson”, ele cumprimentou, sua voz sedosa, “sempre um prazer.”
O maxilar de Jackson se apertou. “Duvido. O que você quer?”
O sorriso de Blaze se alargou, seus olhos brilhando com satisfação. “Estou aqui por um acordo.”
Jackson levantou uma sobrancelha, sua paciência ficando cada vez mais tênue. “Um acordo? Que tipo de acordo?”
“Por que você ainda tem esperanças de amarrar Jessica a Damien? Vamos ser honestos, você perdeu. Ele encontrou seu par — Anne, não é? Uma mestiça, pelo que me lembro. E agora eles têm um filho juntos.”
A menção de Anne enviou uma onda de raiva por Jackson, embora ele tentasse não mostrar isso.
Blaze continuou, alheio à crescente agitação de Jackson. “Você realmente acha que Liana ainda está planejando fazer de Jessica a Luna de Damien? Você não pode ser tão ingênuo. Ele seguiu em frente. Eles todos seguiram em frente.”
Jackson ficou mais alto, recusando deixar as palavras de Blaze o abalarem. “Liana me deu sua palavra. Jessica será a Luna de Damien. Esse sempre foi o plano.”
Blaze riu, um som sombrio e consciente que fez a pele de Jackson arrepiar. “A palavra dela?” ele perguntou, diversão dançando em seus olhos. “Você ainda confia nela, Jackson? Você acha que a palavra de Liana significa alguma coisa agora que Damien encontrou um par e tem um filho com outra pessoa?”
Os olhos de Jackson se estreitaram, embora uma semente de dúvida tenha brotado em sua mente. Liana havia sido firme sobre o arranjo — Jessica deveria se tornar Luna. Mas as coisas haviam mudado, e Jackson não podia negar que a situação tinha se tornado nebulosa.
Blaze se inclinou para frente, sua voz ficando mais baixa, mais perigosa. “Por que continuar perdendo seu tempo em promessas que já não são mais vinculantes? Você sabe tão bem quanto eu que Liana abandonaria o arranjo se isso significasse manter a paz na alcateia. Damien não escolherá Jessica. Não mais.”
Os punhos de Jackson se fecharam. Blaze estava conseguindo irritá-lo.
“Se você veio para se gabar, saia. Não tenho interesse nos seus jogos.”
Blaze sorriu, como se a resistência de Jackson o divertisse. “Oh, Jackson. Não vim me gabar. Vim oferecer a você uma alternativa. Um negócio melhor.”
Jackson fez uma pausa; a curiosidade o cutucava apesar dele mesmo. “Do que você está falando?”