O companheiro perdido - Capítulo 74
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74: Vinculação 74: Vinculação O sol entrava suavemente pela cortina, lançando uma luz dourada suave pelo quarto. Anne e Damien sentavam-se lado a lado na cama, apoiados confortavelmente nos travesseiros. Entre eles, Anne segurava seu telefone, passando pelas fotos e vídeos de Ryan ao longo dos anos.
Os olhos de Damien estavam grudados na tela, assistindo maravilhado. Um recém-nascido Ryan, pequenino e enrolado em cobertores macios, seu rostinho franzido durante o sono. Em seguida, uma série de fotos mostrando seus primeiros sorrisos, suas mãozinhas rechonchudas alcançando algo, e o jeito como seus olhos azuis brilhavam com curiosidade e inocência.
Anne sorriu levemente, as memórias invadindo-a. “Ele era um bebê tão quietinho. Raramente chorava, apenas observava tudo ao seu redor como se pudesse entender tudo.”
A expressão de Damien suavizou enquanto assistia a um vídeo de Ryan engatinhando pela primeira vez, suas mãozinhas e joelhos o impulsionando de forma desengonçada pelo chão enquanto Anne o incentivava ao fundo.
“Olha só ele,” murmurou Damien, a voz carregada de emoção. “Tão determinado, desde aquela época.”
Anne olhou para Damien, notando o espanto em seus olhos. Era a primeira vez que ela realmente lhe mostrava esses momentos – os marcos que ele havia perdido durante os primeiros anos de Ryan. Era agridoce compartilhá-los agora.
Outro vídeo começou – os primeiros passos de Ryan. A risada de Anne ecoava pelo quarto enquanto Ryan cambaleava em sua direção, seus bracinhos estendidos, as pernas vacilantes, mas determinadas. A mão de Damien apertou a colcha enquanto ele assistia, a mandíbula levemente cerrada.
“Não acredito que perdi isso,” ele sussurrou, a voz mal audível. Seu olhar permanecia fixo na tela, mas havia uma pesar em seus olhos.
Anne pausou o vídeo, sua mão pousando gentilmente em seu braço. “Você está aqui agora,” ela disse suavemente. “Isso é o que importa.”
Damien soltou um suspiro lento, balançando a cabeça. “Eu sei… mas eu me arrependo, Anne. Eu me arrependo de ter perdido os primeiros anos dele – todos esses primeiros momentos dos quais nunca mais poderei participar.” Sua voz vacilava, o peso de suas palavras pendendo entre eles. “Eu deveria ter estado lá por ele. Por você.”
O coração de Anne doía ao ouvir ele. Ela podia ouvir a dor e o arrependimento que se escondiam sob a superfície de sua calma exterior. Ela não esperava que ele reagisse dessa maneira, embora entendesse. Não eram apenas os marcos que Damien havia perdido. Era a ligação, a conexão que se formava naqueles primeiros anos. E não importa quanto tempo passassem juntos agora, ele não podia voltar no tempo.
“Ele perguntou sobre o pai quando começou na escola,” disse Anne calmamente, seu polegar traçando de modo distraído a borda do telefone. “Eu disse a ele que seu pai o amava muito, mas que teve que ir embora.”
Os olhos de Damien foram em direção a ela, sua expressão uma mistura de gratidão e culpa. “Eu nem sabia… Eu não sabia o que estava perdendo, e isso torna tudo ainda pior.”
Anne colocou o telefone de lado na cama e virou-se para encará-lo totalmente. “Você não podia ter sabido,” ela disse gentilmente, sua mão repousando sobre a dele. “Eu tomei a decisão de ir embora, de manter o Ryan escondido. Eu fiz o que achei que era melhor para ele. Mas você está aqui agora e Ryan te adora. Você é o pai dele, Damien. Ele vai crescer com você a seu lado, e isso é o que importa.”
O olhar de Damien caiu para as mãos deles, seu polegar passando sobre as juntas dela.
Anne apertou a mão dele. “Você vai estar aqui para tudo o mais. Você que vai guiá-lo enquanto ele cresce, ensinar sobre o legado dele, ajudá-lo a se tornar o lobo que ele deve ser.”
Por um longo instante, eles sentaram em silêncio, o suave zumbido do mundo externo filtrando-se pela janela. Damien inclinou-se, depositando um beijo no topo da cabeça dela, seus braços a envolvendo num gesto de conforto e segurança. Anne fechou os olhos, permitindo-se afundar no calor do abraço.
“Obrigado por me mostrar isso,” ele disse, a voz mais baixa agora. “Mesmo que doa… Estou feliz por ter visto.”
Anne sorriu levemente, pegando o telefone novamente. “Tem mais,” ela disse, passando para outro vídeo. “Você ainda não viu ele com dois anos. Foi quando ele começou a escalar tudo. Não dava pra mantê-lo parado por mais que cinco segundos.”
Damien soltou uma risada suave, um pouco da luz retornando aos seus olhos. “Acho que estou pronto para isso,” ele disse, embora ainda houvesse um tom nostálgico em sua voz.
Enquanto o próximo vídeo era exibido, Anne recostou sua cabeça no ombro de Damien mais uma vez, sentindo o calor entre eles crescer.
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Emily caminhava pelas ruas da cidade, seus olhos cheios de curiosidade enquanto absorvia as vistas. Ela queria explorar há algum tempo, e com a tarde ensolarada se estendo à sua frente, parecia o momento perfeito. A cidade tinha um ar charmoso e rústico, com pequenas lojas enfileiradas pelas ruas, flores brotando nas janelas, e os moradores apressados em suas tarefas. Era tranquilo, mas cheio de vida de uma maneira serena.
Enquanto passava por uma barraca de mercado, uma explosão de cores chamou sua atenção — maçãs, volumosas e brilhantes, empilhadas em uma caixa de madeira. Um cara bonito, com uma aparência rústica, estava atrás da barraca, polindo uma maçã como se fosse o trabalho mais importante do mundo.
“Boa tarde, senhorita. Procurando algo doce?” Sua voz tinha um tom brincalhão, e o rosto de Emily corou quase instantaneamente. Ela pigarreou, aproximando-se para inspecionar as maçãs.
“Eu—uh, só preciso de algumas maçãs,” ela disse, tentando parecer casual.
“Bem, você veio ao lugar certo. Melhores maçãs da cidade. Mas sabe,” ele acrescentou com uma piscadela, “dizem que uma maçã por dia mantém o médico longe… a menos que o médico seja tão bonito quanto você. Então talvez precisemos repensar esse conselho.”
O rubor de Emily aprofundou.
Sério? Ele realmente estava flertando com ela?
“Uh, eu vou levar estas,” ela disse, tateando pela bolsa. O sorriso do cara se alargou.
“Claro, querida. São quatro dólares. Mas se você sorrir para mim, eu posso até tirar um dólar.” Ele piscou um olho para ela, e Emily, apesar de si mesma, não pôde deixar de soltar uma risada baixa e encabulada.
Ela lhe entregou o dinheiro, pegou suas maçãs e murmurou um rápido agradecimento antes de praticamente fugir da barraca. Deus, por que ela sempre ficava tão atrapalhada perto de homens atraentes?
Conforme ela continuava andando, encontrou-se em frente a um pequeno prédio escolar. A placa na frente o proclamava com orgulho como Escola Primária Riverbend. Um pequeno sorriso apareceu em seus lábios enquanto observava. Talvez eu pudesse conseguir um emprego de professora aqui, ela pensou. A ideia tinha passado por sua mente mais de uma vez desde que ela chegara à cidade. Ela sentia falta de ensinar.
E agora que ela estava se estabelecendo, poderia ser o momento perfeito para criar raízes.
Ela fez uma nota mental para se informar sobre isso mais tarde, depois continuou sua caminhada, cantarolando suavemente para si enquanto seguia em direção ao lago. O caminho era calmo, sombreado pelas árvores, e o som suave da água batendo na margem preenchia o ar. Era uma caminhada tranquila… até que algo chamou sua atenção.
Ela parou, franzindo a testa. Alguém a estava seguindo? Ela olhou por cima do ombro, mas não viu nada. As árvores balançavam suavemente, mas não havia sinal de movimento. Ela balançou a cabeça, dizendo a si mesma para não ser paranóica, e continuou andando.
Mas a sensação não desaparecia. Ela ouviu o leve crunch de folhas atrás dela, e seu coração deu um pulo. Ok, isso é definitivamente estranho.
Emily virou rapidamente e chamou, “Chris, é você?”
Houve um momento de silêncio antes de, com certeza, Chris emergir timidamente de trás de uma árvore.