O companheiro perdido - Capítulo 65

65: A Curiosa História de Annie e Damien 65: A Curiosa História de Annie e Damien Annie suspirou, afundando-se nas almofadas. “Não está ótimo,” ela admitiu. “Estamos sempre brigando. E ainda tem a mãe dele.”

Emily fez uma careta.

“Você não faz ideia.” Annie gemeu. “Ela me odeia. Tipo, sério, ela me odeia.”

Os olhos de Emily se arregalaram com preocupação. “O que ela disse?”

“Ela deixou bem claro que eu não sou boa o suficiente para o Damien. Ou para a alcateia, aliás. Aparentemente, sou um enorme problema.” Annie revirou os olhos, mas não conseguiu esconder a frustração na voz.

Emily mordeu o lábio pensativa, então se inclinou mais para perto. “Ok, esqueça a mãe dele por um segundo. E o Damien? Você gosta dele?”

“Se eu gosto dele?” Ela repetiu como se o conceito fosse estranho. Ela lançou um olhar rápido para Damien, que agora estava ajudando Ryan com algo que ele havia quebrado.

“Eu… não tenho escolha, Em. Ele é meu par.”

Emily não ficou satisfeita com essa resposta. “Claro, ele é seu par. Mas isso não significa que você automaticamente gosta dele. Quero dizer, você quer estar com ele?”

Annie hesitou. “Ele é… muito cuidadoso. Ele tenta. Mas eu não sei o que sentir, Emily. Mal nos conhecíamos, e agora estamos juntos novamente depois de anos. E ainda tem o Ryan.”

Emily assentiu, sua expressão simpática. “É muita coisa para lidar.”

Annie soltou outro suspiro, afundando ainda mais no sofá. “Exatamente. E continuamos batendo de frente. Sinto que toda conversa termina em uma discussão. Ele é tão… dominador às vezes.”

“Bem, ele é um Alfa,” Emily apontou com um pequeno sorriso.

“Nem me fale,” Annie murmurou. “E nem me faça começar a falar sobre a viagem de compras que ele quer nos arrastar.”

Emily riu. “Ah, a velha abordagem de ‘comprar para esquecer os problemas’. Clássico.”

Annie não pôde deixar de rir também, balançando a cabeça. “É, porque um guarda-roupa novo vai magicamente resolver tudo.”

“Talvez você possa comprar uma camiseta legal ‘Eu Sobrevivi ao Encontro com Meu Par’,” Emily brincou, fazendo Annie explodir em risadas.

Emily sorriu, dando-lhe um leve empurrão. “Ele parece se importar com você. Isso é algo, certo?”

Annie olhou novamente para Damien. Ele pegou seu olhar por um breve momento e lhe deu um pequeno sorriso tranquilizador. Ela sentiu o coração acelerar apesar de si mesma.

“Sim,” ela disse suavemente.

“Ei, você já leu O Curioso Caso de Benjamin Button?” Emily perguntou.

Annie arqueou uma sobrancelha, imaginando onde isso iria dar. “Eu vi o filme. Por quê?”

Emily tomou um gole de seu chá, seus lábios formando um sorriso travesso. “Porque sua vida, querida, é basicamente Benjamin Button.”

Annie piscou, processando aquilo. “Como assim?”

“Sabe,” Emily gesticulou dramaticamente, claramente se divertindo. “Normalmente as pessoas se conhecem, se apaixonam, moram juntas, depois têm um bebê. Mas com você e Damien, é como se vocês estivessem vivendo a vida ao contrário. Vocês começaram com o bebê — completos estranhos, veja bem — depois foram morar juntos, e agora… bem, agora vocês têm que descobrir essa parte de ‘se apaixonar’.”

Annie soltou uma risada curta, balançando a cabeça em descrença. “Isso é… surpreendentemente correto.”

“Estou te dizendo,” Emily continuou, sua voz cheia de seriedade falsa, “vocês estão fazendo tudo na ordem errada. O que vem a seguir? Vocês se conhecem pela primeira vez depois da formatura do Ryan.”

Annie fungou. “Talvez a gente esteja namorando quando ele estiver na faculdade.”

Emily explodiu em risadas.

Ela se inclinou mais para perto, abaixando a voz como se estivesse compartilhando um grande segredo. “Você ainda lembra como era antes do Ryan?”

“Nós realmente não tivemos um ‘antes do Ryan’. Pulamos direto para a parte complicada.”

Emily sorriu. “Exatamente! Você já fez a parte difícil — criando um filho sozinha, sobrevivendo a reencontros constrangedores, lutando contra a mãe dele — e agora você tem a chance de experimentar a parte divertida de se apaixonar.”

Annie revirou os olhos, mas não pôde deixar de rir.

“Ele é bom com o Ryan. E sim, ele não é a pior coisa para se olhar. Mas isso não significa que estou pronta para simplesmente… me apaixonar por ele.”

Emily assentiu, sua expressão se suavizando. “Eu entendo. Vocês têm muita bagagem juntos. Não é fácil simplesmente mudar de marcha e começar a sentir tudo quente e aconchegante.”

Annie suspirou. “Exatamente. E ainda tem a mãe dele me sufocando, me lembrando que não sou boa o suficiente para ele.”

O rosto de Emily ficou sério por um momento. “Esqueça a mãe dele. O que você quer?”

Annie pausou, considerando isso. “Eu não sei. Ele está tentando, sabe? Ele realmente está. Mas é difícil. Somos tão diferentes.”

“Bem, ninguém disse que o amor era fácil,” Emily disse com um encolher de ombros. “Mas aqui está a coisa — a maioria das pessoas não tem uma segunda chance como esta. Você já tem uma família com ele; apenas esqueça tudo e tente ficar próxima dele. Você sabe o que eu quero dizer.”

Annie encarou o chão por um momento, tamborilando os dedos no apoio do braço. “Você realmente acha que podemos fazer isso funcionar? E se formos apenas… muito problemáticos?”

Emily se inclinou para trás, cruzando as pernas. “Você já passou pelas partes mais difíceis. Se vocês dois conseguirem sobreviver a tudo que a vida já lançou sobre vocês até agora, se apaixonar deve ser brincadeira de criança.”

Annie gemeu. “Você realmente está insistindo nessa teoria do Benjamin Button, não é?”

“Ei, se a carapuça servir.” Emily sorriu, levantando-se e se espreguiçando. “Agora tudo que você precisa fazer é se permitir aproveitar a jornada. Abra seu coração para ele.”

Annie sorriu, embora sua mente ainda estivesse girando. Talvez Emily estivesse certa — talvez fosse hora de parar de lutar a cada passo do caminho e deixar as coisas acontecerem.

“Obrigada, Emily; isso foi muito inspirador. Você já pensou em se tornar terapeuta?”

Emily riu. “Talvez em alguns anos. Por enquanto, vou continuar dando conselhos não solicitados para os meus amigos.” Annie riu, sentindo uma sensação de alívio tomar conta dela.

Enquanto Annie e Emily discutiam as complexidades de vidas amorosas ao contrário, Damien e Chris estavam tendo uma conversa muito mais séria na varanda.

Damien encostou-se no corrimão de madeira, seu olhar fixo no horizonte distante.

“Você descobriu alguma coisa sobre Zane Marlow?” ele perguntou, com voz baixa.

Chris suspirou, esfregando a nuca enquanto se sentava nos degraus da varanda. “É como suspeitávamos. Zane Marlow é um nome falso. O cara não existe em nenhum registro oficial — não em nenhuma matilha, não em sistemas humanos. É uma fachada, simples e pura.”

A mandíbula de Damien se apertou, os músculos de seu pescoço visivelmente tensionados. “Claro que é. Mas e o dinheiro? Como esses mercenários estão sendo financiados?”

“Aí é que está o problema,” Chris respondeu, olhando para Damien com uma expressão sombria. “Os pagamentos foram todos em criptomoedas, o que torna praticamente impossível rastreá-los. Mas…” Ele fez uma pausa, claramente ponderando a importância do que estava prestes a revelar. “Eu consegui rastrear a origem dos fundos. Eles vieram do escritório dos fundos de um hotel em Nova Iorque.”

A testa de Damien se franziu, sua mente acelerada. “Um hotel? Como isso está conectado a tudo isso?”

O rosto de Chris escureceu. “Não é qualquer hotel, Damien. Esse lugar é regularmente usado pelo Conselho Alfa. Reuniões de alto nível, negócios discretos.”

Damien ficou ereto, sua atenção agora totalmente voltada para Chris. “Você está dizendo que o conselho está envolvido nisso?”