O companheiro perdido - Capítulo 62

62: Um novo acordo 62: Um novo acordo Luna Liana irrompeu no escritório do Alfa Jackson, seus saltos ressoando agudos contra o chão de mármore enquanto ela entrava sem sequer bater. Os olhos escuros de Jackson viraram-se para ela, um lampejo de raiva acendendo-se neles enquanto ele se levantava de trás de sua mesa.

“O que diabos você está fazendo aqui?” Jackson rosnou, sua voz baixa, mas fervilhante. “Você quebrou o acordo, Liana. Eu ia cuidar disso, e você—”
Ela o cortou com um olhar afiado, aproximando-se com uma aura de comando que rivalizava com a sua própria presença de Alfa. “Você falhou em cumprir sua parte no trato, Jackson. É por isso que estamos nessa situação.”

A mandíbula de Jackson apertou-se, suas mãos se fecharam em punhos ao seu lado. “Eu ia cuidar daquele mestiço, mas você se intrometeu. Agora Damien está todo enrolado com ela de novo, e sou eu quem fica limpando essa bagunça.”

Os olhos de Liana brilharam perigosamente enquanto ela se aproximava ainda mais, sua voz baixando para um sussurro venenoso. “Você acha que pode colocar a culpa em mim? Você é que não se livrou dela a tempo. E não se atreva a esquecer, Jackson, a única razão do conselho não estar respirando no seu pescoço sobre seus negocinhos—aquela coisa de tráfico, o comércio ilegal de escravos—é por minha causa.” Suas palavras eram gelo, cortando o ar como uma lâmina.

Ele sabia exatamente do que ela era capaz, e enquanto seu temperamento inflamava, seus instintos de sobrevivência entraram em ação.

“Você acha que pode me ameaçar?” ele cuspiu. “Você tem seus segredos, Liana, mas não pense que eu não tenho os meus sobre você.”

Os lábios de Liana torceram-se em um sorriso frio, um que não alcançava seus olhos. “Ah, estou bem ciente disso. Mas vamos deixar uma coisa bem clara—eu mantive o conselho longe de você todo esse tempo. Você, Jackson, deve sua liberdade a mim.”

Jackson rosnou entre dentes, mas a raiva em seus olhos se atenuou levemente enquanto ele cerrava os punhos em frustração. “E agora o que? Vamos simplesmente sentar e deixar esse mestiço e o filho dela ficarem livres? Aquela criança—” Ele se interrompeu enquanto a mão de Liana disparava, agarrando seu pescoço com uma força surpreendente, seus olhos ardendo de fúria.

“Cuide do que fala,” ela sibilou, suas unhas cavando levemente em sua pele. “Aquele menino é meu neto. Se ele vai se tornar o herdeiro ou não é assunto completamente diferente, mas se você sequer tocar um fio de cabelo na cabeça dele, eu vou te destruir.” Suas palavras eram carregadas de veneno, e Jackson, pela primeira vez, sentiu um calafrio percorrer sua espinha.

O aperto de Liana se intensificou por um segundo antes dela soltá-lo, empurrando-o levemente para afastá-lo enquanto ela recuava, sua compostura retornando.

Jackson se endireitou, esfregando o pescoço, mas sabiamente não dizendo nada.

“Então, qual é o plano agora?” Ele finalmente perguntou, sua voz menos agressiva, mais controlada.

Liana alisou a frente de seu vestido, recuperando sua compostura gélida. “Vamos provar que Annie é indigna de Damien,” ela disse, sua voz calma e medida. “Eu já obtive relatórios dos ômegas. Damien e Annie estão dormindo separados. Há distância entre eles, rachaduras em sua ligação. Não será difícil aumentar essas rachaduras e quebrá-los completamente.”

Jackson se inclinou para trás contra sua mesa, braços cruzados, enquanto processava suas palavras. “E uma vez que ela esteja fora do caminho?”

“Uma vez que Annie esteja fora do caminho,” Liana continuou suavemente, “Jessica tomará seu lugar. Ela é uma forte candidata para Luna, e a alcateia a aceitará muito mais prontamente do que uma mestiça como Annie.”

Jackson assentiu lentamente, a tensão em seu corpo se aliviando. “E quanto a Damien?”

Os olhos de Liana se estreitaram levemente, um brilho perigoso em seu olhar. “Damien pode ser teimoso, mas não é imune à razão. Uma vez que ele veja Annie como uma fraqueza, ele entenderá que ela não pode ser seu par. Vamos guiá-lo na direção certa.”

Jackson franziu a testa. “E se ele não entender?”

O sorriso de Liana tornou-se frio novamente. “Então, vamos garantir que ele não tenha outra escolha. Por enquanto, precisamos de paciência. Seja maleável, Jackson.”

“E quanto ao garoto?”

Ela lançou-lhe um olhar agudo.

“A criança ficará com a alcateia. Ele é do meu sangue. Jessica não precisa se preocupar com ele. Na verdade, ela deve ser grata. Você sabe o quão difícil é para os parceiros escolhidos produzirem descendentes.”

Jackson assentiu. Os parceiros verdadeiros tinham maiores chances de produzir descendentes do que os parceiros escolhidos. E, caso Jessica não conseguisse produzir descendentes, a criança seria a próxima na linha de sucessão para herdar a alcateia.

“Esta criança será uma bênção para ela, mesmo que ela ainda não perceba.” Liana acrescentou.

Jackson exalou, a frustração ainda borbulhando sob a superfície, mas ele sabia que Liana estava certa. O jogo havia mudado, e ele não podia se dar ao luxo de agir precipitadamente. Não com seu neto agora no jogo.

“Está bem,” ele disse por fim. “Eu vou jogar junto—por enquanto. Mas se isso explodir, não pense por um segundo que eu não vou me proteger.”

Liana deu-lhe um último olhar gélido antes de girar sobre os calcanhares. “Apenas lembre-se, Jackson,” ela disse por cima do ombro enquanto se dirigia à porta. “Eu já te salvei uma vez. Não me faça me arrepender disso.”

E com isso, ela saiu, deixando o Alfa Jackson remoendo sua própria amarga frustração.

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Annie acordou com o suave brilho da luz do sol matinal filtrando pelas cortinas. O cheiro de algo doce enchia o ar, aguçando seus sentidos. Mirtilos, algo quente e familiar. Panquecas?

Ela se sentou lentamente, esfregando os olhos enquanto o som de risadas suaves chegava aos seus ouvidos. Seu coração aqueceu com o som das gargalhadas de Ryan misturadas com uma voz baixa e firme que só poderia pertencer a Damien. Por um momento, ela pensou estar sonhando. Damien na cozinha? Cozinhando?

Annie jogou as cobertas para o lado e caminhou pelo corredor, seus pés descalços silenciosos contra o piso de madeira. Ao chegar à pequena cozinha, ela parou no umbral da porta, seus lábios formando um sorriso ao ver o cenário diante dela.

Damien, o próprio príncipe Alfa, estava em pé diante do fogão, virando panquecas com uma habilidade prática. Ao seu lado, Ryan estava sentado em um banco, segurando uma colher enquanto mexia uma tigela de massa, seu rosto iluminado pela concentração e alegria. Farinha salpicava o balcão, e mirtilos pontilhavam a superfície.

Annie cruzou os braços sobre o peito, encostando-se à moldura da porta enquanto os observava em silenciosa diversão. Damien cozinhando?

Ryan a notou primeiro, seu rosto se iluminando com um sorriso largo. “Mamãe! Olha! Estamos fazendo panquecas de mirtilo!”

Annie deu uma risada suave, entrando na cozinha. “Estou vendo.”

Ryan inflou o peito orgulhoso. “Papai está me ensinando! Ele sabe fazer muito bem!”

Annie ergueu uma sobrancelha para Damien, que estava no processo de virar outra panqueca com habilidade surpreendente.

“Eu não sabia que você cozinhava,” ela disse, sua voz permeada por uma incredulidade brincalhona.

Damien virou-se, erguendo uma sobrancelha enquanto segurava uma panqueca dourada perfeita na espátula. “O quê? Pensou que eu só tinha servos para me alimentar com uvas o dia todo?”

Annie deu de ombros brincalhona. “Passou pela minha mente. Príncipe Alfa mimado e tal.”

“Eu sou cheio de surpresas,” ele respondeu, colocando outra panqueca dourada na pilha que crescia. “Ryan me disse que gosta de panquecas de mirtilo, então pensei em mostrar a ele como se faz.”

Annie sorriu, um pequeno calor florescendo em seu peito enquanto os observava juntos.

Damien desligou o fogão, então colocou uma panqueca no prato e ofereceu a ela. “Vai. Prove.”

Annie olhou para a panqueca com uma suspeita simulada antes de pegá-la. Ela mordeu e congelou, os sabores derretendo em sua boca.

“E então?” Damien perguntou, se inclinando para frente com uma expressão exagerada de expectativa.

Annie mastigou lentamente, fingindo ponderar. “Hmm… Está… Está… maravilhosa,” ela finalmente admitiu.

Damien deu-lhe um sorriso triunfante enquanto deslizava outra panqueca no prato de Ryan. “Eu disse.”

Eles se acomodaram ao redor da ilha da cozinha, saboreando suas panquecas. Annie se viu rindo mais do que tinha rido em muito tempo, mesmo com farinha cobrindo quase todas as superfícies da cozinha, e Ryan alegremente fazendo uma bagunça com xarope.

Bem quando Damien estava brincando empurrando um prato de panquecas para ela, um toque ecoou da porta da frente. Damien, sem perder o ritmo, chamou, “Entre!”

A risada de Annie desapareceu quando a porta se abriu e entrou Luna Liana.