O companheiro perdido - Capítulo 46
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46: Preso 46: Preso Emily estava sentada no sofá, agarrando uma almofada contra o peito como se fosse uma tábua de salvação. Seus olhos estavam vermelhos e inchados de tanto chorar, o fôlego interrompido por soluços. A casa parecia insuportavelmente vazia sem a presença tranquilizadora de Heather. Ela ainda podia ver a imagem de sua mãe sendo levada algemada, com uma expressão de resignação no rosto.
Annie se ajoelhou em frente a Emily, segurando gentilmente suas mãos trêmulas. “Emily, escute-me,” disse ela suavemente, tentando manter a voz calma apesar da tormenta que se formava dentro dela. “Eu vou à delegacia. Vou falar com Fred e resolver isso.”
Emily olhou para cima, seus olhos cheios de lágrimas suplicando. “Mas e se eles não a libertarem? E se—”
Annie balançou a cabeça firmemente. “Eu não vou deixar isso acontecer. Heather não fez nada de errado, e vou garantir que Fred entenda isso. Mas preciso que você fique aqui com Ryan. Ele precisa de você, Emily. Você é a única que pode mantê-lo calmo agora.”
Emily enxugou os olhos com o dorso da mão e assentiu lentamente. “Ok, eu vou ficar com ele. Mas por favor, Annie, traga-a de volta.”
Annie apertou as mãos de Emily em sinal de conforto. “Eu vou. Eu prometo.”
Annie pegou as chaves e saiu às pressas pela porta, sua mente acelerada pelo que estava prestes a fazer. A condução até a delegacia foi um borrão, seus pensamentos consumidos por preocupação e medo. Mas por baixo de tudo, havia uma determinação crescente. Ela tinha de proteger Heather, custasse o que custasse.
Assim que chegou à delegacia, Annie foi em direção ao balcão, seu coração batendo forte. “Eu preciso falar com o Detetive Fred Monroe,” disse ela, sua voz carregada de urgência.
O oficial no balcão a olhou com desconfiança. “Isso é sobre Heather Mills?”
“Sim,” respondeu Annie, sua voz firme. “Diga a ele que é Annie Grant. É urgente.”
O oficial fez uma ligação rápida, depois acenou em direção ao corredor. “Ele está a caminho. Você pode esperar na sala de entrevistas ali no fim do hall.”
Annie entrou na pequena sala estéril e sentou-se à mesa, sua mente em frenesi. As paredes pareciam fechar-se sobre ela enquanto esperava. Não demorou muito para a porta se abrir e Fred Monroe entrar. Seus olhos agudos a estudaram, sua expressão ilegível.
“Annie Grant,” cumprimentou Fred com um aceno, fechando a porta atrás de si. “No que posso ajudá-la?”
Assim que a porta se fechou, os sentidos de Annie se aguçaram e ela sentiu um arrepio na espinha. O cheiro—fraco mas inconfundível. Fred não era apenas qualquer policial. Ele era um lobo.
Fred notou a mudança sutil em sua postura e arqueou uma sobrancelha. “Você parece que viu um fantasma. Tudo bem?”
Annie respirou fundo, reestabilizando-se. “Você é um lobo,” disse ela, sua voz baixa mas firme. “Eu deveria ter sabido.”
Os olhos de Fred brilharam de surpresa, mas ele logo disfarçou. “Não é algo que costumo anunciar,” ele respondeu cuidadosamente. “Mas sim, eu sou. E estou aqui para fazer meu trabalho. Então que tal você me contar o que realmente está acontecendo?”
O coração de Annie batia acelerado, mas ela sabia o que tinha que fazer. Ela não podia deixar Heather pagar por algo que não fez. “Fred, eu estou aqui para confessar,” disse ela, sua voz firme.
Fred franziu a sobrancelha, inclinando-se ligeiramente para frente. “Confessar? A quê?”
“À morte de Ronald Kray,” disse Annie, encarando-o diretamente. “Heather não o matou. Eu matei.”
O quarto caiu em um pesado silêncio enquanto Fred a encarava, incredulidade estampada em seu rosto. “Você?” ele perguntou, baixo. “Você espera que eu acredite nisso?”
“Sim,” Annie respondeu, sua voz estável apesar do medo roendo por dentro. “Heather não tinha nada a ver com isso. Ronald era… ele era um monstro. Ele a machucou, e teria continuado a machucá-la se eu não o tivesse parado. Então eu fiz o que tinha que fazer.”
Fred se recostou na cadeira, seus olhos estreitando enquanto processava suas palavras. “E você está vindo a público com isso agora? Depois de tanto tempo?”
Annie assentiu, suas mãos cerradas em punhos sobre a mesa. “Eu não queria envolver ninguém. Mas não posso deixar Heather ser condenada por algo que ela não fez. Ela já sofreu o bastante.”
Fred a estudou em silêncio por um longo momento, o peso de sua confissão pairando no ar. “Você percebe o que isso significa, não é?” perguntou ele finalmente. “Se você está falando a verdade, então você está encarando consequências sérias.”
Annie engoliu em seco mas assentiu. “Eu sei. Mas eu estou disposta a aceitar isso. Só deixe Heather ir. Ela não merece isso.”
Por um momento, o silêncio pesou entre eles, opressivo e denso. Então, para a surpresa de Annie, Fred sorriu—um sorriso lento, calculado que enviou um arrepio por sua espinha.
“Sua confissão,” Fred começou, sua voz estranhamente calma, “não significa nada no mundo humano, Annie. Aqui, é apenas uma história. Mas no nosso mundo—no reino dos lobisomens—você já está procurada por muito mais.”
O sangue de Annie gelou. “O que você quer dizer?”
O sorriso de Fred se alargou, seus olhos brilhando com uma luz predatória. “Você quebrou várias leis, Annie. Virar uma renegada? Isso por si só é uma sentença de morte. Mas matar um humano? E pior—revelar nosso segredo a dois humanos? O conselho não vai gostar disso.”
Annie prendeu a respiração enquanto a plena extensão de suas palavras a atingia. “Eu não tinha escolha,” ela gaguejou, sua voz trêmula.
“Não perca seu fôlego,” Fred interrompeu, sua voz fria e implacável. “O conselho não se importa com seus motivos. Eles se importam com as leis que você quebrou. E por isso, eles vão te condenar à morte. E Heather ainda ficaria na prisão.”
Annie sentiu o mundo fechando-se ao seu redor, as paredes do quarto parecendo encolher a cada segundo que passava. A realidade de sua situação a envolveu como uma onda gigante. Ela pensou que poderia salvar Heather, que poderia proteger as pessoas que amava. Mas agora, parecia que só tinha condenado a si mesma.
“O que acontece agora?” ela sussurrou, sua voz quase inaudível.
Fred levantou-se, sua expressão dura como pedra. “Agora, eu te prendo,” disse ele simplesmente. “Você vai enfrentar o conselho, e eles decidirão seu destino.”
A mente de Annie correu, desesperada por uma saída, mas ela sabia que não havia nenhuma. O peso de suas ações e das escolhas que ela fez pesavam sobre ela. Ela tinha tentado proteger Heather, manter Emily segura, mas ao fazer isso, ela tinha selado seu próprio destino.