O companheiro perdido - Capítulo 44
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44: Maior complexidade 44: Maior complexidade “Sr. Monroe,” ela cumprimentou, tentando manter a voz firme. “Posso te oferecer alguma coisa? Café?”
Fred acenou com a mão de forma displicente. “Não, obrigado. Estou mais interessado em algumas respostas do que em uma xícara de café.”
Heather assentiu, o estômago apertando. Ela o levou até uma das mesas perto da janela, a mente acelerada enquanto tentava antecipar suas perguntas. Fred sentou-se, e ela o seguiu, sentando-se à frente dele.
“Da última vez que conversamos, você mencionou que não via Ronald em cinco anos, desde o seu divórcio,” Fred começou, em um tom de voz conversacional, mas Heather podia sentir a ponta afiada por baixo dele.
“Isso mesmo,” ela respondeu, cruzando as mãos no colo para evitar que tremessem. “Tomamos caminhos separados após o divórcio. Não o vi nem ouvi falar dele desde então.”
Fred assentiu devagar, como se processasse as palavras dela. “É muito tempo sem nenhum contato. Nem mesmo uma ligação? Um cartão de aniversário?”
“Não,” Heather disse firmemente. “Nada.”
O olhar de Fred se intensificou, e Heather sentiu como se ele estivesse desvendando camadas, procurando por algo escondido sob sua exterior calma. “E quanto a Emily? Sua filha. Ela nunca tentou entrar em contato com o pai. Nem uma vez em cinco anos?”
O coração de Heather deu um salto, mas ela manteve a expressão neutra. “Não, ela não tentou.”
Fred se inclinou levemente para a frente, os olhos se estreitando. “Isso é incomum, você não acha? Uma menina não tenta entrar em contato com o próprio pai por cinco anos? Nem mesmo para saber como ele está?”
O aperto de Heather em suas mãos se fortaleceu. “Ronald não era exatamente o pai do ano, Sr. Monroe. Ele não era muito presente na vida de Emily mesmo antes do divórcio. Ela fez as pazes com isso e seguiu em frente. Nós duas fizemos.”
Fred a observou por um momento mais longo, então recostou-se, seu olhar nunca deixando o dela. “Ou talvez,” ele disse lentamente, “ela não tentou entrar em contato com ele porque sabia que ele não estava mais vivo.”
As palavras pairaram no ar como uma bomba, e o coração de Heather se agitou no peito. Ela encarou Fred, lutando para manter a compostura. “O que você está insinuando?” ela perguntou, sua voz tingida de raiva.
Os lábios de Fred se curvaram em um sorriso, mas era tudo menos amigável. “Estou só brincando, Sra. Mills. Não precisa se exaltar.”
A ira de Heather se inflamou, mas sob ela havia uma maré crescente de medo. Ela se forçou a sorrir, apesar de parecer que seu rosto poderia rachar. “Não é uma piada muito engraçada, Sr. Monroe.”
Fred deu uma risada, mas não havia humor nela. “Não, suponho que não.” Ele se levantou, alisando o paletó.
Ele fez muitas mais perguntas rotineiras e algumas invasivas. A inquietação de Heather cresceu à medida que ela tentava manter sua compostura. Ela não conseguia se livrar da sensação de que havia algo mais sinistro por trás das palavras e do comportamento de Fred.
“Obrigado pelo seu tempo, Sra. Kray. Entrarei em contato se tiver mais perguntas.”
Heather levantou-se também, as pernas sentindo como se pudessem dobrar sob ela. “Claro. Estarei aqui.”
Fred a cumprimentou com a cabeça e, em seguida, virou-se e saiu, deixando Heather sozinha no café. No momento em que a porta fechou atrás dele, ela voltou a se sentar, com as mãos tremendo incontrolavelmente.
Ele sabia. Ou pelo menos, ele suspeitava. Heather tinha sido cuidadosa. Fred Monroe não era um tolo ele estava se aproximando cada vez mais, e ela não sabia quanto tempo mais poderia mantê-lo à distância.
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Fred Monroe não foi embora, como havia dito a Heather que faria. Em vez disso, ele se esgueirou para as sombras, se misturando perfeitamente com o crepúsculo da noite. Ele observou o café por um longo momento, seus olhos aguçados captando cada tremeluzir de movimento dentro. A tensão no rosto de Heather, o tremor em suas mãos enquanto ela tentava manter a compostura—era tudo muito familiar para ele. Ela estava escondendo algo, e ele pretendia descobrir exatamente o que era.
Fred sempre amou seu trabalho. Ser um detetive lhe permitia se entregar à sua curiosidade natural e à sua necessidade de descobrir a verdade, mas mais importante, permitia-lhe manter um dedo no pulso dos reinos humano e dos lobisomens. Política entre as alcateias o enojava — as constantes jogadas de poder, as traições. Ele não tinha uso para isso. Mas se misturar com humanos, jogar pelas regras deles — isso era algo em que ele se destacava.
Heather estava nervosa, e isso por si só dizia a Fred que ele estava no caminho certo. As mentiras que ela havia tentado tecer mais cedo apenas o tornavam mais certo. Ela sabia algo sobre a morte de Ronald Kray. Talvez ela tivesse visto algo, ou talvez ela tivesse participado disso. De qualquer forma, ele podia sentir o medo irradiando dela como um fedor. Era um cheiro com o qual ele estava muito familiarizado — medo misturado com culpa. Ela estava envolvida, e Fred não tinha a intenção de deixá-la escapar.
Ele observou enquanto as luzes no café se apagavam, e Heather fechava para a noite. Ela andava com rigidez nos ombros, a cabeça virando nervosamente como se esperasse alguém saltar das sombras.
Ele se posicionou do outro lado da rua, oculto pela folhagem densa de um jardim abandonado. Daqui, ele tinha uma visão clara da porta da frente e da janela lateral. Conforme os minutos passavam, a paciência de Fred era recompensada. Ele viu duas figuras se aproximando da casa — uma mulher jovem e uma criança pequena. A mulher estava segurando a mão do menino, levando-o em direção à porta da frente de Heather. Os olhos aguçados de Fred se estreitaram ao reconhecer o rosto da mulher. Havia algo familiar nela, algo que puxava as bordas de sua memória.
Então ele percebeu. Annie Grant. A loba desaparecida, que tinha sido declarada como renegada cinco anos atrás.
Fred franziu a testa, a mente acelerada. Annie tinha sumido sem deixar rastro, deixando para trás um rastro de especulações e rumores. Alguns diziam que ela tinha se tornado uma renegada, outros que ela tinha sido morta. Mas aqui estava ela, viva e bem, e com uma criança, ainda por cima. O que ela estava fazendo com Heather? E quem era a criança?
Antes que Fred pudesse reagir, uma mão forte se fechou sobre seu ombro, puxando-o para trás com força surpreendente. Ele foi girado e se viu cara a cara com outro lobo — uma figura alta e imponente com um olhar feroz nos olhos.
“O que você está fazendo aqui?” o lobo exigiu, sua voz um rosnado baixo.