O companheiro perdido - Capítulo 29

29: Pressentimento 29: Pressentimento Os olhos de Emily brilhavam de excitação enquanto ela limpava o balcão pela que parecia ser a décima vez naquela hora.

“Ele é tão encantador,” Emily disse para Annie, que estava ocupada organizando a vitrine de doces. “Ele vem aqui quase todos os dias desta semana. E ele é tão educado! Ele sempre diz ‘por favor’ e ‘obrigado’, e ele dá boas gorjetas. As garotas praticamente brigam para ver quem vai atendê-lo!”

Annie olhou para cima, arqueando uma sobrancelha diante do entusiasmo de Emily. “Parece que você está com uma quedinha,” ela provocou, com um sorriso surgindo no canto dos lábios.

“Como eu posso ter uma quedinha pelo seu par?” Emily fingiu choque.

Annie tinha saído com Damien mais algumas vezes desde aquele jantar. Era mais fácil apenas satisfazê-lo do que bloqueá-lo completamente.

“Falando em pares. O que são eles exatamente? Como almas gêmeas?”

Annie pausou, considerando como explicar. “Sim, você poderia dizer isso. Pares são como almas gêmeas para lobos. É um vínculo que é suposto ser inquebrável, forjado por algo mais profundo do que apenas atração ou afeição. Quando lobos encontram seus pares, é como… encontrar a outra metade da sua alma. Tudo se encaixa perfeitamente.”

“Isso parece tão romântico! Então, é como amor à primeira vista?”

Annie inclinou a cabeça, pensativa. “De certa forma, sim. Mas é mais do que apenas amor. É instintivo, como um impulso que você não pode resistir. Seu lobo reconhece seu par, e uma vez que isso aconteça, não tem volta. É ao mesmo tempo maravilhoso e aterrorizante.”

Emily suspirou sonhadora, apoiando o queixo na mão. “Isso parece incrível. Queria que os humanos tivessem algo assim. Facilitaria muito os encontros.”

Annie não pôde deixar de rir. “Não é sempre tão perfeito quanto parece; acredite em mim. Pares podem ser… complicados. Mas quando funciona, é algo realmente especial.”

“Como você está fazendo isso?” Emily perguntou.

“Fazendo o quê?”

“Resistindo a ele! Quer dizer, olha para ele!”

Annie olhou na direção de Damien sentado no ambiente.

“Nosso vínculo de par é um erro; a Deusa Luna provavelmente estava de mau humor quando criou nosso vínculo.”

“Deusa Luna! Quem é ela?”

“Deusa dos lobisomens. Diz-se que ela criou os primeiros lobisomens e se acredita que ela vigia nossa espécie. Alguns dizem que ela nos guia.” Annie explicou.

Antes que Emily pudesse responder, ela olhou para cima ao ver Damien caminhando em direção a elas.

“Damien,” Annie o cumprimentou, com a voz firme.

Ele ofereceu a ela um sorriso caloroso, que provocou um arrepio de consciência nela. “Annie, Emily,” ele as reconheceu antes de voltar sua atenção completa para Annie. “Eu estava pensando se você gostaria de ir ao cinema comigo esta noite.”

A casualidade de sua pergunta pegou Annie de surpresa. Ela piscou, desconcertada pelo convite repentino. “Um filme?”

“Sim, um filme,” Damien disse, com um toque de diversão nos olhos.

“Não posso; tenho que ajudar Emily com algumas tarefas esta noite.” Annie deu uma desculpa.

Percebendo a hesitação dela, Damien suavizou sua abordagem. “É apenas um filme, Annie. Sem pressão. Se você preferir não ir, tudo bem também.”

“Você deveria ir, Annie; eu estava planejando ir ao parque de diversões mesmo.” Emily interveio.

Annie se virou para ela surpresa, “Desde quando você se interessa por parque de diversões?”

“Desde que ouvi dizer que eles têm uma nova montanha-russa,” Emily respondeu.

“Ela vai,” Emily disse a Damien com um grande sorriso.

O sorriso de Damien se alargou, uma expressão genuína de prazer iluminando seu rosto. “Ótimo. Eu te busco às sete.”

“NÃO, não se incomode; apenas me diga o lugar. Eu estarei lá.” Annie disse rapidamente.

“Mal posso esperar,” Damien disse, seus olhos demorando-se nos dela por um momento mais antes de ele se virar e voltar em direção à porta.

Assim que Damien ficou fora do alcance da voz. Annie virou-se para Emily.

“Por que você me fez concordar em ir ao cinema com Damien?”

“Annie, pense nisso. Se você tivesse discordado, Damien não teria aceitado um ‘não’ como resposta. Ele teria continuado insistindo, e você sabe disso. Ele não é do tipo que desiste facilmente.”

Annie franziu a testa, sabendo no fundo que Emily estava certa. Damien não era de desistir sem lutar, e ela já tinha visto o quanto ele podia ser determinado.

“Então, o que eu devo fazer? Apenas concordar com isso.” Annie perguntou, cruzando os braços defensivamente.

Emily assentiu, sua expressão suavizando. “Sim, exatamente. Pense desta forma: se você continuar saindo com ele, fazendo-o sentir que você está aos poucos se interessando por ele; ele pode começar a relaxar. E quando ele estiver relaxado o suficiente, se sentir seguro, como se tudo estivesse indo conforme seu plano. É quando você pode escapar, quando ele menos esperar.”

Os olhos de Annie se arregalaram um pouco enquanto ela processava as palavras de Emily. “Você está dizendo que eu deveria fingir… para mantê-lo desprevenido?”

“Exatamente,” Emily confirmou, um indício de travessura em seu sorriso. “Se você continuar o afastando, ele só vai ficar mais desconfiado, mais determinado. Mas se você deixar ele pensar que está conseguindo o que quer, ele baixará a guarda. E quando o momento certo chegar, você pode fazer sua jogada.”

Emily tinha um ponto — se ela queria manter sua vida intacta, se queria proteger Ryan e a si mesma, então manter Damien no escuro era crucial.

“Mas e se…?” Annie começou, sua voz sumindo enquanto a incerteza surgia. “E se ele não relaxar? E se ele…”
Emily estendeu a mão e apertou a de Annie de forma reconfortante. “Ele vai, confie em mim. Se você der a ele o que ele pensa que quer, ele acabará parando de pressionar tanto.”

“Eu só… Não sei se consigo fazer isso, Em,” Annie admitiu, sua voz mal ultrapassando um sussurro.

“Por quê? É porque você ainda tem sentimentos por ele?” Emily perguntou delicadamente.

“Não!” Annie balançou a cabeça rapidamente. “É só que eu estou preocupada com Ryan.”

Emily tinha um sorriso de satisfação. Ryan está em boas mãos; não se preocupe. Estou levando ele ao parque de diversões,”
Annie riu. “Sério? Isso parece uma ótima ideia, obrigada. O que eu faria sem você?”

“Provavelmente seria um cesto de nervos,” Emily brincou, fazendo Annie rir.

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Detetive Fred Monroe estava sentado em sua mesa bagunçada, girando distraidamente uma caneta entre os dedos. Mas hoje, sua mente estava em outro lugar, enredada na teia de um caso não resolvido que havia tomado um rumo sombrio recentemente.

Ele foi tirado de seus pensamentos pelo som de passos se aproximando de sua mesa. Detetive Steven Harris apareceu na porta. Sua expressão era séria, um sinal claro de que ele tinha notícias.

“Detetive Monroe,” Steven começou, sua voz tingida com uma mistura de urgência e profissionalismo, “conseguimos uma identificação do corpo do pântano.”

Fred endireitou-se na cadeira, a caneta parando em sua mão. Este era o avanço pelo qual ele estava esperando. “Continue,” ele incentivou, seus olhos fixos em Steven.

“O nome da vítima é Ronald Kray,” Steven continuou, abrindo um pequeno caderno. “Ele foi dado como desaparecido há cinco anos. A ocorrência foi registrada por sua irmã, que era sua única parente próxima.”

“Ronald Kray,” Fred murmurou, o nome girando em sua mente como se devesse significar algo. Mas nada lhe ocorreu. Cinco anos era muito tempo para alguém estar desaparecido, especialmente em um caso como este. “O que mais sabemos sobre ele?”