O companheiro perdido - Capítulo 20
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- Capítulo 20 - 20 Sombra Indesejadas 20 Sombra Indesejadas A porta da frente
20: Sombra Indesejadas 20: Sombra Indesejadas A porta da frente rangeu ao abrir enquanto Annie entrava no calor de sua casa. Era um refúgio, um santuário que ela havia construído para si mesma e para Ryan, onde o mundo exterior e todos os seus perigos pareciam distantes. Mas naquela noite, a sensação de segurança parecia frágil.
Antes que ela pudesse sequer pousar sua bolsa, Ryan veio correndo pelo corredor, seus pequenos pés batendo contra o assoalho de madeira. “Mamãe!” ele gritou, seu rosto se iluminando ao correr em direção a ela. Em uma mão, segurava um lápis de cera, e na outra, um pedaço de papel coberto de rabiscos coloridos.
O coração de Annie se amoleceu à vista dele, sua alegria inocente em contraste nítido com o tumulto que rugia dentro dela. Ela se ajoelhou, abrindo os braços enquanto ele se chocava contra ela, envolvendo seus pequenos braços em volta do pescoço dela num abraço apertado.
“Oi, meu menino doce,” ela murmurou, pressionando um beijo em sua testa. “O que você andou fazendo?”
“Colorindo com a Emily,” Ryan respondeu, sua voz abafada contra o ombro dela. Ele recuou apenas o suficiente para mostrar a ela seu desenho – um turbilhão de cores que vagamente lembrava uma casa com um grande sol redondo brilhando acima dela.
Annie sorriu, embora não chegasse aos seus olhos. “Isso está lindo, Ryan. Por que você não vai mostrar para a Emily e terminar seu desenho? Eu estarei com você em um instante, tá bom?”
Ryan assentiu, sorrindo para ela. “Tá bom, Mamãe!” Ele deu a ela mais um aperto antes de correr de volta pelo corredor, sua risada ecoando pela casa.
Annie o observou ir, seu sorriso desvanecendo conforme o peso de seus pensamentos retornava. Fugir agora era impossível. Agora que ele a tinha visto e a tinha confrontado, ela sabia que era fútil. Damien não era o tipo de homem que simplesmente se afastaria. Não agora. Nunca.
Ela fechou os olhos, encostando-se à parede enquanto uma onda de exaustão a cobria. Ela teria que encontrar uma maneira de convencê-lo a deixá-la em paz e permitir que ela vivesse sua vida em paz. Mas como?
A manhã seguinte chegou rápido demais, os eventos da noite anterior ainda frescos em sua mente enquanto ela chegava ao café. A rotina familiar de abrir o estabelecimento, preparar a cozinha e cumprimentar os clientes proporcionava um certo senso de normalidade.
Mas mesmo enquanto ela se movia automaticamente, ela não conseguia se livrar da sensação de medo que a envolvia como uma segunda pele. Damien estava lá fora, em algum lugar, e ela sabia que era apenas uma questão de tempo até que ele agisse.
O sino acima da porta do café soou, e Annie ouviu o murmúrio baixo de conversa vindo da frente da loja. Ela limpou as mãos no avental, concentrando-se no trabalho à mão, tentando manter-se ancorada no presente. Mas então ela ouviu uma voz, profunda e inconfundível, que causou um arrepio em sua espinha.
“Eu preciso ver a Annie.”
Heather, que estava no balcão, olhou surpresa para o homem atraente. “Ah, hmm, ela está na cozinha,” Heather respondeu, com uma ruga de confusão na testa. “Mas ela está ocupada.”
O som de passos a interrompeu, pesados e decididos, enquanto Damien ignorava as palavras de Heather e caminhava direto para a cozinha. O coração de Annie saltou para sua garganta quando ouviu a porta se abrir atrás dela. Ela não precisava se virar para saber quem era. Ela pegou o cheiro dele assim que ele entrou.
“Damien,” ela disse, sua voz mais firme do que ela se sentia ao se virar para enfrentá-lo. “O que você está fazendo aqui?”
Ele sorriu, aquele sorriso confiante e irritante que sempre havia feito seu coração acelerar, mesmo agora, quando ela queria mais do que tudo empurrá-lo para longe. “Temos assuntos inacabados, Annie.”
As mãos de Annie se fecharam em punhos ao seu lado, sua mente correndo por uma maneira de lidar com isso.
“Você precisa ir embora,” ela disse, sua voz firme. “Não é o momento nem o lugar.”
O sorriso de Damien apenas se alargou enquanto ele dava um passo mais perto, seus olhos nunca deixando os dela. “É exatamente o momento e o lugar, Annie. Você não vai mais fugir disso. De mim.”
A tensão no ar era palpável enquanto Annie ficava frente a frente com Damien na pequena e movimentada cozinha do café. Tudo desapareceu ao fundo, deixando apenas os dois em um mundo só deles.
Mas o momento foi interrompido quando a porta da cozinha se abriu e Heather entrou. Sua testa estava franzida de preocupação, seus olhos se movendo rapidamente entre Annie e Damien. “Está tudo bem aqui?” ela perguntou, sua voz tingida de preocupação.
Antes que Annie pudesse responder, Damien ligou o charme, sua expressão se transformando em um sorriso caloroso e desarmante. “Está tudo bem,” ele disse suavemente, seu tom sem esforço casual. “Eu sou apenas um velho amigo da Annie, passando para colocar o papo em dia.”
Os olhos de Heather se arregalaram levemente, sua preocupação se dissipando diante da presença magnética de Damien. Annie podia ver praticamente as engrenagens girando na cabeça de Heather enquanto ela observava a estrutura alta e larga dos ombros de Damien e aquele sorriso charmoso irritantemente.
“Velho amigo, é?” Heather disse, sua voz adotando um tom brincalhão enquanto ela se apoiava no balcão, claramente intrigada. “Bem, você deveria ter dito antes! Annie, por que você não me disse que tinha um amigo tão bonito?”
Annie revirou os olhos, resistindo à vontade de gemer. Isso era exatamente o que ela não precisava – uma Heather encantada tornando as coisas ainda mais complicadas.
“Annie, você devia tirar o resto do dia de folga,” Heather sugeriu, seu tom excessivamente ansioso. “Vocês dois precisam se atualizar direito, e eu posso lidar com as coisas aqui.”
Annie mal podia acreditar no que estava ouvindo. “Heather, realmente, está tudo bem. Eu não preciso —”
Mas Heather a dispensou com um sorriso. “Não se preocupe com isso! Vai passar um tempo com seu amigo. O café está em boas mãos.”
O sorriso de Damien se alargou, e Annie lhe lançou um olhar de advertência. Mas ele já estava concordando, perfeitamente contente com o rumo das coisas. “Você é muito gentil, Heather,” Damien disse, sua voz lisa como seda.
Annie não pôde deixar de notar como suas palavras gotejavam ironia, como se ele estivesse zombando de suas tentativas de mantê-lo à distância. Mas antes que ela pudesse protestar mais, Heather já estava desatando o avental de Annie e praticamente empurrando-o para suas mãos.
“Vai lá, Annie,” Heather insistiu, seus olhos brilhando com travessura. “Tira o dia de folga. Nós damos conta aqui.”
Annie soltou um longo e exasperado suspiro, sabendo que não havia como discutir com Heather quando ela estava com um desses humores.
“Tá bom,” ela murmurou, mais para si mesma do que para qualquer outra pessoa. “Mas não me culpem se o café desabar sem mim.”
Heather riu, claramente despreocupada.
Annie virou-se para Damien, que a observava com um olhar satisfeito e presunçoso que a fez querer estrangulá-lo e a si mesma por ainda não ser capaz de resistir à influência que ele ainda exercia sobre ela.
“Vamos,” ela disse, agarrando a mão dele com firmeza. No momento em que seus peles se tocaram, uma faísca surgiu entre eles, mas ela ignorou e se concentrou em tirá-lo do café o mais rápido possível.
“Guie o caminho,” Damien disse, sua voz baixa e suave enquanto a seguia para fora da cozinha.