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- Capítulo 156 - 156 Verdades despedaçadas 156 Verdades despedaçadas Anne
156: Verdades despedaçadas 156: Verdades despedaçadas Anne hesitou, o peso de suas palavras a pressionando. Ela havia carregado esse segredo por tanto tempo. Mas agora, vendo o caos e a dor que a paranoia de Liana havia desencadeado, ela sabia que não podia mais ficar em silêncio.
Tomando uma respiração profunda, Anne endireitou os ombros e fixou o olhar em Damien. “Você merece saber a verdade,” ela disse, sua voz tremendo, mas resoluta. “Liana não é sua verdadeira mãe.”
A sala ficou em silêncio, como se o ar tivesse sido sugado. Damien piscou, incredulidade e choque passando por seu rosto. “O quê?” ele perguntou, sua voz mal acima de um sussurro.
O coração de Anne acelerou, mas ela continuou. “Sua verdadeira mãe… era Jennifer. Ela era irmã de Heather, Damien. Uma humana.”
Damien recuou um passo, seu mundo inclinando. “Jennifer? Não. Isso não pode ser. Liana me criou. Ela é minha mãe.”
A voz de Liana cortou o ar como um chicote. “Chega!” Ela avançou, seus olhos ardendo com fúria. “Anne, você não tem o direito de dizer tais coisas. Damien, não a escute.”
Mas Damien voltou-se para Liana, sua voz tensa com uma mistura de esperança e medo. “É verdade?” ele exigiu. “É verdade o que Anne disse? Diga-me, Mãe!”
Liana hesitou, e por um momento, sua máscara de autoridade escorregou, revelando um lampejo de vulnerabilidade. Finalmente, ela exalou bruscamente, seus lábios pressionando em uma linha fina. “Sim,” ela admitiu. “É verdade. Jennifer era sua mãe biológica. Mas essa não é a história toda.”
Os olhos de Damien se arregalaram, sua respiração presa. “Então qual é a história toda? Conte-me!”
A expressão de Liana suavizou-se, sua voz adotando um tom de tristeza e arrependimento. “Jennifer não queria você, Damien,” ela disse, seus olhos brilhando com lágrimas não derramadas. “Ela te abandonou—deixou você. Ela era… fraca, egoísta. Ela não conseguia lidar com a responsabilidade de te criar, então ela fugiu.”
A boca de Anne abriu-se para protestar, mas o olhar cortante de Liana a silenciou.
“Eu te acolhi,” Liana continuou, sua voz quebrando. “Eu te criei como se fosse meu, te protegi, amei você. Tudo que fiz, Damien, foi por você e por esta matilha. É por isso que eu não confio em humanos. Eles são inconfiáveis; eles não compreendem lealdade ou força.”
Damien a encarou, sua mente acelerando. O fundamento de sua identidade parecia estar desmoronando sob ele. “Ela era minha mãe,” ele sussurrou, sua voz espessa com emoção. “E você nunca me disse.”
“Eu não queria te machucar,” Liana respondeu, aproximando-se. “Eu queria que você se sentisse seguro, amado. Eu não queria que você carregasse o peso de saber que sua verdadeira mãe não te queria.”
Anne cerrava os punhos. “Isso não é verdade,” ela disse, sua voz cortando a tensão. “Liana, pare de distorcer a história. Jennifer não abandonou Damien. Ela o amava. Ela estava desesperada para mantê-lo, mas você o tirou dela. Você e Richard planejaram tudo. Vocês a manipularam para ter o filho de Richard para que vocês pudessem ter um herdeiro.”
A cabeça de Damien virou em direção a Anne. “Isso é verdade?” ele perguntou, sua voz tremendo de raiva.
A expressão de Liana escureceu, sua compostura deslizando. “Ela era incapaz de ser mãe!” ela estalou. “Eu fiz o que era necessário para te dar uma vida melhor.”
“Por mentir para mim a vida inteira?” A voz de Damien elevou-se, sua raiva finalmente se libertando. “Por arrancar minha mãe de mim e depois demonizá-la? Como você pôde, como você pôde?”
Damien voltou-se para Anne, sua voz afiada. “Comece do começo. Eu quero saber tudo.”
Anne tomou uma respiração profunda, seus ombros curvando-se como se um peso invisível pressionasse sobre ela, e ela narrou tudo para ele.
O maxilar de Damien travou, seu coração batendo enquanto Anne continuava.
A sala estava silenciosa, exceto pela respiração trabalhada de Damien. Ele sentia como se o chão sob ele tivesse sido arrancado, deixando-o pendurado sobre um abismo de traição e desolação.
A voz de Heather, suave mas firme, quebrou o silêncio. “Agora faz sentido,” ela disse, lançando um olhar para Emily. “Por que Liana nos acusou de traição. Ela esteve tentando controlar a narrativa o tempo todo. Qualquer um que conheça a verdade—qualquer um que pudesse enfrentá-la—se torna uma ameaça.”
Emily assentiu, sua voz tremendo de raiva. “Ela não quer apenas proteger a matilha. Ela quer proteger seu poder. Nós nunca estávamos conspirando contra ela, Damien. Mas Liana nos viu como pontas soltas, então ela decidiu se livrar de nós.”
A mente de Damien girou, as peças do quebra-cabeça se encaixando, cada uma mais afiada que a última. Sua respiração acelerou, sua cabeça latejando como se estivesse prestes a se partir. “Pare,” ele murmurou, levantando uma mão enquanto a sala parecia girar. “Apenas… pare.”
Anne aproximou-se dele, sua voz entrelaçada com preocupação. “Damien, eu—”
“Não,” ele disse, sua voz se quebrando. “Eu preciso… Eu preciso de um tempo.”
Ele virou e marchou para fora da sala, ignorando os chamados dos outros atrás dele. Seus passos ecoaram pelo corredor, cada um mais alto que o último, até ele irromper pela porta para o ar fresco da noite. A floresta se erguia à frente, escura e silenciosa, um refúgio do caos ameaçando consumi-lo.
Sem hesitar, Damien começou a correr. Seus músculos ardiam, seus pulmões ofegavam, mas ele não parou. O vento açoitava seu rosto, frio e cortante, como se tentasse despir as camadas de dor e confusão que o pesavam.
À medida que se aproximava da beira da floresta, seu lobo avançou, desesperado por libertação. Damien cedeu, deixando a transformação acontecer. Seus ossos esticaram e reformaram, seus sentidos se aguçando enquanto sua forma de lobo tomava conta. O mundo ao seu redor explodiu em detalhes vívidos—o chão úmido sob suas patas, o farfalhar das folhas ao vento, o leve cheiro de presa por perto.
Ele correu, as poderosas passadas de seu lobo devorando a distância enquanto ele mergulhava mais fundo na floresta.
Damien diminuiu até parar perto de uma pequena clareira, seus flancos arquejando enquanto ele olhava para a lua. Estava cheia, sua luz lançando a floresta em um brilho etéreo. Ele inclinou a cabeça para trás e soltou um longo, lastimoso uivo—um grito de raiva, dor e traição que ecoou pelas árvores.
Pela primeira vez em sua vida, Damien sentiu-se verdadeiramente sozinho.
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A porta bateu atrás de Damien, o som ecoando no silêncio tenso da sala. Por um momento, ninguém se moveu, o peso do que acabara de acontecer pressionando como um cobertor sufocante.
Então a voz de Liana cortou a imobilidade, afiada e fervendo. “Está satisfeita, Anne? Olhe o que você fez! Você o perturbou—confundiu ele! Você não tinha o direito de contar nada disso!”
Anne virou-se para encará-la, sua expressão inabalável. “Sem direito?” ela repetiu, sua voz baixa, mas firme. “Não foi você que não teve o direito, Liana? Sem direito de mentir para ele por anos, de roubá-lo da Jennifer, de torcer a verdade para atender à sua agenda? Ele merecia saber.”
Os olhos de Liana se estreitaram, seu rosto uma máscara de fúria. “O que eu fiz, foi para protegê-lo! Para proteger esta matilha! E não pense por um segundo que a sua intromissão mudou alguma coisa. Damien é leal a mim. Ele vai voltar, e quando o fizer, estará ao meu lado. Sempre esteve, e sempre estará.”
A frustração de Anne inflamou, suas mãos se fechando em punhos ao lado do corpo. “Você ainda não entende, não é?” ela disse, sua voz tremendo com raiva contida. “Não se trata de lealdade. Trata-se da verdade. Seus esquemas, suas manipulações — eles o feriram, Liana. Feriram todos nós. É hora de você parar de fingir que isso é sobre a matilha. É sobre você e o seu controle!”
Os lábios de Liana se torceram em um sorriso amargo. “Diga o que quiser, Anne. Mas não importa. A verdade não importa. Eu sou a Alfa, e Damien sabe onde a lealdade dele está.”
O olhar dela se desviou para Chris, que tinha ficado em silêncio, seu maxilar tenso enquanto assistia à troca de palavras. “Chris,” Liana ordenou, seu tom não admitindo argumentos, “leve Heather e Emily para o calabouço. Elas ainda estão acusadas de traição, e enfrentarão julgamento a seu tempo.”
Chris se endureceu, suas mãos se fechando em punhos. Ele olhou para Heather e Emily, que estavam sentadas em silêncio, seus rostos pálidos, mas resolutos. Sua hesitação era palpável, o conflito em seus olhos claro.
“Chris,” Liana latiu, sua voz cortante como uma lâmina. “Eu te dei uma ordem.”
Por um momento, parecia que Chris poderia recusar. Seus lábios se abriram, seu olhar alternando entre Heather, Emily, e Liana. Então, com relutância visível, ele assentiu rapidamente. “Sim, Madama Luna,” ele disse, sua voz baixa.
Heather se levantou, seus olhos ardendo com desafio. “Você pode nos jogar em um calabouço, Liana, mas isso não mudará o fato de que suas mentiras estão se desfazendo. Damien verá a verdade como ela é, e quando ele vir, você não será mais capaz de manipulá-lo.”
A expressão de Liana endureceu, mas ela disse nada, apenas gesticulou para que os guerreiros seguissem o exemplo de Chris.
Enquanto Heather e Emily eram escoltadas para fora, Anne suspirou profundamente, apertando a ponte do nariz. “Você está cometendo um erro, Liana,” ela disse baixinho, seu tom cansado mas firme. “Damien não vai levar isso na brincadeira. Quanto mais você apertar sua garra, mais vai perdê-lo.”
Liana zombou, acenando com uma mão de desprezo. “Não preciso do seu conselho, Anne. Se está tão preocupada com Damien, vá encontrá-lo. Talvez você possa falar algo sensato para ele antes que faça alguma besteira.”
Anne deu um passo à frente, seu olhar firme. “Ah, é o que eu planejo fazer,” ela disse, sua voz tingida de exasperação. “Porque ao contrário de você, eu realmente me importo com ele mais do que pelo que ele pode fazer por mim. E quando eu encontrá-lo, vou contar tudo o que você tem medo de admitir.”
Sem esperar uma resposta, Anne virou-se e saiu da sala, seu coração pesado, mas sua resolução inabalada. Ela encontraria Damien, e garantiria que ele entendesse a verdade completa — sem mais mentiras, sem meias-verdades.
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As patas de Damien afundaram no chão macio da floresta, o cheiro do pinho e da terra o aterrando enquanto ele corria mais fundo no bosque. O ar fresco da noite cortava-o, levando embora a raiva e confusão que ameaçavam consumi-lo. Seu lobo tinha assumido completamente, seus instintos primitivos guiando seu caminho e proporcionando uma libertação que seu lado humano não conseguia encontrar.
O cervo tinha sido rápido, mas não o suficiente. O lobo de Damien o derrubou com brutal eficiência, sua luta e o gosto de sangue ajudando a acalmar a tempestade dentro dele. Com a carcaça esquecida, ele rondava a vegetação rasteira, sua mente mais tranquila, mas longe de estar sossegada.
Então, um som — um leve farfalhar de folhas. O cheiro o atingiu em seguida, dolorosamente familiar. Ele virou a cabeça rapidamente, seus olhos dourados se estreitando enquanto uma figura emergia das sombras.
Anne.
Seu lobo era menor que o dele, mas não menos impressionante, sua pelagem um prateado pálido que parecia brilhar ao luar. Ela avançou em direção a ele com lentidão deliberada, sua postura relaxada, mas atenta, seus olhos azuis brilhantes fixos nos dele.
Damien rosnou baixo em sua garganta, não em aviso mas em frustração. O lobo de Anne apenas piscou, sua presença calma e constante, um bálsamo para seus nervos desgastados. Ela baixou levemente a cabeça, um gesto silencioso de confiança e reasseguração.
Algo no peito de Damien se afrouxou. Ele sentiu sua raiva se dissipando, a tensão drenando de seus músculos. Com um tremor, permitiu que seu lobo recuasse, seu corpo torcendo e remodelando até que ele se ergueu sobre duas pernas, sua forma humana exposta ao ar fresco da noite.
Anne seguiu seu exemplo, transformando-se sem esforço em sua forma humana. Ela permaneceu a alguns metros de distância, dando-lhe espaço, seu cabelo prateado captando o luar. Ela não falou imediatamente, esperando que ele recuperasse a compostura.
Damien passou a mão pelos cabelos, suas respirações vindo em rajadas irregulares. “Você me seguiu,” ele disse finalmente, sua voz áspera.
Anne cruzou os braços, inclinando levemente a cabeça. “Alguém tinha que fazer isso. Você parecia pronto para atravessar a floresta inteira.”
Um sorriso leve puxou o canto dos lábios de Damien, mas não durou. Ele se recostou em uma árvore, seus ombros caindo. “Por quanto tempo?” ele perguntou, seu tom pesado. “Há quanto tempo você sabe?”
Anne hesitou, seu olhar se suavizando. “Há um tempo,” ela admitiu. “Não era meu lugar dizer a você. E… eu esperava que Liana finalmente fosse se abrir.”
Damien soltou uma risada amarga, seu hálito visível no ar gelado. “Finalmente? Isso é hilário. Todo mundo sabia, não é?” Sua voz falhou, a dor evidente. “Você, Chris, provavelmente metade da matilha. Todos, exceto eu.”
Anne deu um passo mais perto, seus movimentos cuidadosos. “Não era assim, Damien. Nós não queríamos te machucar. E Chris… ele só descobriu recentemente. Ele queria te contar, mas eu o impedi.”
“Sim,” Damien murmurou, seu maxilar se apertando. “Ela me criou, Anne. Ela mentiu para mim a minha vida inteira. E agora…” Ele parou, inclinando a cabeça para trás enquanto olhava para o dossel acima, o luar filtrando pelas folhas.
Anne colocou uma mão gentil em seu braço, o aterrando. “Você tem o direito de estar com raiva,” ela disse suavemente. “Mas não deixe isso te consumir. Você merece a verdade, e está finalmente a recebendo. Não deixe ela tirar mais nada de você.”
Damien fechou os olhos, exalando lentamente. Suas palavras o envolveram, estabilizando-o de uma maneira que nada mais tinha. Ele abriu os olhos e olhou para ela, sua expressão crua, mas mais calma.
“Obrigado,” ele disse baixinho.
Por um momento, eles ficaram em silêncio, a floresta ao redor deles um casulo de tranquilidade. Damien finalmente se afastou da árvore, seus ombros mais eretos.
“Vamos voltar,” ele disse, sua voz mais firme. “Já corri o bastante por uma noite.”
Anne lhe deu um pequeno sorriso encorajador. “Quando você estiver pronto.”